Sei que as novidades estão a ser publicadas de forma dispersa pelo fórum, mas para não escrever muito mais do que aquilo que previa(e até porque não tenho o tempo necessário para tal), coloco neste espaço único aquilo que me apetece mandar cá fora
E começando pelos carros de produção.
Apesar de não serem directamente comparáveis, a tipologia 3 volumes ou vulgar sedan domina para já os acontecimentos.
Nos EUA é a tipologia número 1 em carros ligeiros, após as incontornáveis pick-ups que dominam as tabelas de vendas.
Cadillac ATS, Dodge Dart e Ford Fusion não reinventam a roda.
São apenas timidas evoluções a um nivel conceptual da tipologia, assim como das respectivas linguagens estéticas das marcas a que pertencem.
Não deixam de ser positivamente apelativos, mas, como se tem verificado um pouco por todo o lado, são apostas conservadoras.
Começando pelo anti-série 3, o ATS é uma agradável surpresa.
A linguagem Art&Science já vai com uma década de existência e agradeçamos a Cadillac por isso. A persistência no uso e constante evolução/refinamento desta linguagem permitiu à Cadillac ganhar uma verdadeira identidade, praticamente imune à mudança de gostos e tendências. Ainda hoje é tão válida como antes. Permite dar o carácter americano necessário à marca, ao mesmo tempo que não se confunde com nada no mercado.
O ATS revela um lado mais soft e elegante do estilo. Já o tinhamos visto no concept Ciel, onde se nota a presença de linhas curvas na ligação de elementos mais rectilineos, atenuando a brutalidade geométrica anterior, tornando-o mais "simpático" e direi facilmente aproximável.
No geral está muito bem conseguido. As proporções gerais estão no ponto, providenciadas pela arquitectura RWD resultando num vão frontal pequeno. Os grupos ópticos com desenvolvimento vertical parecem ir perdendo espessura a cada apresentação de novo modelo, o que ajuda à causa da elegância, e permite dar o merecido destaque às rodas.
A única coisa que acho que deveriam se livrar imediatamente continua a ser a ligeira aresta em arco que define a linha de cintura. Em qualquer dos modelos que aparece não parece encaixar verdadeiramente com nada, apesar de no ATS, linhas em arco serem parte do menu na lateral.
A traseira, a meu ver, necessitava de uma limpeza. Tem coisas a mais. Nota-se que tentaram dar-lhe tridimensionalidade, com o trabalhar de alguns volumes sobrepostos, notando-se ao nivel da tampa da bagageira, que apresenta dois patamares, mas no final toda a traseira ganharia com algumas linhas a menos.
No geral, um muito bom exercicio. Se é ou não um rival competente para o série 3, deixemos isso para as reviews. Segundo os planos, o ATS também levará com diesel para ter alguma aceitação necessária na Europa. Comparando com o BLS, isto tá léguas à frente. E curiosamente, o baby-Cadillac oferece uma plataforma RWD, e o topo de gama da marca, o XTS, começa como FWD por usar uma variante alongada da plataforma do Insignia. Hummm....
Mudando para o Dart, ou o Dodge com genes Alfa Romeo.
Um sedan "compacto", segundo os americanos. Tal como o Cruze, tem dimensões que o colocariam de forma segura no segmento acima, pelo menos aqui na Europa (quase 4.7m de comprimento, classifiquem-no como quiserem, mas é grande).
Visualmente é criatura apelativa. Considerando que é um Dodge, acho que conseguiram equilibrar eficazmente as necessidades de ter um desenho dinâmico/agressivo, sem no entanto cair no exagero estilistico ou melhor, decorativo. A meu ver, muito mais equilibrado e coeso o Dart do que, por exemplo, o Charger.
A nivel de coesão é bastante melhor conseguido que o rival Cruze (onde parecem ter desistido do carro no seu último 1/3), e não aquelas coisas mal resolvidas e idiotas como o triangulo em plástico no pilar C.
O que se destaca é sem dúvida os extremos, pois são graficamente bastante fortes e facilmente identificáveis. Se na frente, podem-se encontrar ecos do actual Mitsubishi Lancer, sobretudo quando a barra que divide a grelha vem da cor da carroçaria, na traseira, os grupos ópticos unidos num único elemento a toda a largura, funciona de forma excelente a vários niveis, até a aligeirar o rabo volumoso, consequência da ascendente linha de cintura.
Destaca-se também no perfil a ausência de elementos decorativos bacocos. Apenas uma ligeira aresta a estrutural o perfil, e de resto, apenas modelação de superfície contribuindo para uma lateral limpa de ruido desnecessário.
O capot também merece atenção, mais uma vez a modelação do mesmo a surtir um belo efeito dinâmico, conjugando soluções que costuma ser mais comum em carros desportivos, com o ponto mais alto do mesmo nas extremidades, como a destacar as rodas, e o plano do capot um pouco mais abaixo. Estas transições entre os diferentes planos, o recorte do capot e grupos ópticos frontais resultam num conjunto com elementos bem integrados e coeso.
No geral, um muito bom trabalho ao nivel da execução geral do desenho e uma proposta com personalidade vincada. O que no segmento a que vai concorrer, é certamente uma mais valia.
E por fim Ford Fusion/Mondeo
Este é o que tenho mais dúvidas.
NAs imagens que tenho visto, parece-me sempre excessivamente grande e volumoso para a distância entre-eixos e rodas que apresenta.
De coisas que já li de outros designers que o viram ao vivo, nos carros de produção, dizem ser dos mais conseguidos.
Vemos a adopção dos temas vistos no EVOS, o kinetic design a afastar-se do exagero exarcebado que encontramos no actual Focus e uma carroçaria com uma série de elementos e pormenores bem conseguidos no geral.
A tampa da bagageira a seguir o contorno dos grupos ópticos, criando uma secção dinâmica e interessantemente modelada, como no EVOS. A lateral a perder o "pesado" tratamento de superfícies que encontramos no actual Mondeo (sobretudo à volta dos arcos das rodas) é bastante bem vindo. Caracteriza-se apenas por 2 linhas horizontais, bastante remniscente do que a Audi faz.
A nova face da Ford também considero uma interessante evolução. É óbvia a inspiração Aston "Martinesca" dado o formato da grelha. Não chateia essa aproximação. Também ninguém se chateou quando a Fiat apresentou o GPunto com tiques de Maserati.
Os novos grupos ópticos, bem mais estreitos, são bastante mais proporcionados quando vistos no conjunto dos outros elementos da frente. É bom ver o regresso a elementos correctamente e proporcionalmente dimensionados.
Jogam eficazmente com a grelha, e dado o posicionamento dos mesmos, contribui para uma expressão assertiva, confiante.
Talvez um pouco agressiva demais, dado a forma como posicionaram os grupos ópticos, mas pelo menos não o podem acusar de parecer frágil
Todo o carro exprime a maturidade do kinetic design, mais sofisticado, cuidado e até contido, com menos elementos e menos ruido, formas mais simples, mas bastante mais eficaz.
A minha dúvida tem a ver com a volumetria geral do veículo. E só mesmo vendo ao vivo. É um pouco derivativo, sem grandes traços de originalidade, mas ao invés de estrear uma nova linguagem, a Ford procura evoluir o potencial da sua linguagem, o que é excelente para cimentar a identidade da marca. O que no caso de construtores como a Ford costuma variar de forma abrupta, pelo menos uma vez por década.
Como disse ao inicio, estes 3 sedans estão longe de ser comparáveis entre si, mas o que é de notar é que todos eles tentam afastar-se das tendências do mercado no plano visual e apostar numa identidade única associada à marca. Acabamos por ter 3 estilos distintos e contemporâneos, sem no entanto cairmos excessivamente nos clichés.
Parece que as tendências irão cair mesmo é na procura de estilos próprios, que sejam facilmente identificáveis pelo consumidor como associados a marca X ou Y.
Sempre é melhor que alguém quebrar a loiça com um estilo novo e toda a gente ir atrás.
Claro que isto é para continuar...
E começando pelos carros de produção.
Apesar de não serem directamente comparáveis, a tipologia 3 volumes ou vulgar sedan domina para já os acontecimentos.
Nos EUA é a tipologia número 1 em carros ligeiros, após as incontornáveis pick-ups que dominam as tabelas de vendas.
Cadillac ATS, Dodge Dart e Ford Fusion não reinventam a roda.
São apenas timidas evoluções a um nivel conceptual da tipologia, assim como das respectivas linguagens estéticas das marcas a que pertencem.
Não deixam de ser positivamente apelativos, mas, como se tem verificado um pouco por todo o lado, são apostas conservadoras.
Começando pelo anti-série 3, o ATS é uma agradável surpresa.
A linguagem Art&Science já vai com uma década de existência e agradeçamos a Cadillac por isso. A persistência no uso e constante evolução/refinamento desta linguagem permitiu à Cadillac ganhar uma verdadeira identidade, praticamente imune à mudança de gostos e tendências. Ainda hoje é tão válida como antes. Permite dar o carácter americano necessário à marca, ao mesmo tempo que não se confunde com nada no mercado.
O ATS revela um lado mais soft e elegante do estilo. Já o tinhamos visto no concept Ciel, onde se nota a presença de linhas curvas na ligação de elementos mais rectilineos, atenuando a brutalidade geométrica anterior, tornando-o mais "simpático" e direi facilmente aproximável.
No geral está muito bem conseguido. As proporções gerais estão no ponto, providenciadas pela arquitectura RWD resultando num vão frontal pequeno. Os grupos ópticos com desenvolvimento vertical parecem ir perdendo espessura a cada apresentação de novo modelo, o que ajuda à causa da elegância, e permite dar o merecido destaque às rodas.
A única coisa que acho que deveriam se livrar imediatamente continua a ser a ligeira aresta em arco que define a linha de cintura. Em qualquer dos modelos que aparece não parece encaixar verdadeiramente com nada, apesar de no ATS, linhas em arco serem parte do menu na lateral.
A traseira, a meu ver, necessitava de uma limpeza. Tem coisas a mais. Nota-se que tentaram dar-lhe tridimensionalidade, com o trabalhar de alguns volumes sobrepostos, notando-se ao nivel da tampa da bagageira, que apresenta dois patamares, mas no final toda a traseira ganharia com algumas linhas a menos.
No geral, um muito bom exercicio. Se é ou não um rival competente para o série 3, deixemos isso para as reviews. Segundo os planos, o ATS também levará com diesel para ter alguma aceitação necessária na Europa. Comparando com o BLS, isto tá léguas à frente. E curiosamente, o baby-Cadillac oferece uma plataforma RWD, e o topo de gama da marca, o XTS, começa como FWD por usar uma variante alongada da plataforma do Insignia. Hummm....
Mudando para o Dart, ou o Dodge com genes Alfa Romeo.
Um sedan "compacto", segundo os americanos. Tal como o Cruze, tem dimensões que o colocariam de forma segura no segmento acima, pelo menos aqui na Europa (quase 4.7m de comprimento, classifiquem-no como quiserem, mas é grande).
Visualmente é criatura apelativa. Considerando que é um Dodge, acho que conseguiram equilibrar eficazmente as necessidades de ter um desenho dinâmico/agressivo, sem no entanto cair no exagero estilistico ou melhor, decorativo. A meu ver, muito mais equilibrado e coeso o Dart do que, por exemplo, o Charger.
A nivel de coesão é bastante melhor conseguido que o rival Cruze (onde parecem ter desistido do carro no seu último 1/3), e não aquelas coisas mal resolvidas e idiotas como o triangulo em plástico no pilar C.
O que se destaca é sem dúvida os extremos, pois são graficamente bastante fortes e facilmente identificáveis. Se na frente, podem-se encontrar ecos do actual Mitsubishi Lancer, sobretudo quando a barra que divide a grelha vem da cor da carroçaria, na traseira, os grupos ópticos unidos num único elemento a toda a largura, funciona de forma excelente a vários niveis, até a aligeirar o rabo volumoso, consequência da ascendente linha de cintura.
Destaca-se também no perfil a ausência de elementos decorativos bacocos. Apenas uma ligeira aresta a estrutural o perfil, e de resto, apenas modelação de superfície contribuindo para uma lateral limpa de ruido desnecessário.
O capot também merece atenção, mais uma vez a modelação do mesmo a surtir um belo efeito dinâmico, conjugando soluções que costuma ser mais comum em carros desportivos, com o ponto mais alto do mesmo nas extremidades, como a destacar as rodas, e o plano do capot um pouco mais abaixo. Estas transições entre os diferentes planos, o recorte do capot e grupos ópticos frontais resultam num conjunto com elementos bem integrados e coeso.
No geral, um muito bom trabalho ao nivel da execução geral do desenho e uma proposta com personalidade vincada. O que no segmento a que vai concorrer, é certamente uma mais valia.
E por fim Ford Fusion/Mondeo
Este é o que tenho mais dúvidas.
NAs imagens que tenho visto, parece-me sempre excessivamente grande e volumoso para a distância entre-eixos e rodas que apresenta.
De coisas que já li de outros designers que o viram ao vivo, nos carros de produção, dizem ser dos mais conseguidos.
Vemos a adopção dos temas vistos no EVOS, o kinetic design a afastar-se do exagero exarcebado que encontramos no actual Focus e uma carroçaria com uma série de elementos e pormenores bem conseguidos no geral.
A tampa da bagageira a seguir o contorno dos grupos ópticos, criando uma secção dinâmica e interessantemente modelada, como no EVOS. A lateral a perder o "pesado" tratamento de superfícies que encontramos no actual Mondeo (sobretudo à volta dos arcos das rodas) é bastante bem vindo. Caracteriza-se apenas por 2 linhas horizontais, bastante remniscente do que a Audi faz.
A nova face da Ford também considero uma interessante evolução. É óbvia a inspiração Aston "Martinesca" dado o formato da grelha. Não chateia essa aproximação. Também ninguém se chateou quando a Fiat apresentou o GPunto com tiques de Maserati.
Os novos grupos ópticos, bem mais estreitos, são bastante mais proporcionados quando vistos no conjunto dos outros elementos da frente. É bom ver o regresso a elementos correctamente e proporcionalmente dimensionados.
Jogam eficazmente com a grelha, e dado o posicionamento dos mesmos, contribui para uma expressão assertiva, confiante.
Talvez um pouco agressiva demais, dado a forma como posicionaram os grupos ópticos, mas pelo menos não o podem acusar de parecer frágil
Todo o carro exprime a maturidade do kinetic design, mais sofisticado, cuidado e até contido, com menos elementos e menos ruido, formas mais simples, mas bastante mais eficaz.
A minha dúvida tem a ver com a volumetria geral do veículo. E só mesmo vendo ao vivo. É um pouco derivativo, sem grandes traços de originalidade, mas ao invés de estrear uma nova linguagem, a Ford procura evoluir o potencial da sua linguagem, o que é excelente para cimentar a identidade da marca. O que no caso de construtores como a Ford costuma variar de forma abrupta, pelo menos uma vez por década.
Como disse ao inicio, estes 3 sedans estão longe de ser comparáveis entre si, mas o que é de notar é que todos eles tentam afastar-se das tendências do mercado no plano visual e apostar numa identidade única associada à marca. Acabamos por ter 3 estilos distintos e contemporâneos, sem no entanto cairmos excessivamente nos clichés.
Parece que as tendências irão cair mesmo é na procura de estilos próprios, que sejam facilmente identificáveis pelo consumidor como associados a marca X ou Y.
Sempre é melhor que alguém quebrar a loiça com um estilo novo e toda a gente ir atrás.
Claro que isto é para continuar...
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