Governo assume escalas da CIA para Guantánamo
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, admitiu ontem que o Governo tem conhecimento de que aviões da CIA fizeram escala em território nacional, a caminho de Guantánamo. Falando no final de uma audição no Parlamento, Amado afirmou que as "informações do Eurocontrol são as que o Governo português tem" - sendo que a entidade que controla o tráfego aéreo na União Europeia identificou três ligações entre o aeroporto açoriano de Santa Maria e a base que acolhe a prisão norte-americana.
Revelada ontem pelo Diário Económico, a listagem do Eurocontrol inclui dois voos com origem em Guantánamo e escala nos Açores (em Novembro de 2003 e Julho de 2004) e um no sentido inverso (final de Julho de 2004). Além do reconhecimento implícito de que o Governo tem conhecimento destes voos, Amado nada mais adiantou - uma reserva que estendeu, aliás, a outras questões. Garantindo que "continuará a colaborar" com o Parlamento Europeu (PE) na investigação aos voos do CIA, o ministro não especificou (nem perante os deputados na reunião da comissão dos Negócios Estrangeiros que decorreu à porta fechada) em que moldes pretende fazê-lo. Nomeadamente se pretende aceder ao convite da comissão de inquérito do PE sobre os voos da CIA, no sentido de prestar esclarecimentos, em Estrasburgo.
Amado recusou, no entanto, "qualquer suspeita" de que Portugal não esteja a colaborar na investigação: "Todos os elementos que nos foram solicitados foram correspondidos." O responsável da diplomacia disse ainda que está a ser preparada a resposta à eurode****da socialista Ana Gomes, que, depois de ter recebido um primeiro esclarecimento (ainda do tempo de Freitas do Amaral como MNE, mas que só agora chegou às mãos da eurode****da), solicitou novas informações, relativas às tripulações e listas de passageiros de alguns desses voos.
Também o socialista Vera Jardim afirmou que o Governo sabe quais os voos e destinos dos aviões da CIA que passaram por Portugal. Mas, acrescentou, "uma coisa é passarem aviões ao serviço da CIA, outra é perceber precisamente quais as missões desses aviões" - ou seja, se se trataria de voos de transporte de suspeitos de terrorismo, à margem do direito internacional. "Não temos provas de que tenham passado aviões levando prisioneiros para Guantánamo ou outros destinos", sublinhou Vera Jardim, não sem acrescentar que há "fragilidades no sistema" de controlo. Se o MNE deixou ontem expresso que os esclarecimentos serão prestados, prioritariamente, à AR - o facto de as informações enviadas a Ana Gomes não terem sido prestadas ao Parlamento motivou reparos até do PS - mais contundente foi José Luís Arnaut, social-democrata que preside à comissão de Negócios Estrangeiros. "A fiscalização do que se passa no território nacional e o controlo daquilo que é acção do Governo é da estrita competência da Assembleia". Já o social-democrata Henrique de Freitas deu por boas as explicações e criticou "alguns deputados ao Parlamento Europeu, que fizeram um alarde desnecessário e puseram em causa o nome de Portugal na cena internacional".
Palavras que levaram o bloquista Fernando Rosas a acusar PSD e PS de terem "um entendimento absoluto no sentido de não levar este assunto às últimas consequências". Sobretudo os sociais-democratas (no poder à data dos voos): "Nota-se uma preocupação muito grande em não levar isto até ao fim." Pelo PCP, Jorge Machado acusou o Governo de "subserviência" aos EUA. Já o CDS considerou que "não há factos novos que consubstanciem suspeitas" de actividades ilegais da CIA.
http://dn.sapo.pt/2006/09/07/naciona...para_guan.html
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, admitiu ontem que o Governo tem conhecimento de que aviões da CIA fizeram escala em território nacional, a caminho de Guantánamo. Falando no final de uma audição no Parlamento, Amado afirmou que as "informações do Eurocontrol são as que o Governo português tem" - sendo que a entidade que controla o tráfego aéreo na União Europeia identificou três ligações entre o aeroporto açoriano de Santa Maria e a base que acolhe a prisão norte-americana.
Revelada ontem pelo Diário Económico, a listagem do Eurocontrol inclui dois voos com origem em Guantánamo e escala nos Açores (em Novembro de 2003 e Julho de 2004) e um no sentido inverso (final de Julho de 2004). Além do reconhecimento implícito de que o Governo tem conhecimento destes voos, Amado nada mais adiantou - uma reserva que estendeu, aliás, a outras questões. Garantindo que "continuará a colaborar" com o Parlamento Europeu (PE) na investigação aos voos do CIA, o ministro não especificou (nem perante os deputados na reunião da comissão dos Negócios Estrangeiros que decorreu à porta fechada) em que moldes pretende fazê-lo. Nomeadamente se pretende aceder ao convite da comissão de inquérito do PE sobre os voos da CIA, no sentido de prestar esclarecimentos, em Estrasburgo.
Amado recusou, no entanto, "qualquer suspeita" de que Portugal não esteja a colaborar na investigação: "Todos os elementos que nos foram solicitados foram correspondidos." O responsável da diplomacia disse ainda que está a ser preparada a resposta à eurode****da socialista Ana Gomes, que, depois de ter recebido um primeiro esclarecimento (ainda do tempo de Freitas do Amaral como MNE, mas que só agora chegou às mãos da eurode****da), solicitou novas informações, relativas às tripulações e listas de passageiros de alguns desses voos.
Também o socialista Vera Jardim afirmou que o Governo sabe quais os voos e destinos dos aviões da CIA que passaram por Portugal. Mas, acrescentou, "uma coisa é passarem aviões ao serviço da CIA, outra é perceber precisamente quais as missões desses aviões" - ou seja, se se trataria de voos de transporte de suspeitos de terrorismo, à margem do direito internacional. "Não temos provas de que tenham passado aviões levando prisioneiros para Guantánamo ou outros destinos", sublinhou Vera Jardim, não sem acrescentar que há "fragilidades no sistema" de controlo. Se o MNE deixou ontem expresso que os esclarecimentos serão prestados, prioritariamente, à AR - o facto de as informações enviadas a Ana Gomes não terem sido prestadas ao Parlamento motivou reparos até do PS - mais contundente foi José Luís Arnaut, social-democrata que preside à comissão de Negócios Estrangeiros. "A fiscalização do que se passa no território nacional e o controlo daquilo que é acção do Governo é da estrita competência da Assembleia". Já o social-democrata Henrique de Freitas deu por boas as explicações e criticou "alguns deputados ao Parlamento Europeu, que fizeram um alarde desnecessário e puseram em causa o nome de Portugal na cena internacional".
Palavras que levaram o bloquista Fernando Rosas a acusar PSD e PS de terem "um entendimento absoluto no sentido de não levar este assunto às últimas consequências". Sobretudo os sociais-democratas (no poder à data dos voos): "Nota-se uma preocupação muito grande em não levar isto até ao fim." Pelo PCP, Jorge Machado acusou o Governo de "subserviência" aos EUA. Já o CDS considerou que "não há factos novos que consubstanciem suspeitas" de actividades ilegais da CIA.
http://dn.sapo.pt/2006/09/07/naciona...para_guan.html
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