http://www.autohoje.com/testes/compa...08-toyota-c-hr
09 outubro 2017Autor:Pedro Silva - Fotos: João Carlos Oliveira - (N.º 1438 - 1 de junho de 2017)
O que é que o Toyota C-HR Hybrid, o Peugeot 3008 1.6 BlueHDI e o Audi Q2 1.6 TDI têm em comum? Bem, são três dos SUV compactos mais recentes que permitem a quem os conduz distinguir-se numa paisagem automóvel cada vez mais povoada de carros altos. Ou seja, são SUV, mas cheios de estilo.
A paisagem urbana das grandes cidades é cada vez mais dominada pelos SUV compactos. Hoje, após o enorme sucesso do Qasqhai, todas as marcas possuem um modelo neste segmento, pelo que para garantir que sobressaímos da multidão já não basta ter um SUV, é necessário ter um SUV com atitude.
Com este briefing e preços que variam dos pouco mais de cerca de 28 500€ aos pouco mais de 35 000 €, dependendo se só conseguimos chegar a uma versão base ou há orçamento para rechear o carro com opcionais, a escolha óbvia é o novo Toyota C-HR 1.8 Hybrid, até porque a sua motorização híbrida ainda acrescenta outra dimensão de diferença à já exclusiva (neste segmento e nível de preço) opção por uma carroçaria coupé de 4 portas muito estilizada. Para o enfrentar escolhemos o Audi Q2 1.6 TDI, o único SUV (ou Crossover) premium disponível por este valor, e o muito bem desenhado Peugeot 3008 1.6 BlueHDI 120 cv EAT6.
Dos três, o Toyota C-HR é o que tem a melhor relação preço/equipamento, com a versão topo, Exclusive + Pack luxury a custar 33 430€, que passam a pouco mais de 35 000€ quando adicionamos extras como a pintura metalizada, o Toyota Touch 2 com navegação, ou os rodapés das portas iluminados. Sem surpresa, no polo oposto está o Audi Q2, com o preço da versão Sport a começar nos 32 860€, mas com muito menos equipamento. De resto, mesmo com os extras considerados na unidade ensaiada que elevam esse valor para muito perto dos 38 000€, o Q2 ainda é o menos equipado do trio. Em concreto, para adicionar coisas como os bancos em pele, a caixa de dupla embraiagem S-Tronic e todos os sistemas de segurança ativa, prevenção de acidentes e auxílio à condução presentes no Toyota e no Peugeot, o Q2 ficaria sempre com um preço bem superior aos 40 000€, que são o valor pedido pelo muito bem equipado Peugeot 3008 no nível Allure (preço base de 34 880 com caixa automática e 32 880 com caixa manual) enriquecido com bancos em pele, abertura da bagageira elétrica, carregar sem fios para telefone e os Packs Driver Assist + Safety Plus e Park Assist + Visiopark 2.
Bom ambiente
Depois de estarmos dentro dos três fica bem evidente que o Peugeot é o mais espaçoso e mais versátil, com o seu banco dianteiro que rebate para diante e um enorme alçapão de arrumação no apoio de braços dianteiro, onde os mais pequenos podem perder uma boa parte dos brinquedos que gostam de levar para o carro. É o mais familiar e versátil, mas a diferença, embora notória, está longe de ser decisiva; entre os outros dois, o Toyota tem mais espaço para pernas atrás e é nitidamente mais largo (três adultos no Q2 vão mais apertados), enquanto o Audi tem uma bagageira mais volumosa e oferece, em opção, a possibilidade de rebater os bancos traseiros 40/20/40.
Mas nada disto tem importância, ou esta passa a ser muito relativa, se não gostarmos dos interiores. Cada um deles usa uma personalidade muito própria para obter uma sensação de qualidade apercebida muito própria, com estas versões bem equipadas do 3008 e C-HR a conseguirem igualar os níveis de bem-estar a bordo de um Q2 sem luxos, até porque este perde alguma da excelência de materiais em que o irmão A3 é referência; por exemplo, o fabuloso pormenor das saídas de ar de ventilação com função difusora “foi-se”. Mas há nuances que vale a pena referir.
As aplicações em alumínio escovado do Audi possuem um toque e um rigor de acabamento/montagem ausentes no Peugeot e Toyota, bem como é o único que mantêm os plásticos de toque mole nas portas traseiras; no 3008 e C-HR são duros. Por outro lado, com os seus bancos em pele, maior profusão de materiais nobres na zona do tablier (no Executive + Pack luxury o C-HR tem várias aplicações em piano black) e desenhos mais criativos, tanto o Peugeot como o Toyota conseguem equilibrar o jogo a ponto de não ser importante, pelo menos enquanto novos e sem ruídos parasitas, pois o Audi também dá a impressão de ser mais sólido.
Por fim, o infotainment do Audi e do Toyota são mais rápidos que o do Peugeot, que também peca por toda a gente se queixar que nos está a ouvir mal quando usamos o Bluetooth.
Em andamento
E se os habitáculos possuem uma assinatura própria, a condução alinha pelo mesmo diapasão. É claro que, mais uma vez, o mais diferente é o C-HR. E a razão está na entrega de potência muito própria do seu grupo motopropulsor híbrido, imbatível sempre que o foco seja a facilidade ou a suavidade. Em algumas situações típicas das nossas acidentadas cidades, em cruzamentos com grande variação e pendente, com o Q2 de caixa manual ou o 3008 automático temos um ligeiro hiato entre a ação no acelerador e a resposta, efetiva, do carro, algo a que o C-HR é imune, respondendo de imediato. Por seu turno, e embora não seja um elétrico puro, o sistema da Toyota consegue, num leque específico de velocidades e condições de circulação, proporcionar aquela sensação de deslizar em silencio típica (e apreciada) dos carros elétricos; é possível subir ruas inclinadas a 30 km/h em modo elétrico e rolar em plano quase a 100 km/h sem ajuda do motor de combustão, ao passo que em modo Sport, a resposta a baixa velocidade é, inesperadamente, contundente. A conjugação de tudo isto só é possível graças à enorme capacidade regenerativa do sistema que tem duas máquinas elétricas, uma de tração e outra de geração de energia. Usando bem todas as potencialidades do carro, e até evitando o modo de condução Eco que é demasiado amorfo, é possível fazer médias reais de 5 l/100 km em percursos urbanos e suburbanos.
Depois, o chassis com um centro de gravidade baixo e peso bem distribuído, graças às baterias montadas por baixo dos bancos traseiros, bem como uma taragem mais firme de suspensão que a dos rivais, fazem do C-HR o mais rápido a responder ao volante e o que acusa menor rolamento de carroçaria em curva, até porque, a eletrónica não só deixa usar essa agilidade como ainda ajuda no processo, e tudo de forma pouco intrusiva. Mas o habitat natural do C-HR é mesmo a cidade e as suas rotundas, pois a modulação do acelerador não possui a mesma transparência direcional de um carro de combustão (e há aquele barulho nas acelerações sempre que o indicador de potência debitada entra na zona “Power”), nem o pedal de travão (excelente para dosear a travagem regenerativa planeada) possui a progressividade necessária para ajustar/acertar com rigor a velocidade de entrada em curva.
Aliás, em matéria de diálogo, progressividade e transparência o melhor é o Q2, sobretudo se usarmos a possibilidade de programação do modo de condução Individual para ter o motor em Sport e a direção em Comfort. A suspensão possui algumas reações de amortecimento bruscas abaixo dos 50 km/h, mas daí em diante, sobretudo com cargas elevadas aplicadas, o compromisso de amortecimento, controlo e rolamento de carroçaria está perto do ideal para um SUV. A direção é a que tem melhor tato e precisão, o chassis é o mais modulável e o autoblocante ativo faz milagres pela tração que, nestes carros com centro de gravidade mais alto (provoca mais transferência de peso para as rodas exteriores) e elevado binário, é apanhada em falso com mais facilidade. Ou seja, o Q2 é o que dá mais prazer de conduzir.
E o Peugeot? O 3008 é muito leve de conduzir e muito progressivo em pisos de baixa aderência, mas a eletrónica de controlo do chassis começa a ser um fator impeditivo da agilidade ainda antes que existam quaisquer reações por parte do carro, para além de ter uma atuação mais brusca. Mas o que tem mesmo de mudar no 3008 é a caixa automática, pois esta patina demasiado o conversor de binário abaixo dos 60 km/h e, com isso, eleva os consumos em cidade acima do desejável.
Decisão renhida
Os três estão entre as melhores opções do segmento, sendo essa, aliás, uma das premissas porque foram escolhidos para este comparativo, pelo que não foi fácil encontrar um vencedor. Ainda assim, e dentro do direito/desejo de diferença, a relação preço/equipamento do C-HR, a facilidade de condução e os consumos valem-lhe a vitória, sobretudo porque estão sustentados por outros fatores relevantes para os compradores, entre os quais se destacam os cinco anos de garantia geral e os 10 para a bateria.
Anexos
09 outubro 2017Autor:Pedro Silva - Fotos: João Carlos Oliveira - (N.º 1438 - 1 de junho de 2017)
O que é que o Toyota C-HR Hybrid, o Peugeot 3008 1.6 BlueHDI e o Audi Q2 1.6 TDI têm em comum? Bem, são três dos SUV compactos mais recentes que permitem a quem os conduz distinguir-se numa paisagem automóvel cada vez mais povoada de carros altos. Ou seja, são SUV, mas cheios de estilo.
A paisagem urbana das grandes cidades é cada vez mais dominada pelos SUV compactos. Hoje, após o enorme sucesso do Qasqhai, todas as marcas possuem um modelo neste segmento, pelo que para garantir que sobressaímos da multidão já não basta ter um SUV, é necessário ter um SUV com atitude.
Com este briefing e preços que variam dos pouco mais de cerca de 28 500€ aos pouco mais de 35 000 €, dependendo se só conseguimos chegar a uma versão base ou há orçamento para rechear o carro com opcionais, a escolha óbvia é o novo Toyota C-HR 1.8 Hybrid, até porque a sua motorização híbrida ainda acrescenta outra dimensão de diferença à já exclusiva (neste segmento e nível de preço) opção por uma carroçaria coupé de 4 portas muito estilizada. Para o enfrentar escolhemos o Audi Q2 1.6 TDI, o único SUV (ou Crossover) premium disponível por este valor, e o muito bem desenhado Peugeot 3008 1.6 BlueHDI 120 cv EAT6.
Dos três, o Toyota C-HR é o que tem a melhor relação preço/equipamento, com a versão topo, Exclusive + Pack luxury a custar 33 430€, que passam a pouco mais de 35 000€ quando adicionamos extras como a pintura metalizada, o Toyota Touch 2 com navegação, ou os rodapés das portas iluminados. Sem surpresa, no polo oposto está o Audi Q2, com o preço da versão Sport a começar nos 32 860€, mas com muito menos equipamento. De resto, mesmo com os extras considerados na unidade ensaiada que elevam esse valor para muito perto dos 38 000€, o Q2 ainda é o menos equipado do trio. Em concreto, para adicionar coisas como os bancos em pele, a caixa de dupla embraiagem S-Tronic e todos os sistemas de segurança ativa, prevenção de acidentes e auxílio à condução presentes no Toyota e no Peugeot, o Q2 ficaria sempre com um preço bem superior aos 40 000€, que são o valor pedido pelo muito bem equipado Peugeot 3008 no nível Allure (preço base de 34 880 com caixa automática e 32 880 com caixa manual) enriquecido com bancos em pele, abertura da bagageira elétrica, carregar sem fios para telefone e os Packs Driver Assist + Safety Plus e Park Assist + Visiopark 2.
Bom ambiente
Depois de estarmos dentro dos três fica bem evidente que o Peugeot é o mais espaçoso e mais versátil, com o seu banco dianteiro que rebate para diante e um enorme alçapão de arrumação no apoio de braços dianteiro, onde os mais pequenos podem perder uma boa parte dos brinquedos que gostam de levar para o carro. É o mais familiar e versátil, mas a diferença, embora notória, está longe de ser decisiva; entre os outros dois, o Toyota tem mais espaço para pernas atrás e é nitidamente mais largo (três adultos no Q2 vão mais apertados), enquanto o Audi tem uma bagageira mais volumosa e oferece, em opção, a possibilidade de rebater os bancos traseiros 40/20/40.
Mas nada disto tem importância, ou esta passa a ser muito relativa, se não gostarmos dos interiores. Cada um deles usa uma personalidade muito própria para obter uma sensação de qualidade apercebida muito própria, com estas versões bem equipadas do 3008 e C-HR a conseguirem igualar os níveis de bem-estar a bordo de um Q2 sem luxos, até porque este perde alguma da excelência de materiais em que o irmão A3 é referência; por exemplo, o fabuloso pormenor das saídas de ar de ventilação com função difusora “foi-se”. Mas há nuances que vale a pena referir.
As aplicações em alumínio escovado do Audi possuem um toque e um rigor de acabamento/montagem ausentes no Peugeot e Toyota, bem como é o único que mantêm os plásticos de toque mole nas portas traseiras; no 3008 e C-HR são duros. Por outro lado, com os seus bancos em pele, maior profusão de materiais nobres na zona do tablier (no Executive + Pack luxury o C-HR tem várias aplicações em piano black) e desenhos mais criativos, tanto o Peugeot como o Toyota conseguem equilibrar o jogo a ponto de não ser importante, pelo menos enquanto novos e sem ruídos parasitas, pois o Audi também dá a impressão de ser mais sólido.
Por fim, o infotainment do Audi e do Toyota são mais rápidos que o do Peugeot, que também peca por toda a gente se queixar que nos está a ouvir mal quando usamos o Bluetooth.
Em andamento
E se os habitáculos possuem uma assinatura própria, a condução alinha pelo mesmo diapasão. É claro que, mais uma vez, o mais diferente é o C-HR. E a razão está na entrega de potência muito própria do seu grupo motopropulsor híbrido, imbatível sempre que o foco seja a facilidade ou a suavidade. Em algumas situações típicas das nossas acidentadas cidades, em cruzamentos com grande variação e pendente, com o Q2 de caixa manual ou o 3008 automático temos um ligeiro hiato entre a ação no acelerador e a resposta, efetiva, do carro, algo a que o C-HR é imune, respondendo de imediato. Por seu turno, e embora não seja um elétrico puro, o sistema da Toyota consegue, num leque específico de velocidades e condições de circulação, proporcionar aquela sensação de deslizar em silencio típica (e apreciada) dos carros elétricos; é possível subir ruas inclinadas a 30 km/h em modo elétrico e rolar em plano quase a 100 km/h sem ajuda do motor de combustão, ao passo que em modo Sport, a resposta a baixa velocidade é, inesperadamente, contundente. A conjugação de tudo isto só é possível graças à enorme capacidade regenerativa do sistema que tem duas máquinas elétricas, uma de tração e outra de geração de energia. Usando bem todas as potencialidades do carro, e até evitando o modo de condução Eco que é demasiado amorfo, é possível fazer médias reais de 5 l/100 km em percursos urbanos e suburbanos.
Depois, o chassis com um centro de gravidade baixo e peso bem distribuído, graças às baterias montadas por baixo dos bancos traseiros, bem como uma taragem mais firme de suspensão que a dos rivais, fazem do C-HR o mais rápido a responder ao volante e o que acusa menor rolamento de carroçaria em curva, até porque, a eletrónica não só deixa usar essa agilidade como ainda ajuda no processo, e tudo de forma pouco intrusiva. Mas o habitat natural do C-HR é mesmo a cidade e as suas rotundas, pois a modulação do acelerador não possui a mesma transparência direcional de um carro de combustão (e há aquele barulho nas acelerações sempre que o indicador de potência debitada entra na zona “Power”), nem o pedal de travão (excelente para dosear a travagem regenerativa planeada) possui a progressividade necessária para ajustar/acertar com rigor a velocidade de entrada em curva.
Aliás, em matéria de diálogo, progressividade e transparência o melhor é o Q2, sobretudo se usarmos a possibilidade de programação do modo de condução Individual para ter o motor em Sport e a direção em Comfort. A suspensão possui algumas reações de amortecimento bruscas abaixo dos 50 km/h, mas daí em diante, sobretudo com cargas elevadas aplicadas, o compromisso de amortecimento, controlo e rolamento de carroçaria está perto do ideal para um SUV. A direção é a que tem melhor tato e precisão, o chassis é o mais modulável e o autoblocante ativo faz milagres pela tração que, nestes carros com centro de gravidade mais alto (provoca mais transferência de peso para as rodas exteriores) e elevado binário, é apanhada em falso com mais facilidade. Ou seja, o Q2 é o que dá mais prazer de conduzir.
E o Peugeot? O 3008 é muito leve de conduzir e muito progressivo em pisos de baixa aderência, mas a eletrónica de controlo do chassis começa a ser um fator impeditivo da agilidade ainda antes que existam quaisquer reações por parte do carro, para além de ter uma atuação mais brusca. Mas o que tem mesmo de mudar no 3008 é a caixa automática, pois esta patina demasiado o conversor de binário abaixo dos 60 km/h e, com isso, eleva os consumos em cidade acima do desejável.
Decisão renhida
Os três estão entre as melhores opções do segmento, sendo essa, aliás, uma das premissas porque foram escolhidos para este comparativo, pelo que não foi fácil encontrar um vencedor. Ainda assim, e dentro do direito/desejo de diferença, a relação preço/equipamento do C-HR, a facilidade de condução e os consumos valem-lhe a vitória, sobretudo porque estão sustentados por outros fatores relevantes para os compradores, entre os quais se destacam os cinco anos de garantia geral e os 10 para a bateria.
Anexos
Comentário