Portugal tem o melhor curso de mestrado do mundo
Programa de gestão internacional oferecido pela Universidade Nova conseguiu o primeiro lugar entre 50 analisados pelo Financial Times
O nome da universidade não está lá. Nem sequer o país. Mas há uma escola pública portuguesa que oferece o melhor mestrado do mundo em gestão internacional e ocupa o primeiro lugar do ranking que o Financial Times(FT) hoje publica: a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
O programa do CEMS (uma rede internacional de escolas) que a Nova passou a oferecer desde Agosto foi considerado o melhor pelo jornal económico britânico e ultrapassou o mestrado da HEC Paris (École des Hautes Études Commerciales) que ocupava, desde 2007, o primeiro lugar. O terceiro ficou reservado à ESCP Europe, fundada em 1819 e comcampus em França, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália.
Há cerca de dois anos, e depois de uma competição renhida entre as escolas de gestão portuguesas, o CEMS seleccionou a Faculdade de Economia da Nova para integrar esta espécie de "liga de honra" internacional do ensino da gestão, composta por 28 instituições académicas de topo e apoiada por 57 empresas. O MIM, sigla para Masters in International Management, é a imagem de marca do CEMS, com reconhecimento à escala global. E, por isso, o director da Faculdade de Economia não esconde a satisfação.
"Obter o primeiro lugar no rankingdoFT é o culminar de uma estratégia de anos. Somos uma escola pública e esta é a melhor forma de servir o país. Para que os estudantes portugueses tenham acesso a uma formação igual à das melhores escolas do mundo", diz José Ferreira Machado, que desvaloriza o facto de não estarem explícitos os nomes da faculdade ou do país. O prestígio é alcançado com a possibilidade de acesso, justifica. E o que interessa "é um estudante português poder fazer em Lisboa um dos mestrados de maior fama internacional".
Na competição mundial pelos melhores talentos, vence o país que consegue projectar os seus quadros. "Os estudantes portugueses podem, com esta formação, trabalhar no mundo e mostrar o talento da juventude portuguesa. Isso é muito importante para o país", considera.
A turma que começou o programa a 31 de Agosto tem 34 alunos; para o próximo ano já há 45 admissões. Depois da publicação do ranking, a Nova espera receber mais candidaturas mas não tem capacidade para aumentar o número de estudantes.
"No total dos mestrados recebemos 200 alunos e este é o limite que podemos aceitar tendo em conta as instalações. Espero ter melhores estudantes [no mestrado em gestão internacional], mas não vamos admitir mais. Somos uma escola pública sem PIDDAC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) há sete anos", desabafa.
As empresas EDP e Millennium bcp, parceiras do CEMS, estão envolvidas directamente na selecção dos candidatos. Falar duas línguas e ter capacidade para trabalhar em ambientes multiculturais são os principais critérios de admissão. Para frequentar o MIM, que custa 14.400 euros, os alunos têm primeiro de ser aceites num mestrado da Nova em Economia, Finanças ou Gestão, que frequentam durante um ano. Só depois integram o MIM, ficando no final com dois graus académicos.
A Faculdade de Economia da Nova - que foi também a primeira universidade criar um MBA em Portugal em 1980 - factura com os mestrados cerca de dois milhões de euros, o mesmo que com as licenciaturas.
Ferramenta de marketing
Estar nos famosos rankings do Financial Times é uma poderosa ferramenta de marketing, já que ajuda potenciais candidatos a escolher a escola de gestão ou os programas de formação mais reputados a nível europeu e internacional. Este ano, a Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica subiu duas posições na lista anual para a Formação de Executivos face a 2008, passando do 39.º para o 37.º lugar em 45 eleitos. A nível europeu está em 17.º lugar. Também os mestrados de Finanças da Católica e da Nova já mereceram distinção, numa análise doFT sem forma de ranking, mas que colocou as duas escolas ao lado da HEC Paris, Oxford ou London Business School.
A lista publicada no diário britânico tem em conta a mobilidade de carreira dos estudantes, a relação entre o preço e a qualidade dos programas, a empregabilidade ou mesmo a presença de mulheres no corpo docente e nos conselhos directivos das escolas de gestão.
Entre os dez melhores programas, há quatro universidades francesas. Aliás, dos 50 analisados nove por cento são leccionados em França. Depois do mestrado, em média 90 por cento dos estudantes conseguiram emprego
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Portugal é o mais "generoso" em políticas de integração
As medidas adoptadas por Portugal com vista à integração dos imigrantes foram premiadas pelas Nações Unidas. É o país com melhor classificação na atribuição de direitos e serviços aos estrangeiros residentes. A Índia, com uma parcela de imigrantes inferior a um por cento (em Portugal é de sete), foi a pior classificada no estudo ontem divulgado, feito com base em questionários a peritos de imigração de 42 países, entre os quais figuram a Suécia, França, Alemanha, Canadá, Espanha, Reino Unido, Chile e China.
O estudo faz parte dos mais de 60 que apoiam o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009 da ONU, este ano consagrado aos "mil milhões de pessoas que se encontram em migração dentro dos seus próprios países ou para o exterior".
Isabel Pereira, especialista em políticas do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, e uma das autoras do estudo que distingue Portugal, explicou ao PÚBLICO que através daqueles inquéritos se tentou perceber como era o acesso aos serviços de educação e de saúde, se os imigrantes tinham direito de voto e quais os seus direitos laborais e a assistência social às suas famílias. "No geral, Portugal mostrou-se mais generoso do que os outros países", diz.
Esta conclusão reforça o que foi apurado em 2007 pela organização independente Migration Policy Group, no seu Índice de Políticas de Integração de Migrantes (MIPEX), o qual é também agora citado pela ONU e que deu a Portugal o segundo lugar entre os 25 países da UE.
50 mil ilegais
As iniciativas portuguesas para a integração dos imigrantes "estão na vanguarda da Europa e do mundo", constata Isabel Pereira. Mas como tanto o MIPEX como o estudo de que é co-autora avaliaram sobretudo o quadro jurídico, a investigadora adverte que falta olhar para o resto: "Muitas das iniciativas adoptadas são de 2007. São muito recentes. É preciso ainda avaliar a sua aplicação, a sua eficácia."
A avaliação já feita choca com o quadro de "escravatura moderna" que, segundo as associações de imigrantes, continua a subsistir em Portugal, e de que são vítimas os cerca de 50 mil irregulares que por cá permanecerão.
A resolução desta situação constitui "um desafio para Portugal", admite Isabel Pereira, lembrando que o país "não estava habituado a gerir fluxos de imigração". Era mais um país de emigrantes do que destino de imigrantes e continua, aliás, a sê-lo. Por cada 15 novos imigrantes que chegam, saem 100 portugueses para o exterior, segundo revela um estudo de Helena Rato, do Instituto Nacional de Administração.
Intitulado Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos, o relatório de ONU de 2009 parte de uma constatação: "Para muitas pessoas em todo o mundo, sair da sua cidade natal, ou da sua aldeia, poderá ser a melhor - ou, às vezes, a única - opção para melhorar as suas oportunidades de vida."
E tem um objectivo ambicioso: levar os governos a fazerem o contrário do que muitos têm praticado, alargando os "canais de entrada existentes para que mais trabalhadores possam emigrar", embora mantendo o sistema de quotas. E dando-lhes direitos, entre eles o de não permanecerem ilegais. Com as migrações garante-se mais riqueza, maior circulação de ideias e troca de culturas e, por isso, mais desenvolvimento humano, defende a ONU.
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Fonte: Público
Programa de gestão internacional oferecido pela Universidade Nova conseguiu o primeiro lugar entre 50 analisados pelo Financial Times
O nome da universidade não está lá. Nem sequer o país. Mas há uma escola pública portuguesa que oferece o melhor mestrado do mundo em gestão internacional e ocupa o primeiro lugar do ranking que o Financial Times(FT) hoje publica: a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
O programa do CEMS (uma rede internacional de escolas) que a Nova passou a oferecer desde Agosto foi considerado o melhor pelo jornal económico britânico e ultrapassou o mestrado da HEC Paris (École des Hautes Études Commerciales) que ocupava, desde 2007, o primeiro lugar. O terceiro ficou reservado à ESCP Europe, fundada em 1819 e comcampus em França, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália.
Há cerca de dois anos, e depois de uma competição renhida entre as escolas de gestão portuguesas, o CEMS seleccionou a Faculdade de Economia da Nova para integrar esta espécie de "liga de honra" internacional do ensino da gestão, composta por 28 instituições académicas de topo e apoiada por 57 empresas. O MIM, sigla para Masters in International Management, é a imagem de marca do CEMS, com reconhecimento à escala global. E, por isso, o director da Faculdade de Economia não esconde a satisfação.
"Obter o primeiro lugar no rankingdoFT é o culminar de uma estratégia de anos. Somos uma escola pública e esta é a melhor forma de servir o país. Para que os estudantes portugueses tenham acesso a uma formação igual à das melhores escolas do mundo", diz José Ferreira Machado, que desvaloriza o facto de não estarem explícitos os nomes da faculdade ou do país. O prestígio é alcançado com a possibilidade de acesso, justifica. E o que interessa "é um estudante português poder fazer em Lisboa um dos mestrados de maior fama internacional".
Na competição mundial pelos melhores talentos, vence o país que consegue projectar os seus quadros. "Os estudantes portugueses podem, com esta formação, trabalhar no mundo e mostrar o talento da juventude portuguesa. Isso é muito importante para o país", considera.
A turma que começou o programa a 31 de Agosto tem 34 alunos; para o próximo ano já há 45 admissões. Depois da publicação do ranking, a Nova espera receber mais candidaturas mas não tem capacidade para aumentar o número de estudantes.
"No total dos mestrados recebemos 200 alunos e este é o limite que podemos aceitar tendo em conta as instalações. Espero ter melhores estudantes [no mestrado em gestão internacional], mas não vamos admitir mais. Somos uma escola pública sem PIDDAC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) há sete anos", desabafa.
As empresas EDP e Millennium bcp, parceiras do CEMS, estão envolvidas directamente na selecção dos candidatos. Falar duas línguas e ter capacidade para trabalhar em ambientes multiculturais são os principais critérios de admissão. Para frequentar o MIM, que custa 14.400 euros, os alunos têm primeiro de ser aceites num mestrado da Nova em Economia, Finanças ou Gestão, que frequentam durante um ano. Só depois integram o MIM, ficando no final com dois graus académicos.
A Faculdade de Economia da Nova - que foi também a primeira universidade criar um MBA em Portugal em 1980 - factura com os mestrados cerca de dois milhões de euros, o mesmo que com as licenciaturas.
Ferramenta de marketing
Estar nos famosos rankings do Financial Times é uma poderosa ferramenta de marketing, já que ajuda potenciais candidatos a escolher a escola de gestão ou os programas de formação mais reputados a nível europeu e internacional. Este ano, a Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica subiu duas posições na lista anual para a Formação de Executivos face a 2008, passando do 39.º para o 37.º lugar em 45 eleitos. A nível europeu está em 17.º lugar. Também os mestrados de Finanças da Católica e da Nova já mereceram distinção, numa análise doFT sem forma de ranking, mas que colocou as duas escolas ao lado da HEC Paris, Oxford ou London Business School.
A lista publicada no diário britânico tem em conta a mobilidade de carreira dos estudantes, a relação entre o preço e a qualidade dos programas, a empregabilidade ou mesmo a presença de mulheres no corpo docente e nos conselhos directivos das escolas de gestão.
Entre os dez melhores programas, há quatro universidades francesas. Aliás, dos 50 analisados nove por cento são leccionados em França. Depois do mestrado, em média 90 por cento dos estudantes conseguiram emprego
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Portugal é o mais "generoso" em políticas de integração
As medidas adoptadas por Portugal com vista à integração dos imigrantes foram premiadas pelas Nações Unidas. É o país com melhor classificação na atribuição de direitos e serviços aos estrangeiros residentes. A Índia, com uma parcela de imigrantes inferior a um por cento (em Portugal é de sete), foi a pior classificada no estudo ontem divulgado, feito com base em questionários a peritos de imigração de 42 países, entre os quais figuram a Suécia, França, Alemanha, Canadá, Espanha, Reino Unido, Chile e China.
O estudo faz parte dos mais de 60 que apoiam o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009 da ONU, este ano consagrado aos "mil milhões de pessoas que se encontram em migração dentro dos seus próprios países ou para o exterior".
Isabel Pereira, especialista em políticas do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, e uma das autoras do estudo que distingue Portugal, explicou ao PÚBLICO que através daqueles inquéritos se tentou perceber como era o acesso aos serviços de educação e de saúde, se os imigrantes tinham direito de voto e quais os seus direitos laborais e a assistência social às suas famílias. "No geral, Portugal mostrou-se mais generoso do que os outros países", diz.
Esta conclusão reforça o que foi apurado em 2007 pela organização independente Migration Policy Group, no seu Índice de Políticas de Integração de Migrantes (MIPEX), o qual é também agora citado pela ONU e que deu a Portugal o segundo lugar entre os 25 países da UE.
50 mil ilegais
As iniciativas portuguesas para a integração dos imigrantes "estão na vanguarda da Europa e do mundo", constata Isabel Pereira. Mas como tanto o MIPEX como o estudo de que é co-autora avaliaram sobretudo o quadro jurídico, a investigadora adverte que falta olhar para o resto: "Muitas das iniciativas adoptadas são de 2007. São muito recentes. É preciso ainda avaliar a sua aplicação, a sua eficácia."
A avaliação já feita choca com o quadro de "escravatura moderna" que, segundo as associações de imigrantes, continua a subsistir em Portugal, e de que são vítimas os cerca de 50 mil irregulares que por cá permanecerão.
A resolução desta situação constitui "um desafio para Portugal", admite Isabel Pereira, lembrando que o país "não estava habituado a gerir fluxos de imigração". Era mais um país de emigrantes do que destino de imigrantes e continua, aliás, a sê-lo. Por cada 15 novos imigrantes que chegam, saem 100 portugueses para o exterior, segundo revela um estudo de Helena Rato, do Instituto Nacional de Administração.
Intitulado Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos, o relatório de ONU de 2009 parte de uma constatação: "Para muitas pessoas em todo o mundo, sair da sua cidade natal, ou da sua aldeia, poderá ser a melhor - ou, às vezes, a única - opção para melhorar as suas oportunidades de vida."
E tem um objectivo ambicioso: levar os governos a fazerem o contrário do que muitos têm praticado, alargando os "canais de entrada existentes para que mais trabalhadores possam emigrar", embora mantendo o sistema de quotas. E dando-lhes direitos, entre eles o de não permanecerem ilegais. Com as migrações garante-se mais riqueza, maior circulação de ideias e troca de culturas e, por isso, mais desenvolvimento humano, defende a ONU.
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Fonte: Público
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