Todos os anos sofrem na pele milhares de pessoas por erros médicos perfeitamente evitáveis!
Sim, infelizmente milhares de erros perfeitamente evitáveis acontecem todos os anos, e alguns deles com consequências bem graves para quem deles é vitima...
No entanto convém distinguir a frase "erro médico" de "erro DO médico":
No erro médico estão incluídos erros cometidos também por outras classes profissionais, para alem dos próprios médicos, incluindo administrativos, enfermeiros, farmacêuticos, entre outros...
E o tipo de erro varia conforme a classe profissional envolvida:
Desde erros de documentação, identificação, a erros de prescrição e diagnostico, a erros de aplicação, erros de implementação de sistemas informaticos, há de tudo um pouco...
Em quase todas as etapas envolvidas no processo desde o internamento á alta há falhas, hipóteses de falhas, e pontos a corrigir,mas como todos sabemos "depressa e bem não há quem" e com cada vez mais trabalho e cada vez menos meios humanos e técnicos, é difícil fazer muito melhor sem que a "produtividade" sofra com isso...
Editado pela última vez por Foliv; 02 November 2008, 20:51.
Em todas as profissões são cometidos erros. No caso da medicina, o erro é mais grave pelas suas eventuais consequências.
Na minha opinião, os Médicos deviam ter mais meios de diagnóstico para evitar erros e menos doentes. Mas quando cometem um erro, esse erro deve ser assumido e os culpados devem ser punidos. O que nem sempre acontece...
A reportagem demonstra, claramente, que existem erros médicos a mais e, convenhamos, perfeitamente inadmissíveis. A maioria, como a peça refere, ficam impunes, mas a dor e a consequência, tantas vezes muito grave, de quem é atingido por este tipo de falha permanece pela vida fora a maior parte das vezes.
De facto em todos os sectores de actividade há erros, afinal errar humanum est, mas de todos os sectores de actividade aquele cujo erro tem consequências mais graves é, precisamente, o da saúde, motivo mais do que suficiente para que, pelo menos de ora em diante, se criem mecanismos de fiscalização e controlo directos, imediatos e efectivos de identificação de falhas, erros e de más práticas por forma a corrigir, indelevelmente, toda e qualquer situação de menor qualidade de prestação de serviço, naturalmente corrigindo as falhas do ponto de vista dos meios, da práticas e das competências, seja apetrechando, corrigindo e punindo liminar e imediatamente, respectivamente, todo e qualquer desvio ao ideal e exigido, interpretações semânticas à parte, afinal os serviços de saúde, que são caros e são-nos muito caros, não são para serem levados de forma ligeira...
os médicos tem sobre si um grande peso, pois o seu erro pode ter graves consequências.
Agora tb temos que diferenciar o erro negligente do erro grosseiro.
Ou seja o médico que toma uma decisão com base num diagnostico que toma como certo, e daí advém vários actos que conduzem a um desfecho que se verifica incorrecto com danos para o paciente.
Ou o erro grosserio, por exemplo o médico que simplesmente não vê o paciente, o ouve, tenta perceber o que se passa com o doente.
Se calhar um pouco ao que se passa com o a Responsabilidade extra contatual do estado e dos juizes...
Em todas as profissões são cometidos erros. No caso da medicina, o erro é mais grave pelas suas eventuais consequências.
Na minha opinião, os Médicos deviam ter mais meios de diagnóstico para evitar erros e menos doentes. Mas quando cometem um erro, esse erro deve ser assumido e os culpados devem ser punidos. O que nem sempre acontece...
A reportagem demonstra, claramente, que existem erros médicos a mais e, convenhamos, perfeitamente inadmissíveis. A maioria, como a peça refere, ficam impunes, mas a dor e a consequência, tantas vezes muito grave, de quem é atingido por este tipo de falha permanece pela vida fora a maior parte das vezes.
De facto em todos os sectores de actividade há erros, afinal errar humanum est, mas de todos os sectores de actividade aquele cujo erro tem consequências mais graves é, precisamente, o da saúde, motivo mais do que suficiente para que, pelo menos de ora em diante, se criem mecanismos de fiscalização e controlo directos, imediatos e efectivos de identificação de falhas, erros e de más práticas por forma a corrigir, indelevelmente, toda e qualquer situação de menor qualidade de prestação de serviço, naturalmente corrigindo as falhas do ponto de vista dos meios, da práticas e das competências, seja apetrechando, corrigindo e punindo liminar e imediatamente, respectivamente, todo e qualquer desvio ao ideal e exigido, interpretações semânticas à parte, afinal os serviços de saúde, que são caros e são-nos muito caros, não são para serem levados de forma ligeira...
Não vi a reportagem.
Mas a pergunta que legitimamente se coloca é:
Como é que na maioria das vezes passam impunes estes erros ?
Justiça feita entre pares (analises e pareceres) ?
Como é que na maioria das vezes passam impunes estes erros ?
Justiça feita entre pares (analises e pareceres) ?
Por norma deverá haver um processo, civil/penal/disciplinar, que irá tentar apurar o que se passou.
Obviamente serão necessários peritos, nomeados pelas partes, a fim de tentar esclarecer a questão, que sendo médica, não será por si só perceptivel para o juiz.
Por norma deverá haver um processo, civil/penal/disciplinar, que irá tentar apurar o que se passou.
Obviamente serão necessários peritos, nomeados pelas partes, a fim de tentar esclarecer a questão, que sendo médica, não será por si só perceptivel para o juiz.
Reformulo a questão.
Porque razão e quase invariavelmente, os protagonistas são absolvidos de má conduta médica, e muitas vezes nem suspensos pela ordem são (no período de averiguação) ?
Das queixas de má conduta médica ou negligência apresentadas, qual a percentagem das condenações ?
E nem vou falar dos comunicados e desculpas esfarrapadas lançados para o publico por parte de direcções hospitalares, e outras instituições.
Porque razão e quase invariavelmente, os protagonistas são absolvidos de má conduta médica, e muitas vezes nem suspensos pela ordem são (no período de averiguação) ?
Das queixas de má conduta médica ou negligência apresentadas, qual a percentagem das condenações ?
E nem vou falar dos comunicados e desculpas esfarrapadas lançados para o publico por parte de direcções hospitalares, e outras instituições.
Não conheço todos os casos existentes ou percentagens, conheço alguns com absolvições e outros com condenações.
O problema muitas vezes passa pela prova do erro grosseiro, por ex.
E já vi casos contra médicos, que na minha opinião, não tenho conhecimentos médicos, apenas pela PI não tinham pés nem cabeça...
A reportagem demonstra, claramente, que existem erros médicos a mais e, convenhamos, perfeitamente inadmissíveis. A maioria, como a peça refere, ficam impunes, mas a dor e a consequência, tantas vezes muito grave, de quem é atingido por este tipo de falha permanece pela vida fora a maior parte das vezes.
De facto em todos os sectores de actividade há erros, afinal errar humanum est, mas de todos os sectores de actividade aquele cujo erro tem consequências mais graves é, precisamente, o da saúde, motivo mais do que suficiente para que, pelo menos de ora em diante, se criem mecanismos de fiscalização e controlo directos, imediatos e efectivos de identificação de falhas, erros e de más práticas por forma a corrigir, indelevelmente, toda e qualquer situação de menor qualidade de prestação de serviço, naturalmente corrigindo as falhas do ponto de vista dos meios, da práticas e das competências, seja apetrechando, corrigindo e punindo liminar e imediatamente, respectivamente, todo e qualquer desvio ao ideal e exigido, interpretações semânticas à parte, afinal os serviços de saúde, que são caros e são-nos muito caros, não são para serem levados de forma ligeira...
Não estamos a falar de robots mas sim de pessoas.....
NUNCA existirá erro zero...
O excesso de zelo, excesso de regulamentação, a limitação da pratica, a punição generalizada pode ser em certos casos contraproducente....
Pode ser contraproducente devido ao facto de se evitarem correr riscos, de arriscar, de ser pro activo numa tentativa de salvar um paciente que de outra forma "by the book" não teria grande hipóteses...
De os profissionais evitarem toda e qualquer medida que os ponha em situação mais delicada, que eles próprios para se protegerem de eventuais processos/punições passem a ter uma menor intervenção nos pacientes...
Há n situações em que um ambiente generalizado de verificação/punição/controlo pode e é decididamente contraproducente....
Isto porque a aplicação e o exercício da medicina NÃO garante uma relação causa efeito, nem sempre há cura, nem sempre há tratamento, e nem sempre os tratamentos tem exactamente os resultados esperados...
No exercício da medicina existirá sempre a MORTE, é inevitável, mesmo levando á letra toda e qualquer regra estabelecida e procedimento há sempre o risco de morte.
Mais ainda, essas regras são assim definidas por experimentação, experiência e tentativa e ERRO, inovação, se não fosse assim não teríamos os tratamentos, técnicas, e procedimentos que hoje temos.
Temos que permitir que continue a existir o espírito de inovação desenrasca e liberdade de experimentação sempre no sentido do que melhor for entendido para o doente...
Como se disse, há que distinguir e bem os tipos de erros cometidos, os erros não são todos iguais, e mesmo que levem a um resultado igual ( a morte por exemplo) não podem ser punidos pelo resultado obtido ( pela morte de um paciente) mas sim pelos motivos que levaram a essa morte...
Não há garantias de sucesso na aplicação médica.
Os erros a eliminar deverão ser os erros sistemáticos e as condições que propiciam erros.
Não estamos a falar de robots mas sim de pessoas.....
NUNCA existirá erro zero...
O excesso de zelo, excesso de regulamentação, a limitação da pratica, a punição generalizada pode ser em certos casos contraproducente....
Pode ser contraproducente devido ao facto de se evitarem correr riscos, de arriscar, de ser pro activo numa tentativa de salvar um paciente que de outra forma "by the book" não teria grande hipóteses...
De os profissionais evitarem toda e qualquer medida que os ponha em situação mais delicada, que eles próprios para se protegerem de eventuais processos/punições passem a ter uma menor intervenção nos pacientes...
Há n situações em que um ambiente generalizado de verificação/punição/controlo pode e é decididamente contraproducente....
Isto porque a aplicação e o exercício da medicina NÃO garante uma relação causa efeito, nem sempre há cura, nem sempre há tratamento, e nem sempre os tratamentos tem exactamente os resultados esperados...
No exercício da medicina existirá sempre a MORTE, é inevitável, mesmo levando á letra toda e qualquer regra estabelecida e procedimento há sempre o risco de morte.
Mais ainda, essas regras são assim definidas por experimentação, experiência e tentativa e ERRO, inovação, se não fosse assim não teríamos os tratamentos, técnicas, e procedimentos que hoje temos.
Temos que permitir que continue a existir o espírito de inovação desenrasca e liberdade de experimentação sempre no sentido do que melhor for entendido para o doente...
Como se disse, há que distinguir e bem os tipos de erros cometidos, os erros não são todos iguais, e mesmo que levem a um resultado igual ( a morte por exemplo) não podem ser punidos pelo resultado obtido ( pela morte de um paciente) mas sim pelos motivos que levaram a essa morte...
Não há garantias de sucesso na aplicação médica.
Os erros a eliminar deverão ser os erros sistemáticos e as condições que propiciam erros.
Não estamos a falar de robots mas sim de pessoas.....
NUNCA existirá erro zero...
O excesso de zelo, excesso de regulamentação, a limitação da pratica, a punição generalizada pode ser em certos casos contraproducente....
Pode ser contraproducente devido ao facto de se evitarem correr riscos, de arriscar, de ser pro activo numa tentativa de salvar um paciente que de outra forma "by the book" não teria grande hipóteses...
De os profissionais evitarem toda e qualquer medida que os ponha em situação mais delicada, que eles próprios para se protegerem de eventuais processos/punições passem a ter uma menor intervenção nos pacientes...
Há n situações em que um ambiente generalizado de verificação/punição/controlo pode e é decididamente contraproducente....
Isto porque a aplicação e o exercício da medicina NÃO garante uma relação causa efeito, nem sempre há cura, nem sempre há tratamento, e nem sempre os tratamentos tem exactamente os resultados esperados...
No exercício da medicina existirá sempre a MORTE, é inevitável, mesmo levando á letra toda e qualquer regra estabelecida e procedimento há sempre o risco de morte.
Mais ainda, essas regras são assim definidas por experimentação, experiência e tentativa e ERRO, inovação, se não fosse assim não teríamos os tratamentos, técnicas, e procedimentos que hoje temos.
Temos que permitir que continue a existir o espírito de inovação desenrasca e liberdade de experimentação sempre no sentido do que melhor for entendido para o doente...
Como se disse, há que distinguir e bem os tipos de erros cometidos, os erros não são todos iguais, e mesmo que levem a um resultado igual ( a morte por exemplo) não podem ser punidos pelo resultado obtido ( pela morte de um paciente) mas sim pelos motivos que levaram a essa morte...
Não há garantias de sucesso na aplicação médica.
Os erros a eliminar deverão ser os erros sistemáticos e as condições que propiciam erros.
A reportagem fala, apenas, dos erros médicos evitáveis, que, por isso, se definem a eles próprios como lapsos e más práticas, em número que a peça refere como excessivos (3000 / ano...) e que, naturalmente, exclui todas essas situações que, e bem, referes!
Desse modo, o que importa aqui analisar, penso eu, é os erros médicos e não as restantes situações perfeitamente justificadas e justificáveis cuja elencagem fizeste muito bem.
Há que ir directo ao assunto, on topic, sob pena de parecer que a discussão se destina apenas a "branquear", ou fazer a defesa das situações que a reportagem da TVI identificou como efectivos erros médicos, já que as situações justificadas tecnicamente não estão, penso eu, ali citadas.
A reportagem fala, apenas, dos erros médicos evitáveis, que, por isso, se definem a eles próprios como lapsos e más práticas, em número que a peça refere como excessivos (3000 / ano...) e que, naturalmente, exclui todas essas situações que, e bem, referes!
Desse modo, o que importa aqui analisar, penso eu, é os erros médicos e não as restantes situações perfeitamente justificadas e justificáveis cuja elencagem fizeste muito bem.
Há que ir directo ao assunto, on topic, sob pena de parecer que a discussão se destina apenas a "branquear", ou fazer a defesa das situações que a reportagem da TVI identificou como efectivos erros médicos, já que as situações justificadas tecnicamente não estão, penso eu, ali citadas.
A TVI identificou MAL esta temática e dai a minha intervenção...
NÃO foram 3000 erros DE médicos mas sim 3000 erros médicos entre os quais sim erros DE médicos...
Essa estatística foi publicada há vários dias mas a TVi erradamente assumiu como erros DE médicos...
Não via reportagem da TVI, mas pensei que tinham esclarecido essa situação e que este tópico se tratava de má interpretação da noticia original.
Mas afinal quem interpretou mal foi a TVI, pois como disse essa estatística de 3000 "erros médicos" incluem TODOS os profissionais envolvidos num processo de erro, e não somente os médicos, e dai a minha tentativa de esclarecer a informação neste tópico...
Parece que vou ter que o enviar á tvi...
De qualquer modo ninguém nega que mesmo 1 erro é erro demasiado, e que há um longo caminho a percorrer na melhoria das condições de saúde em Portugal, mas também se tem que mostrar os argumentos de AMBAS as partes de um problema e não mostrar somente o ponto de vista de uma das partes...
Editado pela última vez por Foliv; 02 November 2008, 23:33.
A TVI identificou MAL esta temática e dai a minha intervenção...
NÃO foram 3000 erros DE médicos mas sim 3000 erros médicos entre os quais sim erros DE médicos...
Essa estatística foi publicada há vários dias mas a TVi erradamente assumiu como erros DE médicos...
Não via reportagem da TVI, mas pensei que tinham esclarecido essa situação e que este tópico se tratava de má interpretação da noticia original.
Mas afinal quem interpretou mal foi a TVI, pois como disse essa estatística de 3000 "erros médicos" incluem TODOS os profissionais envolvidos num processo de erro e não somente os médicos e dai a minha tentativa de esclarecer a informação neste tópico...
Parece que vou ter que o enviar á tvi...
Por acaso interpretei como sendo erros médicos e não erros de médicos! A reportagem fala, apenas, parece-me, dos erros médicos evitáveis...
...De qualquer modo ninguém nega que mesmo 1 erro é erro demasiado, e que há um longo caminho a percorrer na melhoria das condições de saúde em Portugal, mas também se tem que mostrar os argumentos de AMBAS as partes de um problema e não mostrar somente o ponto de vista de uma das partes...
É este, penso, o objectivo da reportagem, mostrar os resultados para promover as alterações que os evitem no futuro!
Sugiro a leitura do livro "A mão que nos opera". Aqui aborda-se esse assunto.
Para termos um médico experiente, é preciso que esse mesmo médico cometa vários erros ao longo da sua carreira, alguns deles que poderão dar origem a um óbito. Um cirurgião, por exemplo, é um ser humano, que apesar de tudo está sujeito ao erro, não é implacável. Qual a barreira entre o erro acidental e erro negligente? Qual o mais importante, o erro cometido, ou a consequência do erro? Será que com a mediatização dos erros médicos e com os processos gerados pelas famílias das vítimas estamos numa situação em que o médico pode ter a sua actividade condicionada? Algo do género "não vou arriscar"...
Os médicos e juízes as únicas profissões onde não ocorrem erros... E se ocorrerem a responsabilidade não existe...
Enquanto o ordenamento jurídico português não admitir a existência de culpa indeterminada (para efeitos de pagamento de indemnizações, por exemplo), o erro médico andará sempre num limbo, na medida em que como cada vez mais a profissão é exercida em equipa, é raro existir apenas um culpado.
E quem sofre é o doente alvo de erro médico grosseiro (uma minoria dos casos mas que não deixa de existir e como tal tem de ser protegido juridicamente!).
Mas a má justiça atrapalhar e sujar toda a sociedade é algo que em Portugal sabemos bem o que é...
Ainda bem que existem contribuições como a do Foliv que lutam contra a desinformação e a análise boçal e populista destas questões
A questão que ele introduziu é muito pertinente.
O caso paradigmático são os EUA. Com a fúria judicial (em proporções que tocam a má fé por parte de muitos doentes peritos em obter rendimento à custa de esquemas), cada vez mais a maioria dos médicos recusa todo e qualquer doente que não possua uma resposta by the book.
Depois, claro, temos a exigência da sociedade actual que acredita que a morte não pode acontecer e que se acontece é erro médico...automaticamente.
A fúria contra o envelhecimento e a morte deu nisto, é um comportamento civilizacional perfeitamente compreensível e que exige muita compreensão e paciência de quem trabalha em Saúde
É uma chatice mas se não se receitar algum fármaco ao doente, é-se logo automaticamente um mau médico
Toda esta cultura onde o doente chega e pede "tacos" e que se o médico não lhe mandar fazer o taco, porque a vizinha fez e como tal também tem de fazer...não é fácil
Ou mesmo os que chegam lá a saber a página da wikipedia de cor e que depois dizem ao médico o que fazer: o conhecido fenómeno do desconhecimento informado, (bem) pior para o doente do que o desconhecimento simples.
A prática médica é isto, um autêntico jogo de cintura onde muitas vezes a pressão social contribui enormemente para o desperdício
Depois temos o desconhecimento de que se não se consegue um diagnóstico correcto, isso implica que houve má acção médica. Como se na Medicina existisse sempre uma relação de causa-efeito directa, como se todas as patologias fossem conhecidas e acima de tudo como que se a sintomalogia fosse específica e clara em todos os casos.
Mais como se fossemos máquinas e todos respondêssemos à terapêutica (qualquer que ela seja, farmacológica e não só), exactamente da mesma maneira.
Temos pena mas numa percentagem não negligenciável dos casos não é nem vai ser possível obter diagnóstico correcto, por muito que isto custe aceitar. Existe muito por descobrir.
Depois a tendência de cair no erro que é achar que é atafulhando a prática médica de exames complementares de diagnóstico que se vai diminuir o erro de diagnóstico...
...muito louvável de um ponto de vista naïve mas COMPLETAMENTE ERRADO de um ponto de vista racional.
É MUITO mais importante existirem as condições para a realização de um exame objectivo by the book (o que é manifestamente impossível com consultas a durarem 10 minutos ) do que em mandar o doente fazer uma pilha inútil de exames. Isso só contribui para a viciação de maus profissionais que depois não sabem raciocinar, o que é algo FULCRAL na prática médica.
Como tal, esta questão não pode nem deve ser discutida -muito francamente- à la TVI ou Correio da Manhã.
Não é com boçalidade de taberna que se resolve alguma coisa.
Editado pela última vez por Andre; 03 November 2008, 09:43.
O caso paradigmático são os EUA. Com a fúria judicial (em proporções que tocam a má fé por parte de muitos doentes peritos em obter rendimento à custa de esquemas), cada vez mais a maioria dos médicos recusa todo e qualquer doente que não possua uma resposta by the book.
Os EUA não são mesmo o melhor exemplo. De facto, parte dos elevados custos da saúde nos EUA devem-se aos custos judiciais e aos elevados seguros que os médicos têm que pagar para os proteger de acções judiciais.
É uma chatice mas se não se receitar algum fármaco ao doente, é-se logo automaticamente um mau médico
Aqui os Médicos tambêm têm muita culpa, pois em vez de recusarem a prescrição e educarem o doente, optam pelo caminho mais fácil: enchem o doente de medicamentos.
Ou mesmo os que chegam lá a saber a página da wikipedia de cor e que depois dizem ao médico o que fazer: o conhecido fenómeno do desconhecimento informado, (bem) pior para o doente do que o desconhecimento simples.
Isso de facto pode acontecer, mas na maior parte das vezes a Internet é uma ajuda preciosa aos doentes e a informação pesquisada é extremamente relevante. Aliás, a Internet não é só a wikipedia e existem fontes de informação muito credíveis, que até são usadas... pelos médicos.
Felizmente, actualmente os doentes já podem saber mais sobre as suas doenças antes de conversarem com o médico. Isto permite ao doente fazer mais perguntas e perguntas mais relevantes aos Médicos, o que é quase sempre positivo.
É claro que alguns Médicos não gostam que os doentes possuam informação , tal como alguns mecânicos não gostam de clientes informados...
Depois a tendência de cair no erro que é achar que é atafulhando a prática médica de exames complementares de diagnóstico que se vai diminuir o erro de diagnóstico...
...muito louvável de um ponto de vista naïve mas COMPLETAMENTE ERRADO de um ponto de vista racional.
Do ponto de vista económico é negativo, mas tens dúvidas que muitos erros médicos ocorrem porque se tenta poupar nos meios de diagnóstico?
Tantas e tantas fracturas que não são detectadas com RX e um simples TAC ou RM poderia detectar imediatamente... (é apenas um exemplo).
É MUITO mais importante existirem as condições para a realização de um exame objectivo by the book (o que é manifestamente impossível com consultas a durarem 10 minutos ) do que em mandar o doente fazer uma pilha inútil de exames.
Sem dúvida. Os atendimentos em série, tipo linha de montagem, deviam ser evitados a todo o custo.
Há ainda outro aspecto importante que não foi abordado: os turnos de 24 horas. É completamente estúpido obrigar os Médicos a fazer turnos de 24 horas. Ninguém está em condições de praticar actos de elevada responsabilidade após mais de 8 horas seguidas a trabalhar.
Este regime actual de turnos é completamente estúpido.
Enquanto o ordenamento jurídico português não admitir a existência de culpa indeterminada (para efeitos de pagamento de indemnizações, por exemplo), o erro médico andará sempre num limbo, na medida em que como cada vez mais a profissão é exercida em equipa, é raro existir apenas um culpado.
E quem sofre é o doente alvo de erro médico grosseiro (uma minoria dos casos mas que não deixa de existir e como tal tem de ser protegido juridicamente!).
Mas a má justiça atrapalhar e sujar toda a sociedade é algo que em Portugal sabemos bem o que é...
Ainda bem que existem contribuições como a do Foliv que lutam contra a desinformação e a análise boçal e populista destas questões
A questão que ele introduziu é muito pertinente.
O caso paradigmático são os EUA. Com a fúria judicial (em proporções que tocam a má fé por parte de muitos doentes peritos em obter rendimento à custa de esquemas), cada vez mais a maioria dos médicos recusa todo e qualquer doente que não possua uma resposta by the book.
....
O Post merecia estar na totalidade, mas por economia de espaço...
Creio que efectivamente qq dia estamos a assistir a consultas médicas gravadas pelos médicos, para tentar evitar futuramente um processo judicial ou um pedido de indemnização.
Enquanto o ordenamento jurídico português não admitir a existência de culpa indeterminada (para efeitos de pagamento de indemnizações, por exemplo), o erro médico andará sempre num limbo, na medida em que como cada vez mais a profissão é exercida em equipa, é raro existir apenas um culpado.
Existe a responsabilidade solidária... Coloquem isso no Estatuto do Médico...
Do ponto de vista económico é negativo, mas tens dúvidas que muitos erros médicos ocorrem porque se tenta poupar nos meios de diagnóstico?
Tantas e tantas fracturas que não são detectadas com RX e um simples TAC ou RM poderia detectar imediatamente... (é apenas um exemplo).
eu, desculpa lá a colher de paternalismo que vou inserir aqui mas...
...vários estudos chegaram à seguinte brilhante conclusão:
Se o exame objectivo for correctamente efectuado, 80% dos diagnósticos efectuados no momento do exame objectivo (efectuado -e bem efectuado- na consulta...) são...correctos.
80%!
Os exames complementares, como o próprio nome indica, CONFIRMAM e EXCLUEM diagnósticos. O seu objectivo é esse.
Mais, só com um exame objectivo bem efectuado o médico poderá DIRIGIR o doente para o exame complementar adequado.
Ou seja, é MÁ PRÁTICA MÉDICA andar a mandar o doente fazer uma catrefada de exames porque sim e porque o médico não faz ideia do que seja nem está para ter muito trabalho a mexer os neurónios.
Primeiro faz-se o exame objectivo.
Depois raciona-se sobre os sintomas (o que o doente se queixa) e sinais (o que pode ser confirmado pelo médico) observados.
Formula-se uma série de possíveis causas, suspeitas e dirige-se o doente para os exames complementares que sirvam para excluir e confirmar hipóteses de diagnóstico.
Muitas vezes não é preciso qualquer exame complementar, é preciso ter noção disto e não entrar pela loucura de ter que se pedir sempre um exame complementar só para contentar placebamente o doente. Isso prejudica os doentes que REALMENTE precisam de efectuar esse ou outro exame.
Sem suspeita, sem base de raciocínio que reduza as hipóteses de exame, o doente andará a perder tempo com exames inúteis, muitas vezes desconfortáveis.
Os exames vêm no final, não podem ser a base ou o ponto de partida do raciocínio clínico.
Não estamos aqui a falar apenas de uma questão económica, quer para o sistema quer para o doente. É um erro pensar que isto é uma questão puramente economicista.
E eu sei que isto vem algo contra o senso comum
Editado pela última vez por Andre; 03 November 2008, 10:43.
Comentário