Ao que parece, hoje a tomada de posse no novo Presidente da República, Cavaco Silva - que sucede a si próprio - incendiou o panorama político nacional.
Irá mudar alguma coisa? Ficará tudo na mesma? Como avaliam?
Irá mudar alguma coisa? Ficará tudo na mesma? Como avaliam?
Discurso completo da tomada de posse de Cavaco Silva: http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=13683
Cavaco entusiasmou Direita e irritou PS
Duro no diagnóstico da crise, Cavaco apontou um rumo para o País que passa por menos Estado e mais ajuda às empresas. PSD e CDS aplaudiram com entusiasmo. A Esquerda não gostou. Francisco Assis disse que foi «um discurso de facção».
Cavaco Silva não procurou consensos, embora tenha falado da necessidade de «um alargado consenso político e social» e na importância da estabilidade política.
No discurso de posse, aplaudido de pé no final pelo PSD e CDS, perante a incomodidade das bancadas à esquerda, o Presidente da República apontou um rumo que não é neutro politicamente: «É preciso valorizar a actividade empresarial», disse, diminuir o tamanho do Estado, e apostar na juventude.
Os mais de 30 minutos de intervenção começaram com um diagnóstico da situação do País. Baseado em estatísticas e frequentemente invocando o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, o Presidente da República falou do défice, do desemprego e concluiu que a última década «foi uma década perdida» na melhoria da situação dos portugueses. Diria mais tarde que há sacrifícios pedidos aos cidadãos que não são suportáveis.
Cavaco Silva considerou que a situação financeira e económica é insustentável que o país vive «uma situação de emergência».
Depois do diagnóstico (que o presidente do Governo Regional dos Açores, em reacção, consideraria «cruel») Cavaco Silva apelou ao chamado 'arco governativo'. «Seria desejável que o caminho a seguir fosse consubstanciado num programa estratégico de médio prazo, objecto de um alargado consenso político e social».
Mas logo depois, Cavaco optou por medidas que incluem o abandono de grandes investimentos (o TGV e o aeroporto vieram à memória de todos) e um modelo de Estado que 'não cola' com as políticas do actual Governo. Por isso, no final o líder parlamentar do PS não escondeu a irritação.
Francisco Assis disse que Cavaco fez um «discurso de facção».Quanto a José Sócrates tentou corrigir o alcance das palavras do Presidente, sublinhando que a crise é internacional. O PR, significativamente, pouco falou da Europa, no seu discurso.
Enquanto Cavaco discursava, PSD e CDS aplaudiram frequentemente, e cada vez com mais vigor, ao contrário das bancadas à esquerda, em que chegou a sentir-se um burburinho. Os primeiros aplausos da direita irromperam quando o PR criticou os grandes investimentos públicos.
«Não podemos privilegiar grandes investimentos que não temos condições de financiar, que não contribuem para o crescimento da produtividade e que têm um efeito temporário e residual na criação de emprego. Não se trata de abandonar os nossos sonhos e ambições. Trata-se de sermos realistas», disse o PR.
Seguiu-se a referência ao papel dos empresários na criação de riqueza, pedindo políticas que diminuem o peso do Estado e a burocracia. Houve ainda referências aos valores da família e ao mérito. Cavaco Silva pediu que se celebrasse o sucesso dos empresários «como se celebra o sucesso dos nossos títulos»,em vez de os «perseguir com uma retórica ameaçadora».
A três dias de uma manifestação de jovens com emprego precário - a chamada 'geração à rasca' - o discurso terminou com uma esperança nas novas gerações para tirar o país da situação de crise, e com a exigência aos políticos de medidas que evitem o êxodo dos melhores quadros jovens para o estrangeiro
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