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Definam o que é ser "normal"

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    #91
    Originalmente Colocado por Axxantis Ver Post
    Essa lógica está um bocado tortuosa!

    Ser normal é como a palavra indica, estar na norma. A norma é uma banda de variação estreita em redor da média. Simples!

    Por acaso há gente que me parece anormalmente normal. Tenho mais medo desses do que dos que são logo à primeira vista desalinhados da norma.
    Dizes que a lógica dele está tortuosa, mas acabam ambos por chegar ao mesmo ponto

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      #92
      Originalmente Colocado por Axxantis Ver Post
      Essa lógica está um bocado tortuosa!

      Ser normal é como a palavra indica, estar na norma. A norma é uma banda de variação estreita em redor da média. Simples!

      Por acaso há gente que me parece anormalmente normal. Tenho mais medo desses do que dos que são logo à primeira vista desalinhados da norma.
      Então digamos, norma é que os peixes nadem. Quem instituiu isso?

      Comentário


        #93
        Originalmente Colocado por nunomplopes Ver Post
        Então digamos, norma é que os peixes nadem. Quem instituiu isso?
        A norma é intrínseca, ou seja, é definida pela observação do comportamento em apreço, no caso que apresentas, o acto de nadar. Digamos que para os peixes o acto de nadar segue uma distribuição de média M=0 e desvio pradrão P=1, isto é, a chamada Distribuição Normal (aquela curva em montanha em que a área à esquerda da média é igual à área à direita da média, e o desvio padrão são duas rectas verticais paralelas equidistantes da média). Os peixes andam todos em volta de M. Há alguns que nadam um pouco melhor que a média (estão à direita de M) e outros que nadam pior (estão à esquerda), mas o grosso da distribuição das observações andam em volta da média e dentro do intervalo P. Os que caem fora daquele intervalo de normalidade (literalmente assim) são os que fogem à norma.
        Concluindo, a definição da norma não vem de fora, mas sim da própria observação do comportamento agregado de todos os agentes do universo em causa (ou de uma amostra representativa).

        Isto pode parecer meio esotérico, mas é por esta via que se define, nas ciências sociais como a Economia e a Sociologia, o comportamento padrão.

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          #94
          Fiquei-me a pensar então que isto seja uma aberração de tal forma anormal que tendemos a pensar que os peixes só nadam...



          Poderei seguir uma mesma lógica da pergunta incial:

          Então digamos, norma é que as pessoas sejam só heterossexuais. Quem instituiu isso?

          Comentário


            #95
            Originalmente Colocado por nunomplopes Ver Post
            Fiquei-me a pensar então que isto seja uma aberração de tal forma anormal que tendemos a pensar que os peixes só nadam...



            Poderei seguir uma mesma lógica da pergunta incial:

            Então digamos, norma é que as pessoas sejam só heterossexuais. Quem instituiu isso?
            Não percebo onde queres chegar com os peixes-voadores. Os peixes-voadores não põem em causa em absolutamente nada o que eu escrevi.

            Quanto à questão sobres os heterossexuais/homossexuais, o raciocínio é exactamente o mesmo: há uma larga maioria de pessoas cuja orientação sexual é a heterossexualidade, logo a norma, ou seja, o tal espaço em redor da média, é a heterossexualidade.
            Mas esta constatação não encerra em si mesma, nem de perto nem de longe, qualquer juízo de valor. Não é intrinsecamente errado estar fora da norma. É simplesmente... estar fora da norma!
            Uma análise sistemática ou científica do padrão de normalidade não pode ser manchada pelo juízo de valor. Isso são matérias do foro do senso-comum. Por isso é que eu não utilizo os adjectivos "anormal" ou "aberrante" para classificar o que está fora da norma, especialmente se o sujeito estudado é o ser humano. Não por razões de rigor técnico, mas por razões de linguagem. A linguagem conota a palavra "anormal" com um juízo de valor, um julgamento, que não é para aqui chamado.

            Comentário


              #96
              Originalmente Colocado por Axxantis Ver Post
              Não percebo onde queres chegar com os peixes-voadores. Os peixes-voadores não põem em causa em absolutamente nada o que eu escrevi.

              Quanto à questão sobres os heterossexuais/homossexuais, o raciocínio é exactamente o mesmo: há uma larga maioria de pessoas cuja orientação sexual é a heterossexualidade, logo a norma, ou seja, o tal espaço em redor da média, é a heterossexualidade.
              Mas esta constatação não encerra em si mesma, nem de perto nem de longe, qualquer juízo de valor. Não é intrinsecamente errado estar fora da norma. É simplesmente... estar fora da norma!
              Uma análise sistemática ou científica do padrão de normalidade não pode ser manchada pelo juízo de valor. Isso são matérias do foro do senso-comum. Por isso é que eu não utilizo os adjectivos "anormal" ou "aberrante" para classificar o que está fora da norma, especialmente se o sujeito estudado é o ser humano. Não por razões de rigor técnico, mas por razões de linguagem. A linguagem conota a palavra "anormal" com um juízo de valor, um julgamento, que não é para aqui chamado.
              O que quero dizer quando perguntares a uma pessoa como os peixes se movem. Dizer-te-ao que nadam. Alguém que que não conheça isto, se disser que também podem voar, dirão que isso não será normal de todo acontecer. É ideia ou conceitos que criamos do que é normal ou não. Sei que estavas a falar de forma cientifica, mas estava me a cingir ao que comummente se diz.

              Comentário


                #97
                Originalmente Colocado por nunomplopes Ver Post
                O que quero dizer quando perguntares a uma pessoa como os peixes se movem. Dizer-te-ao que nadam. Alguém que que não conheça isto, se disser que também podem voar, dirão que isso não será normal de todo acontecer. É ideia ou conceitos que criamos do que é normal ou não. Sei que estavas a falar de forma cientifica, mas estava me a cingir ao que comummente se diz.
                Nao ser normal é diferente de ser impossível.

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                  #98


                  "Louco para mim é uma pessoa que tem o QI desenvolvido, que poderia inventar algo em prol, em benefício da humanidade e ele desenvolve uma arma de destruição em massa”. Esta é a opinião do vendedor de rua, baiano, Carlos Magno de Souza, sobre a loucura.

                  E para você, o que é loucura? O documentário As Cores da Utopia tendo como fio condutor os meandros da vida do artista plástico baiano, Reginaldo Bonfim, portador de esquizofrenia, coloca em evidência a polêmica relação entre os conceitos de loucura e normalidade tal como utilizados pela sociedade contemporânea. Os principais debatedores são pessoas comuns, que não são vistas como “fontes oficiais” nas discussões midiáticas e acadêmicas em torno da questão da doença mental, mas que revelam profunda humanidade e sabedoria a respeito do tema.

                  Reginaldo Bonfim, negro, como boa parte da população de Salvador, e de origem humilde, como a maior parcela da população brasileira, é um autêntico exemplo de que a arte pode (ou poderia) transformar realidades e servir como propósito de vida.

                  Bonfim, com talento nato, começou a pintar com 5 anos de idade. Posteriormente cursou 4 anos na Escola de Belas Artes de Salvador onde aprendeu a dominar técnicas variadas para encher de cores e formas telas, madeirites, tecidos, papéis, portas e tetos. Suas centenas de obras, de variados estilos e tamanhos, foram reconhecidas por muitos em Salvador, bem como quando se mudou para São Paulo e, posteriormente para o Rio de Janeiro, onde foi convidado a apresentar suas obras no programa do Chacrinha, veiculado pela Rede Globo na década de 1970. Suas pinturas foram expostas em galerias destas três capitais brasileiras e foram levadas para o exterior por meio de turistas estrangeiros que as compraram.

                  No entanto, submetido a condições desumanas no eixo Rio-São Paulo, logo a doença mental se manifestou, sendo agravada pela internação involuntária a que pessoas alheias à sua família o expuseram. De volta à sua terra natal, passou a ser discriminado e começou a pintar nas ruas, mais habitualmente no Terreiro de Jesus, Pelourinho, centro histórico da capital baiana onde, abusando de sua condição, pessoas inescrupulosas o enganavam, pagando valores irrisórios por seus trabalhos.

                  Enredo - Ao tematizar o processo de discriminação social que se abateu sobre Bonfim após a manifestação da doença, o diretor do longo-metragem, Júlio Nascimento, pesquisador na área de saúde mental, reúne conhecimentos multidisciplinares adquiridos em sua formação acadêmica para fazer um questionamento sobre a noção de "normalidade"

                  Em sua tese, o documentário amplia o conceito de loucura circunscrito, até então, pelo discurso proferido por pessoas ditas normais, apoiado por um segmento da psiquiatria arcaica e desumana. O filme promove a discussão que remete à Michel Foucault, acerca das forças que fabricaram a loucura e a perpetuam na forma como foi politicamente concebida. E relativiza esse conceito ao aplicá-lo, também, de maneira mais apropriada, à conduta irracional daqueles que, praticando as maiores atrocidades, conduzem a humanidade ao caos, mas, apesar disso, se julgam “normais” e no direito de excluir da convivência social seus semelhantes, movidos apenas pela intolerância à diferença. Daì o questionamento: o que é normalidade? Onde se situa a verdadeira patologia? Desta forma, o longa abrange também a loucura manifestada na prática do próprio sistema econômico, que, de forma cada vez mais irracional, fabrica armas de destruição em massa e destrói a sua própria fonte de vida, que é a natureza.

                  Para mostrar essa loucura coletiva, o filme exibe imagens da explosão nuclear sobre Hiroshima, cedidas pela Associação das Vítimas da Bomba Atômica no Brasil, sediada em São Paulo e imagens da destruição do meio ambiente e as consequências do aquecimento global, cedidas pelo Greenpeace (resultado de antigas parcerias).

                  Importância- O documentário contribui para desmistificar a visão preconceituosa que desfigura a pessoa portadora de esquizofrenia representando-a como um ser agressivo, bizarro, irracional e inútil, escamoteando suas demais dimensões humanas positivas e produtivas. Com efeito, a sociedade desqualifica completamente a pessoa portadora de transtornos psíquicos, negando sentido à sua fala, às suas reivindicações, à sua criatividade e aos seus sonhos.

                  As Cores da Utopia é o primeiro longa de Júlio Nascimento que, aliando esforços ao de um grupo de profissionais e parceiros, produziu o filme de forma independente. A exclusão social de Bonfim devido a esquizofrenia, apesar de sua alta produtividade, serviu de ponto de partida para a construção do filme.

                  Sem fins lucrativos, o longa promove uma hora e vinte minutos de reflexão acerca de uma questão que a sociedade desde a muito tenta isolar nos manicômios, mas que precisa ser integrada definitivamente à dinâmica da vida social, pois lhe é indissociável, e revela uma faceta, ainda que diferente, de nossa própria condição humana.

                  A obra pretende ser um instrumento facilitador das discussões em torno da necessidade de uma mudança de postura e mentalidade acerca do doente mental, capaz de levar as pessoas a tratá-lo como ser humano produtivo e como cidadão, contribuindo, assim, como reforço para a luta antimanicomial.

                  Movimento da Luta Antimanicomial - Esta luta tem como ponto geral a reivindicação em torno da efetiva execução de políticas públicas voltadas para a saúde mental, capazes de resolver, de forma definitiva, as questões atinentes aos maus-tratos e à exclusão social do doente mental em nossa sociedade.

                  Embora a solução de tais questões dependam, em princípio, da conduta do poder público, sem uma profunda mudança de postura em relação ao doente mental, seu sofrimento não terá fim. Posto que uma verdadeira Reforma Psiquiátrica depende, também, da adoção de uma nova visão e de uma nova atitude por parte do conjunto da sociedade, acerca da dimensão humana do portador de doença mental, capaz de lhe restituir a dignidade e o direito de exercer plenamente sua cidadania.

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