... uma muçulmana de 'burka'. Uma religião que, supostamente, abracei pela via da união com um paquistanês e cuja prática decidi levar ao extremo ao usar uma 'burka'. Algo nunca visto em Portugal. Poucos ficaram indiferentes à minha passagem, embora muitos o tenham disfarçado. Tolerância, mas também comentários críticos, nomeadamente que o Governo não deveria permitir trajes tão marcadamente religiosos. Esta é uma rubrica que se repete a partir de hoje, aos domingos. Um jornalista do DN irá viver na pele a vida de outros
"Anda assim vestida... porquê?" É a minha religião, respondo. " E qual é?". Muçulmana. "A que é que isso a leva?" A uma vida melhor. "Porquê, se é portuguesa?" Casei com um paquistanês. "Esse sempre foi o mal das mulheres. Ir na conversa dos homens!", comenta a mulher para a amiga. Há muito que ultrapassou os 50 anos e não consegue perceber porque é que alguém tem que andar coberto da cabeça aos pés. E, ainda menos, que o faça por causa de um homem, mesmo que o amor seja a justificação. (...)
"Anda assim vestida... porquê?" É a minha religião, respondo. " E qual é?". Muçulmana. "A que é que isso a leva?" A uma vida melhor. "Porquê, se é portuguesa?" Casei com um paquistanês. "Esse sempre foi o mal das mulheres. Ir na conversa dos homens!", comenta a mulher para a amiga. Há muito que ultrapassou os 50 anos e não consegue perceber porque é que alguém tem que andar coberto da cabeça aos pés. E, ainda menos, que o faça por causa de um homem, mesmo que o amor seja a justificação. (...)
este episódio é fabuloso:
Uma das situações mais hilariantes, confesso, passou-se num loja da Zara. Entro e logo os olhares se voltam na minha direcção, uma reacção a que começo estar habituada. Pego num vestido com motivos étnicos suficientemente comprido e decente. Como ninguém me pergunta o que pretendo, dirijo-me a um empregado que dobra as t-shirts de uma mesa feita expositor. À medida que me aproximo, afasta-se disfarçadamente. Sigo-o. Damos duas voltas. À terceira, o rapaz dirige-se a outra mesa e sussurra para a colega. Passo a seguir dois empregados, até que a rapariga grita: "Sr. Fernando, está aqui uma senhora atrás de mim!" É o segurança do piso a quem explico: pretendo ver se têm umas calças de malha. Ele passa a palavra, sorrindo: "A senhora só quer ser atendida."
Comentário