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Atestados Médicos

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    Atestados Médicos

    http://rprecision.blogspot.com/

    A Palavra de Honra


    Conheço-o há muitos anos, e ele é, sem dúvida, um dos polícias mais conhecidos aqui da zona.

    Não o via há já uns tempos quando o encontrei ontem no café.
    Estava já com um bronze invejável, de calções, chinelas de dedo e imperial na mão.
    Perguntei-lhe naturalmente:
    - Já de férias?

    Sorriu, deu um generoso golo na imperial e respondeu-me:
    - Melhor do que isso, estou de baixa! Desde Março!
    - De baixa? – Estranhei – Há tanto tempo? Está doente?
    - Não! – respondeu como se eu fosse de outro planeta
    E continuou a explicar-me como seu eu fosse uma criança de quatro anos:
    - É que estou farto daquela gente. Como não me querem dar a reforma antecipada sem me cortar no ordenado, meti baixa.
    - Meteu baixa, assim sem mais nem menos?
    - Claro! Tenho um médico amigo que me arranjou uma dor aqui nas costas e pimba! Baixa com ele!

    Portugal é de facto um país muito curioso com os seus costumes e tradições.
    E uma das tradições mais interessantes é essa da baixa e do atestado médico.

    Como toda a gente sabe, para se obter um atestado médico não é preciso sequer estar doente.
    Mas isso é só um pequeno pormenor sem qualquer interesse.

    Um atestado médico é um declaração feita por um médico, que é um português diferente dos outros pois recebeu poderes esotéricos para emitir documentos que, apesar de falarem da honra e da palavra de honra de quem os faz, toda a gente sabe que a maior parte das vezes são falsos.
    Mas em que todo o país anda a fingir que acredita.

    O atestado médico, depois de assinado e certificado pela palavra de honra do senhor doutor, reveste-se de características mágicas, pois torna o seu beneficiário apto a livrar-se das mais diversas agruras desta vida, quer sejam decorrentes de faltas ao trabalho ou a um julgamento, quer sirvam simplesmente para um estudante poder ir à segunda chamada do exame.

    Às vezes um arguido falta ao julgamento ou a assiduidade e a produtividade dos trabalhadores podem estar a pôr mesmo em risco a sobrevivência de uma empresa e todos os seus postos de trabalho.
    Mas o que se há de fazer? Todos eles «meteram atestado»!

    Todos eles foram ao médico e pediram:
    - Senhor doutor, preciso de faltar ao julgamento, o meu chefe anda a pôr-me a cabeça em água, fáxavor passe-me um atestado.
    E o senhor doutor passa, claro! E ainda pergunta:
    - Quantos dias precisa?
    - Quinze já chegam senhor doutor!

    Outras vezes, o trabalhador mete baixas sucessivas, mês após mês, até a entidade patronal não saber se o substitui se conta com ele.
    E quando já tem a cabeça em água e lhe telefona para casa a perguntar, o trabalhador calmamente diz-lhe:
    - Dê-me «os meus direitos» que eu vou-me embora. Se não quiser, eu por mim continuo a meter baixa.

    Até há muito pouco tempo um Delegado de Saúde, muito pertinho daqui, passava atestados médicos para tudo e mais alguma coisa sem sequer ver as pessoas. Bastava deixar o bilhete de identidade com a empregada e ir lá buscar o atestado daí a umas horas. E pagar, claro! E não era nada barato, que o homem era o Delegado de Saúde, e tudo!

    Quando comecei o estágio, uma das primeiras coisas que me ensinaram foi que para obter um atestado médico não havia nada mais simples: bastava ir ao senhor doutor que os passava em série dentro de um automóvel que lhe servia de consultório, e que diariamente estacionava em frente ao Tribunal da Boa-Hora.
    Não fazia mais nada o dia todo, o bom do médico: só passava atestados médicos às pessoas que precisavam e que faziam bicha em frente à porta do lado do condutor, e que lá iam entrando e saindo do carro quando chegava a sua vez.

    O atestado médico lá no fundo é a maior parte das vezes uma aldrabice, sim. E toda a gente sabe que é uma gigantesca aldrabice nacional.
    Mas é uma aldrabice institucionalizada, e com isso não se brinca!

    Embora toda a gente saiba que o atestado médico é muitas vezes falso, o que é verdade é que nada pode ser feito contra os seus poderes mágicos.
    Como se de repente o que é falso tivesse misteriosa e inexoravelmente passado a ser verdadeiro, só porque está escrito num papel assinado e atestado pela palavra de honra de um médico.

    Prova disso foi o recente escândalo dos 300 alunos que adoeceram todos ao mesmo tempo em Guimarães e não puderam ir às provas globais.
    Toda a gente em Portugal sabia que não tinha havido epidemia nenhuma e que tudo aquilo era uma habilidade, a mesma aldrabice do costume, só que desta vez multiplicada por 300.
    Mas como todos os alunos tinham os seus atestados médicos em ordem, o que lhes aconteceu a eles e aos médicos que lhos passaram?
    Mas alguém tinha dúvidas?
    Não aconteceu nada, claro está!

    E toda a gente fala da assiduidade dos professores, e que os professores faltam muito.
    Mas quando os professores faltam não metem atestado?
    Então está tudo bem!

    Por isso não é de estranhar que se há coisa que é característica dos portugueses é a sugestão amiga que não pode deixar de ser feita a alguém que desabafa connosco uma desavença qualquer com o patrão, com o encarregado ou simplesmente com o chefe lá da repartição:
    - Mete um atestado, pá!

    E lá vai o felizardo ao médico.
    Ciente de que, se há alguma coisa certa neste mundo, é que virá de lá com toda a certeza munido do seu “salvo conduto”, com aquele aspecto sério e burocrático que lhe é conferido pela assinatura do médico e pela certificação de uma doença que nem é preciso saber qual é.

    E que o médico solenemente atesta.
    Atesta por sua honra, claro.
    E com a honra de um médico toda a gente sabe que não se brinca!

    #2
    Infelizmente pilantras há em todas as profissões. [8]

    Sou médico e algo que raramente dou (salvo extrema necessidade por doença) é o atestado médico. No máximo um atestado de comparecimento à consulta (que informa a hora de chegada e saída de meu consultório médico).

    Comentário


      #3
      é das coisas k me fazem mais voltas ao estômago é a facilidade com k os func. pub. metem atestado(até por ataques de caspa , ou gazes), bom se for gazes até compreendo por pode ser prejudicial aos colegas, lol. Digo isto pq trabalho para a func. pub.(embora não seja func. pub, sou contratado)eu se ficar doente meto baixa e tem de ser pela Seg. Social, e claro k lá se vai parte do ordenado já de si magro!. Penso k se o Gov. quer poupar dinheiro é começar por acabar com as Juntas médicas k mais não fazem k assinar de cruz o k o médico amigo do "doente" atestou, ( isso tb fazia por um terço do preço!). O k mais me lixa é k por exemplo há profs. k ficam de atestado ano após ano e ganham e progridem tal como os k estão a ralar!! é metê-los a todos nos supranumerários!! Força Sócrates dá-lhes com força

      Comentário


        #4
        não percebo porque em vez de se aceitar um simples atestado, não se implementa a necessidade de passar por uma junta médica para comprovar uma baixa prolongada...

        Comentário


          #5
          citação:Originalmente colocada por zerorpm
          - É que estou farto daquela gente. Como não me querem dar a reforma antecipada sem me cortar no ordenado, meti baixa.
          Infelizmente já ouvi esta frase várias vezes. Vinda de Funcionários Publicos. Não é que não possa acontecer no privado mas normalmente as pessoas no privado se não trabalham são despedidas. Devia haver fiscalizações apertadas em relação a isto. É uma vergonha nacional. [8]

          Comentário


            #6
            Atestado médico é para "meninas" eu por mim queria era certidão de óbito...[:I]










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              #7
              A solução para isto é simples: quem está de baixa deixa de receber o que quer que seja.

              É injusto para os verdadeiros doentes, mas neste País de aldrabões só lá vamos com medidas deste tipo.

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                #8
                citação:Originalmente colocada por eu

                A solução para isto é simples: quem está de baixa deixa de receber o que quer que seja.

                É injusto para os verdadeiros doentes, mas neste País de aldrabões só lá vamos com medidas deste tipo.
                Acreditas naquilo que estás a escrever?

                Não há pessoas inteligentes neste País?

                Porque é que os que têm o dever de fiscalizar, não o fazem?

                Sabes quem são? Sabes quais as obrigações instituídas pela lei de quem está de baixa?

                A culpa não é só dos médicos. É de todo o sistema, de toda a gente.

                Temos que mudar de mentalidade. Temos que partir do princípio que as pessoas são honestas e ter meios de fiscalizar e punir fortemente quem se serve destas benesses em proveito próprio.
                Conheço diversas sociedades que funcionam assim. E funcionam muito bem.

                Comentário


                  #9
                  Se os médicos não passassem com tanta facilidade... Não haveriam baixas fraudulentas.

                  Comentário


                    #10
                    citação:Originalmente colocada por zerorpm

                    Se os médicos não passassem com tanta facilidade... Não haveriam baixas fraudulentas.
                    E como é que o médico pode diagnosticar sem margem para dúvida que aquilo que a pessoa se queixa é verdade ou não?
                    Um gajo que parta um braço, não deixa dúvida.

                    Agora alguém que vai lá a dizer que tem dores nas costas (como o nosso ex-ministro...) e o médico vai fazer o quê?

                    Ou que lhe dói a cabeça?

                    Ou que sente um esgotamento nervoso?

                    Ou está debaixo de um enorme stress?

                    Parece-me que o problema não estará nos médicos, mas sim no sistema.
                    Que permite que um gajo esteja em baixa e que vá trabalhar noutro sítio.

                    Sabes a quantidade de pessoas com mais de 50 anos que está de baixa por motivos de foro psíquico? E que não os podes obrigar a ficar em casa?

                    Comentário


                      #11
                      Dores nas costas...

                      Tens exames... Radiografias...

                      Tu disseste "Sabes a quantidade de pessoas com mais de 50 anos que está de baixa por motivos de foro psíquico? E que não os podes obrigar a ficar em casa?" Sabes quantos FPs têm mais de 50 anos? Três quartos...

                      Comentário


                        #12
                        @ Em Família Com Fernando Mendes

                        FM: Então a senhora o que é que faz?
                        Coisa: Sou professora!
                        FM: E está a dar aulas onde?
                        Coisa: Estou de baixa!
                        FM: Ahhh!

                        Comentário


                          #13
                          Eu no meu anterior trabalho, fiz um corte no dedo, se quisesse ficava em casa pelo seguro mas no dia seguinte estava a trabalhar...

                          Comentário


                            #14
                            O Ministério da Educação apresenta hoje aos sindicatos de professores uma proposta para que os 2.500 docentes incapacitados de dar aulas por razões de saúde sejam integrados noutros serviços da administração pública.

                            Comentário


                              #15
                              Mas quem é que queriam que os passa-se?
                              QQ que fosse a entidade ou pessoa a passar os referidos, existiriam sempre os espertos a abusar do sistema, é uma questão de formação pessoal e de educação, e pelo menos a classe profissional referida ainda tem algum respeito na sociedade.

                              Quanto a juntas medicas, era de facto a melhor solução, mas incomportavel para as baixas de curta duração.

                              Comentário


                                #16
                                citação:Originalmente colocada por zerorpm

                                Dores nas costas...

                                Tens exames... Radiografias...
                                Tu sabes que o pessoal que anda na ronha arranja sempre sintomas não facilmente identificáveis.

                                O médico pode-me inundar de radiografias que não lhe vai ser possível afirmar que eu estou a fazer [u]sorna</u> com as dores nas costas.

                                Comentário


                                  #17
                                  citação:Originalmente colocada por zerorpm

                                  Tu disseste "Sabes a quantidade de pessoas com mais de 50 anos que está de baixa por motivos de foro psíquico? E que não os podes obrigar a ficar em casa?" Sabes quantos FPs têm mais de 50 anos? Três quartos...
                                  Não era minha intenção estar aqui a falar dos FP..., a sério. [8D]

                                  Comentário


                                    #18
                                    Este mês estive uma semana de baixa... Foi devido a uma entorse grave no pé esquerdo e uma rotura no gémeo esquerdo!

                                    Ainda agora não estou em condições (tenho o tornozelo bastante inchado e por vezes tenho dores muito fortes) mas estou a trabalhar há 9 dias...

                                    Está-me a custar muito e o próprio fisiatra me aconselhou a prolongar a baixa porque assim vai custar imenso a curar as lesões!

                                    Mas mais me iria custar no fim do mês quando viesse o ordenado! Faz-me falta todos o tostões!

                                    Assim não se cura em 1 mês, cura-se em mais meses...[xx(]

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                                      #19
                                      citação:Originalmente colocada por bento

                                      é das coisas k me fazem mais voltas ao estômago é a facilidade com k os func. pub. metem atestado(até por ataques de caspa , ou gazes), bom se for gazes até compreendo por pode ser prejudicial aos colegas, lol. Digo isto pq trabalho para a func. pub.(embora não seja func. pub, sou contratado)eu se ficar doente meto baixa e tem de ser pela Seg. Social, e claro k lá se vai parte do ordenado já de si magro!. Penso k se o Gov. quer poupar dinheiro é começar por acabar com as Juntas médicas k mais não fazem k assinar de cruz o k o médico amigo do "doente" atestou , ( isso tb fazia por um terço do preço!). O k mais me lixa é k por exemplo há profs. k ficam de atestado ano após ano e ganham e progridem tal como os k estão a ralar!! é metê-los a todos nos supranumerários!! Força Sócrates dá-lhes com força
                                      Então e quem é que vai determinar o grau de incapacidade de uma pessoa, e quem é que vai avaliar a função de um indivíduo para trabalhar...
                                      Em relação à parte de assinar de "cruz" em Juntas Médicas nem vou comentar. Se me dizem que às vezes só falta haver um sessão de porrada entre os médicos que compõem a junta e o médico que vai defender os interesses do doente eu confirmava!

                                      Em relação ao tópico, atestados médicos fraudulentos é o pão nossa de cada dia (infelizmente)...já vi um genecologista a assinar atestados numa escola de condução, em 10 min aviou um molhe[8)]

                                      Comentário


                                        #20
                                        Para haver corrupção são precisas 2 pessoas: 1 corrompido + 1 corruptor....

                                        Comentário

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