Só pode ser!!
[Ironic ON]
Com a sua visão de super heroi conseguiria em fracções de segundo identificar se um meliante em fuga estaria ou não armado, tomando como bitola os seus super poderes condenou um inspector candidato a Superpateta, que não engoliu o super amendoim.
[Ironic OFF]
Tomar - Fugitivo baleado exige 200 mil euros a inspector da PJ
Condenado por uma fracção de segundo
Bom profissional nos 28 anos de uma carreira sempre marcada por “grande dedicação ao serviço”, o inspector Reis Mota, da Polícia Judiciária, até atirou “às pernas” do fugitivo, depois de este se virar e levar “uma mão à cintura”, reconhece o Tribunal de Tomar antes de condenar o polícia.
Paulo Godinho não estava armado – mas o juiz considera que, naquela fracção de segundo, Reis Mota tinha a obrigação de “verificar” se o criminoso tinha uma arma de fogo. E por isso terá de lhe pagar milhares de euros de indemnização.
Paulo Godinho, o ‘espanhol’, estava em fuga da cadeia de Leiria e foi recapturado, em Tomar, a 11 de Novembro de 2003.
Naquela manhã de Outono, envolveu-se com o inspector Reis Mota “numa luta corpo a corpo”. “Conseguiu afastar-se” – e, “preparando-se para se escapulir por uma esquina”, rodou o tronco, “levou a mão à cintura” e disse: “F...-vos a todos”. Reis Mota estava a mais de oito metros. Pensou que o criminoso “ia sacar de uma arma para o atacar” e atirou “às pernas”. Paulo Godinho “escorregou” e a bala perfurou-lhe a coluna. Está paraplégico. E estes são os factos que o juiz deu como provados, no acórdão a que o CM teve acesso.
Mas diz o juiz que Reis Mota, hoje com 56 anos, na fracção de segundo em que foi ameaçado de morte, “foi precipitado” a disparar, “não cuidando de verificar se o ofendido [Paulo Godinho, de 32 anos] tinha ou não “uma arma de fogo”.
E assim condenou o inspector a pagar 675 euros, somados aos custos do processo e a uma indemnização, que ainda não foi fixada – mas que pode chegar a 200 mil euros.
Reis Mota, já reformado antecipadamente devido a este caso, recusa comentar a sentença, mas adianta ao CM que estes foram os piores dois anos e sete meses da sua vida. “Sinto uma enorme frustração por ter 28 anos de bons serviços, uma folha impecável e com louvores, várias situações em que corri perigo de vida – e termino a minha carreira assim, sozinho no banco dos réus”.
“Abandonado pelo Ministério da Justiça”, diz o seu advogado, António Colaço, valeu a Reis Mota “todo apoio da ASFIC” (Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal). “É vítima de um absurdo jurídico e condenado porque, num teatro de operações, não conseguiu avaliar, naquela fracção de segundo, com a mesma frieza que se decide na sala de audiência...”
VIOLÊNCIA COM UMA GRÁVIDA
Paulo Godinho, hoje com 32 anos, cumpria 20 meses de prisão efectiva na cadeia de Leiria por roubo violento sobre uma mulher grávida, quando teve direito a uma saída precária, em Outubro de 2003. Não regressou dia 9, como estava previsto, e a brigada de captura de presos da PJ, sediada em Lisboa, foi chamada a avançar.
Reis Mota e outros dois inspectores bateram tudo e passado um mês encontraram o fugitivo. Escondia-se numa casa, em Tomar, quando foi encurralado por dois polícias. Investiu sobre eles e fugiu, mas, na rua, Reis Mota apanhou-o. Mesmo paraplégico, cumpriu o resto da pena.
O QUE DIZ A ASFIC
POLÍCIAS 'EM RISCO'
O presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal, Carlos Anjos, considera que este caso “abre um mau precedente”. No futuro, “os polícias em acção podem ficar inibidos, hesitar, e pôr as suas vidas em risco”.
CONTRADIÇÕES
Carlos Anjos diz que a sentença do julgamento “é contraditória. O Tribunal entende que o inspector agiu dentro das normas – atirou às pernas, ao ser ameaçado – e depois condena-o sem haver negligência...”
SEM SEGUROS E APOIO
O presidente da ASFIC adianta que “os polícias não têm seguros, nem para eles, caso lhes aconteça alguma coisa, nem para terceiros, se tiverem de indemnizar alguém”.
Henrique Machado
In CM Hoje
[Ironic ON]
Com a sua visão de super heroi conseguiria em fracções de segundo identificar se um meliante em fuga estaria ou não armado, tomando como bitola os seus super poderes condenou um inspector candidato a Superpateta, que não engoliu o super amendoim.
[Ironic OFF]
Tomar - Fugitivo baleado exige 200 mil euros a inspector da PJ
Condenado por uma fracção de segundo
Bom profissional nos 28 anos de uma carreira sempre marcada por “grande dedicação ao serviço”, o inspector Reis Mota, da Polícia Judiciária, até atirou “às pernas” do fugitivo, depois de este se virar e levar “uma mão à cintura”, reconhece o Tribunal de Tomar antes de condenar o polícia.
Paulo Godinho não estava armado – mas o juiz considera que, naquela fracção de segundo, Reis Mota tinha a obrigação de “verificar” se o criminoso tinha uma arma de fogo. E por isso terá de lhe pagar milhares de euros de indemnização.
Paulo Godinho, o ‘espanhol’, estava em fuga da cadeia de Leiria e foi recapturado, em Tomar, a 11 de Novembro de 2003.
Naquela manhã de Outono, envolveu-se com o inspector Reis Mota “numa luta corpo a corpo”. “Conseguiu afastar-se” – e, “preparando-se para se escapulir por uma esquina”, rodou o tronco, “levou a mão à cintura” e disse: “F...-vos a todos”. Reis Mota estava a mais de oito metros. Pensou que o criminoso “ia sacar de uma arma para o atacar” e atirou “às pernas”. Paulo Godinho “escorregou” e a bala perfurou-lhe a coluna. Está paraplégico. E estes são os factos que o juiz deu como provados, no acórdão a que o CM teve acesso.
Mas diz o juiz que Reis Mota, hoje com 56 anos, na fracção de segundo em que foi ameaçado de morte, “foi precipitado” a disparar, “não cuidando de verificar se o ofendido [Paulo Godinho, de 32 anos] tinha ou não “uma arma de fogo”.
E assim condenou o inspector a pagar 675 euros, somados aos custos do processo e a uma indemnização, que ainda não foi fixada – mas que pode chegar a 200 mil euros.
Reis Mota, já reformado antecipadamente devido a este caso, recusa comentar a sentença, mas adianta ao CM que estes foram os piores dois anos e sete meses da sua vida. “Sinto uma enorme frustração por ter 28 anos de bons serviços, uma folha impecável e com louvores, várias situações em que corri perigo de vida – e termino a minha carreira assim, sozinho no banco dos réus”.
“Abandonado pelo Ministério da Justiça”, diz o seu advogado, António Colaço, valeu a Reis Mota “todo apoio da ASFIC” (Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal). “É vítima de um absurdo jurídico e condenado porque, num teatro de operações, não conseguiu avaliar, naquela fracção de segundo, com a mesma frieza que se decide na sala de audiência...”
VIOLÊNCIA COM UMA GRÁVIDA
Paulo Godinho, hoje com 32 anos, cumpria 20 meses de prisão efectiva na cadeia de Leiria por roubo violento sobre uma mulher grávida, quando teve direito a uma saída precária, em Outubro de 2003. Não regressou dia 9, como estava previsto, e a brigada de captura de presos da PJ, sediada em Lisboa, foi chamada a avançar.
Reis Mota e outros dois inspectores bateram tudo e passado um mês encontraram o fugitivo. Escondia-se numa casa, em Tomar, quando foi encurralado por dois polícias. Investiu sobre eles e fugiu, mas, na rua, Reis Mota apanhou-o. Mesmo paraplégico, cumpriu o resto da pena.
O QUE DIZ A ASFIC
POLÍCIAS 'EM RISCO'
O presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal, Carlos Anjos, considera que este caso “abre um mau precedente”. No futuro, “os polícias em acção podem ficar inibidos, hesitar, e pôr as suas vidas em risco”.
CONTRADIÇÕES
Carlos Anjos diz que a sentença do julgamento “é contraditória. O Tribunal entende que o inspector agiu dentro das normas – atirou às pernas, ao ser ameaçado – e depois condena-o sem haver negligência...”
SEM SEGUROS E APOIO
O presidente da ASFIC adianta que “os polícias não têm seguros, nem para eles, caso lhes aconteça alguma coisa, nem para terceiros, se tiverem de indemnizar alguém”.
Henrique Machado
In CM Hoje
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