Fonte:
http://automonitor.pt/2018/01/18/com...ado-automovel/
“Não acredito em mudanças estruturais no peso relativo dos canais no mercado automóvel”
Publicado a 2018-01-18
por Álvaro Mendonça
A aposta na rentabilidade levou a SIVA, importadora das marcas Volkswagen, Audi e Skoda, a reduzir a sua exposição ao pouco lucrativo canal do rent-a-car, principal motor do crescimento do mercado de veículos de passageiros. O resultado foi que as vendas SIVA recuaram 4,3%, com a Audi a ser a única marca do grupo a progredir.
Na primeira parte de uma entrevista ao automonitor, Pedro Almeida (foto), que há um ano assumiu o cargo de CEO da SIVA, explica as razões por detrás desta estratégia.
Como explica a perda de quota de mercado das marcas SIVA?
A primeira razão objetiva é que a componente que mais contribuiu para o crescimento do mercado como um todo foi o rent-a-car e a SIVA decidiu perder quota neste canal, porque é um segmento do mercado com margens baixas e incertas.
Se o rent-a-car fosse um negócio com margem certa, ainda que baixa, dava volume adicional com margens positivas, ainda que reduzidas, e desde que não houvesse custos adicionais estruturais para fazer esse negócio, valeria por isso a pena fazê-lo. O problema é a incerteza. Como o negócio é feito com buy back e, portanto, mais de 90% dos carros voltam no ano seguinte com um preço de recompra que foi definido um ano antes, existe uma incerteza que está a ser coberta por uma margem inicial muito baixa. Foi uma aposta na rendibilidade em detrimento do volume de vendas.
Mas não houve fatores específicos das marcas, que justificam o diferente comportamento no mercado de cada uma delas?
Houve de facto, e desde logo por o peso específico de o canal rent-a-car nas vendas ser maior numas marcas do que noutras. Na Skoda a redução do peso do rent-a-car é muito maior que nos casos da Audi ou da VW. O que explica que a quebra de vendas da Skoda tenha sido maior.
Mas existem outras razões. Os line ups e a oferta de produtos em cada uma das marcas também teve naturalmente impacto. Na Volkwagen, o Polo, que é o modelo de maior volume de vendas esteve em runout durante o ano inteiro e, além disso não tivemos um pequeno SUV, porque o T-Roc só chegou no final do ano. A Audi, teve o Q2 desde o início do ano e o modelo foi um grande sucesso que contribuiu muito para a marca ter conseguido crescer.
A Audi tem um peso significativo no mercado de frotas, que é muito competitivo, mas dá maior estabilidade às vendas e tem algum peso no rent-a-car, mas menor do que o da Skoda. Teve o lançamento do A5, que trouxe vendas adicionais, apesar de o A6 estar em run out. Mas repara que enquanto a Audi teve um modelo em run out do segmento do A6, a Volkswagen teve um modelo em run out no segmento mais importante do mercado.
Esse mix de canais, com grande peso do rent-a-car e nas frotas, não levou a uma redução das margens do negócio?
Os negócios de volume têm obviamente uma margem menor que os negócios pontuais. O mercado de particulares em Portugal cresceu pouco nos últimos anos e com a economia e o consumo das famílias a melhorarem acredito quer esse segmento possa crescer um pouco mais, mas não acredito em mudanças muito estruturais no peso relativo dos canais. As frotas mais o rent-a-car continuarão a representar entre 60 ou 70% do mercado.
Os importadores e os concessionários vão poder continuar a viver com reduções de margens? Com as baixas margens do rent-a-car e das vendas a frotas e um mercado de particulares em promoção constante, não terá de haver uma correção do mercado?
Acho que não. Começa a haver no mercado de particulares uma oferta de produtos de financiamento, como o renting, que até há uns tempos eram exclusivos para as empresas, ou como o Open Option, que é um produto de crédito com venda pré-acordada, mas que dá ao cliente a opção de, no final do contrato poder não ficar com o carro. O peso destes produtos tem aumentado e permitem de alguma forma compensar a diminuição da margem de venda do próprio carro em si.
http://automonitor.pt/2018/01/18/com...ado-automovel/
“Não acredito em mudanças estruturais no peso relativo dos canais no mercado automóvel”
Publicado a 2018-01-18
por Álvaro Mendonça
A aposta na rentabilidade levou a SIVA, importadora das marcas Volkswagen, Audi e Skoda, a reduzir a sua exposição ao pouco lucrativo canal do rent-a-car, principal motor do crescimento do mercado de veículos de passageiros. O resultado foi que as vendas SIVA recuaram 4,3%, com a Audi a ser a única marca do grupo a progredir.
Na primeira parte de uma entrevista ao automonitor, Pedro Almeida (foto), que há um ano assumiu o cargo de CEO da SIVA, explica as razões por detrás desta estratégia.
Como explica a perda de quota de mercado das marcas SIVA?
Se o rent-a-car fosse um negócio com margem certa, ainda que baixa, dava volume adicional com margens positivas, ainda que reduzidas, e desde que não houvesse custos adicionais estruturais para fazer esse negócio, valeria por isso a pena fazê-lo. O problema é a incerteza. Como o negócio é feito com buy back e, portanto, mais de 90% dos carros voltam no ano seguinte com um preço de recompra que foi definido um ano antes, existe uma incerteza que está a ser coberta por uma margem inicial muito baixa. Foi uma aposta na rendibilidade em detrimento do volume de vendas.
Mas não houve fatores específicos das marcas, que justificam o diferente comportamento no mercado de cada uma delas?
Houve de facto, e desde logo por o peso específico de o canal rent-a-car nas vendas ser maior numas marcas do que noutras. Na Skoda a redução do peso do rent-a-car é muito maior que nos casos da Audi ou da VW. O que explica que a quebra de vendas da Skoda tenha sido maior.
Mas existem outras razões. Os line ups e a oferta de produtos em cada uma das marcas também teve naturalmente impacto. Na Volkwagen, o Polo, que é o modelo de maior volume de vendas esteve em runout durante o ano inteiro e, além disso não tivemos um pequeno SUV, porque o T-Roc só chegou no final do ano. A Audi, teve o Q2 desde o início do ano e o modelo foi um grande sucesso que contribuiu muito para a marca ter conseguido crescer.
A Audi tem um peso significativo no mercado de frotas, que é muito competitivo, mas dá maior estabilidade às vendas e tem algum peso no rent-a-car, mas menor do que o da Skoda. Teve o lançamento do A5, que trouxe vendas adicionais, apesar de o A6 estar em run out. Mas repara que enquanto a Audi teve um modelo em run out do segmento do A6, a Volkswagen teve um modelo em run out no segmento mais importante do mercado.
Esse mix de canais, com grande peso do rent-a-car e nas frotas, não levou a uma redução das margens do negócio?
Os negócios de volume têm obviamente uma margem menor que os negócios pontuais. O mercado de particulares em Portugal cresceu pouco nos últimos anos e com a economia e o consumo das famílias a melhorarem acredito quer esse segmento possa crescer um pouco mais, mas não acredito em mudanças muito estruturais no peso relativo dos canais. As frotas mais o rent-a-car continuarão a representar entre 60 ou 70% do mercado.
Os importadores e os concessionários vão poder continuar a viver com reduções de margens? Com as baixas margens do rent-a-car e das vendas a frotas e um mercado de particulares em promoção constante, não terá de haver uma correção do mercado?
Acho que não. Começa a haver no mercado de particulares uma oferta de produtos de financiamento, como o renting, que até há uns tempos eram exclusivos para as empresas, ou como o Open Option, que é um produto de crédito com venda pré-acordada, mas que dá ao cliente a opção de, no final do contrato poder não ficar com o carro. O peso destes produtos tem aumentado e permitem de alguma forma compensar a diminuição da margem de venda do próprio carro em si.
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