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Falésias e arribas a erosão do litoral

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    Falésias e arribas a erosão do litoral

    A propósito de um outro tópico:

    Temos aqui pelo fórum alguns posts e tópicos (que encontrei na pesquisa) sobre este tema:

    Originalmente Colocado por DeBeF Ver Post
    É claro que não, até porque na maioria dos casos os caravanistas são permanentes, servindo o parque como 2ª residência.
    Além disso não acredito que estivesse licenciado, tal como muitas das construções que creceram no nosso litoral e que depois se vêm "à rasca" com o recuo do litoral. A indeminizar seria a CM ALmada.
    Claro que isto não é uma questão local...o recuo da costa em arribas prende-se com a erosão maritima, natural, neste caso tem muito a ver com a falta de "alimento" sedimentar que deveria fluir à costa por meio fluvial...o que não acontece devido à quantidade de barragens existentes ao longo do tejo e de outros rios a norte, ou seja, a areia não chega às praias...neste caso a responsabilidade indirecta acaba por ser do Estado...
    Isto dava uma longa conversa!!!

    cumpts
    http://forum.autohoje.com/off-topic/...html#post20577

    http://forum.autohoje.com/off-topic/...-caparica.html

    Mas, se não for suficiente, talvez este artigo ajude a entender melhor:

    “A tendência da erosão na nossa costa é para um aumento crescente. Um dos estudos por nós realizado recorreu à análise temporal de fotografias aéreas numa estação fotogramétrica, desde 1958 até 2002. Neste período, entre o Furadouro e a Praia de Mira, registámos nalguns pontos recuos de 230 metros correspondente a uma perda efectiva do sistema praia-duna e um recuo médio da linha de costa de 6 m/ano. Há dois anos, por exemplo, registou-se em algumas zonas, durante um único temporal com duração de 72 horas, recuos da linha de costa de 15 metros”.

    O alerta é da Prof. Doutora Cristina Bernardes, investigadora do grupo da Geologia Costeira do Centro de Estudos de Ambiente e Mar do Departamento de Geociências da UA, unidade de investigação que estudo o fenómeno da erosão desde Janeiro de 1996. Quase dez anos de investigações que permitem apresentar já conclusões importantes da evolução da zona costeira entre a Praia do Furadouro e a Praia de Mira, com especial ênfase na zona a sul da Barra/Costa Nova, onde o fenómeno erosão ameaça futuro da costa da erosão tem sido bastante sério com tendência para piorar, e apontar medidas para travar este fenómeno.
    A principal conclusão não é animadora: cada vez há menos sedimento disponível para ser transportado pelas correntes da deriva litoral, factor decisivo para o aumento da erosão na Costa de Aveiro.

    “A tendência na zona de Aveiro é para uma erosão muito séria e continuação do recuo da linha da costa. Os rios trazem cada vez menos sedimentos até à foz. Para esta zona, o Rio Douro é o principal contribuinte de sedimentos, mas devido às barragens uma grande quantidade fica aí retido, factor ao qual se associa as extracções de areias. As correntes estão artificialmente desnutridas de sedimento e se não têm o que depositar, dissipam a sua energia na erosão das praias e das dunas. Por outro lado, os molhes do Porto de Aveiro, os esporões e enrocamentos presentes em todo o sector acabam por ser armadilhas para o pouco sedimento disponível”.

    Soluções viáveis pressupõem vontade política

    No entanto, esta tendência pode reverter-se, havendo vontade política e condições económicas. Algumas das soluções apontadas passam pela transferência artificial dos sedimentos do molhe norte para o sul ou pela destruição dos esporões substituindo-os pela re-alimentação artificial das praias. “Actualmente, são estas as soluções que se têm vindo a adoptar em outras partes do mundo. Nos EUA, por exemplo, há estados onde é totalmente proibido construir esporões. Os que já tinham sido construídos foram retirados, substituindo estas intervenções invasivas pela re-alimentação artificial e periódica das praias, e realmente verificou-se uma recuperação nítida das mesmas. Estas medidas têm os seus encargos mas se avaliarmos os custos da construção de um esporão e a sua manutenção, acaba por ficar mais barato fazer a re-alimentação. Foi com esta opção que se recuperaram as praias da Costa Nova e da Barra na década de 70/80”.

    Os esporões resolvem o problema pontualmente, no entanto, transferem o problema para sul, uma vez que normalmente não se colmatam. A projecção mar a dentro é cada vez maior. Os esporões recentemente construídos na Praia do Areão, na Vagueira, e na Praia do Poço da Cruz, em Mira, por exemplo, têm cerca de 230 metros, embora apresentem uma inclinação de 30º para sul, com o objectivo de facilitar a passagem dos sedimentos transportados pelas correntes litorais.
    Na zona de Aveiro poderia ser feita a transposição dos sedimentos acumulados no molhe norte para a zona a sul, através de um processo de 'by-passing', ou fazer a re-alimentação artificial com sedimentos de granolumetria adequada, provenientes do desassoreamento dos canais da laguna, e não a partir da areia depositada na zona submersa das próprias praias, como se tem vindo a fazer. Também a manutenção dos diques arenosos que substituíram, em mais de 80%, o sistema de dunas frontais entretanto erodido, não está a ser feita da forma mais adequada.
    Quando se fazem estas intervenções, o que acontece durante e após os períodos de temporal, a areia é retirada directamente da praia através de um processo de “raspagem”, provocando não só uma diminuição na largura da mesma mas, também, um profundo desequilíbrio entre a morfologia artificialmente criada e as condições hidrodinâmicas do meio. Neste contexto, se as condições de maior agitação marítima se repetirem, o que é frequente dado o carácter repetitivo dos temporais na nossa costa, a zona de espraio das ondas desloca-se em direcção a “terra” alcançando e erodindo o dique recém reconstruído”.


    Elaboração de mapas de vulnerabilidade e de risco é o próximo desafio
    “Rimar - Riscos Naturais Associados a Variações do Nível do Mar” e “CROP – Processos Transversais em Ambientes Contrastantes” foram os projectos de investigação mais recentes desenvolvidos pelo grupo da Geologia Costeira do Centro de Estudos de Ambiente e Mar do Departamento de Geociências da UA, em parceria com as Universidades do Algarve, Porto, Évora, Lisboa e Coimbra, e os Institutos Hidrográfico, de Meteorologia e das Ciências da Terra e do Espaço. Com o objectivo de estudar, de forma integrada, os quatros principais fenómenos indutores de riscos naturais, nomeadamente, a elevação secular do nível médio do mar, os temporais, a elevação de índole meteorológica e os tsunamis, foi feita uma comparação entre duas zonas do litoral português energeticamente distintas, situadas em Aveiro e no Algarve.

    O objectivo geral era comparar os processos causa-efeito em resposta aos factores naturais, mesmo sendo relativamente diferentes em termos de condições hidrodinâmicas. “É mais fácil estudar no Algarve as consequências da acção de um temporal, por exemplo, e de que forma os sistemas, neste caso, as praias e as dunas se comportam, e tentar transpor para a zona de Aveiro, salvaguardando as devidas diferenças”, acrescentou a investigadora. Por outro lado, explicou, “no Algarve conseguimos fazer um conjunto de medições como quantificar o volume de sedimento que é transportado pela deriva litoral, as trocas transversais, num perfil contínuo, entre a praia e a plataforma adjacente e alguns parâmetros físicos, o que em Aveiro é praticamente impossível, devido às condições altamente energéticas que caracterizam a costa ocidental portuguesa.

    No projecto “CROP” os estudos incidiram não só sobre a praia emersa, mas estenderam-se também à plataforma adjacente, até uma profundidade de 30-40m, para melhor perceber como é que as morfologias aí presentes, barras arenosas, se comportam e transferem o sedimento para a praia.
    A elaboração de mapas de vulnerabilidade e de risco é o próximo desafio da equipa de investigação do Departamento de Geociências. Através de um projecto submetido para aprovação à Fundação para a Ciência e Tecnologia, propõe-se quantificar os factores de risco desta zona tão vulnerável à erosão. “Baseando-nos num conjunto de geo-indicadores que incluem aspectos ligados ao uso do solo, características topográficas, variação da posição da linha de costa ao longo do tempo, taxas médias de erosão, susceptibilidade ao galgamento, entre outros, pretendemos definir perfis e níveis de risco a partir de matrizes de vulnerabilidade que mais tarde serão incorporadas num sistema de informação geográfica”.

    Erosão da costa

    Algumas fotos:

    A Eroso da Costa Vicentina photo - Dias dos Reis photos at pbase.com

    E um artigo de 2005:

    “Não se defende o interesse público”
    Risco de erosão na costa aumenta
    21-10-2005 8:00:00

    Apesar da situação critica, com o aumento da temperatura do ar e do mar a subir, a zona de protecção do litoral, no Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) de Vilamoura até ao Vila Real de Sto. António, na costa que atinge Vale de Lobo, foi alterado de 240 para 140 metros, sem nenhuma razão científica. A denúncia surgiu pela voz de Alveirinho Dias, investigador da Universidade do Algarve que tem procedido à monitorização da movimentação das areias naquela zona da costa, durante a conferência inserida no ciclo “O MAR”, promovida pelo Centro de Ciência Viva do Algarve, no âmbito da Faro, Capital da Cultura 2005.

    “Não houve hombridade política de se dizer claramente que se cedia por questões económicas, acusa o investigador.
    Todos os anos são gastos anualmente milhões de Euros nas obras de protecção costeira, que saem do erário público, quando estabilizar arribas é um contra-senso: “As arribas surgem precisamente porque há erosão e as técnicas para as estabilizar transformam-nas noutra coisa qualquer” explicou.

    Após acentuar a pressão que tem sofrido o litoral, “em zonas historicamente não habitadas e que começaram a ser habitadas a partir de meados do séc. XIX”, Alveirinho Dias referenciou como outro dos responsáveis pela erosão, a restrição do débito das areias, que também diminuiu drasticamente com as intervenções a montante, nomeadamente através da construção de barragens nos rios.
    Por outro lado, uma vez que “estamos em plena era de alteração climática, há a previsão do aumento do nível médio das águas do mar, que conduzirá à perda dos sapais, as zonas mais produtivas da terra”.Basta que haja um aumento de meio metro das águas para termos de enfrentar uma crise internacional, sustenta o investigador.

    Em sua opinião há que contrariar o círculo viciosoactual, com a subida das águas provocada por erros de ocupação do território a conduzirem a obras pesadas de intervenção no litoral e estas por sua vez a agravarem a situação de erosão.
    A falta de defesa do interesse público, e a sobreposição do interesse privado, mesmo quando a situação de risco é elevada, foi acerbamente criticada durante a conferência.

    Todos se sentem com direito a ter uma casa à beira mar, e a inexperiência e baixo nível cultural e científico dos órgãos de gestão do litoral permitiu a situação, que se prolonga com a questão dos direitos adquiridos, tantas vezes reconhecidos pelos tribunais.

    Ilha de Faro fora da lei
    Daí o apelo a que os cidadãos “não abdiquem da cidadania e a exerçam, na busca de soluções; e estas não passam por combater o mar, mas sim por compreender o mar”.
    No decurso do debate que se seguiu à conferência, a questão da ocupação da ilha de Faro levantou grande controvérsia, em especial quanto à afectação de parte do domínio público marítimo à autarquia.
    O orador acentuou que se em Vale do Lobo a zona de protecção baixou para 140 metros, “na ilha de Faro não há um metro sequer de protecção, e não são cumpridas as regras que a legislação determinou, na altura da cedência do espaço à gestão da autarquia”.
    Identificando um conflito entre o poder central e o poder local, com o primeiro a tentar “regularizar a ocupação das áreas de risco” e o segundo a ceder mais ao peso dos interesses dos sindicatos de voto locais, Alveirinho Dias deixou o alerta: “se não resolvermos, o mar resolve”.


    Conceição Branco
    Risco de erosão na costa aumenta - Observatório do Algarve

    #2
    Esta imagem é um exemplo do que esta acima, parece uma paisagem idílica, mas é um local que já não é praia, a areia já quase desapareceu e as arribas começam agora a ser destruídas, sendo já possível ver o solo arável a desaparecer.



    Fonte da imagem


    De norte a sul podemos ver inúmeras situações destas na nossa costa, a semelhança do que se vê nesta imagem do Brasil.

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      #3
      Infelizmente e por muito que nos custe, a tendência será mesmo essa.

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        #4
        É um assunto ao qual sou ignorante, embora tenha noção da erosão que está a ocorrer. No entanto para os entendidos, o que se poderá fazer para travar/evitar?

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          #5
          Nada. São processos naturais, tal como as alterações climáticas, e não adianta interferir, pois ou se agravam as coisas ou com sorte transferem-se para outro sítio...

          A única solução é usar o território com a noção de que partes dele não permitem uma ocupação permanente.

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            #6
            Na costa, a maquinaria pesada já faz parte da paisagem




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              #7
              Originalmente Colocado por ptsyndicate Ver Post
              É um assunto ao qual sou ignorante, embora tenha noção da erosão que está a ocorrer. No entanto para os entendidos, o que se poderá fazer para travar/evitar?
              Tudo o que se faça é mesmo só para adiar um problema durante uns tempos, dependendo das obras podem ser meses ou podem ser anos.

              Podem-se fazer injecções de areia para tentar repor os níveis de "antigamente" mas basta uma ou duas marés vivas para voltar ao mesmo.

              Como já foi dito pelo Nthor nos principais rios o problema tem origem nas barragens que foram sido feitas nos últimos anos, os sedimentos não chegam à foz e tendem a acumular na barragem. Não em Portugal, mas já há barragens totalmente entupidas devido à acumulação de sedimentos.

              O principal "problema" está relacionado a total imbecilidade do povo portugues no que diz respeito ao planeamento urbanos. Temos zonas na nossa costa que nunca deveriam ter sido tão urbanizadas ou a ser deveriam ter sido feitas de forma não-permanente.

              O melhor caso? A Costa da Caparica, basta uma visita para perceber logo onde é que o mar vai estar daqui a uns anos. Depois gastam-se milhões de € com programas Polis para andar a fazer paredões para deter o mar. Mas mesmo com programa Polis continuam-se a fazer hoteis á beira mar..

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                #8
                Em certas zonas do Algarve, impressiona a quantidade de construção feita praticamente em cima das falésias....


                Veja-se um caso flagrante : Serra da Arrábida.

                Parque natural, reserva natural protegida, blá blá blá.....

                - Cimenteira(quando não houver serra, eles vão sair, daqui por uns 25/30 anos, prazo do contrato....).
                - É proibida a construção em reservas naturais/protegidas, mas o que é certo é que antes de se chegar ao Portinho se vislumbram muitas moradias, construídas recentemente.
                Como é?

                Ah, mas se eu quiser fazer caça submarina, para apanhar um choco, não posso, porque é......uma reserva natural.......

                Em que é que ficamos?

                Só num pais atrasado, corrupto e hipócrita vemos uma cimenteira a rebentar com as entranhas de uma maravilha natural - protegida por Lei..., e considerada Sítio de Especial Interesse para a Conservação da Natureza.

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                  #9
                  toca a fugir pro interior

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                    #10
                    Estado fez muitos papéis e pouca obra para salvar a orla marítima
                    29.08.2009
                    Luísa Pinto, Mariana Oliveira




                    Apesar de nos últimos anos se terem multiplicado os planos de intervenção nos 971 quilómetros de orla costeira, estes quase nunca passaram das boas intenções.
                    Há dez anos que o bairro da praia de Paramos, em Espinho, construído clandestinamente há décadas, está identificado como uma zona de risco da orla costeira. O plano de ordenamento da zona, aprovado em 1999, prevê a retirada dos cerca de cinco centenas de habitantes da bairro, mas até hoje pouco passou do papel. Mais de 30 barracas chegaram a ser demolidas e os seus moradores realojados num complexo da freguesia. Mas como o desalojamento total acabou por não se realizar, alguns acabaram por voltar ao velho bairro, ocupando terrenos deixados vazios pelas demolições.

                    Este é só um exemplo dos muitos que se multiplicarão ao longo dos 971 quilómetros da costa portuguesa. Há problemas identificados ao nível da preservação ambiental da costa e da segurança das populações que a habitam e frequentam e há inúmeras intervenções planeadas para os resolver. Mas elas tardam em ser executadas. E, por vezes, essa demora tem consequências trágicas, como o incidente que há uma semana vitimou mortalmente cinco pessoas na praia Maria Luísa, em Albufeira.

                    Uma das razões apontadas para esta demora é a multiplicidade de entidades com competência na gestão costeira. Fernando Seara, presidente da Câmara de Sintra, sintetizou o problema: "Em Sintra há demasiadas pessoas a mandar na costa e depois ninguém manda." Por causa da crónica instabilidade das arribas na praia do Magoito, Seara enumera a necessidade de intervirem a Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Tejo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, o Parque Natural, a capitania do porto de Cascais. Este ano, a praia do Magoito não hasteou a bandeira azul: porque as arribas permanecem instáveis, apesar de a ARH do Tejo ter definido como "prioritária" uma intervenção na zona. Mas que até agora não a concretizou.

                    Não hastear uma bandeira azul pode ser o menor dos problemas. Noutros casos, são necessárias intervenções bem mais drásticas. Como no terreno a situação não muda, é necessário proibir por portaria o uso das praias. Foi o caso da praia da Aguda, também em Sintra, interditada pelo Governo. Na praia do Porto Dinheiro, na Lourinhã, e na ilha Berlenga, há zonas dos areais interditados por vedação.

                    Avisar depois do perigo

                    Às vezes as interdições não chegam a tempo, mas só depois dos acidentes. Em Peniche, na praia da Almagreira, morreu um cidadão alemão em 2003; dois anos depois, havia mais duas vítimas mortais, agora de nacionalidade espanhola. O motivo foi sempre o mesmo, aquele que vitimou cinco pessoas na praia Maria Luísa: o desprendimento da arriba. O uso da praia de Almagreira foi interditado em 2006, 13 meses depois do último acidente.

                    O perigo ainda não desapareceu da Almagreira e, por isso, o presidente da câmara prefere actuar preventivamente e garantir que os banhistas respeitam as sinalizações de perigo, muitas vezes ignoradas e vandalizadas. "Desde 2006 recorremos a trabalhadores temporários durante época balnear que estão na praia de segunda a sexta-feira, entre as oito da manhã e as oito da noite a dissuadir as pessoas de se instalarem nos locais mais problemáticos da falésia e a monitorizar as arribas", explica o autarca.

                    Planos atrasados

                    Mas a demora em resolver os problemas incomoda. Também em Peniche está identificado há anos o risco de derrocada na praia de São Bernardino, mas o projecto de execução só agora ficou concluído. Segundo o autarca, neste momento está em curso a preparação do concurso público de empreitada, com um investimento estimado de 1,7 milhões de euros. "A execução da obra está prevista para 2010 e tem uma duração prevista de nove meses", precisa António Correia. Nunca antes de 2011 os veraneantes poderão frequentar a praia sem terem de respeitar as placas a assinalar o perigo nas arribas. "Em situações como estas, que põem em causa a segurança, não deveria haver condições especiais de contratação?", pergunta.

                    O risco, porém, não inibe muitos. Os moradores de Paramos, em Espinho, habituaram-se a conviver com a fúria do mar, que às vezes lhes entra pelas casas dentro. E preferem pedir às autoridades que os protejam com enrocamentos do que a agilizar os planos de realojamento na proximidade. Mas não são só as teimosias dos habitantes que contrariam as disposições dos planos. Também as autarquias, pressionadas para resolver outros problemas, como o do tratamento de águas residuais, vão conseguindo a ampliação de uma ETAR, que está localizada na mesma zona de risco. Foram investidos 9,9 milhões de euros para criar uma estrutura que possa servir, no horizonte de 2030, uma população de quase 200 mil pessoas. Mas ninguém sabe se até lá o mar não lhe ganha terreno. "Aqui não há um risco humano. Há, apenas, o risco de se perder o investimento", reconhece o vice-presidente da Câmara de Espinho, Rolando Sousa.

                    Não será por acaso que dez anos passados sobre a aprovação do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Caminha-Espinho parte deste ainda está por concretizar. Dos nove POOC aprovados este era o que apresentava um orçamento mais pesado, que rondava os 35 milhões de euros. A maior fatia era atribuída ao realojamento das famílias do bairro da praia de Paramos. E a falta de verbas terá contribuído para que este, e muitos outros projectos, sejam consecutivamente adiados.



                    PUBLICO.PT - Estado fez muitos papéis e pouca obra para salvar a orla marítima

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