Tântalo: O ouro cinzento
Por: Redacção
As recentes incursões de tropas ruandesas no Leste da RD Congo foram atribuídas à cobiça despertada pelas grandes reservas de coltan da região: é deste minério que se extrai o tântalo, mais precioso do que o ouro na era tecnológica em que vivemos.
O coltan é um minério nobre composto por dois elementos distintos: colômbio e tantalite. Deste último obtém-se o tântalo, um excelente condutor de electricidade, maleável e extremamente resistente à corrosão, muito utilizado no fabrico de componentes electrónicos, sobretudo condensadores.
Encontramo-lo hoje em artigos correntes (telemóveis, câmaras de vídeo, computadores, play stations, etc.) ou em engenhos altamente sofisticados (mísseis, motores de avião, satélites). A produção de um condensador precisa de uma ínfima quantidade de tântalo refinado. Uma dezena de telemóveis necessita apenas de 1,8 gramas do produto. De 3,33 quilos de coltan refinado obtém-se aproximadamente um quilograma de tântalo.
Os maiores produtores mundiais de tântalo são a Austrália, RD Congo, Brasil, Canadá e Nigéria. Afirma-se que a África detém 80 por cento das reservas mundiais e que só os dois Congos deteriam 80 por cento das reservas africanas. Segundo os entendidos, o coltan da região do Kivu (RD Congo) é o que possui tântalo em mais elevado grau.
Resta confirmar se o Kivu, no Leste da RD Congo, é ou não o melhor filão de «ouro cinzento». Mas, mesmo não o sendo, o tântalo pode contribuir para explicar as recentes incursões das tropas ruandesas e longos anos de conflito armado. Esta região produziu, só no ano de 2000, 130 toneladas de tântalo, ou seja, 11 por cento do total mundial. Menos que o Ruanda, que atinge os 13 por cento da produção global.
Os relatórios publicados pela ONU em Abril de 2001 e Outubro de 2002, bastante criticados pelas suas lacunas, acusavam o Uganda e o Ruanda de terem pilhado sistematicamente os recursos do Congo. Entre eles, o coltan. Diz-se que as maiores exportações ruandesas eram de coltan congolês. Calcula-se que em finais de 2000 a RD Congo tenha lucrado com a exploração de coltan 63 milhões de dólares e o Ruanda 77,6 milhões. O negócio do coltan teria proporcionado a chefes militares e civis ruandeses e ugandeses enormes somas de dinheiro, concorrendo assim para prolongar o conflito congolês.
Os Zimbabuenses, Angolanos e Namibianos, aliados do Governo de Kinshasa, também foram acusados de pilhagem sistemática dos recursos do Congo com a colaboração de lobbies internacionais e de grandes companhias aéreas. Nos circuitos económicos, o comércio do coltan foi classificado como o «nervo da guerra» no Leste do Congo. Intrigas complicadas, que fizeram com que numerosas ONG viessem alertar a opinião pública com este sugestivo slogan: «Nem mais uma gota de sangue no meu telemóvel!»
Também não podemos esquecer que o coltan é um minério radioactivo, com «pequenas» doses de urânio. Embora se ignore ainda o perigo que representam as radiações provenientes do pó radioactivo absorvido durante a refinação do coltan, já se sabe, contudo, que os resíduos das lavagens são altamente radioactivos, e que estão a poluir grandemente os cursos de água.
Embora presentemente o preço do coltan tenha baixado, continua a ser altamente lucrativo. É duas ou três vezes mais rentável que o ouro e sobretudo infinitamente mais que a agricultura. Um garimpeiro de coltan pode ganhar até 115 dólares em duas semanas, quantia igual à obtida por um agricultor a trabalhar durante um ano inteiro nos campos de feijão na região dos Grandes Lagos.
Por: Redacção
As recentes incursões de tropas ruandesas no Leste da RD Congo foram atribuídas à cobiça despertada pelas grandes reservas de coltan da região: é deste minério que se extrai o tântalo, mais precioso do que o ouro na era tecnológica em que vivemos.
O coltan é um minério nobre composto por dois elementos distintos: colômbio e tantalite. Deste último obtém-se o tântalo, um excelente condutor de electricidade, maleável e extremamente resistente à corrosão, muito utilizado no fabrico de componentes electrónicos, sobretudo condensadores.
Encontramo-lo hoje em artigos correntes (telemóveis, câmaras de vídeo, computadores, play stations, etc.) ou em engenhos altamente sofisticados (mísseis, motores de avião, satélites). A produção de um condensador precisa de uma ínfima quantidade de tântalo refinado. Uma dezena de telemóveis necessita apenas de 1,8 gramas do produto. De 3,33 quilos de coltan refinado obtém-se aproximadamente um quilograma de tântalo.
Os maiores produtores mundiais de tântalo são a Austrália, RD Congo, Brasil, Canadá e Nigéria. Afirma-se que a África detém 80 por cento das reservas mundiais e que só os dois Congos deteriam 80 por cento das reservas africanas. Segundo os entendidos, o coltan da região do Kivu (RD Congo) é o que possui tântalo em mais elevado grau.
Resta confirmar se o Kivu, no Leste da RD Congo, é ou não o melhor filão de «ouro cinzento». Mas, mesmo não o sendo, o tântalo pode contribuir para explicar as recentes incursões das tropas ruandesas e longos anos de conflito armado. Esta região produziu, só no ano de 2000, 130 toneladas de tântalo, ou seja, 11 por cento do total mundial. Menos que o Ruanda, que atinge os 13 por cento da produção global.
Os relatórios publicados pela ONU em Abril de 2001 e Outubro de 2002, bastante criticados pelas suas lacunas, acusavam o Uganda e o Ruanda de terem pilhado sistematicamente os recursos do Congo. Entre eles, o coltan. Diz-se que as maiores exportações ruandesas eram de coltan congolês. Calcula-se que em finais de 2000 a RD Congo tenha lucrado com a exploração de coltan 63 milhões de dólares e o Ruanda 77,6 milhões. O negócio do coltan teria proporcionado a chefes militares e civis ruandeses e ugandeses enormes somas de dinheiro, concorrendo assim para prolongar o conflito congolês.
Os Zimbabuenses, Angolanos e Namibianos, aliados do Governo de Kinshasa, também foram acusados de pilhagem sistemática dos recursos do Congo com a colaboração de lobbies internacionais e de grandes companhias aéreas. Nos circuitos económicos, o comércio do coltan foi classificado como o «nervo da guerra» no Leste do Congo. Intrigas complicadas, que fizeram com que numerosas ONG viessem alertar a opinião pública com este sugestivo slogan: «Nem mais uma gota de sangue no meu telemóvel!»
Também não podemos esquecer que o coltan é um minério radioactivo, com «pequenas» doses de urânio. Embora se ignore ainda o perigo que representam as radiações provenientes do pó radioactivo absorvido durante a refinação do coltan, já se sabe, contudo, que os resíduos das lavagens são altamente radioactivos, e que estão a poluir grandemente os cursos de água.
Embora presentemente o preço do coltan tenha baixado, continua a ser altamente lucrativo. É duas ou três vezes mais rentável que o ouro e sobretudo infinitamente mais que a agricultura. Um garimpeiro de coltan pode ganhar até 115 dólares em duas semanas, quantia igual à obtida por um agricultor a trabalhar durante um ano inteiro nos campos de feijão na região dos Grandes Lagos.
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