Boas,
Apesar de o título do tópico parecer adequado a isso, não incluo isto no tópico "consultório de saúde", pois mais que uma questão de saúde trata-se de uma questão de racionalidade e bom senso acerca da qual gostaria de conhecer a vossa opinião e, eventualmente, escutar algum conselho. Se ainda assim a moderação quiser fundir isto com o outro tópico, estejam à vontade.
- Temos um gato desde 2016, tem agora 15 anos;
- Em 2010, por me começarem a surgir problemas de saúde aparentemente relacionados com alergias, foi a uma alergologista que me passou análises ao sangue nas quais se incluíam análises às alergias (no sangue). Dali resultou que tinha alergia ao pêlo (caspa/saliva) do gato de nível 2 (a escala é de 0 a 6);
- Em função dos sintomas e do resultado das análises foi-me dito pela profissional de saúde: "Tem que tirar o gato de casa o mais rápido possível";
- Pouco depois fui confirmar com outro alergologista que, como já tinha o resultado das análises ao sangue, considerou adequado confirmar através das picadas no braço com 16 alergenos comuns, um deles o gato. Eu não sabia qual era a picada que correspondia ao gato, mas em poucos segundos adivinhei. Uma comichão terrível nesse local e uma bolha enorme em comparação com os outros locais de picadas;
- Em função dos sintomas e do resultado das análises foi-me dito também por este profissional de saúde: "Tem que tirar o gato de casa o mais rápido possível". Este acrescentou que haviam fortes probabilidades, caso continuasse a conviver com o gato, de desenvolver uma doença crónica, a asma;
- A minha mulher não concordou e achou que devíamos continuar com o gato em casa;
- Em 2015 comecei a ter dificuldades respiratórias. Recordo-me de 3 ou 4 noites mais complicadas, em que durante algum tempo mal conseguia respirar, muito menos dormir. Também me davam ataques de tosse nesses momentos. Desenvolvi espirros frequentes e de uma potência impressionante. Na cozinha, ficam as loiças a fazer ressonância durante 5 segundos depois de um espirro. Em campo aberto podem-se escutar a mais de 200 metros de distância;
- Em Janeiro de 2016, depois de um dia com espirros deste género, dificuldade em respirar e tosse "asmática", tive um pneumotórax com colapso total do pulmão esquerdo. Não vou relatar aqui o episódio, mas foi bastante violento e doloroso. Fiquei 6 dias internado no hospital com um tubo enviado pelas costelas adentro e ligado a um garrafão com uma mistura de água e sangue que ia escorrendo;
- Na sequência desse episódio, por recomendação médica, fiz exame de expirómetria que permitiu diagnostigar asma que, como se sabe, é crónica, vai ser para toda a vida;
- Também por recomendação médica na sequência do pneumotórax e da expirómetria, voltei a fazer análises de sangue às alergias. A alergia ao pelo do gato tinha aumento do nível 2 em 2010 para nível 6 em 2016. O nível 6 é aquele que não tem limite superior definido. Ou seja, já não há escala para medir o nível de alergia que tenho a este alergeno. É critica e extremamente intensa;
- Também fui à médica de família, colega da minha mulher (que trabalha na saúde) e esta disse muito claramente há 4 anos à minha mulher que tinha que escolher entre mim e o gato. Perante isto, quando se fala neste "alerta" da médica, a minha mulher faz sempre a piada: "Temos que perguntar à médica se sabe de alguém que queira ficar contigo";
- Desde então, nos últimos 4 anos, tem sido sempre para pior. Faço uso da bomba (salbutamol) muito mais vezes que aquelas que desejaria. Já tive que ir às urgências levar oxigénio, fazer vapores, levar injecções de cortisona... E tomo todos os dias desde há 7 anos um comprimido por dia de levocetirizina 5mg;
- Até 2016 ainda me fui deixando levar na conversa e aceitei continuar a viver com o gato em casa. Desde 2016 que me recuso veemente a tal. Já arranjei vários lares para o animal, de familiares ou desconhecidos dispostos a ficar com ele. Mas estamos em 2020, o gato continua vivo e o tema de conversa é tabu aqui em casa, não o posso puxar sequer. Diz que o gato não deve durar muito mais tempo por já ter 15 anos e que não faz sentido estarmos a retirá-lo de casa neste momento.
Esta noite que passou foi outra vez complicada, mal consegui dormir com a falta de ar e dores no peito. Sinto os pulmões "a rasgar". Bastou estar ontem o dia todo em casa. Além disso desde 2010 que trabalho a partir de casa, ou seja, mesmo que eu queira estar pouco tempo em casa, há pelo menos 20 horas que tenho que estar (8 para dormir, 8 para trabalhar e 4 para arrumar coisas e ajudar com as crianças). O gato, é daqueles que de pêlo comprido e que larga camadas de pêlo que impressionam. Mesmo depois de a casa ser limpa, consigo facilmente "re-limpar" e encher uma garrafa de 330ml de pêlo.
Tenho uma doença crónica, para a vida, que é muito chata e que tem vindo a piorar. A tendência é para piorar ainda mais enquanto continuar com o contacto contínuo com o alergeno.
O factor psicológico também está a pesar bastante. Eu sempre gostei muito e continuo a gostar de animais. Ver-me numa situação em que pela minha saúde era bom que o gato morresse, dá-me cabo do juízo e já me vi a desejar que tal acontecesse. Isto nem para o gato é bom, pois está a viver os últimos anos num lar onde não é desejado, antes pelo contrário. É revoltante e muito desgastante. Este gato já foi o ser vivo pelo qual nutri mais simpatia e afecto (2006-2012) e sou posto numa posição em que já o odeio sem o bicho ter culpa nenhuma.
Se não fosse por termos 3 crianças pequenas, até acho que já me tinha posto a andar e estava agora a morar no nosso apartamento de férias, que é a apenas 20km de onde residimos. Mas depois serei compreensivelmente acusado e pesar-me-á a consciência por "abandonar" a familia, com 3 crianças pequenas, duas delas bebés.
E claro, não vou falar das dezenas (senão centenas) de pêlos que cada bebé ingere/respira por dia, que isso até faz impressão... um dia assoei o ranho a uma delas e entre a expectoração incluía-se um aglomerado de centenas de pêlos. Mas isso pronto, não somos os únicos a ter animais de estimação juntamente com crianças e até há quem diga que faz bem.
É um caso muito complicado e bem sei que o único conselho que me podem dar é o mesmo que os médicos dão e que não teve resultado prático por não me ser permitido cumpri-lo. Mas qualquer opinião ou conselho será sempre bem-vindo.
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Apesar de o título do tópico parecer adequado a isso, não incluo isto no tópico "consultório de saúde", pois mais que uma questão de saúde trata-se de uma questão de racionalidade e bom senso acerca da qual gostaria de conhecer a vossa opinião e, eventualmente, escutar algum conselho. Se ainda assim a moderação quiser fundir isto com o outro tópico, estejam à vontade.
- Temos um gato desde 2016, tem agora 15 anos;
- Em 2010, por me começarem a surgir problemas de saúde aparentemente relacionados com alergias, foi a uma alergologista que me passou análises ao sangue nas quais se incluíam análises às alergias (no sangue). Dali resultou que tinha alergia ao pêlo (caspa/saliva) do gato de nível 2 (a escala é de 0 a 6);
- Em função dos sintomas e do resultado das análises foi-me dito pela profissional de saúde: "Tem que tirar o gato de casa o mais rápido possível";
- Pouco depois fui confirmar com outro alergologista que, como já tinha o resultado das análises ao sangue, considerou adequado confirmar através das picadas no braço com 16 alergenos comuns, um deles o gato. Eu não sabia qual era a picada que correspondia ao gato, mas em poucos segundos adivinhei. Uma comichão terrível nesse local e uma bolha enorme em comparação com os outros locais de picadas;
- Em função dos sintomas e do resultado das análises foi-me dito também por este profissional de saúde: "Tem que tirar o gato de casa o mais rápido possível". Este acrescentou que haviam fortes probabilidades, caso continuasse a conviver com o gato, de desenvolver uma doença crónica, a asma;
- A minha mulher não concordou e achou que devíamos continuar com o gato em casa;
- Em 2015 comecei a ter dificuldades respiratórias. Recordo-me de 3 ou 4 noites mais complicadas, em que durante algum tempo mal conseguia respirar, muito menos dormir. Também me davam ataques de tosse nesses momentos. Desenvolvi espirros frequentes e de uma potência impressionante. Na cozinha, ficam as loiças a fazer ressonância durante 5 segundos depois de um espirro. Em campo aberto podem-se escutar a mais de 200 metros de distância;
- Em Janeiro de 2016, depois de um dia com espirros deste género, dificuldade em respirar e tosse "asmática", tive um pneumotórax com colapso total do pulmão esquerdo. Não vou relatar aqui o episódio, mas foi bastante violento e doloroso. Fiquei 6 dias internado no hospital com um tubo enviado pelas costelas adentro e ligado a um garrafão com uma mistura de água e sangue que ia escorrendo;
- Na sequência desse episódio, por recomendação médica, fiz exame de expirómetria que permitiu diagnostigar asma que, como se sabe, é crónica, vai ser para toda a vida;
- Também por recomendação médica na sequência do pneumotórax e da expirómetria, voltei a fazer análises de sangue às alergias. A alergia ao pelo do gato tinha aumento do nível 2 em 2010 para nível 6 em 2016. O nível 6 é aquele que não tem limite superior definido. Ou seja, já não há escala para medir o nível de alergia que tenho a este alergeno. É critica e extremamente intensa;
- Também fui à médica de família, colega da minha mulher (que trabalha na saúde) e esta disse muito claramente há 4 anos à minha mulher que tinha que escolher entre mim e o gato. Perante isto, quando se fala neste "alerta" da médica, a minha mulher faz sempre a piada: "Temos que perguntar à médica se sabe de alguém que queira ficar contigo";
- Desde então, nos últimos 4 anos, tem sido sempre para pior. Faço uso da bomba (salbutamol) muito mais vezes que aquelas que desejaria. Já tive que ir às urgências levar oxigénio, fazer vapores, levar injecções de cortisona... E tomo todos os dias desde há 7 anos um comprimido por dia de levocetirizina 5mg;
- Até 2016 ainda me fui deixando levar na conversa e aceitei continuar a viver com o gato em casa. Desde 2016 que me recuso veemente a tal. Já arranjei vários lares para o animal, de familiares ou desconhecidos dispostos a ficar com ele. Mas estamos em 2020, o gato continua vivo e o tema de conversa é tabu aqui em casa, não o posso puxar sequer. Diz que o gato não deve durar muito mais tempo por já ter 15 anos e que não faz sentido estarmos a retirá-lo de casa neste momento.
Esta noite que passou foi outra vez complicada, mal consegui dormir com a falta de ar e dores no peito. Sinto os pulmões "a rasgar". Bastou estar ontem o dia todo em casa. Além disso desde 2010 que trabalho a partir de casa, ou seja, mesmo que eu queira estar pouco tempo em casa, há pelo menos 20 horas que tenho que estar (8 para dormir, 8 para trabalhar e 4 para arrumar coisas e ajudar com as crianças). O gato, é daqueles que de pêlo comprido e que larga camadas de pêlo que impressionam. Mesmo depois de a casa ser limpa, consigo facilmente "re-limpar" e encher uma garrafa de 330ml de pêlo.
Tenho uma doença crónica, para a vida, que é muito chata e que tem vindo a piorar. A tendência é para piorar ainda mais enquanto continuar com o contacto contínuo com o alergeno.
O factor psicológico também está a pesar bastante. Eu sempre gostei muito e continuo a gostar de animais. Ver-me numa situação em que pela minha saúde era bom que o gato morresse, dá-me cabo do juízo e já me vi a desejar que tal acontecesse. Isto nem para o gato é bom, pois está a viver os últimos anos num lar onde não é desejado, antes pelo contrário. É revoltante e muito desgastante. Este gato já foi o ser vivo pelo qual nutri mais simpatia e afecto (2006-2012) e sou posto numa posição em que já o odeio sem o bicho ter culpa nenhuma.
Se não fosse por termos 3 crianças pequenas, até acho que já me tinha posto a andar e estava agora a morar no nosso apartamento de férias, que é a apenas 20km de onde residimos. Mas depois serei compreensivelmente acusado e pesar-me-á a consciência por "abandonar" a familia, com 3 crianças pequenas, duas delas bebés.
E claro, não vou falar das dezenas (senão centenas) de pêlos que cada bebé ingere/respira por dia, que isso até faz impressão... um dia assoei o ranho a uma delas e entre a expectoração incluía-se um aglomerado de centenas de pêlos. Mas isso pronto, não somos os únicos a ter animais de estimação juntamente com crianças e até há quem diga que faz bem.
É um caso muito complicado e bem sei que o único conselho que me podem dar é o mesmo que os médicos dão e que não teve resultado prático por não me ser permitido cumpri-lo. Mas qualquer opinião ou conselho será sempre bem-vindo.
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