Muitos dos participantes deste fórum ainda não haviam nascido ou eram bebés, outros crianças ou adolescentes como eu (14 anos na altura).
Durante semanas não se falou de outra coisa naquele Portugal dos anos oitenta. Vítor Jorge, conhecido posteriormente como o mata-sete, cometeu uma série de crimes de sangue que chocou o país e foi alvo de extensa cobertura por parte dos meios de comunicação social de então, nomeadamente a RTP.
Volvidos 22 anos Vítor Jorge está em liberdade, conheçam a história e o percurso de um dos mais conhecidos serial killers portugueses.
A justiça portuguesa falhou em algo? Deveria este homem ter sido internado num hospício?
O crime:
Nas páginas do seu diário pessoal, Vítor Jorge acabara de escrever: “vou tentar assassinar de forma brutal duas ou três raparigas e em seguida as minhas filhas”. Fechou o caderno e levantou-se. Estava pronto para a missão, “eliminar o mal, o pecado e o vício da Terra”.
Saiu de casa, sozinho, em direcção à casa da mãe da sua amante.
Leonor, a amante, fazia anos e tinha convidado dois casais amigos. Beberam, conversaram e por volta da meia noite foram passear à Praia do Osso da Baleia. No areal, um dos amigos de Leonor terá dado o primeiro passo rumo a uma sessão de sexo em grupo.
Vítor Jorge aproveitou a euforia e foi ao carro, uma carrinha Citröen branca. Da mala retirou uma caçadeira e uma faca. A tiro matou a amante, os quatro amigos e depois esquartejou-os a todos com uma faca. Dois dos cadáveres foram levados na maré. Os outros ficaram por lá.
O bancário virou então a fúria para a própria família. Já em casa, acordou a mulher e pediu-lhe que o acompanhasse. Disse-lhe que tinha atropelado uma pessoa e que precisava de ajuda. Carminda não desconfiou de nada. Num pinhal ali perto, Vítor apanhou a mulher pelas costas e cravou-lhe cinco facadas.
Sem tempo a perder, foi a casa e fez o mesmo à filha mais velha, Anabela. Exausto, mas determinado, regressou e trouxe ao mesmo local a filha mais nova.
Sandra percebeu que muita coisa estava mal naquele sitio e terá dito “pai não me mates que sou tua filha”. Vítor Jorge não a matou. A miúda fugiu por entre os pinheiros. O assassino foi apanhado quatro dias depois. Acompanhado de uma mão cheia de investigadores regressou à praia para a reconstituição do crime.
Durante o julgamento, e contra a análise de uma equipa de médicos especialistas, foi dado como pessoa normal e o juiz condenou-o a 20 anos. Cumpriu 14 em Coimbra e em Outubro de 2001 passou os muros da cadeia onde o esperava Sandra, a filha que naquela noite lhe suplicou misericórdia. Vítor Jorge está a viver em Paris na casa de uma prima. E até hoje, a sua “neurose compulsiva-obsessiva”, característica dos serial-killer, não se reavivou.
In: DN online
O percurso:
Durante semanas não se falou de outra coisa naquele Portugal dos anos oitenta. Vítor Jorge, conhecido posteriormente como o mata-sete, cometeu uma série de crimes de sangue que chocou o país e foi alvo de extensa cobertura por parte dos meios de comunicação social de então, nomeadamente a RTP.
Volvidos 22 anos Vítor Jorge está em liberdade, conheçam a história e o percurso de um dos mais conhecidos serial killers portugueses.
A justiça portuguesa falhou em algo? Deveria este homem ter sido internado num hospício?
O crime:
Nas páginas do seu diário pessoal, Vítor Jorge acabara de escrever: “vou tentar assassinar de forma brutal duas ou três raparigas e em seguida as minhas filhas”. Fechou o caderno e levantou-se. Estava pronto para a missão, “eliminar o mal, o pecado e o vício da Terra”.
Saiu de casa, sozinho, em direcção à casa da mãe da sua amante.
Leonor, a amante, fazia anos e tinha convidado dois casais amigos. Beberam, conversaram e por volta da meia noite foram passear à Praia do Osso da Baleia. No areal, um dos amigos de Leonor terá dado o primeiro passo rumo a uma sessão de sexo em grupo.
Vítor Jorge aproveitou a euforia e foi ao carro, uma carrinha Citröen branca. Da mala retirou uma caçadeira e uma faca. A tiro matou a amante, os quatro amigos e depois esquartejou-os a todos com uma faca. Dois dos cadáveres foram levados na maré. Os outros ficaram por lá.
O bancário virou então a fúria para a própria família. Já em casa, acordou a mulher e pediu-lhe que o acompanhasse. Disse-lhe que tinha atropelado uma pessoa e que precisava de ajuda. Carminda não desconfiou de nada. Num pinhal ali perto, Vítor apanhou a mulher pelas costas e cravou-lhe cinco facadas.
Sem tempo a perder, foi a casa e fez o mesmo à filha mais velha, Anabela. Exausto, mas determinado, regressou e trouxe ao mesmo local a filha mais nova.
Sandra percebeu que muita coisa estava mal naquele sitio e terá dito “pai não me mates que sou tua filha”. Vítor Jorge não a matou. A miúda fugiu por entre os pinheiros. O assassino foi apanhado quatro dias depois. Acompanhado de uma mão cheia de investigadores regressou à praia para a reconstituição do crime.
Durante o julgamento, e contra a análise de uma equipa de médicos especialistas, foi dado como pessoa normal e o juiz condenou-o a 20 anos. Cumpriu 14 em Coimbra e em Outubro de 2001 passou os muros da cadeia onde o esperava Sandra, a filha que naquela noite lhe suplicou misericórdia. Vítor Jorge está a viver em Paris na casa de uma prima. E até hoje, a sua “neurose compulsiva-obsessiva”, característica dos serial-killer, não se reavivou.
O percurso:
Vítor Jorge, o assassino em massa que em Março de 1987 matou sete pessoas na praia do Osso da Baleia, entre as quais a sua mulher e uma filha, tentou suicidar-se esta semana em Nice, França. Esta é já a décima vez que Vítor Jorge, hoje com 58 anos, tenta acabar com a vida, depois de ter sido libertado em 2001 e ter emigrado para França.
Isabel Jorge, emigrada em Paris e prima deste antigo contínuo, receia pela segurança da família. É que segundo esta costureira de 55 anos, Vítor Jorge - conhecido também pela alcunha de "mata sete"- é um perigo para todos os que o rodeiam, pois tanto pode matar-se a ele próprio como a outras pessoas.
Já aquando do julgamento dos crimes do Osso da Baleia, na Marinha Grande, que terminou em Janeiro de 1988, o réu pediu para que o isolassem numa instituição psiquiátrica, por sentir que "um dia podia matar mais gente". Um relatório do conceituado psiquiatra Eduardo Luís Coentrão, entretanto falecido em 1991, descrevia Vítor Jorge como "doente mental perigoso, um alto risco para a comunidade", o que a ser reconhecido pelo tribunal da Marinha Grande, podia fazer com que o acusado ficasse internado para o resto da vida. Mas não foi. O tribunal de júri, presidido pelo juiz Gregório Simões, preferiu aceitar a opinião de um psiquiatra local de que o arguido era um homem mentalmente saudável e condenou-o à pena máxima de 20 anos de cadeia, enquanto criminoso comum.
De assassino a suicida
Depois de cumprir pena na penitenciária de Coimbra de forma exemplar, onde até ajudava à celebração da missa, Vítor Jorge beneficiou de várias amnistias e foi libertado em cinco de Outubro de 2001, apenas 14 anos depois de ter sido encarcerado, quando o normal teria sido cumprir pelo menos 16. Durante esse tempo, nenhum juiz lhe concedeu a liberdade condicional ou uma saída precária, devido aos seus antecedentes e à ameaça que o preso representava.
Rejeitado pela mãe e pela filha, que sobreviveu ao massacre de 1987, acaba por ser ajudado pelo filho - o único que, pelo facto de não ser mulher, não sofreu nenhuma ameaça - e emigra para Inglaterra, primeiro, e depois para França, onde foi empregado de limpeza no Aeroporto da Córsega.
Mas o desequilíbrio emocional de Vítor demorou apenas dois meses a ressurgir, até ao dia em que se meteu no carro com uma botija de gás e fechou a janela. Foi salvo após telefonar à prima Isabel para se despedir.
Nos cinco anos que leva a morar em França, Vítor Jorge já tentou o suicídio por dez vezes.
Internado em França
Esta semana, Vítor Jorge usou o expediente habitual, em tudo parecido com o utilizado na primeira tentativa. Tomou uma grande dose de comprimidos para dormir e mais uma vez avisou Isabel Jorge que esperava a morte, como se inconscientemente procurasse salvação na prima. Foi encontrado desmaiado à entrada de um hotel de Nice, mas ainda com vida. Depois de alguns dias de recuperação, os médicos franceses estavam já dispostos a dar-lhe alta hospitalar quando Isabel Jorge, desesperada, resolveu sensibilizar as autoridades para os antecedentes criminais e de distúrbios mentais do primo em Portugal.
Segundo a emigrante, a doença de Vítor Jorge foi provocada por uma infância traumatizante, em que o primo, órfão de pai, assistia aos encontros sexuais da mãe com estranhos, a que se juntava o facto de nunca ter morada fixa. Estas experiências terão resultado no ódio descontrolado de Vítor pelas mulheres, que acusava dos grandes males da sua vida.
Desta feita, as autoridades foram sensíveis aos argumentos apresentados por Isabel. Vítor Jorge ficou mesmo internado na ala psiquiátrica de um hospital da Côte d'Azur, no sul de França.|
Isabel Jorge, emigrada em Paris e prima deste antigo contínuo, receia pela segurança da família. É que segundo esta costureira de 55 anos, Vítor Jorge - conhecido também pela alcunha de "mata sete"- é um perigo para todos os que o rodeiam, pois tanto pode matar-se a ele próprio como a outras pessoas.
Já aquando do julgamento dos crimes do Osso da Baleia, na Marinha Grande, que terminou em Janeiro de 1988, o réu pediu para que o isolassem numa instituição psiquiátrica, por sentir que "um dia podia matar mais gente". Um relatório do conceituado psiquiatra Eduardo Luís Coentrão, entretanto falecido em 1991, descrevia Vítor Jorge como "doente mental perigoso, um alto risco para a comunidade", o que a ser reconhecido pelo tribunal da Marinha Grande, podia fazer com que o acusado ficasse internado para o resto da vida. Mas não foi. O tribunal de júri, presidido pelo juiz Gregório Simões, preferiu aceitar a opinião de um psiquiatra local de que o arguido era um homem mentalmente saudável e condenou-o à pena máxima de 20 anos de cadeia, enquanto criminoso comum.
De assassino a suicida
Depois de cumprir pena na penitenciária de Coimbra de forma exemplar, onde até ajudava à celebração da missa, Vítor Jorge beneficiou de várias amnistias e foi libertado em cinco de Outubro de 2001, apenas 14 anos depois de ter sido encarcerado, quando o normal teria sido cumprir pelo menos 16. Durante esse tempo, nenhum juiz lhe concedeu a liberdade condicional ou uma saída precária, devido aos seus antecedentes e à ameaça que o preso representava.
Rejeitado pela mãe e pela filha, que sobreviveu ao massacre de 1987, acaba por ser ajudado pelo filho - o único que, pelo facto de não ser mulher, não sofreu nenhuma ameaça - e emigra para Inglaterra, primeiro, e depois para França, onde foi empregado de limpeza no Aeroporto da Córsega.
Mas o desequilíbrio emocional de Vítor demorou apenas dois meses a ressurgir, até ao dia em que se meteu no carro com uma botija de gás e fechou a janela. Foi salvo após telefonar à prima Isabel para se despedir.
Nos cinco anos que leva a morar em França, Vítor Jorge já tentou o suicídio por dez vezes.
Internado em França
Esta semana, Vítor Jorge usou o expediente habitual, em tudo parecido com o utilizado na primeira tentativa. Tomou uma grande dose de comprimidos para dormir e mais uma vez avisou Isabel Jorge que esperava a morte, como se inconscientemente procurasse salvação na prima. Foi encontrado desmaiado à entrada de um hotel de Nice, mas ainda com vida. Depois de alguns dias de recuperação, os médicos franceses estavam já dispostos a dar-lhe alta hospitalar quando Isabel Jorge, desesperada, resolveu sensibilizar as autoridades para os antecedentes criminais e de distúrbios mentais do primo em Portugal.
Segundo a emigrante, a doença de Vítor Jorge foi provocada por uma infância traumatizante, em que o primo, órfão de pai, assistia aos encontros sexuais da mãe com estranhos, a que se juntava o facto de nunca ter morada fixa. Estas experiências terão resultado no ódio descontrolado de Vítor pelas mulheres, que acusava dos grandes males da sua vida.
Desta feita, as autoridades foram sensíveis aos argumentos apresentados por Isabel. Vítor Jorge ficou mesmo internado na ala psiquiátrica de um hospital da Côte d'Azur, no sul de França.|
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