O que pensam vocês da nossa AR na actualidade?
Estamos a votar para colocar os nossos representantes no parlamento nacional. Mas será que existe virtuosismo e brio profissional nos estadistas que nos deveriam representar? Será que a AR é respeitada naquilo que ela representa ou, pelo menos, deveria representar?
Eis a minha opinião:
Estamos a votar para colocar os nossos representantes no parlamento nacional. Mas será que existe virtuosismo e brio profissional nos estadistas que nos deveriam representar? Será que a AR é respeitada naquilo que ela representa ou, pelo menos, deveria representar?
Eis a minha opinião:
A arena: casa da Democracia
Prólogo:
“É nas grandes assembleias deliberantes que melhor se conhece a disparidade das opiniões dos homens, e o jogo das paixões e interesses individuais.” (Maricá, Marquês)
“É nas grandes assembleias deliberantes que melhor se conhece a disparidade das opiniões dos homens, e o jogo das paixões e interesses individuais.” (Maricá, Marquês)
O maior de todos os atentados ao estado de direito passa-se na casa da democracia. Quando o governo está a ser interpelado pelos parlamentares da oposição e os ministros ignoram-nos entretendo-se ao telemóvel ou às gargalhadas e na conversa uns com os outros, estão a desprezar o parlamento. Ao desrespeitar os parlamentares eleitos que representam o povo, estão também a desrespeitar o povo português demonstrando o seu desinteresse pelo parlamento e pela democracia. Em vez de responder no hemiciclo, optam por responder aos jornalistas em entrevistas ensaiadas onde já têm reservado o papel de vedetas. E quando respondem na assembleia é só para fazer um show off para as câmaras de filmar. É a política da retórica a dominar a política das ideias e das acções. É a política do espectáculo a ganhar protagonismo; a autêntica política da palhaçada. Os estadistas foram substituídos por entertainers e figuras do espectáculo.
O protagonismo recai no momento de representação mais importante do debate do dia.
Os holofotes são apontados para os artistas da persuasão; os malabaristas da palavra. O conteúdo é, no fundo, o que menos interessa. O filme do dia resume-se muitas vezes a esses momentos ou gestos inconsequentes, não interessando se o que se discutiu poderia melhorar ou piorar a vida de milhares de cidadãos. Esta novela evidencia o declínio da figura política e o colapso dos valores que representam aquela casa.
Alguns artistas dormem nos intervalos dos vários números para recobrar energias e descansar as mãos dos inúmeros aplausos da praxe e também das movimentações que não são vistas por debaixo da mesa. São uns verdadeiros artistas de mãos habilidosas. Faltar também faz parte deste salutar ritual para o qual foram tão bem preparados. Há que dar folga ao traseiro, pois nos dias em que comparecem as nádegas só têm descanso quando eles se levantam junto com o grupo nas votações. É o tal emprego do levantar e sentar que garante chorudas reformas. E o mau exemplo vem de cima, do líder do espectáculo que troca insultos e verbaliza um discurso com um nível de peixaria digno de discussão de café. O ambiente de taberna adensa-se em tricas políticas mesquinhas e infrutíferas. Este é um parlamento infantilizado onde o sarcasmo e a imoralidade servem na perfeição todos aqueles que constantemente faltam à verdade. Sim, que esta gente de bem não mente, apenas não diz a verdade.
Os holofotes são apontados para os artistas da persuasão; os malabaristas da palavra. O conteúdo é, no fundo, o que menos interessa. O filme do dia resume-se muitas vezes a esses momentos ou gestos inconsequentes, não interessando se o que se discutiu poderia melhorar ou piorar a vida de milhares de cidadãos. Esta novela evidencia o declínio da figura política e o colapso dos valores que representam aquela casa.
Alguns artistas dormem nos intervalos dos vários números para recobrar energias e descansar as mãos dos inúmeros aplausos da praxe e também das movimentações que não são vistas por debaixo da mesa. São uns verdadeiros artistas de mãos habilidosas. Faltar também faz parte deste salutar ritual para o qual foram tão bem preparados. Há que dar folga ao traseiro, pois nos dias em que comparecem as nádegas só têm descanso quando eles se levantam junto com o grupo nas votações. É o tal emprego do levantar e sentar que garante chorudas reformas. E o mau exemplo vem de cima, do líder do espectáculo que troca insultos e verbaliza um discurso com um nível de peixaria digno de discussão de café. O ambiente de taberna adensa-se em tricas políticas mesquinhas e infrutíferas. Este é um parlamento infantilizado onde o sarcasmo e a imoralidade servem na perfeição todos aqueles que constantemente faltam à verdade. Sim, que esta gente de bem não mente, apenas não diz a verdade.
Os protagonistas já não representam o povo; representam-se a si próprios e aos grupos de influência. Quanto ao povo, esse assiste ao espectáculo pela televisão e já não é mau.
Nesta arena está montado o show com tudo a que um circo tem direito: feras, para intimidar; malabaristas, para mostrar acrobacias e transformar o impraticável em verdadeiro; ilusionistas, para fazer o impossível acontecer; palhaços, para divertir o público desviando a atenção daquilo que não deve ser visto.
Não é possível esquecer os contorcionistas que efectuam espectaculares acrobacias de arrepiar. Ginastas que se coligam e se aliam em malabarismos inacreditáveis para não caírem. E por falar em inacreditável; os números de magia são de tal forma inexplicáveis que não dá para acreditar. Por mais suja que uma pessoa esteja, o branqueamento político faz um número impressionante mesmo diante do olhar incrédulo de todos e tudo limpa. Suspeitas, favorecimentos, peculato, corrupção, branqueamento de capitais, desvios pecuniários e todos os géneros de sujidade são facilmente branqueados através de um mero truque de mágica sem recurso a qualquer detergente ou lixívia.
Toda esta fraude política feita às claras diante de todos, abrirá os noticiários da noite e a boca do povo de espanto. Estes serão os verdadeiros pontos altos deste espectáculo degradante. Algo, realmente, de inacreditável. Algo que para acreditar, é preciso ver.
Nesta arena está montado o show com tudo a que um circo tem direito: feras, para intimidar; malabaristas, para mostrar acrobacias e transformar o impraticável em verdadeiro; ilusionistas, para fazer o impossível acontecer; palhaços, para divertir o público desviando a atenção daquilo que não deve ser visto.
Não é possível esquecer os contorcionistas que efectuam espectaculares acrobacias de arrepiar. Ginastas que se coligam e se aliam em malabarismos inacreditáveis para não caírem. E por falar em inacreditável; os números de magia são de tal forma inexplicáveis que não dá para acreditar. Por mais suja que uma pessoa esteja, o branqueamento político faz um número impressionante mesmo diante do olhar incrédulo de todos e tudo limpa. Suspeitas, favorecimentos, peculato, corrupção, branqueamento de capitais, desvios pecuniários e todos os géneros de sujidade são facilmente branqueados através de um mero truque de mágica sem recurso a qualquer detergente ou lixívia.
Toda esta fraude política feita às claras diante de todos, abrirá os noticiários da noite e a boca do povo de espanto. Estes serão os verdadeiros pontos altos deste espectáculo degradante. Algo, realmente, de inacreditável. Algo que para acreditar, é preciso ver.
Só é pena que exista tanta gente a passar mal à espera que os seus representantes zelem pelos seus interesses esforçando-se por melhorar a sua situação e que, em vez disso, tenham de assistir a um festival de palhaçada e riso. É um autêntico rir na cara das pessoas; rir da desgraça do povo.
Mas, lá no fundo, não será este o show que o povo quer? O parlamento não será tão-somente a representação da sociedade e cultura que temos?
A casa da democracia foi tomada pelo circo e como tal não será estranho que a dita democracia esteja desalojada a viver nas ruas da amargura. Um circo que até já chegou mesmo a dar lugar à tourada. Por isso, se há algo que nessa arena estará sempre garantido, esse algo é o espectáculo.
Afinal, esta é a imagem do país que temos. Uma terra onde a democracia se encontra sem eira nem beira e o povo leva uma vida de cão. Um país vencido pela corrupção que vai sendo vendido em PIN´s.
Mas, lá no fundo, não será este o show que o povo quer? O parlamento não será tão-somente a representação da sociedade e cultura que temos?
A casa da democracia foi tomada pelo circo e como tal não será estranho que a dita democracia esteja desalojada a viver nas ruas da amargura. Um circo que até já chegou mesmo a dar lugar à tourada. Por isso, se há algo que nessa arena estará sempre garantido, esse algo é o espectáculo.
Afinal, esta é a imagem do país que temos. Uma terra onde a democracia se encontra sem eira nem beira e o povo leva uma vida de cão. Um país vencido pela corrupção que vai sendo vendido em PIN´s.
Mas, nada de tristezas. Senhores e senhoras, animem-se que o espectáculo na arena do povo logo logo vai começar.
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