Simplesmente fantástico é como descrevo o quase incógnito 964, produto que passou numa das piores fases da Porsche.
Tive a feliz oportunidade de experimentar um "vulgar" Carrera do ano de 1989 que penso que foi das primeiras unidades deste tipo 964.
As emoções num Porsche deste género são únicas, para o bem e para o mal.
Começando pelo mal, a posição de condução é algo fraca.
Depois de ter colocado todos os comandos ao meu gosto, nunca consegui encontrar uma posição de condução 100% agradável.
Reparei então que o volante e os pedais não estavam centrados, pormenor que pensava que era único do 930.
No entanto foi um pormenor que não me deixou desagradado. É simplesmente menos bom, mas não seria por isso que ia deixar de aproveitar aquela tarde.
Gostei muito do painel de instrumentos. Era muito oldschool, muito informativo e o tacómetro de grandes dimensões mesmo à nossa frente obriga-nos a desfrutar da subida de regime do motor.
Parece que me hipnotizava olhar para ele de tão único que é.
O resto da informação era excelente com a temperatura do óleo (e ausência da temperatura de água), pressão do óleo e ao que penso o nível do óleo.
Os bancos eram minimamente confortáveis e os plásticos medianos.
Os pedais eram brutos e a caixa pesada.
Eram comandos que exigiam algum esforço. Acredito que o facto de ter 20 anos seja responsável pelo excesso de dureza, ainda assim, positivamente vejo era dureza como fazendo parte do espírito de um Porsche 964.
Acredito até que mesmo em novo fosse algo rude.
Passando à piece de resistance que é aquilo que fica "erradamente" atrás do eixo traseiro, tenho a dizer que poucas coisas no mundo me deram tanto gozo.
A Porsche tem um nível de sonoridade muito distinto.
Costuma ser algo agressivo e suave ao mesmo tempo.
Qualquer 996 ou 997 tem uma veia agressiva e outra suave na sua sonoridade.
Pois então, a este faltava-lhe esta veia suave.
Mal rodei a chave senti algo que nunca tinha sentido até hoje.
Foi um misto de alegria e nervosismo, complicado transcrever por palavras que não os próprios sentimentos por quem passa por algo semelhante.
Já tive a oportunidade de "privar" um pouco com um 996, ainda que estático e esta sensação não se revelou desta forma. Ainda para mais era recém encartado, altura em que temos um certo frenesim por ter a carta na mão.
Voltando ao 964, engrenada a primeira velocidade e tendo cuidado com o ponto de embraiagem (e que ponto!!), lá me comecei a deslocar.
Escusado será dizer que o medo se apoderou de mim durante uns minutos, até começar a ganhar confiança.
Deu desde logo para perceber que o feeling da direcção era qualquer coisa de fantástico; a caixa, ainda que não das mais precisas que já conduzi, foi a que melhores sensações me transmitiu. Talvez pelo calor do momento ou não, aquela caixa rude tinha o dom de me dar um prazer colossal ao fazer uma troca de velocidade.
Confiança ganha e com a autorização (e insistência) do proprietário, lá fui fazer uma prova de dinâmica ao "velho" 964.
Não sou nenhum mestre piloto nem para lá caminho, pelo menos nunca me senti como tal, mas este carro deixou transparecer o que de melhor eu tinha na condução.
Acho que consegui retirar muito destes difíceis Porsche.
Achei muito curiosa forma como o 911 rabeia de traseira numa curva mais pronunciada e/ou feita com mais provocação.
Cometi o erro crasso de numa dada ocasião largar o acelerador em plena curva.
Erro de principiante num Porsche que fez com que a traseira se desvairasse um pouco fora da trajectória, tendo sido corrigida logo de seguida com um toque naquela belíssima direcção e com...uma aceleradela.
Penso que é este o tal temperamento de um Porsche com motor traseiro.
Tendo aprendido com o erro, o resto das curvas foi sempre feito como manda a lei: trava antes da curva e acelera depois.
Dito e feito, era uma sensação inigualável.
O rugido daquele 3,6L boxer em plena curva quando já estamos nos pícaros é a cereja no topo do bolo.
Não fui até à AE, ainda que ela lá estivesse próxima.
A velocidade é para mim um género de afrodisíaco, mas as curvas são onde consigo atingir o clímax.
Pouco tenho mais a dizer, por ventura poderei lembrar-me de mais alguma coisa, mas para já é tudo.
Acredito que a minha experiência de 2h ou 2h30m seja algo curta, mas ao que aprendi, ao que vi, ao que senti, pareceu uma eternidade.
Abraço.
Tive a feliz oportunidade de experimentar um "vulgar" Carrera do ano de 1989 que penso que foi das primeiras unidades deste tipo 964.
As emoções num Porsche deste género são únicas, para o bem e para o mal.
Começando pelo mal, a posição de condução é algo fraca.
Depois de ter colocado todos os comandos ao meu gosto, nunca consegui encontrar uma posição de condução 100% agradável.
Reparei então que o volante e os pedais não estavam centrados, pormenor que pensava que era único do 930.
No entanto foi um pormenor que não me deixou desagradado. É simplesmente menos bom, mas não seria por isso que ia deixar de aproveitar aquela tarde.
Gostei muito do painel de instrumentos. Era muito oldschool, muito informativo e o tacómetro de grandes dimensões mesmo à nossa frente obriga-nos a desfrutar da subida de regime do motor.
Parece que me hipnotizava olhar para ele de tão único que é.
O resto da informação era excelente com a temperatura do óleo (e ausência da temperatura de água), pressão do óleo e ao que penso o nível do óleo.
Os bancos eram minimamente confortáveis e os plásticos medianos.
Os pedais eram brutos e a caixa pesada.
Eram comandos que exigiam algum esforço. Acredito que o facto de ter 20 anos seja responsável pelo excesso de dureza, ainda assim, positivamente vejo era dureza como fazendo parte do espírito de um Porsche 964.
Acredito até que mesmo em novo fosse algo rude.
Passando à piece de resistance que é aquilo que fica "erradamente" atrás do eixo traseiro, tenho a dizer que poucas coisas no mundo me deram tanto gozo.
A Porsche tem um nível de sonoridade muito distinto.
Costuma ser algo agressivo e suave ao mesmo tempo.
Qualquer 996 ou 997 tem uma veia agressiva e outra suave na sua sonoridade.
Pois então, a este faltava-lhe esta veia suave.
Mal rodei a chave senti algo que nunca tinha sentido até hoje.
Foi um misto de alegria e nervosismo, complicado transcrever por palavras que não os próprios sentimentos por quem passa por algo semelhante.
Já tive a oportunidade de "privar" um pouco com um 996, ainda que estático e esta sensação não se revelou desta forma. Ainda para mais era recém encartado, altura em que temos um certo frenesim por ter a carta na mão.
Voltando ao 964, engrenada a primeira velocidade e tendo cuidado com o ponto de embraiagem (e que ponto!!), lá me comecei a deslocar.
Escusado será dizer que o medo se apoderou de mim durante uns minutos, até começar a ganhar confiança.
Deu desde logo para perceber que o feeling da direcção era qualquer coisa de fantástico; a caixa, ainda que não das mais precisas que já conduzi, foi a que melhores sensações me transmitiu. Talvez pelo calor do momento ou não, aquela caixa rude tinha o dom de me dar um prazer colossal ao fazer uma troca de velocidade.
Confiança ganha e com a autorização (e insistência) do proprietário, lá fui fazer uma prova de dinâmica ao "velho" 964.
Não sou nenhum mestre piloto nem para lá caminho, pelo menos nunca me senti como tal, mas este carro deixou transparecer o que de melhor eu tinha na condução.
Acho que consegui retirar muito destes difíceis Porsche.
Achei muito curiosa forma como o 911 rabeia de traseira numa curva mais pronunciada e/ou feita com mais provocação.
Cometi o erro crasso de numa dada ocasião largar o acelerador em plena curva.
Erro de principiante num Porsche que fez com que a traseira se desvairasse um pouco fora da trajectória, tendo sido corrigida logo de seguida com um toque naquela belíssima direcção e com...uma aceleradela.
Penso que é este o tal temperamento de um Porsche com motor traseiro.
Tendo aprendido com o erro, o resto das curvas foi sempre feito como manda a lei: trava antes da curva e acelera depois.
Dito e feito, era uma sensação inigualável.
O rugido daquele 3,6L boxer em plena curva quando já estamos nos pícaros é a cereja no topo do bolo.
Não fui até à AE, ainda que ela lá estivesse próxima.
A velocidade é para mim um género de afrodisíaco, mas as curvas são onde consigo atingir o clímax.
Pouco tenho mais a dizer, por ventura poderei lembrar-me de mais alguma coisa, mas para já é tudo.
Acredito que a minha experiência de 2h ou 2h30m seja algo curta, mas ao que aprendi, ao que vi, ao que senti, pareceu uma eternidade.
Abraço.
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