Em Portugal, como na União Europeia, ser turista vai passar a ser um direito. Idosos com mais de 65 anos, pensionistas, jovens entre os 18 e 25 anos, famílias com "dificuldades sociais, financeiras ou pessoais" e portadores de deficiência, todos poderão vir a beneficiar de férias com um subsídio da Comissão Europeia, que pode cobrir até 30% das despesas.
A expansão do turismo social, proposta pelo comissário europeu da Indústria e Empreendedorismo, Antonio Tajani, será posta prática até 2013 e conta com o apoio do governo de José Sócrates.
"Apoiamos esta ideia até porque constitui uma medida que permite democratizar o acesso a férias e combater a sazonalidade no turismo", explica ao i Bernardo Trindade, secretário de Estado do Turismo. "A execução será feita em articulação com o programa da Comissão Europeia", acrescenta. Fonte oficial do Ministério da Economia confirma ainda que as medidas avançarão até 2013. A forma de execução e financiamento, assim como o impacto orçamental deste programa - sensível num momento em que o governo prepara cortes nas prestações sociais para corrigir o défice orçamental - estão por conhecer.
A ideia foi avançada numa conferência ministerial que decorreu em Madrid na semana passada. O comissário Antonio Tajani explicou que o objectivo é promover o orgulho na cultura europeia."Viajar hoje em dia é um direito. O modo com passámos as nossas férias é um formidável indicador da nossa qualidade de vida", disse. Tão ou mais importante é incentivar que os europeus do Norte conheçam as ofertas culturais do Sul e vice-versa nas épocas baixas, aproveitando a disponibilidade das faixas etárias abrangidas.
Mais Turistas "São medidas estimulantes para os países europeus", concorda António Trindade, empresário do sector turístico. "É um factor fundamental para os operadores turísticos equilibrarem os picos de turismo e preços médios" nas diversas épocas sazonais, nota o actual presidente do grupo Porto Bay Hotéis e Resorts. As faixas etárias abrangidas pelo subsídio europeu "não têm uma época especial para viajar" e, por isso, a medida vai distribuir consumidores ao longo do ano. Além disso, vai lançar mais turistas para as estradas europeias ao "atribuir uma ajuda a pessoas que, em condições normais, não têm dinheiro para fazer férias", considera. Para Portugal, "a grande vantagem é poder produzir e vender no próprio país" - e ainda fazer frente à concorrência da Turquia e do Egipto, que têm vindo a ganhar terreno como grandes destinos do Mediterrâneo.
A expectativa é, por isso, de que a despesa social poderá ser recuperada, gerando mais valias para o turismo, sector que emprega cerca de um quinto da população activa portuguesa e vale 14% do Produto Interno Bruto. Esse é de resto o cálculo que Espanha, país que lançou um programa piloto de turismo sénior - a despesa de 11 milhões de euros, mas por cada euro gasto os espanhóis estimam 1,6 euros de receita, cita o jornal britânico "The Sunday Times".
Em Portugal, o turismo sénior apoiado também já é uma realidade com bons resultados, aponta Vítor Ramalho, presidente do Inatel, instituição que mobiliza 80 mil pessoas por ano em viagens. "Esta actividade, que em Portugal e Espanha serviu de base para o lançamento deste programa europeu, criou mil postos de trabalho e por cada euro gasto gera três euros de receita", explica Vítor Ramalho. Desde 2001, cerca de 530 mil portugueses já beneficiaram de programas de turismo sénior através de 750 hotéis e 4400 agências de viagens envolvidas.
No que toca ao turismo sénior, Portugal fica atrás dos franceses, dos espanhóis e escandinavos que apostam forte neste segmento turístico. Em Portugal, "não há cultura vacacional como nos municípios espanhóis, que são grandes organizadores de férias sociais", confirma António Trindade.
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