Originalmente Colocado por 330i
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a cultura de segurança da Boeing era uma referência. E já não é.
o último programa bem executado do início ao fim e a respeitá-la foi o 777.
a empresa mudou muito no pós-fusão com a MD e, sobretudo, com a alteração da sede para Chicago e o fim da primazia da engenharia no board executivo. Sucumbido a "financeiros" e truques contabilísticos para ganhos de mercado de curto prazo no pior que a "corporate America" consegue produzir.
há pelo menos 2 décadas que cortam atalhos. Até boas ideias e projectos com enorme potencial como o 787 foram implementadas mal e porcamente. O outsourcing levado ao extremo onde progressivamente a Boeing perdeu os elementos internos que conseguiam desenvolver o produto e ficou dependente dos seus próprios fornecedores em prol de uma flexibilidade que depois esbarra na incapacidade de coordenar grandes projectos porque está tudo tão descentralizado em empresas fora do core que é depois um filme para conseguir coordenar o que quer que seja. São projectos de enganharia tão complexos que esse modelo veio provar que não funciona no médio-longo prazo mesmo que tenha elevados ganhos financeiros no curto.
A relação com a FAA tomou moldes pouco saudáveis de demasiada confiança e auto-inspecção que só poderia correr mal com o tempo. Longe vão os tempos dos ETOPS e do rigor da FAA. Quando foi para colocar no chão os max viu-se bem a falta de independência e a vergonha de chauvinismo que foi ver uma entidade de segurança ser claramente não independente em relação à Boeing.
o 737max é uma resposta apressada e tecnicamente limitada, pior que isso é que não só é uma plataforma desequilibrada nas características do envelope de voo a requerer automação para corrigir essas características (e que deu no problema do MCAS que sabemos) como, pelos vistos há falência brutas e graves nos processos de produção e de qualidade que poderão ser transversais a todos os programas.
o KC-767 (militar) é outro programa que corre mal desde o day1.
o 777x é toda uma confusão que não se entende e as coisas estão a ficar graves ao ponto de dificilmente haver alguma recuperação do investimento, impensável num projecto que nem sequer é feito do zero e era suposto ser "barato" ao aproveitar uma plataforma mais que comprovada. Quando chegar ao mercado já as melhorias incrementais do A350 o tornarão cada vez mais redundante e caro, um pouco ao estilo do que aconteceu ao A340-500/600 vs 77W.
o problema está claramente na cultura de empresa
e ou mudam ou o duopólio que se pensava que existia vai continuar e ser cada vez mais desequilibrado em favor da Airbus.
E isso não é bom.
É preciso concorrência a sério.
Se ela não vem da América, virá de outro lado...
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