Uma pergunta muito interessante, e será, que nós já nos perguntamos sobre isso?
Como podemos teorizar sobre essa palavra?
E as várias visões que se debrução sobre isto
E a expressão, estados de alma!?
Alma - Wikipédia, a enciclopédia livre
Conceito de Alma Portuguesa em Fernando Pessoa
Como podemos teorizar sobre essa palavra?
E as várias visões que se debrução sobre isto
E a expressão, estados de alma!?
Alma - Wikipédia, a enciclopédia livre
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
"A alma portuguesa é, para Fernando Pessoa, um conceito com múltiplas facetas. Um conceito que ele analisou de diversas perspectivas, desde a histórica, à sociológica, passando pela filosófica e até religiosa.
Pessoa tinha um grande interesse pelo que ele chamava de "Homem Português". Penso que o interesse do poeta seria no sentido de ver como se poderia operar um renascimento, uma nova era de um povo então cabisbaixo e em grande crise económica e social. Lembremos que os tempos de Pessoa são tempos de grande crise, de fim de monarquia e inicio (conturbado) da República. É também a viragem de um novo século, uma época de revoluções e esperança no futuro.
Pessoa escreveu muito sobre o "Homem Português", que é a vertente "de fora" da alma portuguesa. Na sua opinião esse homem era (como o próprio Pessoa) múltiplo. Havia o português "número", trabalhador obscuro, o português "que não é", estrangeirado e afrancesado e o português "fundador", o português que cria civilizações.
O problema do povo português, era para Pessoa, o querer ser tudo e não se adaptar a ser menos do que isso. Aqui ele aproxima-se já do problema da alma portuguesa. O português foi tudo apenas na época das descobertas e conheceu desde então uma repentina e abismal decadência, caindo no ser nada, de fora e de dentro, mas desejando ainda ser tudo.
Caímos então num provincianismo diletante. Deixou de haver criação original, descoberta. É como se o fim das Descobertas fosse afinal, simbolicamente e realmente, o fim de toda e qualquer descoberta. Nada mais valia talvez a pena, a não ser talvez um novo recomeço.
Estamos agora, enquanto raça, indefinidos no tempo e no espaço. Já nos completámos e viajamos ao passado para ir para o futuro. É essa contradição imanente que nos distancia de todos os outros povos.
A síntese bela para este paradoxo achou-a Pessoa num artigo que publicou no Diário de Noticias Ilustrado em 1929. Nele compara o fado e a alma portuguesa. Ambos estão num "intervalo", diz ele. O fado foi formado pela alma portuguesa num intervalo, em que a alma não existia e "desejava tudo sem ter força para o desejar". O fado, cansaço da alma forte, que confia no Destino, olhar de desprezo a Deus, é o regresso à natureza original, ao niilismo do homem moderno, à descrença em tudo o que não é pleno de vitalidade.
Enquanto Portugal não se ergue, canta esse fado, lirismo indefinido de quem não deseja nem deixa de desejar. A alma, essa, regressará um dia, e nesse dia futuro será de novo realidade do mesmo passado".
Pessoa tinha um grande interesse pelo que ele chamava de "Homem Português". Penso que o interesse do poeta seria no sentido de ver como se poderia operar um renascimento, uma nova era de um povo então cabisbaixo e em grande crise económica e social. Lembremos que os tempos de Pessoa são tempos de grande crise, de fim de monarquia e inicio (conturbado) da República. É também a viragem de um novo século, uma época de revoluções e esperança no futuro.
Pessoa escreveu muito sobre o "Homem Português", que é a vertente "de fora" da alma portuguesa. Na sua opinião esse homem era (como o próprio Pessoa) múltiplo. Havia o português "número", trabalhador obscuro, o português "que não é", estrangeirado e afrancesado e o português "fundador", o português que cria civilizações.
O problema do povo português, era para Pessoa, o querer ser tudo e não se adaptar a ser menos do que isso. Aqui ele aproxima-se já do problema da alma portuguesa. O português foi tudo apenas na época das descobertas e conheceu desde então uma repentina e abismal decadência, caindo no ser nada, de fora e de dentro, mas desejando ainda ser tudo.
Caímos então num provincianismo diletante. Deixou de haver criação original, descoberta. É como se o fim das Descobertas fosse afinal, simbolicamente e realmente, o fim de toda e qualquer descoberta. Nada mais valia talvez a pena, a não ser talvez um novo recomeço.
Estamos agora, enquanto raça, indefinidos no tempo e no espaço. Já nos completámos e viajamos ao passado para ir para o futuro. É essa contradição imanente que nos distancia de todos os outros povos.
A síntese bela para este paradoxo achou-a Pessoa num artigo que publicou no Diário de Noticias Ilustrado em 1929. Nele compara o fado e a alma portuguesa. Ambos estão num "intervalo", diz ele. O fado foi formado pela alma portuguesa num intervalo, em que a alma não existia e "desejava tudo sem ter força para o desejar". O fado, cansaço da alma forte, que confia no Destino, olhar de desprezo a Deus, é o regresso à natureza original, ao niilismo do homem moderno, à descrença em tudo o que não é pleno de vitalidade.
Enquanto Portugal não se ergue, canta esse fado, lirismo indefinido de quem não deseja nem deixa de desejar. A alma, essa, regressará um dia, e nesse dia futuro será de novo realidade do mesmo passado".
Comentário