na sequência deste tópico:
Debate sério: Os alunos devem passar sempre? Devemos acabar com os chumbos?
Coloco este a respeito do artigo do público
O que defendem os deputados para o Estatuto do Aluno
lendo estas resposta... fica a sensação do mundo idílico que muita gente vive... então o caso do PS é atroz... tanto texto para nada dizer.
Naturalmente que o ideal era o professor ensinar, o aluno aprender e em caso de dificuldades, rever os apoios aos alunos e estes aproveitarem o mesmo... ou seja, ultrapassarem as dificuldades com mais trabalho.
Contudo a realidade é completamente ao contrário, normalmente os alunos que faltam ou têm maiores dificuldades, não querem nada com a escola e para agravar a situação muitos dos seus encarregados de educação pactuam com a situação, ou pior, são os próprios que criam dificuldades aos alunos comparecerem nas escolas...
Perante isto, e respondendo com clareza, o excesso de faltas deve ser mantido com a consequente reprovação em caso de ultrapassarem o limite de faltas injustificadas...
Acabar com isto é mais um exemplo de irresponsabilidade a transmitir aos alunos e a escola já tem poucos meios para lidar com casos de excesso de faltas... este seria um agravar ainda mais.
Agora com o alargamento da escolaridade para os 18 anos (e não o 12.º ano, pois haverá muita gente com 18 anos sem o 12.º ano) prevejo um agravar das situações de reprovações e o consequente parasitismo de muitos alunos que só estarão na escola para causar problemas.
Como resolver não sei... a menos que se tomem medidas mais drásticas do ponto de vista disciplinar, mas mesmo essas não terão eficácia significativa
Enfim... ou isto dá uma grande volta ou o futuro será cada vez mais negro.
Debate sério: Os alunos devem passar sempre? Devemos acabar com os chumbos?
Coloco este a respeito do artigo do público
O que defendem os deputados para o Estatuto do Aluno
1.Deve ou não um aluno ficar retido por excesso de faltas?
2.Que outras alternativas existem?
3. No quadro actual terá a retenção um valor pedagógico?
Bravo Nico, deputado do PS
1. A retenção, qualquer que seja a sua origem é sempre factor potenciador de futuros episódios de insucesso escolar e, em consequência, de abandono escolar. A generalidade da literatura científica publicada e a experiência prática das escolas portuguesas demonstram que estudantes que tenham retido raramente melhoram o seu desempenham escolar. Pelo contrário, tendem a repetir essa circunstância e contam-se entre os mais atingidos pelo abandono escolar.
2. As alternativas à retenção, resumem-se a uma palavra: aprendizagem. As situações de faltas frequentes ou reincidentes deverão ser objecto de análise pelos professores e pelas escolas, no quadro das respectiva autonomia pedagógica e devem ser estes a determinar as novas balizas do percurso de aprendizagem dos estudantes que faltam.
Mas, qualquer que seja esse percurso (que deverá contemplar actividades de recuperação das aprendizagens não concretizadas), ele deverá apontar para mais e melhor aprendizagem. Os estudantes devem sempre ficar dentro das escolas e, nestas, aprender o máximo possível, com os máximos rigor, exigência e qualidade). É esse o direito dos estudantes e é esse o dever das escolas e do Estado.
3. Nenhum! A retenção é sempre uma situação limite e, como já referi, nunca contribuiu para melhorar o desempenho escolar. A Retenção teve sempre mais um valor simbólico e social, relacionado com a punição de comportamentos inadequados (excesso de faltas) ou de insuficiências de aprendizagem. A solução mais fácil, muitas vezes, é reter um aluno que exiba grande absentismo ou que revele dificuldades de aprendizagem.
A solução mais difícil (mas que é a mais pedagógica e a única que garante o exercício do direito à Educação) é, para cada aluno e respectiva circunstância, encontrar a solução de aprendizagem mais adequada para que aquele aumente o seu desempenho escolar e encontre a motivação para as aprendizagens e para a frequência da Escola.
Muitos exemplos existem, em Portugal, de Escolas que conseguem excelentes resultados no combate ao absentismo e ao insucesso e abandono escolares, através da concretização de projectos envolventes (com recurso a parcerias com as comunidades locais). É por aqui que deve ser o caminho a percorrer.
Pedro Duarte, deputado do PSD
1. A retenção deve ser uma medida de carácter excepcional, sobretudo se decorrer exclusivamente do excesso de faltas. Considero contudo, que o desaparecimento abrupto da retenção como uma consequência do excesso de faltas não é o melhor sinal que estamos a dar aos alunos, em particular aos mais assíduos. Transmitir a ideia de que estar na sala de aula ou fora dela é rigorosamente a mesma coisa é um sinal errado que o sistema de ensino transmite a alunos e famílias.
2. Professores, pais e órgãos de gestão da escola devem trabalhar em conjunto para evitar o absentismo escolar. É desejável um maior envolvimento das famílias na educação das crianças e jovens procurando evitar situações extremas como a retenção por faltas. O PSD tem vindo a propor que o Ministério da Educação dote as escolas de equipas multidisciplinares que consigam suster, a montante, os problemas de indisciplina, de violência ou demais comportamentos desviantes.
A sua função passaria pela detecção precoce de sinais propiciadores de absentismo, pelo acompanhamento dos comportamentos disfuncionais dos alunos na vertente psicológica e sociológica e pela promoção de medidas de integração e inclusão do aluno na Escola.
Defendo que estas equipas, em conjunto com o órgão de gestão da escola e com os pais (caso o aluno seja menor), devem propor um plano de acompanhamento especial para os alunos que, encontrando-se fora da escolaridade obrigatória, ultrapassem o limite de faltas injustificadas. Naturalmente que este investimento nos nossos alunos, feito a montante, não garante à partida um sucesso estatístico como a simples eliminação da retenção por excesso de faltas e com a realização cumulativa de provas de recuperação, mas é seguramente uma solução que contribuiu para a melhoria da qualidade do nosso ensino.
A retenção por faltas injustificadas deve ser uma medida excepcional e as famílias, as Associações de Pais, os professores e os órgãos de gestão da escola devem unir esforços para a evitar. O PSD não tem uma visão maniqueísta do Ensino. Acreditamos que as escolas, como sempre têm feito, saberão encontrar as melhores estratégias de apoio ao aluno perante a ameaça de abandono. Considero é que não faz sentido que para manter artificialmente um aluno ligado à escola, se passe a ideia de que o esforço não é recompensador.
3. Obviamente que tem, pelo menos no actual quadro, pelas razões que já enunciei. O Ensino das nossas crianças e jovens não assenta num modelo de aprendizagem à distância ou de ensino domiciliário. Se fosse esse o quadro da nossa Educação, as faltas não teriam qualquer relevância.
Michael Seufert, deputado do CDS-PP
1. Sim. O cumprimento de compromissos e horários é um valor em si mesmo e deve ser aprendido também na escola.
2. Não conheço alternativas à sanção das faltas que incutam nos jovens a responsabilidade de cumprir um horário - algo que na sua vida terá sempre importância - bem como a ideia de que só com esforço e trabalho se atinge um objectivo.
É natural que um aluno que chumbe de ano - chamemos as coisas pelo nome - se sinta desmotivado para continuar na escola. Cabe aqui aos professores e pais analisar as causas do chumbo. Se este for devido a excesso de faltas há que apurar se o aluno falta com ou sem conhecimento dos pais e há que resolver a questão. Pessoalmente sou contra o alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, pelo que um aluno que atingisse os 16 anos estaria livre de abandonar a escola e encontrar emprego.
3. Não percebo ao que se refere quando fala de "actual quadro". Chumbar de ano quer dizer que não se cumpriu os requisitos que são exigidos para um determinado nível de escolaridade - requisitos que são exigidos a todos por igual. Chumbar não é um atestado de incompetência mas atesta que não se demonstrou conhecimento suficiente para passar de ano. Isso é independente do "quadro" em que vivemos e acontece em todas fases da vida.
As causas do chumbo podem e devem ser analisadas por pais, professores e aluno, para que as suas causas sejam resolvidas e o aluno possa prosseguir na escola.
Ana Drago, deputada do Bloco de Esquerda
1. Creio que essa questão não tem resposta automática. O que faz sentido é primeiro perceber porque há excesso de faltas e actuar em função disso – alerta aos pais, conversa com o aluno, caso seja absentismo injustificado.
A decisão da retenção (ou não) deve ser feita pelos professores do aluno, tendo em conta o seu percurso escolar e os resultados que daí possam decorrer – que só os professores, em concreto, podem analisar. Foi nesse sentido que aquando da discussão na AR do Estatuto do Aluno propusemos que fosse o conselho de turma a tomar essa decisão. Ou seja, pode ser que a retenção seja mais prejudicial que uma passagem mesmo com algumas aprendizagens em falta, noutros casos pode ser o contrário – entender-se que em termos de maturidade e aprendizagens em falta será melhor ficar retido.
2. Devem existir respostas de acompanhamento personalizado, intervenção conjunta de pais e professores em função da situação concreta. Ou seja – pode acontecer que um aluno a quem faltem aprendizagens estruturantes em virtude do absentismo tenha que ter ajuda personalizada para recuperar esse atraso. Isso implica disponibilidade de professores e outros profissionais da escola para fazer essa monitorização e acompanhamento.
Hoje, com professores assoberbados em turmas excessivamente grandes e a multiplicação de tarefas burocráticas, com um panorama escolar onde quase não há psicólogos nas escolas este acompanhamento é quase impossível de realizar. Mas ele é urgente – é o que temos proposto com as chamadas equipas multidisciplinares.
3. Tudo aponta para o prejuízo da retenção em termos de sucesso educativo. As comparações com países onde não há retenções, e os estudos que têm sido feitos sobre esta matéria indiciam esse prejuízo.
Miguel Tiago, deputado do PCP
1. O estudantes deve ficar retido se o professor da disciplina, o conselho de turma e o Conselho Pedagógico entenderem que o excesso de faltas prejudicou seriamente os objectivos da disciplina e os requisitos de aquisição de conhecimento e competências necessários para a transição de ano.
2. O PCP apresentou um projecto de lei de alteração ao estatuto do aluno que prevê precisamente a capacidade de os órgãos pedagógicos, professores e conselho de turma decidirem qual a medida mais eficaz e mais produtiva a tomar quando um aluno excede os limites de faltas. Não negamos a possibilidade de provas de recuperação, apenas se for esse o entendimento dos órgãos, tal como não negamos totalmente a possibilidade de retenção se for esse o entendimento.
No entanto, o Projecto de Lei do PCP também prevê o reforço do apoio ao estudante como possibilidade (em vez de provas de recuperação ou retenção), sob a forma de trabalhos escolares ou lectivos reforçados. Independentemente dos impactos da retenção por faltas no abandono e insucesso escolares, quaisquer medidas que visem eliminar a retenção como forma de alteração de critérios estatísticos não poderão contar com o apoio do PCP.
3. O PCP propõe que sejam os órgãos pedagógicos e os professores a ter a capacidade de decidir sobre a retenção ou não de um estudante, precisamente por julgar que o que deve presidir a essa decisão são os critérios pedagógicos e não os estatísticos. De qualquer das formas, os efeitos pedagógicos da retenção não são lineares. Se nuns casos podem ser nefastos para o progresso do aluno, em outros serão a alternativa mais correcta. Por isso mesmo, a decisão deve caber aos professores.
No entanto, o PCP defende que a escola se encaminhe para o mínimo de retenção possível através de medidas de reforço da capacidade. Mais professores, mais auxiliares de acção educativa. Não compreendemos como pode existir tanto insucesso num conjunto de disciplinas e continuarem a existir milhares de professores dessas mesmas disciplinas no desemprego.
Ou seja, criem-se turmas com menos alunos, distribuindo-se assim por mais professores, possibilitando acompanhamentos mais directos aos estudantes, particularmente àqueles com mais dificuldades. Se o Estado der à escola todas as condições para o cumprimento do seu papel, estamos certos de que não será preciso dar orientações administrativas contra a retenção, porque ela tenderá a diminuir radical e naturalmente.
2.Que outras alternativas existem?
3. No quadro actual terá a retenção um valor pedagógico?
Bravo Nico, deputado do PS
1. A retenção, qualquer que seja a sua origem é sempre factor potenciador de futuros episódios de insucesso escolar e, em consequência, de abandono escolar. A generalidade da literatura científica publicada e a experiência prática das escolas portuguesas demonstram que estudantes que tenham retido raramente melhoram o seu desempenham escolar. Pelo contrário, tendem a repetir essa circunstância e contam-se entre os mais atingidos pelo abandono escolar.
2. As alternativas à retenção, resumem-se a uma palavra: aprendizagem. As situações de faltas frequentes ou reincidentes deverão ser objecto de análise pelos professores e pelas escolas, no quadro das respectiva autonomia pedagógica e devem ser estes a determinar as novas balizas do percurso de aprendizagem dos estudantes que faltam.
Mas, qualquer que seja esse percurso (que deverá contemplar actividades de recuperação das aprendizagens não concretizadas), ele deverá apontar para mais e melhor aprendizagem. Os estudantes devem sempre ficar dentro das escolas e, nestas, aprender o máximo possível, com os máximos rigor, exigência e qualidade). É esse o direito dos estudantes e é esse o dever das escolas e do Estado.
3. Nenhum! A retenção é sempre uma situação limite e, como já referi, nunca contribuiu para melhorar o desempenho escolar. A Retenção teve sempre mais um valor simbólico e social, relacionado com a punição de comportamentos inadequados (excesso de faltas) ou de insuficiências de aprendizagem. A solução mais fácil, muitas vezes, é reter um aluno que exiba grande absentismo ou que revele dificuldades de aprendizagem.
A solução mais difícil (mas que é a mais pedagógica e a única que garante o exercício do direito à Educação) é, para cada aluno e respectiva circunstância, encontrar a solução de aprendizagem mais adequada para que aquele aumente o seu desempenho escolar e encontre a motivação para as aprendizagens e para a frequência da Escola.
Muitos exemplos existem, em Portugal, de Escolas que conseguem excelentes resultados no combate ao absentismo e ao insucesso e abandono escolares, através da concretização de projectos envolventes (com recurso a parcerias com as comunidades locais). É por aqui que deve ser o caminho a percorrer.
Pedro Duarte, deputado do PSD
1. A retenção deve ser uma medida de carácter excepcional, sobretudo se decorrer exclusivamente do excesso de faltas. Considero contudo, que o desaparecimento abrupto da retenção como uma consequência do excesso de faltas não é o melhor sinal que estamos a dar aos alunos, em particular aos mais assíduos. Transmitir a ideia de que estar na sala de aula ou fora dela é rigorosamente a mesma coisa é um sinal errado que o sistema de ensino transmite a alunos e famílias.
2. Professores, pais e órgãos de gestão da escola devem trabalhar em conjunto para evitar o absentismo escolar. É desejável um maior envolvimento das famílias na educação das crianças e jovens procurando evitar situações extremas como a retenção por faltas. O PSD tem vindo a propor que o Ministério da Educação dote as escolas de equipas multidisciplinares que consigam suster, a montante, os problemas de indisciplina, de violência ou demais comportamentos desviantes.
A sua função passaria pela detecção precoce de sinais propiciadores de absentismo, pelo acompanhamento dos comportamentos disfuncionais dos alunos na vertente psicológica e sociológica e pela promoção de medidas de integração e inclusão do aluno na Escola.
Defendo que estas equipas, em conjunto com o órgão de gestão da escola e com os pais (caso o aluno seja menor), devem propor um plano de acompanhamento especial para os alunos que, encontrando-se fora da escolaridade obrigatória, ultrapassem o limite de faltas injustificadas. Naturalmente que este investimento nos nossos alunos, feito a montante, não garante à partida um sucesso estatístico como a simples eliminação da retenção por excesso de faltas e com a realização cumulativa de provas de recuperação, mas é seguramente uma solução que contribuiu para a melhoria da qualidade do nosso ensino.
A retenção por faltas injustificadas deve ser uma medida excepcional e as famílias, as Associações de Pais, os professores e os órgãos de gestão da escola devem unir esforços para a evitar. O PSD não tem uma visão maniqueísta do Ensino. Acreditamos que as escolas, como sempre têm feito, saberão encontrar as melhores estratégias de apoio ao aluno perante a ameaça de abandono. Considero é que não faz sentido que para manter artificialmente um aluno ligado à escola, se passe a ideia de que o esforço não é recompensador.
3. Obviamente que tem, pelo menos no actual quadro, pelas razões que já enunciei. O Ensino das nossas crianças e jovens não assenta num modelo de aprendizagem à distância ou de ensino domiciliário. Se fosse esse o quadro da nossa Educação, as faltas não teriam qualquer relevância.
Michael Seufert, deputado do CDS-PP
1. Sim. O cumprimento de compromissos e horários é um valor em si mesmo e deve ser aprendido também na escola.
2. Não conheço alternativas à sanção das faltas que incutam nos jovens a responsabilidade de cumprir um horário - algo que na sua vida terá sempre importância - bem como a ideia de que só com esforço e trabalho se atinge um objectivo.
É natural que um aluno que chumbe de ano - chamemos as coisas pelo nome - se sinta desmotivado para continuar na escola. Cabe aqui aos professores e pais analisar as causas do chumbo. Se este for devido a excesso de faltas há que apurar se o aluno falta com ou sem conhecimento dos pais e há que resolver a questão. Pessoalmente sou contra o alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, pelo que um aluno que atingisse os 16 anos estaria livre de abandonar a escola e encontrar emprego.
3. Não percebo ao que se refere quando fala de "actual quadro". Chumbar de ano quer dizer que não se cumpriu os requisitos que são exigidos para um determinado nível de escolaridade - requisitos que são exigidos a todos por igual. Chumbar não é um atestado de incompetência mas atesta que não se demonstrou conhecimento suficiente para passar de ano. Isso é independente do "quadro" em que vivemos e acontece em todas fases da vida.
As causas do chumbo podem e devem ser analisadas por pais, professores e aluno, para que as suas causas sejam resolvidas e o aluno possa prosseguir na escola.
Ana Drago, deputada do Bloco de Esquerda
1. Creio que essa questão não tem resposta automática. O que faz sentido é primeiro perceber porque há excesso de faltas e actuar em função disso – alerta aos pais, conversa com o aluno, caso seja absentismo injustificado.
A decisão da retenção (ou não) deve ser feita pelos professores do aluno, tendo em conta o seu percurso escolar e os resultados que daí possam decorrer – que só os professores, em concreto, podem analisar. Foi nesse sentido que aquando da discussão na AR do Estatuto do Aluno propusemos que fosse o conselho de turma a tomar essa decisão. Ou seja, pode ser que a retenção seja mais prejudicial que uma passagem mesmo com algumas aprendizagens em falta, noutros casos pode ser o contrário – entender-se que em termos de maturidade e aprendizagens em falta será melhor ficar retido.
2. Devem existir respostas de acompanhamento personalizado, intervenção conjunta de pais e professores em função da situação concreta. Ou seja – pode acontecer que um aluno a quem faltem aprendizagens estruturantes em virtude do absentismo tenha que ter ajuda personalizada para recuperar esse atraso. Isso implica disponibilidade de professores e outros profissionais da escola para fazer essa monitorização e acompanhamento.
Hoje, com professores assoberbados em turmas excessivamente grandes e a multiplicação de tarefas burocráticas, com um panorama escolar onde quase não há psicólogos nas escolas este acompanhamento é quase impossível de realizar. Mas ele é urgente – é o que temos proposto com as chamadas equipas multidisciplinares.
3. Tudo aponta para o prejuízo da retenção em termos de sucesso educativo. As comparações com países onde não há retenções, e os estudos que têm sido feitos sobre esta matéria indiciam esse prejuízo.
Miguel Tiago, deputado do PCP
1. O estudantes deve ficar retido se o professor da disciplina, o conselho de turma e o Conselho Pedagógico entenderem que o excesso de faltas prejudicou seriamente os objectivos da disciplina e os requisitos de aquisição de conhecimento e competências necessários para a transição de ano.
2. O PCP apresentou um projecto de lei de alteração ao estatuto do aluno que prevê precisamente a capacidade de os órgãos pedagógicos, professores e conselho de turma decidirem qual a medida mais eficaz e mais produtiva a tomar quando um aluno excede os limites de faltas. Não negamos a possibilidade de provas de recuperação, apenas se for esse o entendimento dos órgãos, tal como não negamos totalmente a possibilidade de retenção se for esse o entendimento.
No entanto, o Projecto de Lei do PCP também prevê o reforço do apoio ao estudante como possibilidade (em vez de provas de recuperação ou retenção), sob a forma de trabalhos escolares ou lectivos reforçados. Independentemente dos impactos da retenção por faltas no abandono e insucesso escolares, quaisquer medidas que visem eliminar a retenção como forma de alteração de critérios estatísticos não poderão contar com o apoio do PCP.
3. O PCP propõe que sejam os órgãos pedagógicos e os professores a ter a capacidade de decidir sobre a retenção ou não de um estudante, precisamente por julgar que o que deve presidir a essa decisão são os critérios pedagógicos e não os estatísticos. De qualquer das formas, os efeitos pedagógicos da retenção não são lineares. Se nuns casos podem ser nefastos para o progresso do aluno, em outros serão a alternativa mais correcta. Por isso mesmo, a decisão deve caber aos professores.
No entanto, o PCP defende que a escola se encaminhe para o mínimo de retenção possível através de medidas de reforço da capacidade. Mais professores, mais auxiliares de acção educativa. Não compreendemos como pode existir tanto insucesso num conjunto de disciplinas e continuarem a existir milhares de professores dessas mesmas disciplinas no desemprego.
Ou seja, criem-se turmas com menos alunos, distribuindo-se assim por mais professores, possibilitando acompanhamentos mais directos aos estudantes, particularmente àqueles com mais dificuldades. Se o Estado der à escola todas as condições para o cumprimento do seu papel, estamos certos de que não será preciso dar orientações administrativas contra a retenção, porque ela tenderá a diminuir radical e naturalmente.
Naturalmente que o ideal era o professor ensinar, o aluno aprender e em caso de dificuldades, rever os apoios aos alunos e estes aproveitarem o mesmo... ou seja, ultrapassarem as dificuldades com mais trabalho.
Contudo a realidade é completamente ao contrário, normalmente os alunos que faltam ou têm maiores dificuldades, não querem nada com a escola e para agravar a situação muitos dos seus encarregados de educação pactuam com a situação, ou pior, são os próprios que criam dificuldades aos alunos comparecerem nas escolas...
Perante isto, e respondendo com clareza, o excesso de faltas deve ser mantido com a consequente reprovação em caso de ultrapassarem o limite de faltas injustificadas...
Acabar com isto é mais um exemplo de irresponsabilidade a transmitir aos alunos e a escola já tem poucos meios para lidar com casos de excesso de faltas... este seria um agravar ainda mais.
Agora com o alargamento da escolaridade para os 18 anos (e não o 12.º ano, pois haverá muita gente com 18 anos sem o 12.º ano) prevejo um agravar das situações de reprovações e o consequente parasitismo de muitos alunos que só estarão na escola para causar problemas.
Como resolver não sei... a menos que se tomem medidas mais drásticas do ponto de vista disciplinar, mas mesmo essas não terão eficácia significativa
Enfim... ou isto dá uma grande volta ou o futuro será cada vez mais negro.
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