http://dn.sapo.pt/2007/03/19/economi...os_estran.html
Cada português deve 12,8 mil euros ao estrangeiro
Rudolfo Rebêlo
Paulo Spranger (imagem)
Só no ano passado, cada português pagou ao estrangeiro 16,7 mil euros em juros e amortizações de empréstimos. Nesta conta, claro, estão também incluídos os rendimentos - de salários e propriedades - transferidos para fora de fronteiras, mas a parte de leão refere-se aos juros do endividamento das famílias, com a compra de casas e empréstimos ao consumo.
Cifras que explicam a razão por que o défice externo saltou de 8,1% em 2005 para os 8,7% da riqueza gerada pelo País [produto interno bruto (PIB)] em 2006, apesar do aumento das exportações. Uma hemorragia imparável ameaça tornar o País mais pobre, já que estamos a consumir as poupanças dos estrangeiros e as taxas de juro estão cada vez mais altas. De acordo com os dados do INE, referentes às contas nacionais, a dívida externa, no ano passado, aumentou 12% em relação a 2005 (passou de 12,08 mil milhões de euros para 13,52 mil milhões) e duplicou em três anos. Ou seja, cada português deve 12,8 mil euros ao estrangeiro.
O que está a acontecer? No ano passado, os portugueses, através da banca, liquidaram ao estrangeiro compromissos - em juros de dívidas contraídas pelas famílias, Estado e em rendimentos - no valor de 17,6 mil milhões de euros (11,3% do PIB) e, em troca, receberam apenas 9,8 mil milhões de euros em rendimentos. Isto resultou num défice de 6,2 mil milhões de euros (4,0% do PIB), o equivalente ao custo de pelo menos três pontes Vasco da Gama, sobre o Tejo, em Lisboa. Contas pintadas a vermelho, explicadas pela apetência dos portugueses pelos empréstimos, obrigando a banca a contratar fundos no exterior, já que as poupanças internas - acumuladas em depósitos bancários - são insuficientes. O endividamento médio dos portugueses em empréstimos para a habitação e em consumo ultrapassa em 20% os rendimentos líquidos anuais. Ou seja, para as dívidas contratadas - e a serem pagas ao longo de vários anos - é necessário o equivalente a 120% do salário anual. O endividamento pode piorar, afectando a carteira doméstica e o défice do País. É que entre Dezembro de 2005 e Março deste ano (as taxas de juro base passaram de 2% para os 3,75%) os juros mensais pagos pelos empréstimos na compra de casa subiram 87,5% e deverão, a curto prazo, subir mais.
Há mais factores que explicam o "tamanho" do défice externo. As remessas dos nossos emigrantes estão estagnadas e o cheque anual enviado por Bruxelas a Lisboa (fundos estruturais) é cada vez mais pequeno.
Cada português deve 12,8 mil euros ao estrangeiro
Rudolfo Rebêlo
Paulo Spranger (imagem)
Só no ano passado, cada português pagou ao estrangeiro 16,7 mil euros em juros e amortizações de empréstimos. Nesta conta, claro, estão também incluídos os rendimentos - de salários e propriedades - transferidos para fora de fronteiras, mas a parte de leão refere-se aos juros do endividamento das famílias, com a compra de casas e empréstimos ao consumo.
Cifras que explicam a razão por que o défice externo saltou de 8,1% em 2005 para os 8,7% da riqueza gerada pelo País [produto interno bruto (PIB)] em 2006, apesar do aumento das exportações. Uma hemorragia imparável ameaça tornar o País mais pobre, já que estamos a consumir as poupanças dos estrangeiros e as taxas de juro estão cada vez mais altas. De acordo com os dados do INE, referentes às contas nacionais, a dívida externa, no ano passado, aumentou 12% em relação a 2005 (passou de 12,08 mil milhões de euros para 13,52 mil milhões) e duplicou em três anos. Ou seja, cada português deve 12,8 mil euros ao estrangeiro.
O que está a acontecer? No ano passado, os portugueses, através da banca, liquidaram ao estrangeiro compromissos - em juros de dívidas contraídas pelas famílias, Estado e em rendimentos - no valor de 17,6 mil milhões de euros (11,3% do PIB) e, em troca, receberam apenas 9,8 mil milhões de euros em rendimentos. Isto resultou num défice de 6,2 mil milhões de euros (4,0% do PIB), o equivalente ao custo de pelo menos três pontes Vasco da Gama, sobre o Tejo, em Lisboa. Contas pintadas a vermelho, explicadas pela apetência dos portugueses pelos empréstimos, obrigando a banca a contratar fundos no exterior, já que as poupanças internas - acumuladas em depósitos bancários - são insuficientes. O endividamento médio dos portugueses em empréstimos para a habitação e em consumo ultrapassa em 20% os rendimentos líquidos anuais. Ou seja, para as dívidas contratadas - e a serem pagas ao longo de vários anos - é necessário o equivalente a 120% do salário anual. O endividamento pode piorar, afectando a carteira doméstica e o défice do País. É que entre Dezembro de 2005 e Março deste ano (as taxas de juro base passaram de 2% para os 3,75%) os juros mensais pagos pelos empréstimos na compra de casa subiram 87,5% e deverão, a curto prazo, subir mais.
Há mais factores que explicam o "tamanho" do défice externo. As remessas dos nossos emigrantes estão estagnadas e o cheque anual enviado por Bruxelas a Lisboa (fundos estruturais) é cada vez mais pequeno.
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