São dez horas da noite de domingo. Rita, Manuela, Inês e Carlos, vendedores em lojas do Centro Comercial Colombo fazem uma pausa para um cigarro. Discutem os horários e as remunerações, segundo uma reportagem do DN.
Nos centros comerciais os horários dos trabalhadores são rotativos. Numa semana entram às dez e saem às 19, noutras o horário é das 12 às 21 ou ainda das 15 às 24 horas. Entre sair de casa para trabalhar e regressar ao fim do dia passam-se cerca de 11 horas, diz a Manuela.
Os salários praticados no comércio em geral são baixos. No Centro Comercial Colombo, segundo a reportagem do DN, oscilam entre o salário mínimo e os 500 euros. Depois têm uma parte variável, em função das vendas, que pode representar mais 200 ou 300 euros mensais.
Estes trabalhadores, jovens na sua maioria, têm família, vivem normalmente nos subúrbios de Lisboa, na linha de Sintra, na zona de Odivelas ou no eixo Sacavém/Vila Franca de Xira.
Do seu magro salário, tiram entre 200 e 300 euros por mês para pagarem ao banco as prestações da casa. O restante mal chega para comerem nas cadeias de fast food do Colombo e pagarem o passe social para o transporte ou a gasolina de um pequeno automóvel que corajosamente decidiram comprar, também a crédito.
Nos bairros sociais, de que a Quinta da Fonte é um exemplo, a situação é bem diferente. Vivem cidadãos nacionais e estrangeiros que, pelo facto de anteriormente viverem em barracas, assumiram que o Estado tem a obrigação de lhes dar uma casa. E exigem escolher a localização.
O Estado, através das câmaras, fez-lhes a vontade. Construiu, mal, bairros de raiz, na periferia próxima de Lisboa. Alguns até em zonas nobres da cidade. Tais bairros, apesar de tudo, não são muito diferentes daqueles onde vivem os funcionários do Centro Comercial Colombo, estes nos arredores mais afastados do centro da cidade.
Despejou as famílias das barracas naqueles bairros, com a obrigação de pagarem rendas simbólicas pelas casas novas que lhes foram atribuídas.
Claro que ninguém paga os 5 euros mensais. Só à Câmara de Loures já devem cerca de um milhão de euros de rendas.
O que acontece a quem não paga a renda? Na Quinta da Fonte não acontece nada. As pessoas continuam nas suas casas, até reivindicam da Câmara as obras necessárias e dão-se ao luxo de fazer manifestações a exigir outras casas. Para além da habitação grátis, grande parte dos habitantes dos bairros sociais vivem do chamado rendimento
social de inserção. Em 2007 eram 315 mil as pessoas que recebiam RSI em Portugal. Cada família recebe em média 220 euros, mais casa grátis.
O que acontece ao funcionário do Colombo se deixar de pagar a sua renda ao banco? Tem a casa penhorada e arrisca-se a dormir na rua, perdendo o seu património.
É assim o Estado português. Alimenta uma série de gente com casas e subsídios, incentivando-os a não trabalharem e penaliza todos os que vivem do seu esforço diário, tributando o seu rendimento por mais pequeno que seja.
Jaime Antunes - OJE
Nos centros comerciais os horários dos trabalhadores são rotativos. Numa semana entram às dez e saem às 19, noutras o horário é das 12 às 21 ou ainda das 15 às 24 horas. Entre sair de casa para trabalhar e regressar ao fim do dia passam-se cerca de 11 horas, diz a Manuela.
Os salários praticados no comércio em geral são baixos. No Centro Comercial Colombo, segundo a reportagem do DN, oscilam entre o salário mínimo e os 500 euros. Depois têm uma parte variável, em função das vendas, que pode representar mais 200 ou 300 euros mensais.
Estes trabalhadores, jovens na sua maioria, têm família, vivem normalmente nos subúrbios de Lisboa, na linha de Sintra, na zona de Odivelas ou no eixo Sacavém/Vila Franca de Xira.
Do seu magro salário, tiram entre 200 e 300 euros por mês para pagarem ao banco as prestações da casa. O restante mal chega para comerem nas cadeias de fast food do Colombo e pagarem o passe social para o transporte ou a gasolina de um pequeno automóvel que corajosamente decidiram comprar, também a crédito.
Nos bairros sociais, de que a Quinta da Fonte é um exemplo, a situação é bem diferente. Vivem cidadãos nacionais e estrangeiros que, pelo facto de anteriormente viverem em barracas, assumiram que o Estado tem a obrigação de lhes dar uma casa. E exigem escolher a localização.
O Estado, através das câmaras, fez-lhes a vontade. Construiu, mal, bairros de raiz, na periferia próxima de Lisboa. Alguns até em zonas nobres da cidade. Tais bairros, apesar de tudo, não são muito diferentes daqueles onde vivem os funcionários do Centro Comercial Colombo, estes nos arredores mais afastados do centro da cidade.
Despejou as famílias das barracas naqueles bairros, com a obrigação de pagarem rendas simbólicas pelas casas novas que lhes foram atribuídas.
Claro que ninguém paga os 5 euros mensais. Só à Câmara de Loures já devem cerca de um milhão de euros de rendas.
O que acontece a quem não paga a renda? Na Quinta da Fonte não acontece nada. As pessoas continuam nas suas casas, até reivindicam da Câmara as obras necessárias e dão-se ao luxo de fazer manifestações a exigir outras casas. Para além da habitação grátis, grande parte dos habitantes dos bairros sociais vivem do chamado rendimento
social de inserção. Em 2007 eram 315 mil as pessoas que recebiam RSI em Portugal. Cada família recebe em média 220 euros, mais casa grátis.
O que acontece ao funcionário do Colombo se deixar de pagar a sua renda ao banco? Tem a casa penhorada e arrisca-se a dormir na rua, perdendo o seu património.
É assim o Estado português. Alimenta uma série de gente com casas e subsídios, incentivando-os a não trabalharem e penaliza todos os que vivem do seu esforço diário, tributando o seu rendimento por mais pequeno que seja.
Jaime Antunes - OJE
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