Eu sei que pode ser complicado.
Vai do hábito – enraizado ao longo de anos – e todos sabemos quão difícil é mudar de um dia para o outro, mecanismos quase automáticos que fizemos desde sempre e sempre vimos fazer.
Mas o código é claro. Deve-se circular na faixa mais à direita.
Na minha opinião se há artigo do Código que faz sentido é este. Agora que, por força da aproximação do custo da gasolina ao da lagosta suada, as velocidades médias baixaram substancialmente (facilmente comprovado numa qualquer IP ou IC perto de si), não há nada pior do que enfrentar à nossa esquerda uma possibilidade de ultrapassagem a baixa velocidade.
A mim enerva-me sobremaneira ir calma e relaxadamente nos meus lançados e perigosos 120km/h e – a bem da sanidade da circulação e continuando na faixa da direita – ser forçado a ultrapassar um ainda mais calmo e relaxado condutor a 99,9 km/h na faixa central, como ainda ontem me aconteceu reiteradamente nuns escassos 12 kms de CREL.
É claro que penso em mandar-me para a esquerda e depois para a esquerda outra vez, esperar aqueles longos minutos a que se processam as ultrapassagens nestas velocidades, retomando a direita outra vez de seguida. É claro que sim.
Mas o espalhafato, a condução acrobática que tal manobra sugere, o perigo em que coloco a minha família (na faixa da esquerda circulam – ainda – alguns rápidos aviões, muitos deles sem luzes de aterragem) e o bom senso em geral impedem-me, muitas vezes, de o fazer.
Continuo assim, e por regra, a fazer de conta que o carro da faixa do meio não existe (mirando sempre a possibilidade de a este, de forma inadvertida, lhe dar um ataque de consciência e de retomar a direita enquanto eu lá estou) e lá sigo na faixa da direita, nos meus lançados e perigosos 120km/h.
Nestes momentos lembro-me primeiro do Álvaro de Campos, que - como sempre, não tem nada que ver com este problema (a estrada de Sintra, lembro-me bem, tinha uma faixa para cada lado), mas resume bem o alheamento a que me refiro…
Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
…
De seguida lembro-me do recentemente aprovado diploma que autoriza a vídeo vigilância das nossas estradas.
[img]uploaded/jc/2006724101914_circular ao meio.jpg[/img]
Vai do hábito – enraizado ao longo de anos – e todos sabemos quão difícil é mudar de um dia para o outro, mecanismos quase automáticos que fizemos desde sempre e sempre vimos fazer.
Mas o código é claro. Deve-se circular na faixa mais à direita.
Na minha opinião se há artigo do Código que faz sentido é este. Agora que, por força da aproximação do custo da gasolina ao da lagosta suada, as velocidades médias baixaram substancialmente (facilmente comprovado numa qualquer IP ou IC perto de si), não há nada pior do que enfrentar à nossa esquerda uma possibilidade de ultrapassagem a baixa velocidade.
A mim enerva-me sobremaneira ir calma e relaxadamente nos meus lançados e perigosos 120km/h e – a bem da sanidade da circulação e continuando na faixa da direita – ser forçado a ultrapassar um ainda mais calmo e relaxado condutor a 99,9 km/h na faixa central, como ainda ontem me aconteceu reiteradamente nuns escassos 12 kms de CREL.
É claro que penso em mandar-me para a esquerda e depois para a esquerda outra vez, esperar aqueles longos minutos a que se processam as ultrapassagens nestas velocidades, retomando a direita outra vez de seguida. É claro que sim.
Mas o espalhafato, a condução acrobática que tal manobra sugere, o perigo em que coloco a minha família (na faixa da esquerda circulam – ainda – alguns rápidos aviões, muitos deles sem luzes de aterragem) e o bom senso em geral impedem-me, muitas vezes, de o fazer.
Continuo assim, e por regra, a fazer de conta que o carro da faixa do meio não existe (mirando sempre a possibilidade de a este, de forma inadvertida, lhe dar um ataque de consciência e de retomar a direita enquanto eu lá estou) e lá sigo na faixa da direita, nos meus lançados e perigosos 120km/h.
Nestes momentos lembro-me primeiro do Álvaro de Campos, que - como sempre, não tem nada que ver com este problema (a estrada de Sintra, lembro-me bem, tinha uma faixa para cada lado), mas resume bem o alheamento a que me refiro…
Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
…
De seguida lembro-me do recentemente aprovado diploma que autoriza a vídeo vigilância das nossas estradas.
[img]uploaded/jc/2006724101914_circular ao meio.jpg[/img]
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