ARTIGO DO EXPRESSO DE HOJE:
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"Estudo do Instituto Superior Técnico conclui que carros a gasóleo são mais ‘verdes’ no consumo e nas emissões
É uma autêntica surpresa, mas os números não enganam: em termos globais, os carros a diesel consomem menos energia e têm menos emissões de dióxido de carbono (CO2) que os híbridos (gasolina/motor eléctrico). E os híbridos estão apenas ligeiramente abaixo dos carros a gasolina nos dois indicadores.
A conclusão consta de um estudo do Departamento de Transportes, Energia e Ambiente do Instituto Superior Técnico (IST) sobre a avaliação energética e ambiental de veículos ligeiros em ciclo de vida total. Este ciclo inclui o fabrico, desmantelamento e reciclagem do automóvel; o consumo de energia na produção e distribuição do combustível desde o poço de petróleo até ao depósito; e o consumo de energia entre o depósito do automóvel, o motor e as rodas.
Tiago Farias, coordenador deste departamento único no país, que investiga em simultâneo a energia e o ambiente nos transportes portugueses, desmistifica de certo modo as conclusões inéditas do estudo: ‘‘O conceito de híbrido é excelente, porque a alteração do fluxo energético é a primeira revolução no automóvel em 100 anos, mas temos de reconhecer que o resultado prático actual não é brilhante”.
A bateria que alimenta o motor eléctrico do híbrido é carregada quase sempre quando este circula no modo a gasolina. A excepção dá-se quando o sistema de recuperação de energia das travagens funciona, ‘‘mas a sua contribuição é muito modesta”.
Em todo o caso, ‘‘o híbrido é um grande passo, é uma etapa de transição necessária para chegarmos ao carro eléctrico, ao chamado «plug-in»” (com tomada eléctrica para carregamento da bateria). Tiago Farias sublinha também que ‘‘a tecnologia híbrida está ainda numa fase de demonstração e só deixará esta fase quando o consumidor entrar num concessionário e puder escolher, em qualquer marca e modelo de automóvel comum, entre as opções gasolina, diesel ou híbrido, tal como hoje já acontece na Suécia com os carros a etanol”. A verdade é que, na cabeça da maioria dos automobilistas portugueses, havia a ideia de que os híbridos (ver fotos dos modelos à venda no nosso país) seriam a alternativa mais limpa e menos ‘energívora’ num planeta a braços com o aquecimento global e o desafio energético. Mas a realidade parece mais complexa.
Francisco Ferreira tem dúvidas em relação às conclusões do estudo do IST, argumentando que ‘‘as estimativas mais conhecidas quanto ao consumo de combustível dizem que os híbridos têm uma vantagem de 20% em relação aos carros a gasolina e andam a par nos carros a diesel”. Em todo o caso, o dirigente da Quercus salienta que os números do IST ‘‘reforçam uma ideia consensual: os híbridos a diesel vão ter uma clara vantagem em relação aos modelos convencionais, quando forem lançados no mercado em 2010”.
O líder ambientalista reconhece que ‘‘nos últimos anos todos os modelos convencionais têm reduzido as emissões de CO2 e mesmo o consumo de combustível”. Mas recorda que as contas feitas pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) sobre o ciclo de vida dos automóveis híbridos concluem que, ‘‘ao fim de três anos de utilização, a uma média de 15 mil km percorridos por ano, o volume de emissões evitadas equivale a 40 mil km, comparando com um modelo convencional”.
O estudo do IST analisou seis ciclos de velocidade mas destacou nas suas conclusões o ciclo Cascais-Lisboa. Ao todo, foram comparados os ciclos de vida total de automóveis de passageiros convencionais a diesel e a gasolina com híbridos, eléctricos e a hidrogénio, e ainda com automóveis convencionais flexifuel (a gasolina e etanol, ou a gasóleo e biodiesel). No conjunto, são 32 situações diferentes, que abrangem até carros que não estão à venda no mercado português (os que usam etanol) e outros que, mesmo no mercado mundial, só existem em pequenas séries (os eléctricos) ou em protótipo (os que consomem hidrogénio). Escolhemos as seis situações mais importantes, onde o vencedor no consumo de energia e nas emissões de CO2 é, sem dúvida, o carro eléctrico.
Nos carros do futuro, a alternativa a hidrogénio tem duas situações com um impacto muito diferente: o hidrogénio produzido através do gás natural, mais amigo do ambiente, e o obtido por electrólise (decomposição da água), que é, para já, um verdadeiro desastre ambiental. Virgílio Azevedo"
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"Estudo do Instituto Superior Técnico conclui que carros a gasóleo são mais ‘verdes’ no consumo e nas emissões
É uma autêntica surpresa, mas os números não enganam: em termos globais, os carros a diesel consomem menos energia e têm menos emissões de dióxido de carbono (CO2) que os híbridos (gasolina/motor eléctrico). E os híbridos estão apenas ligeiramente abaixo dos carros a gasolina nos dois indicadores.
A conclusão consta de um estudo do Departamento de Transportes, Energia e Ambiente do Instituto Superior Técnico (IST) sobre a avaliação energética e ambiental de veículos ligeiros em ciclo de vida total. Este ciclo inclui o fabrico, desmantelamento e reciclagem do automóvel; o consumo de energia na produção e distribuição do combustível desde o poço de petróleo até ao depósito; e o consumo de energia entre o depósito do automóvel, o motor e as rodas.
Tiago Farias, coordenador deste departamento único no país, que investiga em simultâneo a energia e o ambiente nos transportes portugueses, desmistifica de certo modo as conclusões inéditas do estudo: ‘‘O conceito de híbrido é excelente, porque a alteração do fluxo energético é a primeira revolução no automóvel em 100 anos, mas temos de reconhecer que o resultado prático actual não é brilhante”.
A bateria que alimenta o motor eléctrico do híbrido é carregada quase sempre quando este circula no modo a gasolina. A excepção dá-se quando o sistema de recuperação de energia das travagens funciona, ‘‘mas a sua contribuição é muito modesta”.
Em todo o caso, ‘‘o híbrido é um grande passo, é uma etapa de transição necessária para chegarmos ao carro eléctrico, ao chamado «plug-in»” (com tomada eléctrica para carregamento da bateria). Tiago Farias sublinha também que ‘‘a tecnologia híbrida está ainda numa fase de demonstração e só deixará esta fase quando o consumidor entrar num concessionário e puder escolher, em qualquer marca e modelo de automóvel comum, entre as opções gasolina, diesel ou híbrido, tal como hoje já acontece na Suécia com os carros a etanol”. A verdade é que, na cabeça da maioria dos automobilistas portugueses, havia a ideia de que os híbridos (ver fotos dos modelos à venda no nosso país) seriam a alternativa mais limpa e menos ‘energívora’ num planeta a braços com o aquecimento global e o desafio energético. Mas a realidade parece mais complexa.
Francisco Ferreira tem dúvidas em relação às conclusões do estudo do IST, argumentando que ‘‘as estimativas mais conhecidas quanto ao consumo de combustível dizem que os híbridos têm uma vantagem de 20% em relação aos carros a gasolina e andam a par nos carros a diesel”. Em todo o caso, o dirigente da Quercus salienta que os números do IST ‘‘reforçam uma ideia consensual: os híbridos a diesel vão ter uma clara vantagem em relação aos modelos convencionais, quando forem lançados no mercado em 2010”.
O líder ambientalista reconhece que ‘‘nos últimos anos todos os modelos convencionais têm reduzido as emissões de CO2 e mesmo o consumo de combustível”. Mas recorda que as contas feitas pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) sobre o ciclo de vida dos automóveis híbridos concluem que, ‘‘ao fim de três anos de utilização, a uma média de 15 mil km percorridos por ano, o volume de emissões evitadas equivale a 40 mil km, comparando com um modelo convencional”.
O estudo do IST analisou seis ciclos de velocidade mas destacou nas suas conclusões o ciclo Cascais-Lisboa. Ao todo, foram comparados os ciclos de vida total de automóveis de passageiros convencionais a diesel e a gasolina com híbridos, eléctricos e a hidrogénio, e ainda com automóveis convencionais flexifuel (a gasolina e etanol, ou a gasóleo e biodiesel). No conjunto, são 32 situações diferentes, que abrangem até carros que não estão à venda no mercado português (os que usam etanol) e outros que, mesmo no mercado mundial, só existem em pequenas séries (os eléctricos) ou em protótipo (os que consomem hidrogénio). Escolhemos as seis situações mais importantes, onde o vencedor no consumo de energia e nas emissões de CO2 é, sem dúvida, o carro eléctrico.
Nos carros do futuro, a alternativa a hidrogénio tem duas situações com um impacto muito diferente: o hidrogénio produzido através do gás natural, mais amigo do ambiente, e o obtido por electrólise (decomposição da água), que é, para já, um verdadeiro desastre ambiental. Virgílio Azevedo"
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