Manuel Alegre no Expresso: Análise da crónica clara de um socialista e de um democrata, contra a desinformação
Manuel Alegre escreve hoje uma coluna de opinião da página 3 do Expresso. Em que, como sempre, mostra uma mundivisão alargada e uma reflexão séria sobre a situação política e os próximos actos eleitorais. Contudo, e isto não é culpa dele ou do Jornal, alguns media preferiram salientar uma ou duas frases que parecessem incendiárias contra o PS de José Sócrates. Nesse sentido, eu permitia-me citar algumas passagens mais significativas do artigo:
"As próximas eleições serão marcadas por uma ofensiva ideológica da direita. O que está em causa é o consenso constitucional aprovado por larga maioria (incluindo o PSD) sobre os direitos sociais (escola pública, universalidade do acesso à saúde, segurança social pública). A líder do PSD anuncia o fim de um ciclo e de uma concepção de democracia em que direitos políticos e direitos sociais eram considerados inseparáveis. Com o absurdo de o PSD partir para as eleições com a bandeira da ideologia que está na origem da actual crise mundial. Sabem-se os objectivos: papel do Estado, protecção social, direito do trabalho.
Os resultados desta receita estão à vista em toda a parte: desregulação do mercado entregue a si mesmo, busca sem freio do lucro pelo lucro com total indiferença pelos custos sociais, ausência de ética e transparência. Na hora do colapso do neoliberalismo, MFL faz o discurso ultraliberal do Estado mínimo. À força de tanto querer rasgar, acabará por rasgar o horizonte social do 25 de Abril, consagrado na Constituição.
(...)
Seria preciso que os socialistas acordassem do seu torpor (...) e que as outras forças de esquerda, sem abdicarem da posições próprias definissem com clareza o adversário principal, e se interrogassem sobre as eventuais consequências de um eventual governo de MFL. Se MFL governar o povo da esquerda será o principal perdedor, independentemente da votação nos partidos que dele se reclamam.
Dir-me-ão que a maioria do PS não governou à esquerda. Eu também gostaria que tivesse governado de outra maneira. Mas também sei que uma maioria de direita jamais deixaria passar o referendo sobre a IVG e a lei do divórcio. Sei que com o governo de MFL o SNS será praticamente desmantelado e o papel do Estado, como ela já afirmou, "reduzido ao mínimo indispensável.
(...)
Para que um dia destes não estejamos a perguntar-nos (...) como é que um país maioritariamente de esquerda pode acabar uma vez mais a ser governado pela direita?"
Muito honestamente eu gostava que alguém me explicasse se há dúvidas na leitura deste texto sobre quem apoiará Manuel Algre nas legislativas que se avizinham? E que alguém me dissesse, com franqueza se acredita que um homem da sua verticalidade e coerência, e que é capaz de escrever uma análise desta lucidez, deixará de votar no PS a 27 de Setembro, como, todos suspeitamos, Manuela Ferreira Leite não votou no PSD de Santana Lopes em 2005.
O texto de Manuel Alegre é uma peça que merece ser lida na íntegra. Agora, inferir dela uma incompatibilidade estrutural com José Sócrates que o levasse a votar contra o PS é abusivo e enganador. Os parágrafos acima são claros sobre o apelo que Alegre faz ao voto do povo de esquerda e porque razão o faz.
Creio que nenhum partido à esquerda do PS terá suspeitas ou reservas sobre a integralidade de Manuel Alegre. E creio que todos sabemos, independentemente de simpatias partidárias, que haverá sempre pessoas na vida com que simpatizamos e concordamos mais e outras com que discordamos mais. Manuel Alegre não é José Sócrates. Mas este texto cala os que clamavam que o divisionismo interno existia era no PS. Porque, nas palavras do putativo intérprete da ruptura, segundo a direita, o inimigo é outro. O texto é inequívoco, no socialismo democrático cabem José Sócrates, Manuel Alegre e outros. Não cabe Manuela Ferreira Leite e o neoliberalismo.
Seria correcto se os relatos deste texto não o transformassem num manifesto anti-Sócrates, coisa que me parece claro estar muito longe da mente do socialista e grande democrata que o escreveu.
Bem haja, Manuel Alegre.
Manuel Alegre escreve hoje uma coluna de opinião da página 3 do Expresso. Em que, como sempre, mostra uma mundivisão alargada e uma reflexão séria sobre a situação política e os próximos actos eleitorais. Contudo, e isto não é culpa dele ou do Jornal, alguns media preferiram salientar uma ou duas frases que parecessem incendiárias contra o PS de José Sócrates. Nesse sentido, eu permitia-me citar algumas passagens mais significativas do artigo:
"As próximas eleições serão marcadas por uma ofensiva ideológica da direita. O que está em causa é o consenso constitucional aprovado por larga maioria (incluindo o PSD) sobre os direitos sociais (escola pública, universalidade do acesso à saúde, segurança social pública). A líder do PSD anuncia o fim de um ciclo e de uma concepção de democracia em que direitos políticos e direitos sociais eram considerados inseparáveis. Com o absurdo de o PSD partir para as eleições com a bandeira da ideologia que está na origem da actual crise mundial. Sabem-se os objectivos: papel do Estado, protecção social, direito do trabalho.
Os resultados desta receita estão à vista em toda a parte: desregulação do mercado entregue a si mesmo, busca sem freio do lucro pelo lucro com total indiferença pelos custos sociais, ausência de ética e transparência. Na hora do colapso do neoliberalismo, MFL faz o discurso ultraliberal do Estado mínimo. À força de tanto querer rasgar, acabará por rasgar o horizonte social do 25 de Abril, consagrado na Constituição.
(...)
Seria preciso que os socialistas acordassem do seu torpor (...) e que as outras forças de esquerda, sem abdicarem da posições próprias definissem com clareza o adversário principal, e se interrogassem sobre as eventuais consequências de um eventual governo de MFL. Se MFL governar o povo da esquerda será o principal perdedor, independentemente da votação nos partidos que dele se reclamam.
Dir-me-ão que a maioria do PS não governou à esquerda. Eu também gostaria que tivesse governado de outra maneira. Mas também sei que uma maioria de direita jamais deixaria passar o referendo sobre a IVG e a lei do divórcio. Sei que com o governo de MFL o SNS será praticamente desmantelado e o papel do Estado, como ela já afirmou, "reduzido ao mínimo indispensável.
(...)
Para que um dia destes não estejamos a perguntar-nos (...) como é que um país maioritariamente de esquerda pode acabar uma vez mais a ser governado pela direita?"
Muito honestamente eu gostava que alguém me explicasse se há dúvidas na leitura deste texto sobre quem apoiará Manuel Algre nas legislativas que se avizinham? E que alguém me dissesse, com franqueza se acredita que um homem da sua verticalidade e coerência, e que é capaz de escrever uma análise desta lucidez, deixará de votar no PS a 27 de Setembro, como, todos suspeitamos, Manuela Ferreira Leite não votou no PSD de Santana Lopes em 2005.
O texto de Manuel Alegre é uma peça que merece ser lida na íntegra. Agora, inferir dela uma incompatibilidade estrutural com José Sócrates que o levasse a votar contra o PS é abusivo e enganador. Os parágrafos acima são claros sobre o apelo que Alegre faz ao voto do povo de esquerda e porque razão o faz.
Creio que nenhum partido à esquerda do PS terá suspeitas ou reservas sobre a integralidade de Manuel Alegre. E creio que todos sabemos, independentemente de simpatias partidárias, que haverá sempre pessoas na vida com que simpatizamos e concordamos mais e outras com que discordamos mais. Manuel Alegre não é José Sócrates. Mas este texto cala os que clamavam que o divisionismo interno existia era no PS. Porque, nas palavras do putativo intérprete da ruptura, segundo a direita, o inimigo é outro. O texto é inequívoco, no socialismo democrático cabem José Sócrates, Manuel Alegre e outros. Não cabe Manuela Ferreira Leite e o neoliberalismo.
Seria correcto se os relatos deste texto não o transformassem num manifesto anti-Sócrates, coisa que me parece claro estar muito longe da mente do socialista e grande democrata que o escreveu.
Bem haja, Manuel Alegre.
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