O método é conhecido como carjacking. Um grupo de indivíduos, armados de pistolas ou caçadeiras, aborda o condutor de um carro de gama alta durante curtas paragens. Actuam em poucos segundos, aparentam alguma calma e profissionalismo e deixam as pessoas apeadas, depois de levarem as viaturas.
Na madrugada de ontem, no Grande Porto, tudo indica que um ou dois grupos fizeram quatro assaltos do género. Rui Nunes, responsável pelo Combate ao Banditismo na Polícia Judiciária do Porto, reconhece o aumento do fenómeno e afirmou ao PÚBLICO que o crescimento acompanha a tendência europeia, devido aos sofisticados sistemas de segurança daqueles automóveis. "Estamos a falar de carros que são quase impossíveis de serem estroncados e postos a funcionar com ligações directas. Por isso, os assaltos são sempre à mão armada", adianta aquele responsável, que garante assistir-se a outra realidade: "Há algumas noites especialmente violentas. O que verificamos é que estes grupos não roubam um único carro por noite. Quando actuam, levam vários".
O mesmo responsável diz ainda que o destino dos automóveis roubados tem sido variado. Há situações onde eles aparecem, depois de terem sido utilizados em assaltos, mas a maioria deverá ser presumivelmente vendida. "É um fenómeno novo, que estamos a estudar. Temos muitos carros onde tudo indica que exista posterior falsificação e tráfico de veículos", explica Nunes.
Quanto aos cuidados que os condutores devem ter, Rui Nunes reconhece a dificuldade da prevenção. "As pessoas devem estar mais atentas, designadamente de madrugada, e evitar curtas paragens, a não ser em locais muito movimentados. Mas a verdade é que tudo indica que as vítimas sejam previamente escolhidas. Não nos parece que sejam alvo de acasos, o que dificulta os cuidados a terem." Rui Nunes realçou ainda que estes grupos demonstram grandes cuidados na preparação dos assaltos. Atacam sempre encapuzados e usam luvas, para evitarem deixar impressões digitais.
Roubos em série
O primeiro de ontem foi em Águas Santas, na Maia, e foi protagonizado por três indivíduos que estavam encapuzados e seguiam num BMW escuro. Abordaram então o condutor do automóvel pelas 00h00, depois de aquele ter feito uma curta paragem na Rua de Coriscos. Segundo a vítima disse à polícia, pretendia apenas tirar um casaco da mala do carro, onde seguia com a mulher e a mãe, quando dois dos assaltantes o abordaram. Disseram-lhe então para ter calma, que nada de mal lhe iriam fazer, e obrigaram-no a entregar a chave. As duas passageiras saíram de imediato do automóvel e os indivíduos partiram em grande velocidade, seguidos do BMW onde um deles se manteve.
Depois, pelas 2h00, em Paços de Ferreira, um homem que estacionava o seu automóvel na garagem também foi assaltado. Os indivíduos terão aproveitado o momento em que abriu o portão para acederem ao interior do espaço, tendo depois ameaçado a vítima com uma caçadeira e uma pistola. Neste caso, porém, tudo indica que o grupo seja outro, já que os indivíduos, que eram quatro, seguiam numa carrinha Toyota Hyace - e não num Audi ou BMW, como é normal no grupo que, nos últimos meses, tem actuado no Grande Porto. Em comum também têm o facto de estarem encapuzados e terem sido muito rápidos. Levaram outro BMW, neste caso um 320.
Entretanto, pelas 2h15, o grupo que havia feito o assalto na Maia protagonizou outro assalto. Foi em Calendário, Famalicão, onde roubaram um Audi A3. Tudo indica que os mesmos indivíduos fizeram um terceiro assalto cerca de 20 minutos depois. Dessa vez em Landim, também Famalicão, tendo levado um Mercedes 220. Neste caso, o grupo era composto por seis ou sete indivíduos, que estavam também armados de caçadeiras. Seguiam em dois carros, um Audi A3 (tudo indica que seja o automovel que roubaram momentos antes) e num outro que a vítima não conseguiu identificar.
(in Público, 6 de Dezembro de 2005)
Na madrugada de ontem, no Grande Porto, tudo indica que um ou dois grupos fizeram quatro assaltos do género. Rui Nunes, responsável pelo Combate ao Banditismo na Polícia Judiciária do Porto, reconhece o aumento do fenómeno e afirmou ao PÚBLICO que o crescimento acompanha a tendência europeia, devido aos sofisticados sistemas de segurança daqueles automóveis. "Estamos a falar de carros que são quase impossíveis de serem estroncados e postos a funcionar com ligações directas. Por isso, os assaltos são sempre à mão armada", adianta aquele responsável, que garante assistir-se a outra realidade: "Há algumas noites especialmente violentas. O que verificamos é que estes grupos não roubam um único carro por noite. Quando actuam, levam vários".
O mesmo responsável diz ainda que o destino dos automóveis roubados tem sido variado. Há situações onde eles aparecem, depois de terem sido utilizados em assaltos, mas a maioria deverá ser presumivelmente vendida. "É um fenómeno novo, que estamos a estudar. Temos muitos carros onde tudo indica que exista posterior falsificação e tráfico de veículos", explica Nunes.
Quanto aos cuidados que os condutores devem ter, Rui Nunes reconhece a dificuldade da prevenção. "As pessoas devem estar mais atentas, designadamente de madrugada, e evitar curtas paragens, a não ser em locais muito movimentados. Mas a verdade é que tudo indica que as vítimas sejam previamente escolhidas. Não nos parece que sejam alvo de acasos, o que dificulta os cuidados a terem." Rui Nunes realçou ainda que estes grupos demonstram grandes cuidados na preparação dos assaltos. Atacam sempre encapuzados e usam luvas, para evitarem deixar impressões digitais.
Roubos em série
O primeiro de ontem foi em Águas Santas, na Maia, e foi protagonizado por três indivíduos que estavam encapuzados e seguiam num BMW escuro. Abordaram então o condutor do automóvel pelas 00h00, depois de aquele ter feito uma curta paragem na Rua de Coriscos. Segundo a vítima disse à polícia, pretendia apenas tirar um casaco da mala do carro, onde seguia com a mulher e a mãe, quando dois dos assaltantes o abordaram. Disseram-lhe então para ter calma, que nada de mal lhe iriam fazer, e obrigaram-no a entregar a chave. As duas passageiras saíram de imediato do automóvel e os indivíduos partiram em grande velocidade, seguidos do BMW onde um deles se manteve.
Depois, pelas 2h00, em Paços de Ferreira, um homem que estacionava o seu automóvel na garagem também foi assaltado. Os indivíduos terão aproveitado o momento em que abriu o portão para acederem ao interior do espaço, tendo depois ameaçado a vítima com uma caçadeira e uma pistola. Neste caso, porém, tudo indica que o grupo seja outro, já que os indivíduos, que eram quatro, seguiam numa carrinha Toyota Hyace - e não num Audi ou BMW, como é normal no grupo que, nos últimos meses, tem actuado no Grande Porto. Em comum também têm o facto de estarem encapuzados e terem sido muito rápidos. Levaram outro BMW, neste caso um 320.
Entretanto, pelas 2h15, o grupo que havia feito o assalto na Maia protagonizou outro assalto. Foi em Calendário, Famalicão, onde roubaram um Audi A3. Tudo indica que os mesmos indivíduos fizeram um terceiro assalto cerca de 20 minutos depois. Dessa vez em Landim, também Famalicão, tendo levado um Mercedes 220. Neste caso, o grupo era composto por seis ou sete indivíduos, que estavam também armados de caçadeiras. Seguiam em dois carros, um Audi A3 (tudo indica que seja o automovel que roubaram momentos antes) e num outro que a vítima não conseguiu identificar.
(in Público, 6 de Dezembro de 2005)
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