Em sono profundo, sedadas. Ao que tudo indica era assim que a dona de uma creche ilegal, em Lisboa, mantinha à sua guarda mais de 10 crianças. O espaço foi fechado depois de um pai confirmar, no hospital, que a filha estava sob efeito de ansiolíticos.
"Então, o que se passa? Todos a dormir? A minha filha está tão molinha...". Ana e João (nomes fictícios), pais de uma das crianças que frequentava a creche há menos de dois meses, perguntavam frequentemente à proprietária. E tanto estranharam que começaram a desconfiar.
Segundo João, a apatia, e, muitas vezes, o sono profundo, de menores entre os quatro meses e os três anos, parecia acontecer sobretudo no período da tarde. "Um dia, saí do trabalho mais cedo e fui buscar a minha filha. Estava a dormir. Levei-a ao hospital e nas análises à urina verificou-se que havia benzodiazepinas", disse ao JN.
A confirmação médica de que a menina de oito meses estava sob o efeito de um ansiolítico - um calmante indicado para adultos, e que em crianças pode causar graves problemas renais, além de dependência física e psicológica - foi o que bastou para que o próprio hospital contactasse a PSP e uma assistente social.
Anteontem, dois dias depois da urgência hospitalar, uma operação conjunta da PSP, Segurança Social e Misericórdia de Lisboa acabou por encerrar a creche, no primeiro andar de um apartamento da Rua Morais Soares.
Quando as autoridades entraram, encontraram apenas duas mulheres, de 20 e 30 anos, brasileiras (com autorização de residência em Portugal), e 12 crianças, quase todas a dormir, em colchões estendidos no chão da habitação, que tinha uma cozinha, uma pequena sala e mais quatro divisões. A Segurança Social e a Santa Casa da Misericórdia estão agora a ajudar os pais a procurar encontrar um novo local de acolhimento para estas crianças.
Processo no Ministério Público
A proprietária foi multada e o caso foi entregue, para investigação, ao Ministério Público. Os pais das outras crianças foram entretanto notificados para levarem os filhos ao Instituto de Medicina Legal para serem observados por um médico e sujeitos a análises.
O JN apurou que o apartamento funcionava como uma espécie de creche há cerca de seis anos, sem que alguma vez houvesse, no exterior, qualquer placa de identificação. Áurea Cavaco, que reside no prédio há cerca de 30 anos, explicou que esta era já a "segunda gerência", mas assegura que nunca deu conta de ter havido algum problema ou conflito.
Apesar de haver pelo menos duas mulheres no apartamento aquando da chegada das autoridades, apenas uma (a de 30 anos) se identificava como proprietária. Quando João contactou pela primeira vez esta mulher, referiu que tinha três funcionárias, embora ele nunca tenha visto a terceira.
Ontem, as duas mulheres mantinham-se no interior do apartamento, mas recusaram-se a prestar declarações aos jornalistas,
Edmundo Martinho, presidente do Instituto de Segurança Social, classificou o caso como "grave e pouco comum", uma vez que, além do facto de se tratar de um espaço ilegal e com condições inadequadas, há a forte suspeita de administração de substâncias tranquilizantes. "Os pais têm de ter muita atenção quando escolhem soluções destas para os seus filhos. Procurem e informem-se bem. Nem sempre esta é a solução mais barata. Há amas devidamente legalizadas", frisou.
"Então, o que se passa? Todos a dormir? A minha filha está tão molinha...". Ana e João (nomes fictícios), pais de uma das crianças que frequentava a creche há menos de dois meses, perguntavam frequentemente à proprietária. E tanto estranharam que começaram a desconfiar.
Segundo João, a apatia, e, muitas vezes, o sono profundo, de menores entre os quatro meses e os três anos, parecia acontecer sobretudo no período da tarde. "Um dia, saí do trabalho mais cedo e fui buscar a minha filha. Estava a dormir. Levei-a ao hospital e nas análises à urina verificou-se que havia benzodiazepinas", disse ao JN.
A confirmação médica de que a menina de oito meses estava sob o efeito de um ansiolítico - um calmante indicado para adultos, e que em crianças pode causar graves problemas renais, além de dependência física e psicológica - foi o que bastou para que o próprio hospital contactasse a PSP e uma assistente social.
Anteontem, dois dias depois da urgência hospitalar, uma operação conjunta da PSP, Segurança Social e Misericórdia de Lisboa acabou por encerrar a creche, no primeiro andar de um apartamento da Rua Morais Soares.
Quando as autoridades entraram, encontraram apenas duas mulheres, de 20 e 30 anos, brasileiras (com autorização de residência em Portugal), e 12 crianças, quase todas a dormir, em colchões estendidos no chão da habitação, que tinha uma cozinha, uma pequena sala e mais quatro divisões. A Segurança Social e a Santa Casa da Misericórdia estão agora a ajudar os pais a procurar encontrar um novo local de acolhimento para estas crianças.
Processo no Ministério Público
A proprietária foi multada e o caso foi entregue, para investigação, ao Ministério Público. Os pais das outras crianças foram entretanto notificados para levarem os filhos ao Instituto de Medicina Legal para serem observados por um médico e sujeitos a análises.
O JN apurou que o apartamento funcionava como uma espécie de creche há cerca de seis anos, sem que alguma vez houvesse, no exterior, qualquer placa de identificação. Áurea Cavaco, que reside no prédio há cerca de 30 anos, explicou que esta era já a "segunda gerência", mas assegura que nunca deu conta de ter havido algum problema ou conflito.
Apesar de haver pelo menos duas mulheres no apartamento aquando da chegada das autoridades, apenas uma (a de 30 anos) se identificava como proprietária. Quando João contactou pela primeira vez esta mulher, referiu que tinha três funcionárias, embora ele nunca tenha visto a terceira.
Ontem, as duas mulheres mantinham-se no interior do apartamento, mas recusaram-se a prestar declarações aos jornalistas,
Edmundo Martinho, presidente do Instituto de Segurança Social, classificou o caso como "grave e pouco comum", uma vez que, além do facto de se tratar de um espaço ilegal e com condições inadequadas, há a forte suspeita de administração de substâncias tranquilizantes. "Os pais têm de ter muita atenção quando escolhem soluções destas para os seus filhos. Procurem e informem-se bem. Nem sempre esta é a solução mais barata. Há amas devidamente legalizadas", frisou.
Ora, sim senhor...
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