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O Império Português e a descolonização.

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    #91
    A maioria da população angolana estava-se marimbando se a terra deles era Portugal ou Angola, muitos deles recordam com nostalgia os tempos ditos coloniais em que havia paz, comida e se tinham erradicado a maior parte das doenças. Angola alias é uma criação de brancos, feita a régua e esquadro, respeitando, sobretudo, os vizinhos britânicos.

    Angola não existia e não existe. O que existiam eram tribos com uma noção relativa de fronteiras. Fronteiras que se expandiam e contraiam ao sabor do sangue derramado pelos guerreiros negros e seus sobas. Os Unbundos, Lundos Quiocos e outros odeiam-se ainda hoje e foram de algum modo os constituintes do MPLA, FNLA e UNITA. Uma selecção natural. Não é da mesma "raça" morre...

    Culpemos por isso também a rainha Ginga e os sobas do "tráfico negreiro" que vendiam os escravos das batalhas em troco de riquezas e favores que os europeus traziam nas naus e entre as pernas. Os índios, japoneses e os chineses, por exemplo, nunca se vergaram aos presunçosos europeus e seus sinistros jesuítas...

    Citando um ex-comunista ferrenho, Caetano Veloso, "o português é um racista amador". Amador porque teve sexo com os autóctones, criou o mulato e misturou-se perdendo parte da sua entidade.

    Angola e Moçambique poderiam perfeitamente ter sido um Brasil não fossem as circunstâncias da época e as pressões dos países poderosos que ainda hoje têm colónias aqui e ali ao contrário de Portugal que abdicou de tudo do pé para a mão.

    Comentário


      #92
      Originalmente Colocado por Zen Ver Post
      Frase angular que importa desmistificar.

      1. A aferição dessa maioria é por demais dúbia, para já não falar dos múltiplos condicionamentos (laborais, educativos, grupais, etc...) que induziam os negros sob domínio branco a expressar essa tendência. Uma das tarefas subterrâneas e inconfessáevis dos impérios é mesmo essa: a imposição da superioridade de uma cultura externa sobre a cultura indígena, com inferiorização e enfranquecimento da cultura indígena: «por o preto a pensar como um branco», desenraizando-o, desnaturalizando-o, reformatando-o ao gosto e utilidade do império. Os impérios não são humanistas, não promulgam a igualdade de valor entre culturas: tentam anular as culturas divergentes da sua e sobre as quais tem domínio.

      Todos somos doctrinados, tantos os brancos como os negros de Angola foram levados a aceitar a realidade portuguesa. Se é para bem geral da nação qual é o problema? Por acaso estão melhores agora? Foi para isso que se IMPOS a indepencia a Angola? para chegarem aquele estado de indigencia?

      2. Os negros mais esclarecidos percebiam bem que nem Angola, sua terra-mãe era deles, nem eles decidiam nada de significativo sobre a sua terra-mãe: eles eram os indígenas reformatados para o trabalho moderno pelo império. Quantos negros da mata é que queriam ser portugueses?!... O que significava para eles Portugal antes de serem submetidos a máquina formatadora portuguesa?!... Para esse angolanos naturais, cultivados no modo de vida tribal que milenarmente conheciam sem imposição alheia, ortugal eram os brancos que por lá chegaram para arrebanhar e coemrcializar escravos, e se mantiveram séculos em Angola caçando estes indígenas para os escravizar (coisas que eles faziam já entre eles, mas de modo natural, e numa cultura de guerra primitiva) e explorar in situ.

      Vejo que só falas dos negros... e então os brancos que lá nasceram? Não faziam parte desse povo também? A minha mãe nasceu em Angola e não queria a independencia.

      3. Um povo subtraído da sua consciência de nação tribal (o que acontecia aos negros culturalmente «branqueados») dificilemente pode ter aspirações independentistas ou libertárias: tem o jugo demasiado apertado.

      Sobre a 2ª frase respondo com uma pergunta: e a colonização foi uma escolha do povo angolano ou foi-lhes imposta?!...

      Foi imposta a varios seculos atras e por incrivel que pareça levou o progresso e um pouco mais de civilização a essas paragens.

      .......................................

      Comentário


        #93
        Originalmente Colocado por Jorge Correia Ver Post
        A maioria da população angolana estava-se marimbando se a terra deles era Portugal ou Angola, muitos deles recordam com nostalgia os tempos ditos coloniais em que havia paz, comida e se tinham erradicado a maior parte das doenças. Angola alias é uma criação de brancos, feita a régua e esquadro, respeitando, sobretudo, os vizinhos britânicos.

        Angola não existia e não existe. O que existiam eram tribos com uma noção relativa de fronteiras. Fronteiras que se expandiam e contraiam ao sabor do sangue derramado pelos guerreiros negros e seus sobas. Os Unbundos, Lundos Quiocos e outros odeiam-se ainda hoje e foram de algum modo os constituintes do MPLA, FNLA e UNITA. Uma selecção natural. Não é da mesma "raça" morre...

        Culpemos por isso também a rainha Ginga e os sobas do "tráfico negreiro" que vendiam os escravos das batalhas em troco de riquezas e favores que os europeus traziam nas naus e entre as pernas. Os índios, japoneses e os chineses, por exemplo, nunca se vergaram aos presunçosos europeus e seus sinistros jesuítas...

        Citando um ex-comunista ferrenho, Caetano Veloso, "o português é um racista amador". Amador porque teve sexo com os autóctones, criou o mulato e misturou-se perdendo parte da sua entidade.

        Angola e Moçambique poderiam perfeitamente ter sido um Brasil não fossem as circunstâncias da época e as pressões dos países poderosos que ainda hoje têm colónias aqui e ali ao contrário de Portugal que abdicou de tudo do pé para a mão.
        Excelente raciocínio!

        Comentário


          #94
          Mas estará tudo doido?
          Ainda há gente, que à distância de 30 anos, acredita que era possível manter o "status quo" nas ex-colónias???!!!
          Manter as colónias era impossível, acho que aqui todos concordam.
          Manter um estatuto de autonomia também. Passamos uma década a matar pretos, por isso não é muito razoável esperar que eles nos aceitassem por lá.
          Então o que pretendem(diam)?

          O erro foi cometido 20 anos antes.
          Quando todas potências colonizadoras foram inteligentes e criaram "Commonwealths" e quejandos nós tinhamos a "inteligente" política do "orgulhosamente sós"!!!
          E porquê?
          Por causa dos pretinhos e da manutenção da sua qualidade de vida?
          Bah!
          Por causa dos fortíssimos monopólios que dependiam da exploração das colónias e que mantinham no poder o nosso amigo António das botas, isso sim!!!
          E por causa disso milhares de soldados portugueses (e pretos) perderam a vida.
          Por causa de interesses económicos!!!!
          E ainda vêm criticar quem fez a descolonização????
          Num tempo de revolução, logo a seguir a uma criminosa e sangrenta guerra colonial queriam o quê??? Que tudo corresse bem? Que os nossos interesses fossem protegidos? Que os colonos (representantes do poder colonial opressor) fossem salvaguardados? E com que meios? Com que legitimidade?

          Comentário


            #95
            Originalmente Colocado por Leonardo Sinisgalli Ver Post
            Mas estará tudo doido?
            Ainda há gente, que à distância de 30 anos, acredita que era possível manter o "status quo" nas ex-colónias???!!!
            Manter as colónias era impossível, acho que aqui todos concordam.
            Manter um estatuto de autonomia também. Passamos uma década a matar pretos, por isso não é muito razoável esperar que eles nos aceitassem por lá.
            Então o que pretendem(diam)?

            O erro foi cometido 20 anos antes.
            Quando todas potências colonizadoras foram inteligentes e criaram "Commonwealths" e quejandos nós tinhamos a "inteligente" política do "orgulhosamente sós"!!!
            E porquê?
            Por causa dos pretinhos e da manutenção da sua qualidade de vida?
            Bah!
            Por causa dos fortíssimos monopólios que dependiam da exploração das colónias e que mantinham no poder o nosso amigo António das botas, isso sim!!!
            E por causa disso milhares de soldados portugueses (e pretos) perderam a vida.
            Por causa de interesses económicos!!!!
            E ainda vêm criticar quem fez a descolonização????
            Num tempo de revolução, logo a seguir a uma criminosa e sangrenta guerra colonial queriam o quê??? Que tudo corresse bem? Que os nossos interesses fossem protegidos? Que os colonos (representantes do poder colonial opressor) fossem salvaguardados? E com que meios? Com que legitimidade?
            Exactamente.

            Como disse atrás, Portugal optou pela usual e facilitista estratégia da avestruz, símbolo da sua mediocridade e decrepitude política.

            Comentário


              #96
              Originalmente Colocado por Mendes77 Ver Post
              .......................................
              Originalmente Colocado por Zen
              Frase angular que importa desmistificar.

              1. A aferição dessa maioria é por demais dúbia, para já não falar dos múltiplos condicionamentos (laborais, educativos, grupais, etc...) que induziam os negros sob domínio branco a expressar essa tendência. Uma das tarefas subterrâneas e inconfessáevis dos impérios é mesmo essa: a imposição da superioridade de uma cultura externa sobre a cultura indígena, com inferiorização e enfranquecimento da cultura indígena: «por o preto a pensar como um branco», desenraizando-o, desnaturalizando-o, reformatando-o ao gosto e utilidade do império. Os impérios não são humanistas, não promulgam a igualdade de valor entre culturas: tentam anular as culturas divergentes da sua e sobre as quais tem domínio.

              Todos somos doctrinados, tantos os brancos como os negros de Angola foram levados a aceitar a realidade portuguesa. Se é para bem geral da nação qual é o problema? Por acaso estão melhores agora? Foi para isso que se IMPOS a indepencia a Angola? para chegarem aquele estado de indigencia?


              Os povos tem o direito inalienável de escolher o seu destino, e não aquele que nós queremos que eles escolham.


              2. Os negros mais esclarecidos percebiam bem que nem Angola, sua terra-mãe era deles, nem eles decidiam nada de significativo sobre a sua terra-mãe: eles eram os indígenas reformatados para o trabalho moderno pelo império. Quantos negros da mata é que queriam ser portugueses?!... O que significava para eles Portugal antes de serem submetidos a máquina formatadora portuguesa?!... Para esse angolanos naturais, cultivados no modo de vida tribal que milenarmente conheciam sem imposição alheia, ortugal eram os brancos que por lá chegaram para arrebanhar e coemrcializar escravos, e se mantiveram séculos em Angola caçando estes indígenas para os escravizar (coisas que eles faziam já entre eles, mas de modo natural, e numa cultura de guerra primitiva) e explorar in situ.

              Vejo que só falas dos negros... e então os brancos que lá nasceram? Não faziam parte desse povo também? A minha mãe nasceu em Angola e não queria a independencia.


              Houve brancos que tiveram a coragem de ficar, e sobretudo, de perceber que aquilo não era Portugal porque naturalmente nunca o foi.


              3. Um povo subtraído da sua consciência de nação tribal (o que acontecia aos negros culturalmente «branqueados») dificilemente pode ter aspirações independentistas ou libertárias: tem o jugo demasiado apertado.

              Sobre a 2ª frase respondo com uma pergunta: e a colonização foi uma escolha do povo angolano ou foi-lhes imposta?!...

              Foi imposta a varios seculos atras e por incrivel que pareça levou o progresso e um pouco mais de civilização a essas paragens.


              Nós não temos o direito de impôr a outrem o nosso modelo civilizacional. Podemos propô-lo, jamais impô-lo. E nas colónias pouco foi o que não foi imposto.
              ......

              Comentário


                #97
                Originalmente Colocado por Leonardo Sinisgalli
                Mas estará tudo doido?
                Ainda há gente, que à distância de 30 anos, acredita que era possível manter o "status quo" nas ex-colónias???!!!
                Manter as colónias era impossível, acho que aqui todos concordam.
                Manter um estatuto de autonomia também. Passamos uma década a matar pretos, por isso não é muito razoável esperar que eles nos aceitassem por lá.
                Então o que pretendem(diam)?

                O erro foi cometido 20 anos antes.
                Quando todas potências colonizadoras foram inteligentes e criaram "Commonwealths" e quejandos nós tinhamos a "inteligente" política do "orgulhosamente sós"!!!
                E porquê?
                Por causa dos pretinhos e da manutenção da sua qualidade de vida?
                Bah!
                Por causa dos fortíssimos monopólios que dependiam da exploração das colónias e que mantinham no poder o nosso amigo António das botas, isso sim!!!
                E por causa disso milhares de soldados portugueses (e pretos) perderam a vida.
                Por causa de interesses económicos!!!!
                E ainda vêm criticar quem fez a descolonização????
                Num tempo de revolução, logo a seguir a uma criminosa e sangrenta guerra colonial queriam o quê??? Que tudo corresse bem? Que os nossos interesses fossem protegidos? Que os colonos (representantes do poder colonial opressor) fossem salvaguardados? E com que meios? Com que legitimidade?

                Com a mesma legitimidade que a URSS e Cuba usaram para vender armas e soldados em troco do ouro, petróleo e pedras preciosas, com a mesma legitimidade que os EUA, o Reino e a Franca sugaram o petróleo e lhes forneceram armamento e mercenários, com a mesma legitimidade que a África do Sul através da De Beers sugou-lhes os diamantes...

                Será que se esquecem dos pretos que combateram nas fileiras do exército português e que foram abandonados pela comunagem devidamente formata, pró-soviética, Marxista-Leninista que se instalou nos tempos do PREC?

                Não se trata de manter "status quo", tratasse apenas da possibilidade daquelas províncias ultramarinas - como dizia Soares - serem independentes e manterem a qualidade de vida que existia antes da debandada que Rosa Coutinho tanto desejou para que os negócios de armas proliferassem nesses territórios!

                E já que falamos em status quo falemos desse status quo em nome de sobas ditos presidentes que ostentam riquezas e um poder corruptissimo! Isso não tem comparação com qualquer outro status dos tempos do império...

                Nem um hastear da bandeira condigno houve e se em África foi o que foi em Timor os laços "fraternos" de Soares com Kissinger e a escumalha americana foram a cereja em cima do bolo.

                Angola e Moçambique foram mais exploradas depois da independência do que durante os 500 anos de colónias. Bah!

                Comentário


                  #98
                  Originalmente Colocado por Jorge Correia Ver Post
                  Com a mesma legitimidade que a URSS e Cuba usaram para vender armas e soldados em troco do ouro, petróleo e pedras preciosas, com a mesma legitimidade que os EUA, o Reino e a Franca sugaram o petróleo e lhes forneceram armamento e mercenários, com a mesma legitimidade que a África do Sul através da De Beers sugou-lhes os diamantes...

                  Será que se esquecem dos pretos que combateram nas fileiras do exército português e que foram abandonados pela comunagem devidamente formata, pró-soviética, Marxista-Leninista que se instalou nos tempos do PREC?

                  Não se trata de manter "status quo", tratasse apenas da possibilidade daquelas províncias ultramarinas - como dizia Soares - serem independentes e manterem a qualidade de vida que existia antes da debandada que Rosa Coutinho tanto desejou para que os negócios de armas proliferassem nesses territórios!

                  E já que falamos em status quo falemos desse status quo em nome de sobas ditos presidentes que ostentam riquezas e um poder corruptissimo! Isso não tem comparação com qualquer outro status dos tempos do império...

                  Nem um hastear da bandeira condigno houve e se em África foi o que foi em Timor os laços "fraternos" de Soares com Kissinger e a escumalha americana foram a cereja em cima do bolo.

                  Angola e Moçambique foram mais exploradas depois da independência do que durante os 500 anos de colónias. Bah!
                  Como a legitimidade é, essencialmente, uma questão moral, pode sempre ser "dobrada", isso é verdade.
                  Esqueceste-te foi dos "meios" como acima referi. Esses... Népia!

                  Comentário


                    #99
                    "Angola e Moçambique foram mais exploradas depois da independência do que durante os 500 anos de colónias. Bah!"

                    Vai daí, explorados por explorados, era preferível sermos nós os exploradores, é isso..?
                    Ai a inveja é uma coisa tão feia...

                    Comentário


                      Originalmente Colocado por Jorge Correia Ver Post
                      Com a mesma legitimidade que a URSS e Cuba usaram para vender armas e soldados em troco do ouro, petróleo e pedras preciosas, com a mesma legitimidade que os EUA, o Reino e a Franca sugaram o petróleo e lhes forneceram armamento e mercenários, com a mesma legitimidade que a África do Sul através da De Beers sugou-lhes os diamantes...

                      Será que se esquecem dos pretos que combateram nas fileiras do exército português e que foram abandonados pela comunagem devidamente formata, pró-soviética, Marxista-Leninista que se instalou nos tempos do PREC?

                      Não se trata de manter "status quo", tratasse apenas da possibilidade daquelas províncias ultramarinas - como dizia Soares - serem independentes e manterem a qualidade de vida que existia antes da debandada que Rosa Coutinho tanto desejou para que os negócios de armas proliferassem nesses territórios!

                      E já que falamos em status quo falemos desse status quo em nome de sobas ditos presidentes que ostentam riquezas e um poder corruptissimo! Isso não tem comparação com qualquer outro status dos tempos do império...

                      Nem um hastear da bandeira condigno houve e se em África foi o que foi em Timor os laços "fraternos" de Soares com Kissinger e a escumalha americana foram a cereja em cima do bolo.

                      Angola e Moçambique foram mais exploradas depois da independência do que durante os 500 anos de colónias. Bah!

                      É de se tirar o chapeu.

                      Jorge temos que perceber que o pessoal passou muito tempo no escuro e agora que vem a luz estão ofuscado com tanta verdade, é preciso dar-lhes tempo para que a abram completamente os olhos e assimilem algumas verdades.

                      Comentário


                        Porque não vão perguntar aos angolanos se querem voltar a integrar Portugal, sobretudo nos antigos moldes e dos quais observo por aqui tão benignos defensores?!...

                        Afinal Maria José Nogueira Pinto não se encontra solitária no seu patético e doentio «Angola é nossa!»...

                        Comentário


                          Russia e Cuba - "Presa" é Angola

                          Ficam aqui excertos de Livros, que certamente interessará ler, para elaborar um visão mais ampla, do que foi o palco Angola, para as potências estrangeiras.

                          "Proa A La Liberdad" - General Del Pino - Força Aerea Cubana- Edições Universal

                          O relato do Livro é feito na 1ª pessoa


                          Com este acontecimento transcendental - 25 de Abril em POrtugal - apresentava-se não somente a possibilidade de influir uma viragem à esquerda no país lusitano senão muito mais que proveitoso ainda, facilitava-se a sempre esperada oportunidade de poder intervir directamente nas antigas colónias portuguesas sem correr risco algum. De todas, a fruta mais madura era Angola e o almirante vermelho Rosa Coutinho se encarregou de oferecê-la em bandeja de prata.

                          ...

                          O Acordo de Alvor previa forças armadas angolanas compostas por 8.000 efectivos de cada um dos três movimentos. Por sua vez permaneceriam no país 24.000 soldados portugueses para garantir a paz os quais começariam a ser evacuados paulatinamente deste o primeiro dia de Outubro até onze semanas depois de proclamada a independência no dia 11 de Novembro.

                          Depois de inaugurado o governo provisório de transição em Luanda no dia 31 de Janeiro de 1975, deu-se início a uma desenfreada corrida ao armamento entre o MPLA apoiado pelos soviéticos e a FNLA apoiado pelo chineses, romenos e norte coreanos. Centenas de toneladas de armas procedentes de esses países começaram a chegar a Angola por diferentes vias para armar estes movimentos que não tardaram a enfrentar-se numa luta sem quartel.

                          O Alto Comissário português almirante Rosa Coutinho, conhecido como o "Almirante Vermelho" pelas suas ideias comunistas, foi factor decisivo para que o MPLA se impusesse nesta luta pelo poder ao permitir todo o tipo de liberdade de acção à desmesurada entrada de armamento soviético e aos primeiros contingentes oficiais cubanos que, como é lógico, acudiam em ajuda ao movimento apoiado pela URSS.

                          ...

                          Em 4 de Julho de 1975, duzentos e cinquenta recrutas da UNITA foram massacrados em Luanda pelo MPLA na cidade de Luanda. Perante estes factos, a direcção da UNITA decidiu retirar da capital e concentrar-se nas cidades do planalto central de Angola. Desta maneira só ficava em Luanda o MPLA esperando a partida dos portugueses.

                          Desde o início de 1975, em diversas conversações secretas tidas em La Habana entre o governo cubano, oficiais esquerdistas portugueses e dirigentes do MPLA se acordou enviar grupos de oficiais cubanos para que servissem como assessores em diversas escolas e centros de treino militar que foram organizados em vários lugares dos país. Além disso estes oficiais cubanos deviam preparar as condições necessárias que garantiram uma escalada ulterior com o envio de grandes contingentes de tropas regulares.

                          ...

                          Os soviéticos não eram bem vistos em África, mas possuíam mas tinham uma insubstituível carta de trunfo: O Cavalo de Tróia das tropas cubanas.

                          Por sua vez, Cuba soube aproveitar muito bem as raízes africanas do seu povo enviando nos primeiros grupos de oficiais a maior quantidade de descendentes daquele continente que de imediato ganhou a aceitação por parte dos nativos.

                          ...

                          A descomunal maquinaria bélica comunista tinha começado a andar e nada era capaz de detê-la. As tropas portuguesas comandadas pelo "Almirante Vermelho" permitiam livremente todo o tipo de movimento às forças do MPLA e aos assessores cubanos assim como a recepção e desembarque dos carregamentos de armas que ininterruptamente chegavam à capital angolana.

                          Na reunião para que fui convocado em 15 de Fevereiro de 1975, eu tinha proposto o envio inicial de dois especialistas qualificados da força aérea que exploraram o terreno e depois nos informaram das condições existentes para poder enviar o resto do grupo. Desta forma a finais de Março de 1975 chegaram a Luanda o coronel Jaime Archer Silva, piloto de combate e ex-chefe da base aérea de Santa Clara na província cubana de Las Villas e o tenente coronel Ángel Botello de Ávila, especialista em logística de aviação, graduado na URSS e quem até ao momento da sua designação tinha estado como chefe dos serviços de retaguarda, também na base aérea de Santa Clara.

                          A missão fundamental destes altos oficiais consistia em determinar todas as necessidades existentes para poder operar no aeroporto de Luanda independentemente dos especialistas portugueses e angolanos que ali se encontravam, assim como a base aérea de Henrique de Carvalho (Saurimo) situada no extremos norte do país.

                          ...

                          Os portugueses permaneciam em Luanda mas tinham entregue ao MPLA a base aérea de Henrique de Carvalho (Saurimo). Esta apresentava o inconveniente de se encontrar muito longe da capital, a quase 1.200 quilómetros no profundo território angolano pelo que se dificultava o envio de meios logísticos para as operações dos voos que ali deviam de aterrar, fundamentalmente o combustível.

                          ...

                          Este grupo especial da Força Aérea manteve operacionais as instalações da base aérea de Henrique de Carvalho (Saurimo) até que o general Diaz Arguelles decidiu que partissem para Luanda tendo permitido as autoridades portuguesas todo o tipo de operação no próprio aeroporto da capital e tornando-se desnecessário realizá-las ocultamente em Saurimo.

                          Os portugueses entregaram vários aviões de transporte DC-3 a este primeiro grupo de cubanos da Força Aérea para que começassem a realizar voos de abastecimento logístico para diferentes zonas do país onde se encontravam oficiais cubanos, formando aceleradamente o novo exército do MPLA. Também se conseguiu autorização das autoridades portuguesas para por à disposição dos cubanos dois aviões de transporte turbo-hélice modelo F-27 e dois DC-3, todos pertencentes à companhia angolana TAA (Transportes Aéreos de Angola). Do Congo Brazzavile já se tinham trazido dois aviões de transporte militar Nord Atlas cedidos pelo presidente dessa nação Marian Nguabi e outro de Moçambique entregue por Samora Machel.

                          ...

                          No dia 5 de Novembro tinham partido de La Habana vários aviões Bristol Britânnia de Cubana Aviação transportando várias unidades das nossas tropas de elite das tropas especiais de assalto com o fim de reforçar a direcção norte e poder fixar o inimigo nessa frente. Simultaneamente, no próprio dia 6 ordena-se aos oficiais cubanos da Força Aérea tomar o aeroporto civil de Luanda para garantir a chegada e o desembarque das nossas tropas de elite. Ao anoitecer desse mesmo dia, o coronel Jaime Arvher conjuntamente com os oficiais da Força Aérea mais uma companhia das FAPLAS composta por 95 homens, penetram com vários transportadores blindados BTR-60 no aeroporto civil e o tomam.

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                          Às 21.00 hora local aterrou o primeiro Britannia tripulado pelo capitão Wilfredo Pérez e dirigiu-se ao lugar que lhe indicou a torre de controle. Esta última tinha sido também tomada pelo piloto Francisco Cuza para garantir a aterragem e a posterior direcção da aeronave em terra. Minutos mais tarde aterraram o resto dos aviões.

                          As tropas recém chegadas dirigiram-se ao aquartelamento do Grafanil na periferia da cidade o qual já tinha sido entregue pelos portugueses aos cubanos, vestiram os seus uniformes de campanha e partiram directamente para a frente.

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                          Na noite do dia 9 de Novembro duas companhias das tropas de elite chegadas a Luanda na noite de 5 são transportadas via aérea da capital até à pequena pista de Porto Amboim iluminada apenas com os faróis dos jeeps que se situaram em uma das suas cabeceiras. Com este esforço se conseguiu conter o inimigo momentaneamente e depois explodiram a ponte sobre o rio Queve para deixá-lo retido nessa direcção sem que pudessem passar para Novo Redondo.

                          Aquilo se converteu numa verdadeira batalha contra-relógio. Por um lado a UNITA e a FNLA intentando a todo o custo penetrar na capital no dia 11 de Novembro, data fixada para a proclamação da independência e por outro as nossas unidades tratando de contê-los para procurar estabilizar as frentes na espera da chegada do grosso das nossas tropas para passar a acções ofensivas.

                          A situação tinha-se tornado muito mais crítica pelas deserções em massa das tropas do MPLA que cheias de pânico abandonavam os cubanos em todas as frentes.

                          A partir de 28 de Outubro, a contenda converteu-se para todos os efeitos numa guerra entre cubanos e as forças da UNITA e da FNLA.

                          Aproximadamente às nove da manhã desse mesmo dia, o mecânico de aviação Vicente Hermán dirigia-se à frente norte para levar uma mensagem quando se apercebe que pela estrada que conduz a Luanda marchavam vários carros blindados BRDM tripulados por soldados angolanos do MPLA que aterrados se retiravam em direcção à capital. Hermán pára o seu jeep num lado da estrada, saindo do mesmo e de pé no meio da estrada começa a fazer-lhes sinais com os braços para que se detivessem. Expondo-se a ser atropelado pelo veiculo que encabeçava o grupo, consegue detê-los a menos de dois metros do seu corpo. Salta para cima do primeiro carro e apontando a sua AKM, obriga o condutor a retornar para a frente.

                          Parecia que tudo se desmoronava. As colunas da UNITA marchavam sobre a cidade do Luso (Luena) a leste do país e as tropas do MPLA fugiam espavoridas sem enfrentar o combate deixando abandonados armas e equipamentos militares de todo o tipo. Vários dos chefes desta unidades chegaram à cidade de Henrique de Carvalho totalmente bêbados e desmoralizados.

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                          O resto dos aviões, depois de múltiplas peripécias, conseguem aterrar em Cabinda. Essa noite foram transportados 165 homens. No dia seguinte conseguem transportar os 450 homens restantes. Esta força consegue deter o avanço impetuoso da UNITA em direcção a Teixeira de Sousa e desta maneira frustrar o seu objectivo de apoderar-se da estratégica via férrea.

                          Como as tropas cubanas tinham ficado combatendo praticamente sós contra a UNITA, para garantir que de nenhuma maneira pudesse estabelecer-se o domínio desta sobre esta importante via de comunicações, o comando cubano deu a ordem de fazer uma ponte aérea fronteiriça entre Angola e Zaire.

                          Na manhã do dia 10 de Novembro, na Frente Norte muito próximo da capital, as tropas do FNLA começam a mover-se pelo amplo e raso Vale de Quifangondo apoiadas por veículos blindados e tropas do Zaire decididos a quebrar as defesas cubanas e penetrar na capital antes da proclamação da independência.

                          As tropas de elite cubanas que tinha ido a reforçar essa frente com baterias de artilharia reactiva BM-21 (Órgãos de Estaline ?) colocadas de maneira oculta desde a noite anterior, esperaram pacientemente que as tropas da FNLA estivessem todas nomeio do vale. Os soldados marchavam tão confiantes que avançavam cantando canções e bailando.

                          Exactamente às 09.35 hora local começou a cair sobre eles uma chuva de fogo e chumbo que fez em pedaços as suas colunas em escassos minutos. No campo de batalha só ficou sucata fumegante e montes de cadáveres. O resto das forças inimigas, tomadas de pânico, fugiram espavoridas por todo o vale, abandonando veículos, feridos e armas.

                          As tropas cubanas tinham conseguido para a tarde do dia de 10 de Novembro estabilizar todas as frentes de combate. A partir daquele momento, acompanhados pelas escassas e contadas forças do MPLA que não tinham desertado, começava a grande batalha dos cubanos contra a UNITA e a FNLA.

                          A primeira missão tinha sido cumprida e com ela o primeiro e mais importante objectivo se tinha conseguido. Em 11 de Novembro, Agostinho Neto unilateralmente proclamava ao mundo a independência de Angola. A primeira fase da "Operação Carlota" tinha alcançado resultados positivos.

                          Comentário


                            Russia e Cuba - "Presa" é Angola

                            Fica a Operação Carlota, como foi designada a entrada em Angola pelos Cubanos.

                            Juan F Benemelis

                            Datos Biobibliográficos

                            Nació en Cuba en 1942; es diplomado en derecho internacional y en historia. Fue diplomático y asesor gubernamental en diversos países africanos.


                            Excerto do Livro- Las Guerras Secretas de Fidel Castro
                            http://www.gadcuba.org/Guerras%20Secretas/

                            Quando aconteceu a Revolução dos Cravos em Portugal existiam três movimentos anti coloniais em Angola; eram, UNITA, o mais débil na estrutura militar e de pouca influência no exterior. Na década de sessenta, Jonas Savimbi era um dos líderes angolanos da mais relevo na luta contra o colonialismo português; apoiado pelo argelino Ben Bella e com estreitos vínculos com Co-Liang um dos principais agentes chineses em África.

                            A Frente Nacional da Libertação de Angola (FNLA) encabeçada por Holden Roberto, era decano dos movimentos anti-colonialistas das possessões portuguesas em África, com uma força combativa melhor treinada. O seu apoio fundamental provinha do congolês Mobutu, do guineense Touré e também da China. No entanto, devido à sua posição anticomunista, tinha-se generalizado no continente o critério de que Holden Roberto, então no apogeu da sua popularidade, recebia apoio secreto dos Estados Unidos.

                            O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), de franca tendência pró soviética, era apoiado pelo PC português, e também pela URSS e Cuba e no plano africano pelo Congo Brazzaville que tinha nessa época um governo de esquerda. O MPLA nasce como um ramal de agitadores e ideológicos dos comunistas, o qual conseguiu para esta organização angolana a ajuda económica da URSS. Os seus primeiros combatentes foram treinados na Argélia, entre 1963 e 1964 por instrutores cubanos. Durante o seu exílio na Zâmbia, Agostinho Neto, principal dirigente do MPLA, tinha relações com o residente da KGB em Lusaka com o qual coordenava a ajuda em armamentos que a sua organização recebia através do Congo Brazzaville.

                            Em Setembro de 1973 faz-se uma aliança entre o Partido Comunista Português e os militares de esquerda que faziam parte do "Movimento das Forças Armadas" para fazer um golpe de estado que instaure uma administração marxista em Lisboa e na suas colónias do ultramar. Em Fevereiro de 1974, Álvaro Cunhal, secretário do PC português, efectua visitas secretas a Praga, Moscovo e a Havana com o fim de debater o futuro do império lusitano depois da derrocada do ditador Marcelo Caetano.

                            Grande parte da nomenclatura comunista portuguesa, incluindo Cunhal, achava-se em Cuba no momento em que se deu o golpe de estado em Lisboa. Por sua vez, os serviços secretos ocidentais não prestaram atenção à informação dada por Mário Soares sobre o golpe iminente. Como foi exposto pelo analista espanhol Alberto Míguez: "é claro hoje que os soviéticos estavam esperando por tal eventualidade por intermédio de Álvaro Cunhal e o partido comunista português (o aliado mas perto de Moscovo na Europa)".

                            A junta militar constituída depois do golpe foi encabeçada pelo general António Sebastião Ribeiro de Spínola com Vasco Gonçalves como primeiro ministro. O PC português, exerce uma enorme pressão sobre o general Saraiva de Carvalho, o vice-almirante Rosa Coutinho (o almirante vermelho) e o próprio ministro Gonçalves para levar a cabo negociações nas colónias só com os grupos políticos de orientação marxista. A esta posição se tinha juntado o flanco esquerdo do Partido Socialista à volta de Tito Morais.

                            A maior parte do partido socialista de Soares, mediante dois dos seus procuradores, o chanceler Melo Antunes e de Almeida Santos, propõem algo diferente: uma federação de estados de língua portuguesa com a sua capital em Lisboa, uma espécie de comunidade lusitana. No caso específico de Angola, os socialistas intentam a neutralidade perante os três movimentos anti-colonialistas que representam UNITA o MPLA e a FNLA.

                            Castro tinha investido um enorme capital político na Guiné Portuguesa precisamente para o momento da independência. Militares armados cubanos que tinham ajudado o PAIGC na sua luta guerreira na Guiné Portuguesa. Com vista a precipitar os acontecimentos dessa independência, cubanos e soviéticos pressionam os comunistas portugueses, sobre tudo Cunhal, para conseguir a descolonização imediata.

                            Logo que os comunistas de Lisboa conseguem nomear para o cargo de administrador colonial na Guiné Portuguesa o "general vermelho" Carlos Fabião, cuja missão confidencial será transferir o poder para o PAIGC. Por sua vez, para favorecer o MPLA em Angola diligenciam a designação para a investidura de governador colonial a Franco Pinheiro, um extremista de esquerda.

                            As divergências que se desencadeiam em Portugal cobre como efectuar a descolonização dos seus territórios africanos fazem muito vulnerável ao conluio do então general Spínola que se vê preso nas garras do partido comunista que controla os sindicatos e do partido socialista que ameaça abandonar o governo. Os comunistas recuperam novamente influência ao forçar em Junho a substituição de Spínola pelo general Costa Gomes, também ele um homem de esquerda, deixando Gonçalves como primeiro ministro. Os comunistas portugueses, assim como os soviéticos e os cubanos, consideravam que a assumpção da hegemonia política pelos movimentos marxistas na colónias facilitaria a tomada definitiva do poder em Lisboa.

                            Imediatamente, o PAIGC confirma o seu controle na Guiné Portuguesa proclamando unilateralmente a independência. Perante o assombro das delegações estrangeiras que assistem às cerimónias, viu-se marchar pelas ruas da Praia (capital do novo estado) soldados do PAIGC junto com unidades cubanas que recentemente tinha chegado no navio XX Aniversário. Os militares cubanos iam ocupando os aquartelamentos militares que os portugueses abandonavam.

                            Em Moçambique é nomeado governador Soares de Melo simpatizante da marxista Frente de Libertação de Moçambique, (FRELIMO). Os comunistas portugueses propiciam uma cadeia de negociações secretas na Tanzânia com Samora Machel, chefe da FRELIMO, que culminam com o acordo de Lusaka em 5 de Setembro de 1974. No mesmo se reconhece a transferência do poder para a FRELIMO e marginalizam, por consequência, as restantes organizações Moçambicanas.

                            Em Janeiro de 1975, chega a Moçambique uma comissão da Transcontinental composta por funcionários da secreta cubana dirigida pelo cipriota Vassos Lyssarides, personagem estreitamente ligado ao então homem forte de Castro para a África Osmani Cienfuegos. A visita coincide com a do representante do Comité de Solidariedade Afro-asiática e membro da secreta alemã, Joaquim Kindzel.

                            O almirante Coutinho, cunhado (?) de Neto e simpatizante do MPLA, é nomeado governador. Então os comunistas portugueses conseguem manipular a descolonização de Angola. O MPLA pela sua parte ver-se-á enredado numa intensa e grande luta entre os pró soviéticos, os pró chineses e um "terceiro estado" de militantes moderados. O conflito dá-se sobre tudo entre Neto, Mário de Andrade, Daniel Chipenda, Lúcio Lara e Viriato da Cruz. Pese às insistências a favor de um entendimento entre as fracções pela parte de Cuba e da URSS, em Junho considera-se que Neto é letra morta dentro do MPLA.

                            De imediato, Cuba e URSS decidem apoiar a candidatura de Chipenda, o qual tinha herdado a maioria dos guerrilheiros armados do MPLA. Cuba determina nomear em Portugal Francisco Astray, um agente experiente, para facilitar a comunicação com o PC português e os chamados "militares vermelhos" Fabião, Valera Gomes, Coutinho, Saraiva de Carvalho. Estes serão a chave e o intento de transformar o processo português para um modelo tipo soviético. Se não fosse pelos altos oficiais das forças armadas portuguesas de tendência marxista, Cuba teria levado vários anos para reunir a informação necessária sobre as defesas, comunicações, logística e topografia de Angola, que utilizariam posteriormente nas suas operações bélicas.

                            Assim, em Abril de 1974 uma representação de importantes estrategas portugueses encabeçada por Valera Gomes inicia suas sessões de intercâmbio em Havana com Fidel e Raul Castro e com os generais Senén Casas (chefe do Estado Maior, Fernando Vecino Alegret e Ochoa). Meses depois, em Julho de 1974, os generais Senén e Júlio Casas Regueiro (chefe de logística) e Emidgio Báez (chefe da marinha) visitam secretamente Portugal. Os três generais são elementos necessários para qualquer manobra militar. Na reunião discute-se a situação angolana com Valera Gomes, Fabião e Coutinho, que à época ocupava o comando em Angola.

                            Uma semana depois do dito conclave, o general Saraiva de Carvalho, responsável do comando de operações do exército português, chega a Havana acompanhado do agente dos serviços secretos cubanos Astray. Saraiva de Carvalho conferencia com Fidel e com Raul Castro e com os generais Senén Casas, Ochoa e Francisco Cabrera.

                            Coutinho cede ao MPLA os 6.000 catangueses mercenários do exército colonial português para serem novamente treinados por militares cubanos na base angolana de Massangano. Ironicamente, estas unidades catanguesas tinham lutado contra os próprios cubanos no Congo debaixo das ordens de Hoare durante a guerrilha de Che Guevara. Esta medida equilibrará o MPLA ante os outros movimentos, ao conceder-lhe o músculo guerreiro de que padecia. Desde finais de 1974 os soviéticos aumentaram a sua ajuda militar ao MPLA. Em 4 de Fevereiro de 1975, Neto apresenta-se no estádio de Luanda à frente de um séquito onde figuram militares soviéticos e cubanos.

                            Em Março, o MPLA apresenta-se para disputar à FNLA e à UNITA o controle de Luanda, porto e depósitos necessários para receber carregamentos massivos de armamento procedentes da URSS e de Cuba. Neto tinha pedido aos soviéticos o envio de pessoal para constituir o nervo principal do MPLA. Os soviéticos, cautelosos das implicações internacionais, não atenderam a proposta, mas coordenaram com Castro o aumento de soldados cubanos. De imediato começa a chegada de um grande conjunto de conselheiros militares das Antilhas.

                            Em Junho de 1975, Flávio Bravo, membro do bureau político de Cuba, dirige-se ao Congo Brazzaville onde se encontra com Neto. Ali acordam os pormenores da participação cubana de forma mais consistente e directa dentro de Angola e particularmente para coadjuvar na "batalha de Luanda" que o MPLA travava contra a FNLA e a UNITA.

                            Entre Maio e Junho Castro vai concentrando unidades em Cabinda e em Julho acelera a infiltração dos seus legionários em Angola, sobre tudo recrutas da academia militar de Ceiba del Agua. Castro pede ao coronel Saraiva de carvalho, de visita a Havana para os festejos do 26 de Julho, que peça a autorização de Lisboa para ceder mais recursos ao MPLA.

                            Castro é informado pelo seu serviço secreto que batalhões comandados do exército de Mobútu eram transportados em aviões C-130 até à povoação angolana de Ambriz onde se tinha instalado o governo provisório de Holden Roberto. De acordo com os meios informativos de Havana, importantes companhias petrolíferas francesas propiciavam um movimento político em Cabinda, a FLEC, para conseguir a secessão deste enclave petrolífero. Segundo versões oficiais cubanas, o serviço de espionagem francês (SDECE) estavam recebendo relatos da secreta dos EUA sobre a situação angolana. Em Agosto de 1975 a SDECE tinha obtido a promessa do próprio subdirector da CIA Vernon Walters para continuar tal cooperação.

                            A DGI cubana mantinha nessa altura uma estreita vigilância dirigida às organizações como a World Wild Gees, Club Phoenix Associated y Ómega Group Limited, nos Estados Unidos, as quais agrupavam os últimos representantes de uma raça de homens chamada a desaparecer: os mercenários. Assim como sobre a Securty Advisory Services (SAS) e a Mercenary Forces Group na Grã Bretanha. Também o fazia com relação a indivíduos como o inglês John Best e o chefe norte americano James E. Leonard que os considerava chaves para um futuro recrutamento de mercenários e recursos contra o MPLA.

                            No dia 1 de Agosto chega a Luanda em missão secreta uma comissão composta pelo Almirante Coutinho, o general Fabião e o capitão Canto e Castro. Dias depois Portugal nomeia Leonel Cardoso como Alto Comissário em Angola, a quem se recomenda facilitar a entrega do poder ao MPLA. Os primeiros barcos com unidades de combate completas (cerca de 2.500 homens) partem de Cuba a meados de Julho debaixo do comando do general Raul Diaz Argueles; três semanas depois atracam nos portos angolanos.

                            Continuo no próximo, limite de 20.000 caracteres.

                            Comentário


                              Continuação do excerto "Las Guerras Secretas de Fidel Castro"


                              A GUERRA

                              Em 15 de Agosto de 1975 aterram em Luanda desde diversos pontos Jorge Risquet, membro do secretariado do partido comunista cubano e encarregado dos assuntos africanos; os generais Diaz Arguelles e o seu ajudante no comando Ramón Espinosa. Espinosa encontrava-se desde início do ano em Angola; ao morrer Diaz Arguelles o substituirá. Ao grupo une-se o director do centro da DGI em Portugal Astray; o diplomático e chefe do centro da DGI na Guiné (****kry) Óscar Oramas, especialista em assuntos africanos, que previamente tinha sido destacado em França e na Argélia, e o embaixador cubano e encarregado do departamento da DGI no Congo Brazzaville José A. Garcia.

                              Esta reunião de Risquet e de Neto (pelo MPLA) com o chefe supremo do dispositivo de guerra cubano Dias Arguelles e com os chefes do departamento da secreta naqueles países que participavam em operações de logística (Açores, Brazzaville e Ponta Negra) terá uma contrapartida na tertúlia que simultaneamente se celebra em Havana entre Coutinho e seus assessores com Fidel e Raul Castro e os generais Senén Casas e Ochoa.

                              A intervenção cubano soviética em Angola no início de 1975 e a sua escalada posterior foi, segundo alguns critérios, produto de uma reacção à presença sul africana. O próprio vice chanceler cubano Ricardo Alarcón declarará à imprensa estrangeira em Dezembro de 1975 que o envio de milícias cubanas para Angola tinha começado na primavera desse ano na base de Massangano. Por outra parte, o general cubano Rafael del Pino declarou em diversas oportunidades que era incerto que as tropas cubanas tivessem ido para Angola para repelir a entrada dos sul africamos, aclarando que foram as tropas cubanas as que primeiro entraram em Angola.

                              Em Agosto de 1975, as baterias cubanas abrem fogo no Bié sobre um avião que transposta Savimbi. Em Setembro o presidente do Congo Brazzaville, Marie Ngouabi, viaja para Havana com representantes do MPLA. Ali acede a passar ao general Dias Arguelles o arsenal bélico do seu exército, sobre tudo os foguetes reactivos que os soviéticos prometem substituir-lhe.

                              O presidente guineense Touré facilita o aeródromo de ****kry como ponte e reabastecimento dos transportes militares cubanos e o iemenitas do sul do sul oferecem o aeroporto de Adén para transladar os mantimentos essenciais oriundos da URSS. Sem dúvidas, a escalada de Cuba e da URSS a favor do MPLA deve-se a que em Setembro o governo de esquerda português de Gonçalves cai pondo em perigo o auxílio que Neto vinha recebendo do comando português em Angola, sobre tudo os desembarques impunes de material de guerra soviético e de tropas cubanas.

                              Logo que as unidades cubanas tocaram solo angolano e estabeleceram campos de treino em diferentes localidades, o teto caiu-lhes em cima. A África do Sul, informada de que os cubanos decidiram enviar mais batalhões, enviam uma potente coluna que cruzará a fronteira em Setembro, no momento em que desembarcam massivamente tropas castristas, internando-se com rapidez em território angolano, sob o pretexto de que perseguiam gente armada da SWAPO.

                              Depois da queda de Gonçalves em Lisboa e a entrada da África do Sul no Cunenne, parece colocar em perigo o plano de colocar o MPLA no poder. Castro projecta um notável deslocamento humano e a União Soviética dá a sua aprovação para o envio de mais logística. No seu avanço, a coluna sul africana vai derrotando os campos de treino dos cubanos e os cubanos, provocando as primeira baixas. Isto colocava Castro numa posição delicada, já que dois meses depois, em Dezembro, no primeiro congresso do PCC, teria que informar que se tinham imolado em Angola grande parte dos seus cadetes militares. Castro achava-se perante a alternativa de deixar os grupos de treino a sua sorte, sujeitos ao extermínio, ou enviar poderosos reforços que parassem os sul africanos. Contra todas as possibilidades Castro optou por subir a parada em Angola.

                              A frota aérea civil de aviões Britannia iniciou o transporte de combatentes no início de Outubro. A 6 de Outubro, unidades da famosa Divisão 50, agrupamento da elite cubana, enfrentam os sul africanos em Norton de Matos. É o choque mais sangrento da guerra. Mesmo assim, revela-se a presença de um grupo táctico naval soviético perto do teatro de operações.

                              Já em princípio de Novembro, começam a penetrar as selectas falanges especiais do Ministério do Interior, cuja finalidade era parar as portas de Luanda a coluna Sul africana e ganhar tempo para que se concluísse a chegada de outros agrupamentos regulares. O desespero de Castro por obter meios de transporte se ilustra na sua decisão de transformar um barco de pesca em transporte militar.

                              A falta de barcos suficientes fez da ponte aérea o instrumento vital da logística. Apesar de estarem alertados em Outubro, do percurso da milícia e armamento cubano via Barbados, os Estados Unidos não levaram a cabo nenhum esforço para interferir até que já bem entrado o mês de Dezembro, quando convenceu as autoridades de Bridgetowm a retirar a permissão de abastecer de combustível as frotas cubanas. De imediato Castro decide empregar como posto de trânsito os Açores, mas as autoridades portuguesas, ao conhecer que os voos eram do tipo militar, decidiram não autorizar.

                              É então que entram em acção os soviéticos, os quais não queriam dar a cara no transporte de logística desde Cuba. Moscovo facultou a Havana o aluguer de vários IL-62 que podiam fazer o trajecto Cuba-África sem paragem. Em 3 e 12 de Novembro há encontros de grande envergadura em Benguela e Novo Redondo entre os sul africanos e os batalhões comandados pelo general Diaz Arguelles. A tenacidade da defesa oferecida por Diaz Arguelles e a efectividade da sua artilharia reactiva de 122mm convence o comando sul africano de que tem à sua frente militares experientes e que o combate com os antilhanos (naturais das Antilhas) não resultará fácil.

                              Na primeira semana de Novembro, Havana adverte o general Diaz Arguelles que várias colunas inimigas provenientes de Cabinda ao norte e do Lobito ao sul, avançavam sobre Luanda. Diaz Arguelles preparava a defesa, deslocando os lança mísseis de 122mm. Em 5 de Novembro Castro opta por enviar por via aérea especialistas em artilharia pesada e as suas famosas tropas especiais debaixo do comando de outro general, Pascual Martinez Gil. Ironicamente, Martinez Gil será processado mais tarde junto com o general Ochoa. Possuímos a versão oficial cubana segundo a transmite Garcia Marquez na sua crónica.

                              "A Operação Carlota iniciou-se com o envio de um batalhão reforçado de tropas especiais, composto por 650 homens. Foram transportados por avião em voos sucessivos durante 13 dias, desde a secção militar do aeroporto José Martí em Havana, até ao aeroporto de Luanda, ainda ocupado por tropas portuguesas. Naquele momento apenas estavam saindo de Cuba três barcos carregados com um regimento de artilharia, um batalhão de tropas motorizadas e o pessoal de artilharia a reacção, que começariam a desembarcar em Angola desde 27 de Dezembro".

                              Era uma operação simultaneamente cronometrada em Luanda, em Lisboa e em Havana. Castro precipita os acontecimentos em Angola para possibilitar que em Portugal o partido comunista prepare um golpe de estado para 25 de Novembro.

                              A unidade 3051 do exército cubano, auxiliada com regimentos de tanques e tropas que chegam precipitadamente de Cuba, abre fogo contra a tropas de Holden Roberto que se aproximavam a Luanda. Sem dar tempo para compreender o que sucedia, uma chuva de projecteis incendiários dizima a frente de Holden Roberto deixando grandes aberturas nas sua fileiras. De imediato, os tanques começaram o canhoneio com projecteis de fragmentação de tiro directo. Os cadáveres caiam destroçados, praticamente partidos em dois pelos disparos dos blindados cubanos que os faziam saltar pelo ar. Tomada de pânico, aquela massa humana retira-se como melhor pode, deixando atrás de si inúmeros cadáveres.

                              Não tinham retrocedido um par de quilómetros as forças de Holden Roberto, quando começaram a ouvir por cima das suas cabeças o silvo dos foguetes de 122mm seguido de uma série interminável de explosões que acompanha a fuga ao longo de 25 quilómetros. Os aviões de reconhecimento permitem ajustar os tiros indirectos e, para cúmulo dos horrores, os MIG-21 descem em picado e disparam sobre os fugitivos como se fossem coelhos.

                              Já em fins de Agosto e começo de Setembro de 1975, alguns generais tinham começado a infiltrar-se no terreno angolano para começar a escalada seguinte. Posteriormente vão chegando ao campo de batalha, junto ao ministro da defesa Raul Castro, muitos generais entre os quais figuram Leopoldo Cintras Frias, Del Pino, Abelardo Colomé Ibarra, Rogelio Acevedo, Lopes Cubas, Gustavo Fleites Ramirez, César Lara Roselló e Romárico Sotomayor.

                              Em Dezembro Mijail Suslov, membro de bureau político do PCUS e o general do exército vietnamita Vo Nguen Giap viajam a Havana para ter longas consultas com Castro e com o seu Estado Maior sobre as possíveis reacções do Estados Unidos perante os eventos em Angola. Por seu lado, a URSS lança uma cruzada diplomática em toda a África com a promessa de cobrir de ouro os estados africanos que ainda duvidam em oferecer o seu reconhecimento ao regime do MPLA. Moscovo depositará em bancos suíços quantidades de ouro no valor de 25 milhões de libras esterlinas para esta operação. O Daily Express qualificou-a como a maior corrupção da história.

                              Em 1975, nesta generosa operação de assistência logística, a URSS foi capaz de transformar a seu favor pela segunda vez um conflito militar do Terceiro Mundo (o primeiro tinha sido o Vietname). Em ambas as manobras será conclusivo o desempenho dos seus comandos militares provenientes do oriente, especialmente as forças aerotransportadas do marechal Vassili Ivanivich Petrov, chefe do exército soviético situado na parte asiática do território, comandante da ofensiva contra a China em 1969 e especialista em operações aerotransportadas. Estes mecanismos funcionaram depois, em maior escala e menos encobertos, primeiro na Etiópia e depois no Afeganistão. Sem a logística, a informação da secreta e o consentimento soviético, Castro não se teria aventurado a um desempenho militar de tal magnitude em Angola.

                              A ofensiva de Janeiro de 1976 sobre o norte de Angola dominado pela FNLA, foi planeada por dois generais soviéticos. Por outra lado, os soviéticos encaminham para Angola dois cruzadores adicionais e um destroier. Ao longo de Dezembro e Janeiro, a Operação Carlota acelera-se acrescentando primeiro 12.000, logo 2.000 e finalmente em Março 37.000 soldados das forças deslocadas para Angola. Depois a UNITA passa à guerra irregular nos maciços selváticos, enquanto dois batalhões cubanos progridem em três agrupamentos em direcção às fronteiras do Sul. Segundo o semanário Newsweek "os cubanos demonstraram ser a maior surpresa de todas. Os homens que Castro enviou para Angola não pareciam ser guerrilheiros provenientes de uma república bananeira, e sim um exército muito disciplinado e treinado no uso eficaz de alguns armamentos mais sofisticados do arsenal soviético".

                              No caso angolano os Estados Unidos cometem um erro de cálculo grosseiro. Segundo critérios do almirante Coutinho, a falha norte americana esteve em reconhecer que os problemas que se sucediam em Portugal e em Angola estavam relacionados. Este "matreiro" levou-os a conceber a situação como operações encobertas, uma contra Portugal e outra contra Angola totalmente independentes e dirigidas por dois departamentos da CIA.

                              (...) Não só uma perigosa concentração de homens e complexos equipamentos cubano soviéticos apontaria sobre a Namíbia e Pretória sem que Castro, com 60.000 baionetas (tropas) em África, se transforma no poder extra-continental mais poderoso. Sem dúvidas, o golpe cubano soviético em Angola e logo na Etiópia tomaria por surpresa ao mundo Ocidental, como sucedera em 1968 com a invasão da Checoslováquia, e os sucessos posteriores no Afeganistão.

                              Juan F. Benemelis

                              Comentário


                                Os interesses Americanos

                                Não esquecer outro pais, amplamente responsável pelos acontecimentos em Angola, os Estados Unidos

                                A BATALHA DE LUANDA?
                                (uma História mal contada)
                                Por Mendonça Júnior - Coronel de Cavalaria

                                Considerada como registo de factos memoráveis, a História (tanto a que é escrita como a que é reproduzida oralmente) nem sempre é isso. Já que, com frequência, ela é adornada com omissões, acréscimos, desvios e quejandos ou mesmo – o que é ainda mais grave – com insucessos acobertados com roupagem factual. Os quais são fruto, nuns casos, de ignorância ou de lapsos de memória, involuntários ou não; e, noutros, são de entender-se com propósitos deliberados de contornar a verdade para fazer valer a mentira.

                                Não é de admirar que seja assim: afinal, quem protagoniza, escreve ou reproduz a História é sempre um ser humano, igual àquele que, expulso do paraíso por ter acreditado na "mentira da serpente", ficou por certo condenado, "ad vitam aeternam", a jamais conhecer a verdade na plenitude.

                                Da História antiga pouco se conhece nesse particular, mas da contemporânea os exemplos dessas omissões, acréscimos, desvios, etc, e sobretudo de insucessos apresentados como factos são múltiplos e estão à mão de semear. Constituem elas as chamadas "mentiras históricas", algumas das quais, como as ditas "armas de destruição maciva de Saddam" e o "11 de Setembro", foram tão estrondosamente badaladas por esse mundo fora, que ainda hoje, tanto tempo já passado, têm ressonâncias que quotidianamente nos torturam os ouvidos.

                                Como é óbvio, este nosso milenar Querido Portugal, sujeito como é também da História, não podia ser uma excepção, nesse particular. E não é efectivamente. Pois aqui também abundam e proliferam quotidianamente casos semelhantes acima referidos. Os quais ao assumir aspectos verdadeiramente escandalosos, sobretudo quando os desvios, os acréscimos, as omissões e as mentiras com que são enfeitados se relacionam com factos de ocorrência recente, possibilitando portanto fáceis testemunhos contraditórios.

                                Exemplo disso tudo podem ser encontrados facilmente, no pouco ou nada que se tem escrito e bem assim no muito que se tem dito, sobre esse momento da História do nosso País, a que se deu o nome de "descolonização". E muito particularmente na que envolveu Angola, onde o confronto de interesses foi sempre tão grande e tão imperante, que acabou, na maioria das vezes, por justificar a ausência daquilo que a História sempre exige: a isenção e a verdade.

                                Vem-nos momentaneamente, à memória, alguns de entre os mais gritantes. Ei-los:

                                – O início da rebelião contra o regime colonial, que uns atribuem ao "4 de Fevereiro" e outros ao "15 de Março", ambos ocorridos em 1961, quando na realidade, a História identifica-o com o que se passou na Baixa do Cassange em 1960 ou até mesmo com a "marcha dos tocoistas" contra São Salvador do Congo, ocorrido duas décadas antes;
                                – A "ponte aérea que, em 1975, transportou centenas de milhares de portugueses de Angola para Lisboa, a qual muitos dizem ter sido ideia do governo português de então, quando na verdade foi ela engendrada, financiada e organizada por uma potência estrangeira, os Estados Unidos da América, que antes havia feito tudo para correr com os europeus das suas colónias;
                                – O acordo de que raramente se tem ouvido falar, celebrado num jantar de um café restaurante da rua da Ópera em Paris, com a participação de Mário Soares, Álvaro Cunhal – que receberam cada um, 1 milhão de contos para que os seus respectivos partidos privilegiassem os movimentos pró-maxistas que existiam nas colónias portuguesas – e Boris Ponomorof, membro do então Governo Soviético, que impôs à "descolonização" o rumo político, que ela cumpriu.

                                A BATALHA DE LUANDA?
                                Tudo o que acima se afirma exprime a reacção que experimentámos quando, bem recentemente, tivemos a oportunidade de ver, num dos canais da TV Cabo, um documentário em que se fala da descolonização de Angola e muito particularmente da luta que se travou entre o MPLA e alguns dos seus opositores pela posse de Luanda. Luta que, tendo tido o seu auge a escassos dias da data da proclamação oficial da independência – 11 de Novembro de 1975 – ficou conhecida como a batalha de Luanda.

                                Além do relato das principais ocorrências, esse documentário foi completado com opiniões interpretativas, formuladas pessoalmente por um grupo de oficiais reformados das nossas Forças Armadas do qual se destacam dois:

                                – O Contra Almirante Rosa Coutinho e o
                                – O Brigadeiro Pezarat Correia
                                Um e outro com permanência em Angola, no "posto 25 de Abril", mas ali afastados muito antes da data da independência.

                                O documentário comporta, naturalmente, o que já não é surpresa, ou seja, os costumeiros desvios, omissões, contornos, e até mesmo inverdades com vestimenta factual. A mais escandalosa das quais foi expressa por aqueles dois conhecidos militares, que com o ar mais natural deste mundo, juraram e sacramentaram que foram tropas do MPLA, que, com a colaboração de alguns cubanos, enfrentaram, combateram e acabaram vencendo as forças da Oposição que, sob o comando do Coronel Gilberto Santos e Castro se propunham tomar de assalto Luanda, para impedir a proclamação da independência por parte do MPLA.

                                Repetimos: a versão formulada não tem visos de verdade e, como se disse, assume contornos de escândalo e mesmo de injúria, tanto mais reprovável quanto é certo ela atingir a honra de alguém que, por não ser já deste mundo não pode ripostar.

                                Assim sendo e em nossa opinião, a única forma de minorar ou mesmo anular os efeitos dessa injúria é reconstituir os factos, tal como ocorreram e com a caução de testemunhos presenciais, que ainda hoje e a qualquer momento, podem ser invocadas. É, pois, o que a seguir fazemos procurando respeitar o trajecto cronológico, para, deste modo, melhor entender tudo o que se passou.

                                O fim da luta armada em Angola ficou consagrado no acordo celebrado em Alvor (Algarve) no final de Janeiro de 1975, Acordo pelo qual se estabeleceu um governo de transição tripartido – Portugal e os três movimentos de libertação angolanos – a quem foi incumbida a tarefa de gerir o país até à data da independência marcada para 11 de Novembro desse mesmo ano.

                                Durou pouco esse governo. A rivalidade entre as três formações angolanas, a ambição pelo mando absoluto e também a passividade da parte portuguesa conduziram rapidamente à sua falência total. Surgiram e multiplicaram-se, um pouco por todo o lado, casos de violência envolvendo as três partes angolanas, de tal modo que, no final de Agosto desse ano, o MPLA já era senhor absoluto da capital, de onde havia expulsado sem mais aquelas os representantes da UNITA e da FNLA.

                                A opinião generalizada que então se formou, nessa altura, tanto em Angola como fóra, era de que, assim tendo procedido, o MPLA estava a preparar-se para, em 11 de Novembro, proclamar unilateralmente a independência, na expectativa de que a passividade da opinião pública, tanto interna como a externa, ajudasse a consagrar a ilegalidade.

                                Esqueceu-se, porém, Agostinho Neto, o então líder do MPLA. que, com a descoberta do petróleo, acontecida anos antes, Angola passára a estar sob vigilância cerrada que, então como agora, controlam a produção e o comércio do crude à escala mundial. O resultado dessa falha de memória foi que, pouco tempo depois, Angola era, sem mais aquelas, invadida por uma força militar sul-africana procedente da Namíbia. A qual, depois de tomar, sucessivamente, as cidades do Lubango, Benguela e Lobito, avançou em direcção a Luanda. Onde, no entanto, não chegou a entrar, já que ao atingir as margens do rio Quanza (a cerca de 200 kilómetros da capital) foi mandada parar.

                                Por ordem de quem e porquê? Ocorre naturalmente perguntar?

                                Segundo fontes diplomáticas sul africanas desse tempo, Washington, que havia sugerido a invasão, fora quem formulára essa espécie de contra-ordem, acompanhada de um novo pedido: que os sul africanos transferissem parte do material bélico que transportavam para um outro grupo armado, que, constituído por guerrilheiros da FNLA, soldados zairenses disponibilizados por Mobutu e alguns voluntários portugueses, e sob o comando do Coronel Santos e Castro, se encontravam, nessa altura, a assediar Luanda pelo Norte, com o objectivo de a tomar, antes da data da proclamação da independência.

                                Uma vez na posse do material cedido pelos sul-africanos , que incluía três peças G5 – fabricadas na RSA e capazes de atingir objectivos localizados de até 50 Kms – (chamados n'gola kiluando) Santos e Castro começou a preparar o ataque e a tomada de Luanda concebido nos seguintes termos: bombardear primeiro, utilizando as peças cedidas, com vista a estabelecer o pânico entre os defensores e a população da capital e, a seguir, realizar o assalto por terra. Plano que, uma vez concebido, foi divulgado via Kinshasa, com vista naturalmente a desmoralizar ainda mais o inimigo.

                                Sendo assim, no dia 6 de Novembro, depois de ter tomado a vila de Caxito, estabeleceu-se ele com os seus homens no Morro da Cal – uma pequena elevação de terreno situada a cerca de 30 Kms de Luanda e dali fez três disparos dos G5 contra a capital. Dos quais um atingiu a pista do aeroporto, outro caiu na baía e o terceiro atingiu a refinaria de petróleo do Alto da Mulemba, provocando um incêndio, que acabou por ser dominado.

                                A estratégia resultou em pleno: o pânico previsto estabeleceu-se e generalizou-se, e, naturalmente começaram a circular boatos os mais diversos, um dos quais um concebido em termos de suscitar histeria colectiva e pavor. Eles os "fenelas" – assim o vulgo luandense chamava aos homens de Holden Roberto – vão entrar e vão degolar todos: pretos brancos e mulatos.

                                Entretanto, as horas e os dias foram passando nessa terrível expectativa que se ia acentuando à medida que, um pouco por todo o lado na cidade, se ia escutando sons de disparos, resultantes do confronto que se ia verificando amiúde entre grupos de soldados que Santos e Castro ia mandando avançar em missões de sondagem do terreno e os militares que o MPLA tinha colocado fora do perímetro urbano da capital com missões de entreter o inimigo para deste modo possibilitar o envio de reforços.

                                Chegou-se finalmente a 11 de Novembro, dia marcado para a proclamação da independência, sem que no entanto se houvesse realizado o prometido assalto à capital. Mesmo assim, o pânico generalizado imperava e manteve-se sempre desde o nascer ao pôr do Sol desse dia histórico, durante o qual o único facto de registo sucedeu cerca das 16 horas, quando o alto-comissário representante da soberania portuguesa, um militar de alta patente português, General Silva Cardoso, mandou arrear a Bandeira das Quinas que encimava o velho palácio da cidade alta, dobrou-a e, com ela debaixo de um dos braços, tomou o caminho da Ilha de Luanda, onde o aguardava um navio de guerra, para o trazer de regresso definitivo a Portugal.

                                Deste modo inesperado e ademais ridículo e triste se concretizou o episódio final de quase cinco séculos de Histórial!!!

                                Entretanto, e porque a crença generalizada era de que os homens de Santos e Castro ainda poderiam atingir Luanda, a cerimónia oficial da proclamação da independência, marcada inicialmente para as 17 horas desse dia, foi sendo sucessivamente protelada e acabou por ter lugar só em plena noite e de uma forma algo improvisada.
                                Assim e apesar de todas as promessas e ameaças, os homens do coronel falharam: nem entraram na cidade nesse dia nem posteriormente realizaram qualquer tentativa nesse sentido, preferindo antes deixar os arredores da capital e empreender uma retirada em direcção à fronteira com o Zaire.

                                Porque esse falhanço, porque tudo isso? Importa perguntar?

                                A resposta ouvimo-la já aqui em Lisboa. Primeiro da boca do Coronel Santos e Castro, poucos meses antes da sua morte; e logo a seguir, por intermédio de alguns portugueses e angolanos, que foram seus companheiros nessa aventura. E tivemo-la confirmada, mais tarde, pelas mesmas fontes diplomáticas sul-africanas atrás referidas. Ei-la, pois, reproduzida de forma sintética mas clara.

                                Na madrugada do dia 9 de Novembro e cumprindo o plano que estabelecera, o Coronel Santos e Castro dirigiu-se à tenda onde se albergava Holden Roberto, o Presidente da FLNA, para lhe comunicar que ia imediatamente pôr a funcionar os G5 e iniciar o bombardeamento da capital. E foi então informado que estava impossibilitado de o fazer, já que, um pouco antes, os artilheiros sul-africanos haviam desmantelado as culatras dos G5, tornando-os inoperacionais, embarcando a seguir num helicóptero que os transportou para bordo de um navio do seu país que os aguardava ao largo do porto de Ambriz. E isso no cumprimento de uma exigência imposta de Washington a Pretória.

                                Dito isto, só resta a lógica conclusão final. Não foram pois os homens do MPLA que impossibilitaram a tomada de Luanda pelas forças comandadas pelo Coronel Santos e Castro.

                                Nada disso. A responsabilidade do insucesso cabe a outro. E quem é ele? Resposta é inequívoca. Esse mesmo que, desde sempre, se notabilizou por promover guerras e fazer delas um negócio altamente lucrativo para si próprio: Os Estados Unidos da América.

                                Comentário


                                  Gostava de dirigir algumas perguntas aos admiradores dos “descolonizadores portugueses”(Sr Mario Soares & Companhia):

                                  Sabendo que os movimentos separatistas estiveram envolvidos em inúmeros actos terroristas contra as populações civis, e sabendo que esses movimentos também lutavam entre si pelo controlo de Angola (o que desde já demonstrava muito bem as intenções desses “movimentos de libertação”), porque raios alguns meses depois do 25 de Abril o exercito português foi obrigado a entregar as armas aos terroristas da MPLA?

                                  Porque a Africa do Sul foi obrigada a parar o apoio militar a um movimento recém criado que pretendia assumir o controlo de Angola (constituídos em parte por ex-combatentes portuguesese) e defende-la também da invasão exterior? Sendo assim obrigados a ABANDONAR as populações civis nas mãos de um bando de criminosos, de gente totalmente despreparada para a governação e que mais tarde e em apenas 2 anos apos a independência só em Angola viria a provocar mais mortes do que em 13 anos de conflito? Só em 1977 foram mortas em campos de concentração 30.000 pessoas maioritariamente da raça negra.

                                  Algo semelhante sucedeu em Moçambique onde as tropas portugueses foram obrigadas a entregar o material de guerra: armas, fardas, alimentos, etc aos terroristas da FRELIMO, coincidência ou não também ligados a extrema esquerda.

                                  Se o objectivo dos "benignos descolonizadores” que muitos admiram era a libertação dos territórios Africanos e seu povo de uma suposta opressão do “império português”, e sabendo do apetite devorador dos movimentos independentistas pelo poder e da influencia que sofriam, porque não se solicitou ou criou nos meses que se seguiram ao “25 de Abril” um governo de transição liderado por um força neutra como a ONU... que entre muitas coisas obrigasse a todos os movimentos independentistas (terroristas) a deporem as armas? Para não falar de uma consulta popular que seria a única forma de conhecer as verdadeiras inclinações dos povos.

                                  Depois da independência consumada (imposta) porque a ONU não impediu o verdadeiro colonialismo que estava tomar de assalto os ex-territórios portugueses de Africa? P-O-R-Q-U-E?

                                  Como é que a ONU exige a “descolonização” portuguesa supostamente por questões “humanistas” e depois vira as costas ao povo que supostamente estava a defender?

                                  Que ou Qual jogo de bastidores foi esse?


                                  Seria o resultado de um especie de “Tratado de Tordesilhas” da guerra fria, mediado por um traidor qualquer?

                                  Quem ganhou com a descolonização?

                                  Quem perdeu já todos sabemos, foram não só as populações das “colonias” como também o povinho da metrópole que teve que aguentar com os retornados, e para a sorpresa de muitos tiveram que receber milhares de negros que também optaram por fugir de Africa, afinal os negros também estavam a ser vitimas dos proprios negros.

                                  Onde ficou o pacifismo dos pro-descolonização depois de verem consumado seus objetivos? Onde ficou a compaixão pelo sofrimento dos povos de africa apos suas independencias?

                                  E fico por aqui...

                                  Comentário


                                    25 de Novembro A revolução Bolchevique à Portuguesa

                                    Mendes 77

                                    Talvez te consigam responder se puserem de lado ideologias e facciosismos.

                                    Este pequeno excerto é disso exemplo, de quem em 1974 e 1975 mandava no pais, e por arrasto controlava as negociações de independência.

                                    Desde Cuba por Raúl Soroa

                                    LA HABANA, Cuba – sexta-feira 9 de Dezembro de 2005.

                                    i Ay Carlota !

                                    Faz trinta anos o nosso país assumia uma das mais controversas aventuras da sua breve história. Um grupo de cubanos chegava à República de Angola armados, corajosos, convencidos de que estavam escrevendo uma página "memorável", desejosos de cobrir-se de glória. Muitos desses combatentes, soldados e oficiais deram as suas vidas nessa primeira batalha às portas de Luanda, a capital da antiga colónia portuguesa com o nome de Africa Ocidental Portuguesa antes da sua descolonização.

                                    Dez anos estaríamos nessa terra africana. As quotas de morte, feridas de todo o tipo, físicas e mentais, os traumas que a guerra deixou são incontáveis.

                                    Nesses anos, tudo o relacionado com Angola mantinha-se no mais absoluto segredo. De um dia para outro um vizinho, um tio, um pai de um amigo desaparecia misteriosamente. Ia fazer "manobras militares em Camagüey" ou partia para "estudar para a URSS". Na realidade, muitas vezes nem o próprio implicado na aventura conhecia o seu destino. Mandavam-no num velho Britania e amanhecia em terras de África..

                                    ...

                                    O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), de tendência francamente comunista, pró-soviético, apoiado pela URSS, o Partido Comunista Português, Cuba e, o Congo Brazzavile, era liderado por Agostinho Neto, que havia estado relacionado desde princípios dos anos 60 a Che Guevara. Em 1966 Neto viajou a La Habana, desde então, os vínculos do dirigente comunista africano e Fidel Castro seriam permanentes. Os primeiros combatentes do MPLA foram treinados na Argélia por instrutores cubanos. Do ponto de vista militar, era mais débil, pelo que a assistência dos cubanos, comunistas portugueses e soviéticos seria decisiva no seu fortalecimento bélico.

                                    No meio desta situação, dá-se em Setembro de 1973 a aliança do Partido Comunista Português e os militares de esquerda agrupados no Movimento das Forças Armadas, que pretendiam fazer um golpe de estado que instaurasse um regime comunista em Portugal. Álvaro Cunhal, o Lenine português, secretário do PC, começa a mover-se entre Cuba e URSS para preparar o golpe e abater Marcelo Caetano. A acção o surpreende em La Habana.

                                    Cunhal procura de imediato fortalecer nas colónias os movimentos de orientação marxista e começa a exercer uma pressão sobre a Junta Militar encabeçada pelo General António Sebastião Ribeiro de Spínola, com Vasco Gonçalves como Primeiro Ministro, para negociar só com eles. O Partido Socialista, encabeçado por Soares, procura uma espécie de associação lusitana e propõe a neutralidade entre MPLA, UNITA e FNLA.

                                    Os militares vermelhos portugueses no poder facilitam a Cuba, que se envolva nos processos de descolonização de Moçambique e Guiné Portuguesa, toda a informação logística e de inteligência necessária para a sua participação na África portuguesa, o que lhe seria de grande utilidade nas acções militares posteriores em Angola. As visitas entre La Habana e Lisboa se sucedem uma atrás da outra. Intercâmbios de estratégia, planos em comum, que têm com objectivo levar ao poder os partidos pró marxistas e a facilitar a Cuba toda a informação necessária para intervir militarmente no processo caso fosse preciso. Tropas especiais cubanas encontravam-se em Moçambique e na Guiné Portuguesa.

                                    Desde finais de 1974 os soviéticos aumentaram a ajuda militar ao MPLA e com a assistência dos militares comunistas portugueses Agostinho Neto consegue estruturar uma organização militar capaz de equiparar-se à UNITA e à FNLA. Em 1975 o MPLA apresenta-se a disputar o controle de Luanda aos movimentos rivais. Em 4 de Fevereiro Neto apresenta-se na capital angolana escoltado por militares cubanos e soviéticos. Entre Maio e Junho Castro começa a concentrar unidades militares em Cabinda e em Julho acelera-se a entrada de combatentes cubanos em Angola com o fim de travar a batalha por Luanda.

                                    Holden Roberto começa a concentrar os seus batalhões na povoação nortenha de Ambriz onde tinha instalado o seu governo provisório. O seu sogro Mobutu presta-lhe toda a ajuda necessária desde o Zaire. Em Cabinda, com o apoio das companhia petrolíferas francesas cria-se a FLEC grupo com objectivos separatistas. O inglês John Best e o "mayor" norte americano James E. Leonard, assim como as organizações Security Advisory Service y Mercenary Forces Group começam a recrutar mercenários para enfrentar o MPLA e UNITA que se apresta para dar batalha. Os chineses aumentam a sua colaboração com Savimbi, facilitando-lhe assessores, armas ligeiras de combate minas e explosivos.

                                    No mês de Agosto chega a Luanda uma representação dos militares comunistas portugueses encabeçada pelo almirante Rosa Coutinho, conhecido por almirante vermelho. Dias depois, Portugal designa o general Leonel Cardoso como Alto Comissário para Angola, com a missão de entregar o poder ao MPLA.. Desde meados de Julho partem de La Habana os primeiros barcos carregados com unidades militares sob o comando do General Raul Dias Arguelles.

                                    Em 15 de Agosto de 1975 aterram em Luanda Jorge Risquet, encarregado cubano para os assuntos africanos e os generais Diaz Arguelles e Ramón Espinosa e se reúnem com o Adén para a chegada de provimentos soviéticos.

                                    As tropas sul-africanas cruzaram ao sul de Angola desde Namibia em 15 de Agosto para proteger os diques do complexo hidráulico do Ruacaná-Calueque e desde 23 de Outubro avançam com direcção a Luanda à razão de 70 km por dia. Esta forte coluna vai cercando os campos de treino dos cubanos e se dão as primeiras baixas.

                                    Castro se vê numa difícil decisão: deixar os seus homens nas bases de treino à sua sorte ou enviar poderosos efectivos capazes de deter o avanço dos sul-africanos. Castro optou pela segunda variante.

                                    A presença cubana em Angola é anterior à entrada das tropas sul-africanas. É causa e não consequência dessa entrada. O avanço da coluna blindada da África do Sul precipita os acontecimentos e exige ao regime de La Habana subir a parada em Angola sob o perigo de serem exterminados os seus assessores militares no sul. Um complot urdido pelos comunistas portugueses a URSS e Castro está a ponto de ir abaixo. O governo de Gonçalves cai em Lisboa e a África do Sul avança sem encontrar apenas resistência, o que é necessário uma grande deslocação de tropas cubanas e de logística por parte dos russos, para impedir a queda do MPLA.

                                    O pretexto da invasão sul-africana vem, além disso, como anel ao dedo de Castro para legitimar a escalada militar usando a tese do internacionalismo proletário.

                                    Em 1975, baterias antiaéreas cubanas estiveram a ponto de derrubar no Bié o avião em que viajava Savimbi. A África do Sul, informada da decisão cubana de enviar mais batalhões para Angola, envia uma forte coluna que avançava rapidamente mais além das fronteiras da Namíbia.

                                    A queda de Gonçalves em Portugal põe em sério perigo o apoio que Neto vinha recebendo do comando português em Angola. Isso, mais a entrada da coluna sul-africana no Cunene que avança sem encontrar séria oposição, coloca Castro na decisão de retirar-se a tempo ou envolver-se ainda mais no conflito que se torna cada vez mais perigoso numa terra situada a milhares de quilómetros de La Habana. Opta por uma notável deslocação de forças e meios e a URSS aprova o envio de mais logística.

                                    No início de Outubro nos velhos aviões Britânia começa o transporte de tropas. Em 6 de Outubro, unidades da Divisão 50, agrupamento da elite cubana, mantêm um sangrento encontro em Norton de Matos com os sul-africanos. No mes de Novembro, começam a chegar as tropas especiais do Ministério do Interior, com o objectivo de deter a coluna sul-africana às portas de Luanda até a chegada das tropas de Cuba.

                                    Em 3 e em 12 de Novembro tem lugar combates de envergadura em Benguela e Novo Redondo entre sul-africanos e tropas cubanas comandadas por Raul Dias Argüelles. A efectividade da defesa cubana demonstra aos sul-africanos que tem ante si uma tropa experiente e que o desenvolvimento das acções não será fácil para eles.

                                    Durante a primeira semana de Novembro várias colunas provenientes de Cabinda (no norte) e do Lobito (no sul) avançam para Luanda. O comando cubano prepara a defesa, colocando-se em posições adequadas a artilharia reactiva. Castro envia de La Habana mais unidades de Tropas Especiais do MININT e especialista em artilharia pesada.

                                    O exército cubano está composto por uma oficialidade formada em boa medida nas melhores academias militares soviéticas. Muitos desses oficiais tem uma ampla experiência pela sua participação em acções militares na África e na América Latina. A tropa foi treinada com severidade e está fortemente doutrinada. A ditadura castrista empregou enormes recursos no seu treinamento e manutenção. O seu arsenal está composto pelo mais recente material da técnica militar soviética. As Tropas Especiais estão integradas por militares escolhidos pela sus destreza militar mas sobretudo pelo fanatismo. São a elite, a guarda pretoriana do ditador.

                                    A Operação Carlota é uma manobra meticulosamente cronometrada com os comunistas portugueses. O Partido Comunista Português prepara um golpe de estado para o 25 de Novembro. Querem repetir a sorte dos bolcheviques russos em 1917. O Lenine português prepara-se e Castro se apressa a apoiá-lo.

                                    Uma unidade do exército cubano auxiliada por tanques, abre fogo sobre as tropas de Holden Roberto. A surpresa é total, os soldados de Holden Roberto em ordem de marcha rumam a Luanda e se encontram com um intenso e certeiro fogo. Uma chuva de projecteis incendiários dizima a sua vanguarda e os tanques destroçam a tropa dispersada pelo pânico. A massa sem ordem retira-se deixando sobre o campo milhares de cadáveres. A retirada é uma odisseia, sobre os homens fugindo disparam os foguetes reactivos e os Mig dizimam a massa aterrorizada. E uma verdadeira caçada: os aviões baixam em picado e disparam sobre os fugitivos ao longo de 20 quilómetros. Findou a carnificina. Os cadáveres estão destroçados, praticamente partidos em dois pelos disparos dos tanques, queimados, fragmentados pelos foguetes de 122mm.

                                    As tropas mercenárias que avançavam desde o norte apoiando Holden Roberto chegavam em festivo. O chefe da coluna conduzia as operações sobre um Honda desportivo acompanhado de uma actriz ruiva. Não tiveram a cautela de enviar patrulhas de reconhecimento. Os foguetes cubanos destroçou-os. O automóvel voou em pedaços.

                                    Desde Setembro se encontram em Angola os generais cubanos Leopoldo Cintra Frias, Del Pino, Colomé Ibarra, Rogélio Acevedo, Lopes Cubas e Românico Sotomayor. Em La Habana, o general vietnamita Vo Nguyen Giap e vários altos oficiais soviéticos, acompanhados do membro do Bureau Político do PCUS Mijail Suslov, assessoram o Estado Maior Cubano e analisam a possível reacção norte americana à escalada da presença militar cubana em África.

                                    Ao longo de Dezembro e Janeiro aumenta-se as operações. As tropas cubanas crescem de 12 para 22 mil e em Março alcançam 37 mil soldados. A UNITA sofre duros ataques e passa à luta irregular na selva. As unidades cubanas progridem no seu avanço para o sul. A FLEC em Cabinda morde o pó da derrota.

                                    Enquanto em Cuba, as mães, as viúvas choram os seus mortos e os órfãos seus pais caídos. Às tropas selectas seguem-lhe as unidades de reserva e os inexperientes soldados do Serviço Militar Obrigatório. Pais de família e jovens recém saídos do ensino médio partem a dar a sua vida para satisfazer as ânsias messiânicas de um líder e os sonhos hegemónicos de uma super potência.

                                    A morte estava em todas as partes, por detrás do sorriso de um menino que atira uma granada dentro de um blindado no fim de uma curva da estrada, em qualquer sombra, em qualquer árvore, mato ou pedra, nas aldeias, dentro das cubatas de palha e barro, no sorriso da negra de que olha sorrateira, na picada de um mosquito, nas serpentes, no clima, na inépcia do oficial da reserva que desconhece o abc da táctica militar, na ordem de um déspota que ignora o que significa a vida de um soldado e se não sabe não lhe importa.

                                    Os cubanos acreditavam estar em África defendendo "o sagrado dever do internacionalismo". Pelo menos muitos deles, alguns foram pela aventura, outros para ter méritos ou por medo de ter problemas se diziam que não estavam dispostos a cumprir o "sagrado dever". O que poucos sabiam era que serviam os interesses de uma super potência, que eram parte do jogo universal da Guerra Fria e que estavam no lugar errado.

                                    Os comunistas portugueses preparavam o seu Outubro Vermelho. Álvaro Cunhal era o principal aliado de Moscovo na Europa. O triunfo das organizações comunistas nas antigas colónias significava um importante passo para o alcance deste objectivos. Cuba havia-se envolvido desde o início nesses planos. Tropas cubanas encontravam-se na Guiné Portuguesa e Moçambique. A assunção dos movimentos marxistas nas colónias facilitaria a tomada do poder em Lisboa.

                                    Para surpresa dos convidados estrangeiros que assistem à independência da Guiné Portuguesa, soldados cubanos marcham pelas ruas da Praia, capital do novo estado e ocupam os lugares que abandonam as tropas portuguesas.

                                    Em Moçambique, membros da inteligência cubana dirigida pelo cipriota Vassos Lyssarides, homem de confiança de Osmani Cienfuegos, unem acções com o membro da inteligência alemã Joaquim Kindzel. É nomeado governante Soares de Melo, simpatizante da marxista Frente da Libertação de Moçambique (FRELIMO) e em conversações secretas em Lusaka acordam um trespasse do poder para a FRELIMO e marginam o resto das organizações.
                                    http://www.canf.org/2005/1es/ensayos...ay-carlota.htm
                                    http://www.angoterra.com/rubrique-1064983.html


                                    Deste excerto destaco em especial estas referências

                                    No meio desta situação, dá-se em Setembro de 1973 a aliança do Partido Comunista Português e os militares de esquerda agrupados no Movimento das Forças Armadas, que pretendiam fazer um golpe de estado que instaurasse um regime comunista em Portugal. Álvaro Cunhal, o Lenine português, secretário do PC, começa a mover-se entre Cuba e URSS para preparar o golpe e abater Marcelo Caetano. A acção o surpreende em La Habana.

                                    Cunhal procura de imediato fortalecer nas colónias os movimentos de orientação marxista e começa a exercer uma pressão sobre a Junta Militar encabeçada pelo General António Sebastião Ribeiro de Spínola, com Vasco Gonçalves como Primeiro Ministro, para negociar só com eles. O Partido Socialista, encabeçado por Soares, procura uma espécie de associação lusitana e propõe a neutralidade entre MPLA, UNITA e FNLA.

                                    Os militares vermelhos portugueses no poder facilitam a Cuba, que se envolva nos processos de descolonização de Moçambique e Guiné Portuguesa, toda a informação logística e de inteligência necessária para a sua participação na África portuguesa, o que lhe seria de grande utilidade nas acções militares posteriores em Angola. As visitas entre La Habana e Lisboa se sucedem uma atrás da outra. Intercâmbios de estratégia, planos em comum, que têm com objectivo levar ao poder os partidos pró marxistas e a facilitar a Cuba toda a informação necessária para intervir militarmente no processo caso fosse preciso. Tropas especiais cubanas encontravam-se em Moçambique e na Guiné Portuguesa.

                                    Desde finais de 1974 os soviéticos aumentaram a ajuda militar ao MPLA e com a assistência dos militares comunistas portugueses Agostinho Neto consegue estruturar uma organização militar capaz de equiparar-se à UNITA e à FNLA. Em 1975 o MPLA apresenta-se a disputar o controle de Luanda aos movimentos rivais. Em 4 de Fevereiro Neto apresenta-se na capital angolana escoltado por militares cubanos e soviéticos. Entre Maio e Junho Castro começa a concentrar unidades militares em Cabinda e em Julho acelera-se a entrada de combatentes cubanos em Angola com o fim de travar a batalha por Luanda.

                                    ...

                                    A presença cubana em Angola é anterior à entrada das tropas sul-africanas. É causa e não consequência dessa entrada. O avanço da coluna blindada da África do Sul precipita os acontecimentos e exige ao regime de La Habana subir a parada em Angola sob o perigo de serem exterminados os seus assessores militares no sul. Um complot urdido pelos comunistas portugueses a URSS e Castro está a ponto de ir abaixo. O governo de Gonçalves cai em Lisboa e a África do Sul avança sem encontrar apenas resistência, o que é necessário uma grande deslocação de tropas cubanas e de logística por parte dos russos, para impedir a queda do MPLA.

                                    ...

                                    Operação Carlota é uma manobra meticulosamente cronometrada com os comunistas portugueses. O Partido Comunista Português prepara um golpe de estado para o 25 de Novembro. Querem repetir a sorte dos bolcheviques russos em 1917. O Lenine português prepara-se e Castro se apressa a apoiá-lo.

                                    ...

                                    Os comunistas portugueses preparavam o seu Outubro Vermelho. Álvaro Cunhal era o principal aliado de Moscovo na Europa. O triunfo das organizações comunistas nas antigas colónias significava um importante passo para o alcance deste objectivos. Cuba havia-se envolvido desde o início nesses planos. Tropas cubanas encontravam-se na Guiné Portuguesa e Moçambique. A assunção dos movimentos marxistas nas colónias facilitaria a tomada do poder em Lisboa.

                                    Presumo que Mendes77

                                    Encontras os teus vendidos facilmente de Soares a Cunhal, de Rosa Coutinho a Vasco Gonçalves cada um à sua maneira, entregaram tudo por 30 Dinheiros, quais Judas Nação Portuguesa.

                                    Comentário


                                      Originalmente Colocado por Mendes77 Ver Post
                                      Gostava de dirigir algumas perguntas aos admiradores dos “descolonizadores portugueses”(Sr Mario Soares & Companhia):

                                      Sabendo que os movimentos separatistas estiveram envolvidos em inúmeros actos terroristas contra as populações civis, e sabendo que esses movimentos também lutavam entre si pelo controlo de Angola (o que desde já demonstrava muito bem as intenções desses “movimentos de libertação”), porque raios alguns meses depois do 25 de Abril o exercito português foi obrigado a entregar as armas aos terroristas da MPLA?

                                      Porque a Africa do Sul foi obrigada a parar o apoio militar a um movimento recém criado que pretendia assumir o controlo de Angola (constituídos em parte por ex-combatentes portuguesese) e defende-la também da invasão exterior? Sendo assim obrigados a ABANDONAR as populações civis nas mãos de um bando de criminosos, de gente totalmente despreparada para a governação e que mais tarde e em apenas 2 anos apos a independência só em Angola viria a provocar mais mortes do que em 13 anos de conflito? Só em 1977 foram mortas em campos de concentração 30.000 pessoas maioritariamente da raça negra.

                                      Algo semelhante sucedeu em Moçambique onde as tropas portugueses foram obrigadas a entregar o material de guerra: armas, fardas, alimentos, etc aos terroristas da FRELIMO, coincidência ou não também ligados a extrema esquerda.

                                      Se o objectivo dos "benignos descolonizadores” que muitos admiram era a libertação dos territórios Africanos e seu povo de uma suposta opressão do “império português”, e sabendo do apetite devorador dos movimentos independentistas pelo poder e da influencia que sofriam, porque não se solicitou ou criou nos meses que se seguiram ao “25 de Abril” um governo de transição liderado por um força neutra como a ONU... que entre muitas coisas obrigasse a todos os movimentos independentistas (terroristas) a deporem as armas? Para não falar de uma consulta popular que seria a única forma de conhecer as verdadeiras inclinações dos povos.

                                      Depois da independência consumada (imposta) porque a ONU não impediu o verdadeiro colonialismo que estava tomar de assalto os ex-territórios portugueses de Africa? P-O-R-Q-U-E?

                                      Como é que a ONU exige a “descolonização” portuguesa supostamente por questões “humanistas” e depois vira as costas ao povo que supostamente estava a defender?

                                      Que ou Qual jogo de bastidores foi esse?


                                      Seria o resultado de um especie de “Tratado de Tordesilhas” da guerra fria, mediado por um traidor qualquer?

                                      Quem ganhou com a descolonização?

                                      Quem perdeu já todos sabemos, foram não só as populações das “colonias” como também o povinho da metrópole que teve que aguentar com os retornados, e para a sorpresa de muitos tiveram que receber milhares de negros que também optaram por fugir de Africa, afinal os negros também estavam a ser vitimas dos proprios negros.

                                      Onde ficou o pacifismo dos pro-descolonização depois de verem consumado seus objetivos? Onde ficou a compaixão pelo sofrimento dos povos de africa apos suas independencias?

                                      E fico por aqui...
                                      Mas quando nós nos atraiçoamos a nós próprios, como queriamos que os outros fossem fazer o trabalho que deveriamos ter feito?

                                      Esse é o grande mal nacional, estamos sempre a espera que os outros venham de fora para resolver os nossos problemas. O que nós não cremos é complicações e resposabilidades, isso é para os outros!

                                      Comentário


                                        Originalmente Colocado por Yamato Ver Post
                                        Mendes 77

                                        Talvez te consigam responder se puserem de lado ideologias e facciosismos.

                                        Este pequeno excerto é disso exemplo, de quem em 1974 e 1975 mandava no pais, e por arrasto controlava as negociações de independência.



                                        http://www.canf.org/2005/1es/ensayos...ay-carlota.htm
                                        http://www.angoterra.com/rubrique-1064983.html


                                        Deste excerto destaco em especial estas referências




                                        Presumo que Mendes77

                                        Encontras os teus vendidos facilmente de Soares a Cunhal, de Rosa Coutinho a Vasco Gonçalves cada um à sua maneira, entregaram tudo por 30 Dinheiros, quais Judas Nação Portuguesa.
                                        Pois é... A mancha no curriculum dos envolvidos é indesmentivel, nessa caça ao tesouro que foi a descolonização portuguesa, a participação de portugueses é que é imperdoavel. Falam e falam do Salazar, mas na verdade esses traidores nem chegam aos calcanhares do nosso maior estadista.

                                        Comentário


                                          "Encontras os teus vendidos facilmente de Soares a Cunhal, de Rosa Coutinho a Vasco Gonçalves cada um à sua maneira, entregaram tudo por 30 Dinheiros, quais Judas Nação Portuguesa."

                                          "Falam e falam do Salazar, mas na verdade esses traidores nem chegam aos calcanhares do nosso maior estadista."

                                          Este tópico até tinham condições para ser um tema interessante, mas sofre de alguns problemas, nomeadamente, estarmos a falar de factos consumados. Por outro lado, os subscritores das expressões em itálico não apresentam o que deveria ter sido, na sua opinião, a solução para as ex-colónias, pós-25 de Abril: devíamos continuar a guerra, arrastar a situação a qualquer preço, negociar com quem? O que fazer com os cubanos e com os sul-africanos? Poderíamos ter sido aceites na Europa continuando com as colónias? Teríamos o apoio do FMI e do BERD naquelas condições...?

                                          Comentário


                                            A BATALHA DE LUANDA?
                                            (uma História mal contada)
                                            Por Mendonça Júnior - Coronel de Cavalaria

                                            Considerada como registo de factos memoráveis, a História (tanto a que é escrita como a que é reproduzida oralmente) nem sempre é isso. Já que, com frequência, ela é adornada com omissões, acréscimos, desvios e quejandos ou mesmo – o que é ainda mais grave – com insucessos acobertados com roupagem factual. Os quais são fruto, nuns casos, de ignorância ou de lapsos de memória, involuntários ou não; e, noutros, são de entender-se com propósitos deliberados de contornar a verdade para fazer valer a mentira.

                                            Não é de admirar que seja assim: afinal, quem protagoniza, escreve ou reproduz a História é sempre um ser humano, igual àquele que, expulso do paraíso por ter acreditado na "mentira da serpente", ficou por certo condenado, "ad vitam aeternam", a jamais conhecer a verdade na plenitude.

                                            Da História antiga pouco se conhece nesse particular, mas da contemporânea os exemplos dessas omissões, acréscimos, desvios, etc, e sobretudo de insucessos apresentados como factos são múltiplos e estão à mão de semear. Constituem elas as chamadas "mentiras históricas", algumas das quais, como as ditas "armas de destruição maciva de Saddam" e o "11 de Setembro", foram tão estrondosamente badaladas por esse mundo fora, que ainda hoje, tanto tempo já passado, têm ressonâncias que quotidianamente nos torturam os ouvidos.

                                            Como é óbvio, este nosso milenar Querido Portugal, sujeito como é também da História, não podia ser uma excepção, nesse particular. E não é efectivamente. Pois aqui também abundam e proliferam quotidianamente casos semelhantes acima referidos. Os quais ao assumir aspectos verdadeiramente escandalosos, sobretudo quando os desvios, os acréscimos, as omissões e as mentiras com que são enfeitados se relacionam com factos de ocorrência recente, possibilitando portanto fáceis testemunhos contraditórios.

                                            Exemplo disso tudo podem ser encontrados facilmente, no pouco ou nada que se tem escrito e bem assim no muito que se tem dito, sobre esse momento da História do nosso País, a que se deu o nome de "descolonização". E muito particularmente na que envolveu Angola, onde o confronto de interesses foi sempre tão grande e tão imperante, que acabou, na maioria das vezes, por justificar a ausência daquilo que a História sempre exige: a isenção e a verdade.

                                            Vem-nos momentaneamente, à memória, alguns de entre os mais gritantes. Ei-los:

                                            – O início da rebelião contra o regime colonial, que uns atribuem ao "4 de Fevereiro" e outros ao "15 de Março", ambos ocorridos em 1961, quando na realidade, a História identifica-o com o que se passou na Baixa do Cassange em 1960 ou até mesmo com a "marcha dos tocoistas" contra São Salvador do Congo, ocorrido duas décadas antes;
                                            – A "ponte aérea que, em 1975, transportou centenas de milhares de portugueses de Angola para Lisboa, a qual muitos dizem ter sido ideia do governo português de então, quando na verdade foi ela engendrada, financiada e organizada por uma potência estrangeira, os Estados Unidos da América, que antes havia feito tudo para correr com os europeus das suas colónias;
                                            – O acordo de que raramente se tem ouvido falar, celebrado num jantar de um café restaurante da rua da Ópera em Paris, com a participação de Mário Soares, Álvaro Cunhal – que receberam cada um, 1 milhão de contos para que os seus respectivos partidos privilegiassem os movimentos pró-maxistas que existiam nas colónias portuguesas – e Boris Ponomorof, membro do então Governo Soviético, que impôs à "descolonização" o rumo político, que ela cumpriu.

                                            A BATALHA DE LUANDA?
                                            Tudo o que acima se afirma exprime a reacção que experimentámos quando, bem recentemente, tivemos a oportunidade de ver, num dos canais da TV Cabo, um documentário em que se fala da descolonização de Angola e muito particularmente da luta que se travou entre o MPLA e alguns dos seus opositores pela posse de Luanda. Luta que, tendo tido o seu auge a escassos dias da data da proclamação oficial da independência – 11 de Novembro de 1975 – ficou conhecida como a batalha de Luanda.

                                            Além do relato das principais ocorrências, esse documentário foi completado com opiniões interpretativas, formuladas pessoalmente por um grupo de oficiais reformados das nossas Forças Armadas do qual se destacam dois:

                                            – O Contra Almirante Rosa Coutinho e o
                                            – O Brigadeiro Pezarat Correia
                                            Um e outro com permanência em Angola, no "posto 25 de Abril", mas ali afastados muito antes da data da independência.

                                            O documentário comporta, naturalmente, o que já não é surpresa, ou seja, os costumeiros desvios, omissões, contornos, e até mesmo inverdades com vestimenta factual. A mais escandalosa das quais foi expressa por aqueles dois conhecidos militares, que com o ar mais natural deste mundo, juraram e sacramentaram que foram tropas do MPLA, que, com a colaboração de alguns cubanos, enfrentaram, combateram e acabaram vencendo as forças da Oposição que, sob o comando do Coronel Gilberto Santos e Castro se propunham tomar de assalto Luanda, para impedir a proclamação da independência por parte do MPLA.

                                            Repetimos: a versão formulada não tem visos de verdade e, como se disse, assume contornos de escândalo e mesmo de injúria, tanto mais reprovável quanto é certo ela atingir a honra de alguém que, por não ser já deste mundo não pode ripostar.

                                            Assim sendo e em nossa opinião, a única forma de minorar ou mesmo anular os efeitos dessa injúria é reconstituir os factos, tal como ocorreram e com a caução de testemunhos presenciais, que ainda hoje e a qualquer momento, podem ser invocadas. É, pois, o que a seguir fazemos procurando respeitar o trajecto cronológico, para, deste modo, melhor entender tudo o que se passou.

                                            O fim da luta armada em Angola ficou consagrado no acordo celebrado em Alvor (Algarve) no final de Janeiro de 1975, Acordo pelo qual se estabeleceu um governo de transição tripartido – Portugal e os três movimentos de libertação angolanos – a quem foi incumbida a tarefa de gerir o país até à data da independência marcada para 11 de Novembro desse mesmo ano.

                                            Durou pouco esse governo. A rivalidade entre as três formações angolanas, a ambição pelo mando absoluto e também a passividade da parte portuguesa conduziram rapidamente à sua falência total. Surgiram e multiplicaram-se, um pouco por todo o lado, casos de violência envolvendo as três partes angolanas, de tal modo que, no final de Agosto desse ano, o MPLA já era senhor absoluto da capital, de onde havia expulsado sem mais aquelas os representantes da UNITA e da FNLA.

                                            A opinião generalizada que então se formou, nessa altura, tanto em Angola como fóra, era de que, assim tendo procedido, o MPLA estava a preparar-se para, em 11 de Novembro, proclamar unilateralmente a independência, na expectativa de que a passividade da opinião pública, tanto interna como a externa, ajudasse a consagrar a ilegalidade.

                                            Esqueceu-se, porém, Agostinho Neto, o então líder do MPLA. que, com a descoberta do petróleo, acontecida anos antes, Angola passára a estar sob vigilância cerrada que, então como agora, controlam a produção e o comércio do crude à escala mundial. O resultado dessa falha de memória foi que, pouco tempo depois, Angola era, sem mais aquelas, invadida por uma força militar sul-africana procedente da Namíbia. A qual, depois de tomar, sucessivamente, as cidades do Lubango, Benguela e Lobito, avançou em direcção a Luanda. Onde, no entanto, não chegou a entrar, já que ao atingir as margens do rio Quanza (a cerca de 200 kilómetros da capital) foi mandada parar.

                                            Por ordem de quem e porquê? Ocorre naturalmente perguntar?

                                            Segundo fontes diplomáticas sul africanas desse tempo, Washington, que havia sugerido a invasão, fora quem formulára essa espécie de contra-ordem, acompanhada de um novo pedido: que os sul africanos transferissem parte do material bélico que transportavam para um outro grupo armado, que, constituído por guerrilheiros da FNLA, soldados zairenses disponibilizados por Mobutu e alguns voluntários portugueses, e sob o comando do Coronel Santos e Castro, se encontravam, nessa altura, a assediar Luanda pelo Norte, com o objectivo de a tomar, antes da data da proclamação da independência.

                                            Uma vez na posse do material cedido pelos sul-africanos , que incluía três peças G5 – fabricadas na RSA e capazes de atingir objectivos localizados de até 50 Kms – (chamados n'gola kiluando) Santos e Castro começou a preparar o ataque e a tomada de Luanda concebido nos seguintes termos: bombardear primeiro, utilizando as peças cedidas, com vista a estabelecer o pânico entre os defensores e a população da capital e, a seguir, realizar o assalto por terra. Plano que, uma vez concebido, foi divulgado via Kinshasa, com vista naturalmente a desmoralizar ainda mais o inimigo.

                                            Sendo assim, no dia 6 de Novembro, depois de ter tomado a vila de Caxito, estabeleceu-se ele com os seus homens no Morro da Cal – uma pequena elevação de terreno situada a cerca de 30 Kms de Luanda e dali fez três disparos dos G5 contra a capital. Dos quais um atingiu a pista do aeroporto, outro caiu na baía e o terceiro atingiu a refinaria de petróleo do Alto da Mulemba, provocando um incêndio, que acabou por ser dominado.

                                            A estratégia resultou em pleno: o pânico previsto estabeleceu-se e generalizou-se, e, naturalmente começaram a circular boatos os mais diversos, um dos quais um concebido em termos de suscitar histeria colectiva e pavor. Eles os "fenelas" – assim o vulgo luandense chamava aos homens de Holden Roberto – vão entrar e vão degolar todos: pretos brancos e mulatos.

                                            Entretanto, as horas e os dias foram passando nessa terrível expectativa que se ia acentuando à medida que, um pouco por todo o lado na cidade, se ia escutando sons de disparos, resultantes do confronto que se ia verificando amiúde entre grupos de soldados que Santos e Castro ia mandando avançar em missões de sondagem do terreno e os militares que o MPLA tinha colocado fora do perímetro urbano da capital com missões de entreter o inimigo para deste modo possibilitar o envio de reforços.

                                            Chegou-se finalmente a 11 de Novembro, dia marcado para a proclamação da independência, sem que no entanto se houvesse realizado o prometido assalto à capital. Mesmo assim, o pânico generalizado imperava e manteve-se sempre desde o nascer ao pôr do Sol desse dia histórico, durante o qual o único facto de registo sucedeu cerca das 16 horas, quando o alto-comissário representante da soberania portuguesa, um militar de alta patente português, General Silva Cardoso, mandou arrear a Bandeira das Quinas que encimava o velho palácio da cidade alta, dobrou-a e, com ela debaixo de um dos braços, tomou o caminho da Ilha de Luanda, onde o aguardava um navio de guerra, para o trazer de regresso definitivo a Portugal.

                                            Deste modo inesperado e ademais ridículo e triste se concretizou o episódio final de quase cinco séculos de Histórial!!!

                                            Entretanto, e porque a crença generalizada era de que os homens de Santos e Castro ainda poderiam atingir Luanda, a cerimónia oficial da proclamação da independência, marcada inicialmente para as 17 horas desse dia, foi sendo sucessivamente protelada e acabou por ter lugar só em plena noite e de uma forma algo improvisada.
                                            Assim e apesar de todas as promessas e ameaças, os homens do coronel falharam: nem entraram na cidade nesse dia nem posteriormente realizaram qualquer tentativa nesse sentido, preferindo antes deixar os arredores da capital e empreender uma retirada em direcção à fronteira com o Zaire.

                                            Porque esse falhanço, porque tudo isso? Importa perguntar?

                                            A resposta ouvimo-la já aqui em Lisboa. Primeiro da boca do Coronel Santos e Castro, poucos meses antes da sua morte; e logo a seguir, por intermédio de alguns portugueses e angolanos, que foram seus companheiros nessa aventura. E tivemo-la confirmada, mais tarde, pelas mesmas fontes diplomáticas sul-africanas atrás referidas. Ei-la, pois, reproduzida de forma sintética mas clara.

                                            Na madrugada do dia 9 de Novembro e cumprindo o plano que estabelecera, o Coronel Santos e Castro dirigiu-se à tenda onde se albergava Holden Roberto, o Presidente da FLNA, para lhe comunicar que ia imediatamente pôr a funcionar os G5 e iniciar o bombardeamento da capital. E foi então informado que estava impossibilitado de o fazer, já que, um pouco antes, os artilheiros sul-africanos haviam desmantelado as culatras dos G5, tornando-os inoperacionais, embarcando a seguir num helicóptero que os transportou para bordo de um navio do seu país que os aguardava ao largo do porto de Ambriz. E isso no cumprimento de uma exigência imposta de Washington a Pretória.

                                            Dito isto, só resta a lógica conclusão final. Não foram pois os homens do MPLA que impossibilitaram a tomada de Luanda pelas forças comandadas pelo Coronel Santos e Castro.

                                            Nada disso. A responsabilidade do insucesso cabe a outro. E quem é ele? Resposta é inequívoca. Esse mesmo que, desde sempre, se notabilizou por promover guerras e fazer delas um negócio altamente lucrativo para si próprio: Os Estados Unidos da América.
                                            Sensatez é a palavra que melhor define este excelente artigo, muito bem redigido.

                                            O que me revolta na historia da descolonização nem foi o assalto dos pseudo-socialistas sovieticos já que era de se esperar qualquer tentativa nesse sentido, ninguem com um minimo de juizo esperava nada de bom deles. Ninguem espera nada de bom de um enemigo, não é verdade? Agora a falta de lealdade, a traição, o virar de costas de quem menos se espera é que e imperdoavel. Os Norte-americanos nos puxaram o tapete, não há inimigo mais detestavel do que aquele que age pela calada.

                                            É preferivel um enemigo que nos ataca de frente do que um amigo que nos ataca pelas costas.

                                            Comentário


                                              eu continuo a dizer que o grande erro foi feito com a não descolonização.
                                              so assim e de uma maneira progressiva se poderiam retirar os nossos cidadãos no caso da situação em áfrica se degradar (e isso ia acontecer, a guerra civil aconteceria com ou sem portugal).


                                              naturalmente que retirar tana gente em tão pouco tempo era missão quase impossivel.

                                              e é bom não esquecer o que a afectou o tecido social português.



                                              Depois de 74 era impossivel manter o que quer que fosse.Ninguém nos apoiaria (usa ou urss)
                                              e obviamente era improvével manter o continuo envio de tropas.


                                              cumprimentos

                                              Comentário

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