Até quando?
Não trago nenhum estudo que comprove esse facto, trago um caso real (e pessoal).
Trabalho numa multinacional que decidiu esta semana passar o que restava por cá do seu sector produtivo, localizado na zona norte de Portugal, para a Eslováquia. Resultado imediato: cerca de duas centenas de colegas meus para o desemprego... Mais um caso de despedimento colectivo em Portugal, mas deste ninguém falará na comunicação social, porque ali não há vencimentos em atraso, nem se vai deixar de pagar as devidas indemnizações e, sobretudo por isso, também não creio que haja protestos junto à fábrica.
Nos últimos anos, esta empresa tem vindo a deslocalizar todos os serviços que tinha em cada país para os mercados emergentes, nomeadamente: o IT para a Indía, Recursos Humanos e Customer Service para a Roménia e a produção foi dividida entre a China, a Indía e a Hungria. Resta hoje em Portugal dois departamentos: comercial e financeiro (mas só o mínimo que permita estar de acordo com as normas fiscais portuguesas – por vontade d’”eles” toda a documentação nacional – facturas, contratos, etc. - já estava hoje na nossa delegação de Bucareste.
Quem sou eu para criticar as opções de curto prazo do topo desta empresa quando eu tenho plena consciência do tipo de sociedade de consumo onde estou inserido, onde os produtos mais vendidos são “made in china” mesmo sabendo que eles possam ser efémeros, o que só demonstra que os consumidores em geral decidem pela mesma lógica: ao mínimo preço e a curto prazo.
Digo que a decisão do HQ da minha empresa é a curto prazo porque questiono-me até quando estes países do leste vão continuar a ser colónias de mão-de-obra barata, ao mesmo tempo que questiono-me deste papel de mero “observador do fenómeno”, por parte da União Europeia, nestes processos de reestruturação de grandes multinacionais.
Qual é o interesse da UE em manter estas discrepâncias de salários e de impostos entre os seus estados membros (sobretudo aqueles que utilizam a mesma moeda)? Pelo que sei, países como a Eslováquia possuem um bom sistema educacional e com recursos humanos ambiciosos e astutos (longe de outras realidades emergentes) e a classe média (aquela que define a procura/consumo) está em pleno crescimento, por isso penso que faça sentido saber até quando estes países irão manter a sua vontade de captar investimento só com base nos seu nível de salários e começar a apostar em trabalhos mais qualificados e criativos.
Ficam as questões e este pequeno desabafo.
Não trago nenhum estudo que comprove esse facto, trago um caso real (e pessoal).
Trabalho numa multinacional que decidiu esta semana passar o que restava por cá do seu sector produtivo, localizado na zona norte de Portugal, para a Eslováquia. Resultado imediato: cerca de duas centenas de colegas meus para o desemprego... Mais um caso de despedimento colectivo em Portugal, mas deste ninguém falará na comunicação social, porque ali não há vencimentos em atraso, nem se vai deixar de pagar as devidas indemnizações e, sobretudo por isso, também não creio que haja protestos junto à fábrica.
Nos últimos anos, esta empresa tem vindo a deslocalizar todos os serviços que tinha em cada país para os mercados emergentes, nomeadamente: o IT para a Indía, Recursos Humanos e Customer Service para a Roménia e a produção foi dividida entre a China, a Indía e a Hungria. Resta hoje em Portugal dois departamentos: comercial e financeiro (mas só o mínimo que permita estar de acordo com as normas fiscais portuguesas – por vontade d’”eles” toda a documentação nacional – facturas, contratos, etc. - já estava hoje na nossa delegação de Bucareste.
Quem sou eu para criticar as opções de curto prazo do topo desta empresa quando eu tenho plena consciência do tipo de sociedade de consumo onde estou inserido, onde os produtos mais vendidos são “made in china” mesmo sabendo que eles possam ser efémeros, o que só demonstra que os consumidores em geral decidem pela mesma lógica: ao mínimo preço e a curto prazo.
Digo que a decisão do HQ da minha empresa é a curto prazo porque questiono-me até quando estes países do leste vão continuar a ser colónias de mão-de-obra barata, ao mesmo tempo que questiono-me deste papel de mero “observador do fenómeno”, por parte da União Europeia, nestes processos de reestruturação de grandes multinacionais.
Qual é o interesse da UE em manter estas discrepâncias de salários e de impostos entre os seus estados membros (sobretudo aqueles que utilizam a mesma moeda)? Pelo que sei, países como a Eslováquia possuem um bom sistema educacional e com recursos humanos ambiciosos e astutos (longe de outras realidades emergentes) e a classe média (aquela que define a procura/consumo) está em pleno crescimento, por isso penso que faça sentido saber até quando estes países irão manter a sua vontade de captar investimento só com base nos seu nível de salários e começar a apostar em trabalhos mais qualificados e criativos.
Ficam as questões e este pequeno desabafo.
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