Tamanha desigualdade de ordenados

[Jbranco]

Apenas de forma indirecta. Referia-me sobretudo ao facilitismo crescente que há actualmente, e como transversal que é, afecta a Universidade. Talvez o post #112 ajude a esclarecer o ponto de vista.

Eu percebo o teu ponto de vista mas discordo, não acho que exista facilitismo generalizado, existem falcatruas mas também ainda existe bom ensino, não se pode avaliar o todo pela parte. Há também, como sempre houve, bons e mais alunos, não vamos agora só considerar os maus.

Em relação às escolas privadas acontece o mesmo, não dá para tratar da mesma forma o externato da treta e as Oficinas de São José. Será que podemos desconfiar da preparação de um aluno que vá até ao 12º ano nos Salesianos (ensino privado) com uma média de 19, entre para o Técnico e acabe Engenharia Mecânica com mais de 17 e que continue o seu percursos no M.I.T.

Ou podemos desconfiar da preparação de um aluno do Valsassina que ganhe as olimpíadas da matemática só porque vem do ensino privado?

Há bons e maus alunos, há boas e más escolas tanto no privado como no público e, no fim, há gente bem preparada e gente mal preparada. É claro que ao aumentar o número de pessoas com acesso ao ensino aumentámos também o número de maus exemplos, mas isso não quer dizer que os bons exemplos tenham deixado de existir.

[Visitante]

Explica lá melhor o processo de compra de notas dos exames nacionais.

Não precisas de chegar aos exames nacionais, não sei se ainda é o caso mas no "meu tempo" entrava-se na universidade com 50% média das especificas e 50% média do secundário e proliferavam certos externatos e colégios onde um individuo entrava com média vinda do "público" e em 1 ano saía com a média multiplicada por 1.5 ou coisa do género (e sim, falo com conhecimento de causa, até tenho um caso na família).

E depois para rematar não vamos falar daquelas escolhas múltiplas em exames nacionais que como se "escreviam a si próprias".


Sobre o tema do ensino superior o que noto é que hoje em dia existe uma leviandade para com o ensino superior que é irrefutável.

Não sei se há umas dezenas de anos era assim (as pessoas que por lá passaram insistem em dizer-me que não) mas hoje, devido também à maior facilidade de entrada e capacidade económica para lá andar, parte do ensino superior é encarado como um passo quase obrigatório e que se cumpre da mesma forma que se cumpre o secundário, sem grandes problemas e com o mínimo esforço possível (não me caiam em cima, isto não é uma generalização, é apenas uma constatação de parte do ensino superior, alguns alunos e algumas universidades/cursos, eu sei que existem técnicos e FEUP´s e engenharias disto e daquilo onde a malta tem de dar o litro a sério).


Eu ficava sempre perplexo com algumas pessoas que conhecia na faculdade de outros cursos que literalmente terminavam a carreira universitária a passear os livros. Fiz um curso que não necessita de qualquer capacidade intelectual acima da média mas que requer inevitavelmente demasiadas horas com o rabo agarrado a uma cadeira e tenho amigos e conhecidos que me comentavam o que consideravam ser estudo "a sério" e aquilo era uma piada de mau gosto, conseguiam encarar a coisa da mesma forma que um estudante do secundário levava a época dos testes.

[ACampos]

Jbranco, pode não ter sido a forma mais correcta ou equilibrada, mas antigamente as notas do ensino privado não tinham qualquer valor, valendo apenas os resultados dos exames. E porquê? Porque o ensino privado nunca usou da mesma bitola nas classificações. Sabia-se e sabe-se, de forma bem clara, que os estabelecimentos de ensino privados funcionam como empresas, que são, e que procuram manter os clientes. Não é dando notas fracas que os mantêm!

E tanto o Salazar, o Marcelo Caetano como o Veiga Simão sabiam bem disso, daí que o ensino funcionava, nesse aspecto, de forma muito mais democrática do que hoje. Incrível, não é?

[jktfah]

Não precisas de chegar aos exames nacionais, não sei se ainda é o caso mas no "meu tempo" entrava-se na universidade com 50% média das especificas e 50% média do secundário e proliferavam certos externatos e colégios onde um individuo entrava com média vinda do "público" e em 1 ano saía com a média multiplicada por 1.5 ou coisa do género (e sim, falo com conhecimento de causa, até tenho um caso na família).

E depois para rematar não vamos falar daquelas escolhas múltiplas em exames nacionais que como se "escreviam a si próprias".


Sobre o tema do ensino superior o que noto é que hoje em dia existe uma leviandade para com o ensino superior que é irrefutável.

Não sei se há umas dezenas de anos era assim (as pessoas que por lá passaram insistem em dizer-me que não) mas hoje, devido também à maior facilidade de entrada e capacidade económica para lá andar, parte do ensino superior é encarado como um passo quase obrigatório e que se cumpre da mesma forma que se cumpre o secundário, sem grandes problemas e com o mínimo esforço possível (não me caiam em cima, isto não é uma generalização, é apenas uma constatação de parte do ensino superior, alguns alunos e algumas universidades/cursos, eu sei que existem técnicos e FEUP´s e engenharias disto e daquilo onde a malta tem de dar o litro a sério).


Eu ficava sempre perplexo com algumas pessoas que conhecia na faculdade de outros cursos que literalmente terminavam a carreira universitária a passear os livros. Fiz um curso que não necessita de qualquer capacidade intelectual acima da média mas que requer inevitavelmente demasiadas horas com o rabo agarrado a uma cadeira e tenho amigos e conhecidos que me comentavam o que consideravam ser estudo "a sério" e aquilo era uma piada de mau gosto, conseguiam encarar a coisa da mesma forma que um estudante do secundário levava a época dos testes.

Estava a falar disto. O ensino superior hoje em dia é uma bandalheira. É massificado. Entra-se com 10 na maior parte dos cursos. Já disse e repito. Conheci dezenas de pessoas que liam meia hora antes dos exames meia dúzia de folhas ( tipo secundário) e passavam sempre.
Existem cursos onde a pior nota é 15 ( sem estudar nada) e sai tudo formado a 19. E isso em Cmb.
Com Bolonha ficou ainda pior....
Daqui a uns anos a lic. vai ser obrigatório tipo 12º.

[jktfah]

Falei do ensino privado universitário, que é vergonhoso. Veja-se direito... numa privada, é mesmo para rir, se não para chorar lol.

[ACampos]

Falei do ensino privado universitário, que é vergonhoso. Veja-se direito... numa privada, é mesmo para rir, se não para chorar lol.

Não te esqueças que uma boa parte dessa malta procura fazer carreira na política. Espera!... Começa a fazer-se luz sobre o estrado da Nação!

[jktfah]

Pois. Eu não estou aqui a dizer que é tudo mau. Existem cursos onde é preciso estudar. Existem boas faculdades para certos cursos. No geral é bandalheira e não digam que não e que não sei...
Claro que existem bons alunos, óbvio. Mas em certos cursos de pouco lhes vale. As notas são tão puxadas para cima que os bons no mercado depois nem se destacam.
Aqui também tem politécnico, que é ensino superior, que de superior só tem o nome.

[33Stradale]

Estava a falar disto. O ensino superior hoje em dia é uma bandalheira. É massificado. Entra-se com 10 na maior parte dos cursos. Já disse e repito. Conheci dezenas de pessoas que liam meia hora antes dos exames meia dúzia de folhas ( tipo secundário) e passavam sempre.
Existem cursos onde a pior nota é 15 ( sem estudar nada) e sai tudo formado a 19. E isso em Cmb.
Com Bolonha ficou ainda pior....
Daqui a uns anos a lic. vai ser obrigatório tipo 12º.

Coimbra te 48 licenciaturas. Em 2014/2015 3 licenciaturas em que a nota arredondada foi de 10. 8 em que a nota foi inferior a 11. 40, portanto em que a nota foi igual ou superior a 11. A média artimética simples foi de 13.

"Entra-se com 10 na maior parte dos cursos" é distorcer muiiiito os factos...

[jktfah]

13....
Tá bem, mesmo assim é mau.
Pronto. No País todo com privadas, deve ser mesmo 10\11, só pode.
E os exames adhoc... que é zero. Nem é preciso ter a 1ª classe.

[ACampos]

Já não me recordo ao certo qual, mas havia pelo menos um curso na UP em que se entrava com nota negativa, o que é muito negativo. Penso que era terapia da fala ou algo por aí...

O problema é que basta um mau exemplo destes para descredibilizar o ensino. Se há pelo menos um caso destes, toma-se logo como exemplo, e a verdade é que nunca deveriam existir situações destas.

E, tal como o jktfah disse e bem, o Ensino Superior está a ser encarado como se do Secundário se tratasse, tal foi a banalização generalizada do ensino, passando por alunos que no 8º ano não sabiam ler nem escrever o seu próprio nome (vieram a público na Comunicação Social.)! E mais grave ainda, é que os professores achavam que o tinham passado legitimamente!

[ACampos]

13....
Tá bem, mesmo assim é mau.
Pronto. No País todo com privadas, deve ser mesmo 10\11, só pode.
E os exames adhoc... que é zero. Nem é preciso ter a 1ª classe.

Mas é necessário provar, e bem, que sabe bom português e matemática, no mínimo. Muitos dos que entram na Universidade veriam o caldo entornado nesses exames!

[jktfah]

Mas é necessário provar, e bem, que sabe bom português e matemática, no mínimo.

Sim, não sou contra isso. É uma oportunidade. Mas sempre achei piada.

[AlexKarelin]

A formação académica é muito importante e idealmente deve ser complementada com soft skills.

Agora desenganem-se os que acham que os que ganham muito dinheiro são os que tem a melhor vida, normalmente não é assim.

Refiro-me essencialmente a quem trabalha para outros, quanto mais relevância tem a função/cargo normalmente mais desgaste, angustia e ansiedade tem associado.

[jktfah]

A formação académica é muito importante e idealmente deve ser complementada com soft skills.

Agora desenganem-se os que acham que os que ganham muito dinheiro são os que tem a melhor vida, normalmente não é assim.

Refiro-me essencialmente a quem trabalha para outros, quanto mais relevância tem a função/cargo normalmente mais desgaste, angustia e ansiedade tem associado.

É verdade. Quando se ganha mesmo bem - mas ai entende-se.
O problema é que existem cargos de alguma responsabilidade - do trabalho que se produz ( mesmo super subalternos) pago quase ao mesmo que um caixa de supermercado.