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Crise em Fátima

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    Crise em Fátima

    Seguindo o exemplo do nosso Primeiro, os comerciantes de Fátima consideram que a crise vem de fora (emigrantes) e que está para durar.

    Claro que se referem à crise de vendas de artigos religiosos.

    Mas vistas as coisas de outra maneira, por exemplo a imensa mega store em que se transformou Fátima, com lojas porta sim porta sim, em Fátima e nas redondezas, será que o Português como investidor tem cabecinha para o negócio?

    E daí a minha questão. Há falta de clientes ou excesso de lojas?

    Ou um pouco mais profundo. Haverá limites para o oportunismo?

    #2
    Boas.

    Todos os anos vou a Fátima e venho sempre de lá com essa impressão: demasiadas lojas a vender o mesmo. Sempre me vez muita confusão à cabeça pois se a oferta não é diversificada e única como é que se consegue sobreviver ....

    Enfim, há coisas inexplicáveis.


    Abraço,
    McDriver

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      #3
      Diria que se trata apenas de Justiça Divina...

      En passant...

      Já alguma vez ouviram que o aconteceu em 1917 foram manobras acrobáticas e tecnológicas de discos voadores e um encontro imediato de grau 3?

      Comentário


        #4
        Se tivesse capital para tal, investiria num Hotel Ibis franscisado.

        Há falta de hotelaria com qualidade na cidade.

        Comentário


          #5
          um hotel franciscano? só a pão e água?

          Comentário


            #6
            Originalmente Colocado por Jorge Correia Ver Post
            Diria que se trata apenas de Justiça Divina...

            En passant...

            Já alguma vez ouviram que o aconteceu em 1917 foram manobras acrobáticas e tecnológicas de discos voadores e um encontro imediato de grau 3?


            Já tinha ouvido falar que foi um teste nuclear

            Comentário


              #7
              Sou cristão mas não me preocupa minimamente a crise dos comerciantes de lá.


              Por mim, a crise já vinha de à muitos anos para cá.

              Comentário


                #8
                Comigo estão tramados...

                Não sou catolico por isso comigo não se safam...
                Agora a sério...
                Existindo menos procura (menos devotos) o negocio vai diminuir...
                é a lei do mercado...

                Comentário


                  #9
                  Originalmente Colocado por Carlos.L Ver Post
                  Seguindo o exemplo do nosso Primeiro, os comerciantes de Fátima consideram que a crise vem de fora (emigrantes) e que está para durar.

                  Claro que se referem à crise de vendas de artigos religiosos.

                  Mas vistas as coisas de outra maneira, por exemplo a imensa mega store em que se transformou Fátima, com lojas porta sim porta sim, em Fátima e nas redondezas, será que o Português como investidor tem cabecinha para o negócio?

                  E daí a minha questão. Há falta de clientes ou excesso de lojas?

                  Ou um pouco mais profundo. Haverá limites para o oportunismo?

                  é logico que há mtas lojas para o dinheiro que se gasta...logo cada loja vende menos... se houvesse menos lojas cada loja vendia mais.

                  Comentário


                    #10
                    Originalmente Colocado por Jorge Correia Ver Post
                    Diria que se trata apenas de Justiça Divina...

                    En passant...

                    Já alguma vez ouviram que o aconteceu em 1917 foram manobras acrobáticas e tecnológicas de discos voadores e um encontro imediato de grau 3?
                    Um encontro imediato que cada vez que se repetia era presenciado por mais gente. Segundo os relatos, chegavam a ser aos milhares.

                    Esses relatos afirmam que era avistada uma nuvem esbranquiçada por cima de uma azinheira precedida por um relâmpago.
                    Segundo alguns sacerdotes, era avistado dentro da nuvem, um disco brilhante que segundo eles era um veiculo terrestre que transportava a mãe de Deus do seu trono até aqui.

                    Outros relatos posteriores e segundo alguns testemunhos, numa outra aparição perante 70.000 pessoas, o mesmo aconteceu só que desta brilhou tanto que parecia um sol numa aparência semelhante a um disco que girava sobre si próprio.

                    Enfim, os dogmas e o tempo encarregam-se do resto.

                    Comentário


                      #11
                      Originalmente Colocado por South Dakota Ver Post
                      um hotel franciscano? só a pão e água?
                      Franchisado....franchising...

                      Ele não disse franciscano...

                      Comentário


                        #12
                        Quando Fátima sofrer com a crise financeira já o país está na penúria...

                        Comentário


                          #13
                          Em Jerusalem havia os vendilhões do templo, Fátima é o templo dos vendilhões.

                          Comentário


                            #14
                            OS Portugueses já se aperceberam que isto já nem com milagres lá vai

                            Comentário


                              #15
                              Pelo menos não podem dizer que é devido à concorrência das grandes superfícies.

                              Comentário


                                #16
                                Originalmente Colocado por rum Ver Post
                                Em Jerusalem havia os vendilhões do templo, Fátima é o templo dos vendilhões.
                                Curto e directo

                                Comentário


                                  #17
                                  Originalmente Colocado por Alpiger Ver Post
                                  OS Portugueses já se aperceberam que isto já nem com milagres lá vai
                                  E eu a pensar nos milhares de artesãos ... chineses, que vão ficar sem trabalho.

                                  Comentário


                                    #18
                                    Originalmente Colocado por rum Ver Post
                                    Em Jerusalem havia os vendilhões do templo, Fátima é o templo dos vendilhões.

                                    Comentário


                                      #19
                                      Originalmente Colocado por Carlos.L Ver Post
                                      Seguindo o exemplo do nosso Primeiro, os comerciantes de Fátima consideram que a crise vem de fora (emigrantes) e que está para durar.

                                      Claro que se referem à crise de vendas de artigos religiosos.

                                      Mas vistas as coisas de outra maneira, por exemplo a imensa mega store em que se transformou Fátima, com lojas porta sim porta sim, em Fátima e nas redondezas, será que o Português como investidor tem cabecinha para o negócio?

                                      E daí a minha questão. Há falta de clientes ou excesso de lojas?

                                      Ou um pouco mais profundo. Haverá limites para o oportunismo?
                                      Não falando só em Fátima mas no país em geral, sempre me fez muita confusão aquelas pessoas que "acham giro" ter uma loja. Então investem tudo no seu mega negócio, que por acaso é o seu sonho desde novos. "Ai o que eu gostava era de ter uma pastelaria". Então bora lá abrir um café, numa rua onde por acaso já existem outros três e que a partir das 18h já nem tem movimento de pessoas. E por acaso, o sonho da pastelaria, passa a um café "atascado", com bolos que vêm de fora e que às 10h da manhã, já só têm dois pastéis de nata e um croquete.

                                      E investem desta forma, sem fazer uma pequena análise do mercado, da localização, da concorrência, de uma estratégia qualquer, que por mais básica que seja, deveria sempre existir....

                                      Pouco tempo depois estão fechados. E a culpa é da crise!

                                      Comentário


                                        #20
                                        Originalmente Colocado por MS Ver Post
                                        ...
                                        Pouco tempo depois estão fechados. E a culpa é da crise!
                                        Melhor exemplo que o Magalhães, não há.

                                        Vai fazer 500,000 para o Estado (que poderia poupar uns milhões de € se os comprasse já feitos) e depois? Depois, logo se vê. Se existirem encomendas.

                                        Isto é que é espírito empreendedor. No seu melhor.

                                        Comentário


                                          #21
                                          Originalmente Colocado por Carlos.L Ver Post
                                          Seguindo o exemplo do nosso Primeiro, os comerciantes de Fátima consideram que a crise vem de fora (emigrantes) e que está para durar.

                                          Claro que se referem à crise de vendas de artigos religiosos.

                                          Mas vistas as coisas de outra maneira, por exemplo a imensa mega store em que se transformou Fátima, com lojas porta sim porta sim, em Fátima e nas redondezas, será que o Português como investidor tem cabecinha para o negócio?

                                          E daí a minha questão. Há falta de clientes ou excesso de lojas?

                                          Ou um pouco mais profundo. Haverá limites para o oportunismo?

                                          Isto é aquilo a que eu chamo falta de gestão do nosso país que consente este tipo de coisas...
                                          Isto é como no negócio dos cafés... abre um e começa a ter clientes, passado pouco tempo está um ao lado a fazer concorrência, é típico dos Portugueses...

                                          Infelizmente é a mentalidade portuguesa, mas os exemplos vêm de cima como já disse várias vezes... Os governates têm dado dos piores exemplos que podem existir e depois os mais pequenos também os seguem... Quem tem legitimidade para contrariar???

                                          É puro Falta de patriotismo e falta de respeito de uns para com os outros...

                                          Ou seja... Já não há respeito por nada...

                                          É assim o estado da nossa nação...

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                                            #22
                                            Originalmente Colocado por Carlos.L Ver Post
                                            Melhor exemplo que o Magalhães, não há.

                                            Vai fazer 500,000 para o Estado (que poderia poupar uns milhões de € se os comprasse já feitos) e depois? Depois, logo se vê. Se existirem encomendas.

                                            Isto é que é espírito empreendedor. No seu melhor.
                                            Por acaso até acho que já têm 4 milhões de encomendas. Alguns dos quais, como bem referiste para o projecto e-escolinhas.

                                            A ver vamos como vai correr.

                                            Comentário


                                              #23
                                              Tou-me a lixar para os comerciantes de fátima. Já bastou para aquela igreja da tanga que fizeram terem roubado milhões de euros dp bolso dos contribuintes.

                                              São contra os bens materiais mas deitam dinheiro ao lixo dessa forma. Quero que se lixem todos.
                                              Editado pela última vez por lamborghini; 07 August 2008, 19:30.

                                              Comentário


                                                #24
                                                Originalmente Colocado por lamborghini_ Ver Post
                                                Tou-me a lixar para os comerciantes de fátima. Já bastou para aquela igreja da tanga que fizeram terem roubado milhões de euros dp bolso dos contribuintes.

                                                São contra os bens materiais mas deitam dinheiro ao lixo dessa forma. Quero que se lixem todos.
                                                E mai nada!

                                                Comentário


                                                  #25
                                                  Originalmente Colocado por Alpiger Ver Post
                                                  OS Portugueses já se aperceberam que isto já nem com milagres lá vai

                                                  Comentário


                                                    #26
                                                    Originalmente Colocado por Carlos.L Ver Post
                                                    Seguindo o exemplo do nosso Primeiro, os comerciantes de Fátima consideram que a crise vem de fora (emigrantes) e que está para durar.

                                                    Claro que se referem à crise de vendas de artigos religiosos.

                                                    Mas vistas as coisas de outra maneira, por exemplo a imensa mega store em que se transformou Fátima, com lojas porta sim porta sim, em Fátima e nas redondezas, será que o Português como investidor tem cabecinha para o negócio?

                                                    E daí a minha questão. Há falta de clientes ou excesso de lojas?

                                                    Ou um pouco mais profundo. Haverá limites para o oportunismo?



                                                    o que que é que está em crise?


                                                    os artigos religiosos ou as camisolas dos clubes de futebol que por lá também estão á venda?............



                                                    cumprimentos

                                                    Comentário


                                                      #27
                                                      Originalmente Colocado por lamborghini_ Ver Post
                                                      Tou-me a lixar para os comerciantes de fátima. Já bastou para aquela igreja da tanga que fizeram terem roubado milhões de euros dp bolso dos contribuintes.

                                                      São contra os bens materiais mas deitam dinheiro ao lixo dessa forma. Quero que se lixem todos.

                                                      Comerciantes é diferente da igreja que construíram que é diferente do dinheiro dos contribuintes (isso foram os estádios de futebol).


                                                      Que confusão que vai nessa cabeça.

                                                      Comentário


                                                        #28
                                                        Teremos um ufódromo?

                                                        Originalmente Colocado por Strange Ver Post
                                                        Um encontro imediato que cada vez que se repetia era presenciado por mais gente. Segundo os relatos, chegavam a ser aos milhares.

                                                        Esses relatos afirmam que era avistada uma nuvem esbranquiçada por cima de uma azinheira precedida por um relâmpago.
                                                        Segundo alguns sacerdotes, era avistado dentro da nuvem, um disco brilhante que segundo eles era um veiculo terrestre que transportava a mãe de Deus do seu trono até aqui.

                                                        Outros relatos posteriores e segundo alguns testemunhos, numa outra aparição perante 70.000 pessoas, o mesmo aconteceu só que desta brilhou tanto que parecia um sol numa aparência semelhante a um disco que girava sobre si próprio.

                                                        Enfim, os dogmas e o tempo encarregam-se do resto.
                                                        Avelino de Almeida foi um jornalista que, desprovido de crenças a priori foi assistir ao fenómeno in loco escrevendo assim no jornal "O Século" a 15 de Outubro de 1917:

                                                        COISAS ESPANTOSAS! COMO O SOL BAILOU AO MEIO DIA EM FÁTIMA

                                                        As aparições da Virgem - Em que consistiu o sinal do céu - Muitos milhares de pessoas afirmam ter-se produzido um milagre - A guerra e a paz

                                                        Lucia, de 10 anos; Francisco, de 9, e Jacinta, de 7, que na charneca de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourem, dizem ter falado com a Virgem Maria

                                                        OUREM, 13 de Outubro

                                                        Ao saltar, após demorada viagem, pelas dezesseis horas de Hourem, na estação de Chão de Maçãs, onde se apearam tambem pessoas religiosas vindas de longes terras para assistir ao "milagre", perguntei, de chofre, a um rapazote do "char-á-bancs" da carreira se já tinha visto a Senhora. Com seu sorriso sardoico e o olhar enviezado, não hesitou em responder-me:

                                                        - Eu cá só lá vi pedras, carros, automoveis, cavalgaduras e gente!

                                                        Por um facil equivoco, o trem que nos devia conduzir, a Judah Ruah e a mim, até à vila, não apareceu e decidimo-nos a calcoffiar corajosamente cêrca de duas leguas por não haver logar para nós na diligência e estarem, desde muito, afreguezadas as carriotas que aguardavam passageiros. Pelo caminho, topámos os primeiros ranchos que seguiam em direção ao local santo, distante mais de vinte kilometros bem medidos.

                                                        Homens e mulheres vão quasi todos descalços - elas com saquiteis à cabeça, sobrepujados pelas sapatorras; eles abordoando-se a grossos vara-paus e cautelosamente munidos tambem de guarda-chuva. Dir-se-hiam, em geral, alheados do que se passa à sua volta, n'um desinteresse grande da paizagem e dos outros viandantes, como que imersos em sonho, rezando n'uma triste melopeia o terço. Uma mulher rompe com a primeira parte da ave-maria, a saudação; os companheiros, em côro, continuam com a segunda parte, a suplica. N'um passo certo e cadenciado, pisam a estrada poeirenta, entre pinhaes e olivedos, para chegarem antes que se cerre a noite ao sitio da aparição, onde, sob o relento e a luz fria das estrelas, projetam dormir, guardando os primeiros Jogares junto da azinheira bemdita - para no dia de hoje verem melhor.

                                                        À entrada da vila, mulheres do povo a quem o meio já infêtou com o virus do céticismo, comentam, em tom de troça, o caso do dia:

                                                        - Então vaes vêr ámanhã a santa?

                                                        - Eu, não. Se ela ainda cá viesse!

                                                        E riem-se com gosto, emquanto os devotos proseguem indiferentes a tudo o que não seja o objetivo da sua romagem. Em Hourem só por uma amabilidade extrema se encontra aposentadoria. Durante a noite, reunem-se na praça da vila os mais variados veículos conduzindo crentes e curiosos sem que faltem velhas damas vestidas de escuro, vergadas já ao peso dos anos, mas faiscando-lhes nos olhos o lume ardente da fé que as animou ao ato corajoso de abandonar por um dia o inseparavel cantinho da sua casa. Ao romper d'alva, novos ranchos surgem intrépidos e atravessam, sem pararem um instante, o povoado, cujo silencio quebram com a harmonia dos canticos que vozes femininas, muito armadas, entoam n'um violento contraste com a rudeza dos tipos...

                                                        O sol nasce, mas o cariz do céu ameaça tormenta. As nuvens negras acastelam-se precisamente sobre as bandas de Fátima. Nada, todavia, detem os que por todos os caminhos e servindo-se de todos os meios de locomoção para lá confluem. Os automoveis luxuosos deslisam vertiginosamente, tocando as buzinas; os carros de bois arrastam-se com vagar a um lado da estrada; as galeras, as vitorias, os caleches fechados, as carroças nas quaes se improvisaram assentos vão ajoujados a mais não poderem. Quasi todos levam com os farneis, mais ou menos modestos, para as bocas cristãs a ração de folhelho para os irracionaes que o "poverelo" de Assis chamava nossos irmãos e que cumprem valorosamente a sua tarefa... Tilinta uma ou outra guiseira, vê-se uma carrocinha adornada de buxo; no emtanto, o ar festivo é discreto, as maneiras são compostas e a ordem absoluta... Burrinhos choutam à margem da estrada e os ciclistas, numerosissimos, fazem prodígios para não esbarrar de encontro aos carros.

                                                        Pelas dez horas, o ceu tolda-se totalmente e não tardou que entrasse a chover a bom chover. As cordas de agua, batidas por um vento agreste, fustigam os rostos, encharcando o macadame e repassando até os ossos os caminhantes desprovidos de chapeus e de quaesquer outros resguardos. Mas ninguem se impaciente ou desiste de proseguir e, se alguns se abrigam sob a copa das arvores, junto dos muros das quintas ou nas distanciadas casas que se debruçam ao longo do caminho, outros continuam a marcha com uma impressionante resistencia, notando-se algumas senhoras cujos vestidos colados aos corpos, por efeito do impeto e da pertinácia da chuva, lhes desenham as fórmas como se tivessem saído do banho!

                                                        O ponto da charneca de Fátima, onde se disse que a Virgem aparecera aos pastorinhos do logarejo de Aljustrel, é dominado n'uma enorme extensão pela estrada que corre para Leiria, e ao longo da qual se postaram os veículos que lá conduziram os peregrinos e os mirones. Mais de cem automoveis alguem contou e mais de cem bicicletas, e seria impossível contar os diversos carros que atravancaram a estrada, um d'eles o auto-omnibus de Torres Novas, dentro do qual se irmanavam pessoas de todas as condições sociaes.

                                                        Mas o grosso dos romeiros, milhares de creaturas que foram de muitas leguas ao redor e a que se juntaram fieis idos de varias províncias, alemtejanos e algarvios, minhotos e beirões, congregam-se em tomo da pequenina azinheira que, no dizer dos pastorinhos, a visão escolhera para seu pedestal e que podia considerar-se como que o centro de um amplo circulo em cujo rebordo outros espectadores e outros devotos se acomodam. Visto da estrada, o conjunto é simplesmente fantástico. Os prudentes camponios, abarracados sob os chapeus enormes, acompanham, muitos d'eles, o desbaste dos parcos farneis com o conduto espiritual dos hinos sacros e das dezenas do rosario.

                                                        Não ha quem tema enterrar os pés na argila empapada, para ter a dita de ver de perto a azinheira sobre a qual ergueram um tosco portico em que bamboleiam duas lanternas... Altenam-se os grupos que cantam os louvores da Virgem, e uma lebre, espavorida, que galga matagal em fóra, apenas desvia as atenções de meia duzia de zagaletes que a alcançam e prostram à cacetada...

                                                        E os pastorinhos? Lucia, de 10 anos, a vidente, e os seus pequenos companheiros, Francisco, de 9, e Jacinta, de 7, ainda não chegaram. A sua presença assinala-se talvez meia hora antes da indicada como sendo a da aparição. Conduzem as rapariguinhas, coroadas de capelas de flôres, ao sitio em que se levanta o portico. A chuva cae incessantemente mas ninguem desespera. Carros com retardatários chegam à estrada. Grupos de freis ajoelham na lama e a Lucia pede-lhes, ordena que fechem os chapeus. Transmite-se a ordem, que é obedecida de pronto, sem a minima relutância. Ha gente, muita gente, como que em extase; gente comovida, em cujos labios secos a prece paralisou; gente pasmada, com as mãos postas e os olhos borbulhantes; gente que parece sentir, tocar o sobrenatural...

                                                        A criança afirma que a Senhora lhe falou mais uma vez, e o céu, ainda caliginoso, começa, de subito, a clarear no alto; a chuva pára e presente-se que o sol vae inundar de luz a paizagem que a manhã invernosa tomou ainda mais triste...

                                                        A hora antiga' é a que regula para esta multidão, que calculos desapaixonados de pessoas cultas e de todo o ponto alheias ás influencias misticas computam em trinta ou quarenta mil creaturas... A manifestação miraculosa, o sinal visivel anunciado está prestes a produzir-se - asseguram muitos romeiros... E assiste-se então a um espectáculo unico e inacreditavel para quem não foi testemunha d'ele. Do cimo da estrada, onde se aglomeram os carros e se conservam muitas centenas de pessoas, a quem escasseou valor para se meter à terra barrenta, vê-se toda a imensa multidão voltar-se para o sol, que se mostra liberto de nuvens, no zenit. O astro lembra uma placa de prata fosca e é possivel fitar-lhe o disco sem o minimo esforço. Não queima, não cega. Dir-se-hia estar-se realisando um eclipse. Mas eis que um alarido colossal se levanta, e aos espectadores que se encontram mais perto se ouve gritar:

                                                        - Milagre, milagre! Maravilha, maravilha!

                                                        Aos olhos deslumbrados d'aquele povo, cuja atitude nos transporta aos tempos biblicos e que, palido de assombro, com a cabeça descoberta, encara o azul, o sol tremeu, o sol teve nunca vistos movimentos bruscos fóra de todas as leis cosmicas - o sol «bailou», segundo a tipica expressão dos camponeses.. Empoleirado no estribo do auto-omnibus de Torres Novas, um ancião cuja estatura e cuja fisionomia, ao mesmo tempo doce e energica, lembram as de Paul Déroulède, recita, voltado para o sol, em voz clamorosa, de principio a fim, o Credo. Pergunte quem é e dizem-me ser o sr. João Maria Amado de Melo Ramalho da Cunha Vasconcelos.

                                                        Vejo-o depois dirigir-se aos que o rodeiam, e que se conservaram de chapeu na cabeça, suplicando-lhes, veementemente, que se descubram em face de tão extraordinária demonstração da existência de Deus. Cenas idênticas repetem-se n'outros pontos e uma senhora clama, banhada em aflitivo pranto e quasi n'uma sufocarão:

                                                        - Que lastima! Ainda ha homens que se não descobrem deante de tão estupendo milagre!

                                                        E, a seguir, perguntam uns aos outros se viram e o que viram. O maior numero confessa que viu a tremura, o bailado do sol; outros, porém, declaram ter visto o rosto risonho da propria Virgem, juram que o sol girou sobre si mesmo como uma roda de fogo de artificio, que ele baixou quasi a ponto de queimar a terra com os seus raios... Ha quem diga que o viu mudar sucessivamente de côr...

                                                        São perto de quinze horas.

                                                        O ceu está varrido de nuvens e o sol segue o seu curso com o esplendor habitual que ninguem se atreve a encarar de frente. E os pastorinhos? Lucia, a que fala com a Virgem, anuncia, com ademanes teatraes, ao colo de um homem, que a transporta de grupo em grupo, que a guerra terminára e que os nossos soldados iam regressar... Semelhante nova, todavia, não aumenta o jubilo de quem a escuta. O sinal celeste foi tudo. Ha uma intensa curiosidade em vêr as duas rapariguinhas com suas grinaldas de rosas, ha quem procure oscular as mãos das «santinhas», uma das quaes, a Jacinta, está mais para desmaiar do que para danças", mas aquilo por que todos anciavam - o sinal do ceu - bastou a satisfazel-os, a radical-os na sua fé de carvoeiro. Vendedores ambulantes oferecem os retratos das crianças em bilhetes postaes e outros bilhetes que representam um soldado do Corpo Expedicionario Portuguez "pensando no auxilio da sua protetora para salvação da Patria" e até uma imagem da Virgem como sendo a figura da visão...

                                                        Bom negocio foi esse e decerto mais centavos entraram na algibeira dos vendedores e no tronco das esmolas para os pastorinhos do que nas mãos estendidas e abertas dos leprosos e dos cegos que, acotevelando-se com os romeiros, atiravam aos ares seus gritos lancinantes...

                                                        O dispersar faz-se rapidamente, sem dificuldades, sem sombra de desordem, sem que fosse mister que o regulasse qualquer patrulha da guarda. Os peregrinos que mais depressa se retiram, correndo estrada fóra, são os que primeiro chegaram, a pé e descalços com os sapatos à cabeça ou dependurados nos varapaus. Vão, com a alma em lausperene, levar a boa nova aos logarejos que não se despovoaram de todo. E os padres? Alguns compareceram no local, sorridentes, enfileirando mais com os espectadores curiosos do que com os romeiros avidos de favores celestiaes. Talvez um ou outro não lograsse dissimular a satisfação que no semblante dos triunfadores tantas vezes se traduz...

                                                        Resta que os competentes digam de sua justiça sobre o macabro bailado do sol que hoje, em Fátima, fez explodir hossanas dos peitos dos fieis e deixou naturalmente impressionados - ao que me asseguraram sujeitos fidedignos os livres pensadores e outras pessoas sem preocupações de natureza religiosa que acorreram à já agora celebrada charneca.

                                                        Avelino de Almeida

                                                        Publ.: "O Século", Lisboa (edição da manhã) 37 (l2.876) 15 Out. 1917, p. 1, cols. 6-7; p. 2, col. 1.
                                                        "
                                                        Para quem queira informar-se:

                                                        As Aparições de Fátima e o Fenómeno OVNI, Fina d'Armada e Joaquim Fernandes, edições Espelho Mágico.


                                                        Comentário


                                                          #29
                                                          Se houve coisa que sempre detestei em Fátima, é exactamente o negócio que se faz à volta do templo...

                                                          Uma vergonha...

                                                          Comentário


                                                            #30
                                                            Yap, têm todos o mesmo

                                                            têm todos sempre as mesmas coisas (tempo)

                                                            é tudo estupidamente caro, piroso, oportunista, e de péssima qualidade!



                                                            Quero lá saber... o meu dinheiro, não apanham eles!!!




                                                            Tem menos lojas, com preços mais justos, e mais variedade e qualidade na zona circundante do Vaticano, do que em Fátima...

                                                            Comentário

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