Numa alusão ao final da obra de Eça de Queiroz, "Os Maias", Helena Matos bate forte e feio nas pessoas que nasceram durante os anos 60 e que, segundo ela, são as principais responsáveis pelo insucesso do país e, pior, está a hipotecar o futuro das gerações seguintes.
Artigo com supressões. Completo aqui .
Como jovem de tenra idade que sou, nunca me senti tão inseguro em relação ao meu futuro. O meu futuro a nível académico, profissional, e já no fim, aposentação. E nem sequer estou na faculdade. A esta hora devia estar no meu segundo ano de licenciatura, mas por cada vez ter mais reservas em relação à velha analogia do "canudo = bem na vida", estou a estudar e a trabalhar para algo que tem sido esquecido. Mas vale a pena continuar a lutar? Vale a pena erguer a cabeça e agir quando nem sequer se tem a certeza do que o espera depois de sair da escola? Nem falo daqui a uns anos.
Falharam a vida, meninos - Nas fotografias que gostam de mostrar têm o cabelo revolto e um ar de quem tem a certeza de tudo. São a chamada geração de 60, definição imprecisa mas prática por essa imprecisão que permite englobar nela muitos daqueles que foram jovens um pouco antes ou depois dessa década ícone para a geração que não só nos tem governado como também construiu o mundo imaginário onde vivemos.
(...)
A cada dia que passa, a cada pirueta sobre o empobrecimento de que não se deve falar porque parece mal e é populista abordar tal assunto, sobre os jornalistas que eram combativos e perseguidos quando escreviam sobre os conluios do poder doutros tempos e que agora passaram a ignorantes quando não a canalhas caso escrevam sobre as negociatas do poder de agora, sobre a emigração que outrora confirmava sermos um país sem esperança e que agora não interessa nada, sobre os tribunais cuja independência foi uma reivindicação até que eles temeram sentar-se no banco dos réus… pois a cada dia desses apetece-me mandá-los ler esse fabuloso final d”Os Maias donde foi retirado e adaptado o título desta crónica.
Aliás, talvez sejam a última geração por largas décadas que em Portugal tem gosto literário que lhe permite ler Eça, pois as gerações seguintes, tendo frequentado aquilo a que a geração de 60 chamou escola inclusiva, multicultural, progressiva… etc. … etc., terão grandes dificuldades em ler algo que não lhes seja apresentado como muito fácil, muito giro e muito moderno.
(...)
A geração de 60 será em Portugal uma das primeiras em décadas e décadas a ser sucedida por outras que viverão pior. O ano que agora acaba é aquele em que se tornou óbvio que falharam a vida, meninos. O que nos espera de agora em diante é constatar que para lá desse falhanço também lixaram a vida daqueles que vieram depois.
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A cada dia que passa, a cada pirueta sobre o empobrecimento de que não se deve falar porque parece mal e é populista abordar tal assunto, sobre os jornalistas que eram combativos e perseguidos quando escreviam sobre os conluios do poder doutros tempos e que agora passaram a ignorantes quando não a canalhas caso escrevam sobre as negociatas do poder de agora, sobre a emigração que outrora confirmava sermos um país sem esperança e que agora não interessa nada, sobre os tribunais cuja independência foi uma reivindicação até que eles temeram sentar-se no banco dos réus… pois a cada dia desses apetece-me mandá-los ler esse fabuloso final d”Os Maias donde foi retirado e adaptado o título desta crónica.
Aliás, talvez sejam a última geração por largas décadas que em Portugal tem gosto literário que lhe permite ler Eça, pois as gerações seguintes, tendo frequentado aquilo a que a geração de 60 chamou escola inclusiva, multicultural, progressiva… etc. … etc., terão grandes dificuldades em ler algo que não lhes seja apresentado como muito fácil, muito giro e muito moderno.
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A geração de 60 será em Portugal uma das primeiras em décadas e décadas a ser sucedida por outras que viverão pior. O ano que agora acaba é aquele em que se tornou óbvio que falharam a vida, meninos. O que nos espera de agora em diante é constatar que para lá desse falhanço também lixaram a vida daqueles que vieram depois.
Como jovem de tenra idade que sou, nunca me senti tão inseguro em relação ao meu futuro. O meu futuro a nível académico, profissional, e já no fim, aposentação. E nem sequer estou na faculdade. A esta hora devia estar no meu segundo ano de licenciatura, mas por cada vez ter mais reservas em relação à velha analogia do "canudo = bem na vida", estou a estudar e a trabalhar para algo que tem sido esquecido. Mas vale a pena continuar a lutar? Vale a pena erguer a cabeça e agir quando nem sequer se tem a certeza do que o espera depois de sair da escola? Nem falo daqui a uns anos.
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