Unir uma cabeça a outro corpo? Cirurgião acredita que está próximo
Sergio Canavero diz que a ética é o único grande obstáculo e procura uma equipa disposta a acompanhá-lo. Já traçou um plano. O mais difícil será vencer a incredulidade dos colegas.
O que à maior parte dos leitores pode soar a ficção científica ou a filme de terror, é um cenário admitido como muito possível por um cirurgião em Turim, Itália. Sergio Canavero está convencido que, num prazo de dois anos, pode tornar-se realidade o primeiro transplante de uma cabeça de alguém vivo no corpo (inteiro) de um dador.
O médico tem planos para o efeito, que passam por reunir uma equipa de trabalho. O que pode não ser fácil, já que a maioria dos seus colegas torce o nariz à ideia, manifestando até algum "desconforto" perante a perspetiva.
Nada que trave Sergio Canavero. O médico defende este tipo de transplante como uma resposta para prolongar a vida de quem sofre de doenças terminais. "Se a sociedade não o quer, não vou fazê-lo. Mas se as pessoas não o querem nos EUA ou na Europa, isso não significa que a cirurgia não vá ser feita noutro lugar ", afirma, citado pelo "The Guardian".
O objetivo do cirurgião passa, no mínimo, por abrir o tema à discussão, já que a ética é, em sua opinião, "o verdadeiro obstáculo" à concretização da ideia.
Na verdade, o mais provável é que as dificuldades técnicas se sobreponham. A começar pelo processo de remoção de uma cabeça de alguém vivo - só a ideia causa arrepios - para a ligar a um corpo de um cadáver. Além disso, se já se soubesse como garantir o funcionamento de milhares de ligações nervosas da medula espinal, muitas pessoas com lesões na coluna poderiam voltar a andar.
Mas Canavero tem tudo pensado e o processo é explicado em detalhe pelo "The Guardian". Segundo ele, os médicos terão primeiro de arrefecer a cabeça do paciente e o corpo do dador para que as suas células não morram durante a operação. O pescoço é então cortado, os vasos sanguíneos ligados com tubos finos, fazendo-se depois o corte da medula espinal com uma faca excecionalmente afiada, para minimizar danos nos nervos. A cabeça do destinatário é "mudada" para o corpo do dador.
Só a etapa seguinte lhe parece mais complicada: a necessidade de fundir os nervos da medula espinal em conjunto, utilizando uma substância chamada "polietileno glicol". Há outro "pormenor": a necessidade de manter o paciente em coma durante várias semanas, para garantir a sua imobilidade. Depois, correndo tudo bem, o transplantado voltará a ser capaz de falar e conseguirá sentir o rosto, ainda que tenha de passar por um ano de fisioterapia antes de poder voltar a mover o corpo.
Contam-se pelos dedos das mãos os médicos que acreditam em Canavero.
Unir uma cabeça a outro corpo? Cirurgião acredita que está próximo - Expresso.pt
Sergio Canavero diz que a ética é o único grande obstáculo e procura uma equipa disposta a acompanhá-lo. Já traçou um plano. O mais difícil será vencer a incredulidade dos colegas.
O que à maior parte dos leitores pode soar a ficção científica ou a filme de terror, é um cenário admitido como muito possível por um cirurgião em Turim, Itália. Sergio Canavero está convencido que, num prazo de dois anos, pode tornar-se realidade o primeiro transplante de uma cabeça de alguém vivo no corpo (inteiro) de um dador.
O médico tem planos para o efeito, que passam por reunir uma equipa de trabalho. O que pode não ser fácil, já que a maioria dos seus colegas torce o nariz à ideia, manifestando até algum "desconforto" perante a perspetiva.
Nada que trave Sergio Canavero. O médico defende este tipo de transplante como uma resposta para prolongar a vida de quem sofre de doenças terminais. "Se a sociedade não o quer, não vou fazê-lo. Mas se as pessoas não o querem nos EUA ou na Europa, isso não significa que a cirurgia não vá ser feita noutro lugar ", afirma, citado pelo "The Guardian".
O objetivo do cirurgião passa, no mínimo, por abrir o tema à discussão, já que a ética é, em sua opinião, "o verdadeiro obstáculo" à concretização da ideia.
Na verdade, o mais provável é que as dificuldades técnicas se sobreponham. A começar pelo processo de remoção de uma cabeça de alguém vivo - só a ideia causa arrepios - para a ligar a um corpo de um cadáver. Além disso, se já se soubesse como garantir o funcionamento de milhares de ligações nervosas da medula espinal, muitas pessoas com lesões na coluna poderiam voltar a andar.
Mas Canavero tem tudo pensado e o processo é explicado em detalhe pelo "The Guardian". Segundo ele, os médicos terão primeiro de arrefecer a cabeça do paciente e o corpo do dador para que as suas células não morram durante a operação. O pescoço é então cortado, os vasos sanguíneos ligados com tubos finos, fazendo-se depois o corte da medula espinal com uma faca excecionalmente afiada, para minimizar danos nos nervos. A cabeça do destinatário é "mudada" para o corpo do dador.
Só a etapa seguinte lhe parece mais complicada: a necessidade de fundir os nervos da medula espinal em conjunto, utilizando uma substância chamada "polietileno glicol". Há outro "pormenor": a necessidade de manter o paciente em coma durante várias semanas, para garantir a sua imobilidade. Depois, correndo tudo bem, o transplantado voltará a ser capaz de falar e conseguirá sentir o rosto, ainda que tenha de passar por um ano de fisioterapia antes de poder voltar a mover o corpo.
Contam-se pelos dedos das mãos os médicos que acreditam em Canavero.
Unir uma cabeça a outro corpo? Cirurgião acredita que está próximo - Expresso.pt
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