Reformar-se antes dos 65 anos vai ser proibido a partir de amanhã

[Peste]

Eu até consigo concordar com tudo o que estás a dizer, o problema é que a única coisa que as medidas implementadas vão fazer é exactamente o que são. Ou explicando melhor, se aumentarem o horário de trabalho em meia hora, a única coisa que será mudada é o horário de trabalho em meia hora. Se pagam o feriado a 50% a única coisa que muda é o valor a que pagam o feriado. Entendes? Todas as outras coisas que dizes, e bem, não têm mexida absolutamente nenhuma. É necessário investir (e sim para isso é preciso gastar dinheiro, claro que é preciso gastar dinheiro) a melhorar a capacidade profissional das pessoas os métodos que usam e os meios que têm ao seu dispôr.
Aumentar porcaria continua a ser porcaria.

Evidentemente.

Isto é tudo muito giro, um grupo de pessoas que se reúne na net para falar de coisas importante e coisas menos importantes. Mas é preciso entender do que se fala, só para manter a conversa interessante.

Nesta linha aqui fica mais um conceito de gestão, muito importante, "incentivos para um comportamento produtivo". Se vivêssemos num mundo ideal, cada um teria sempre um comportamento produtivo, mas no mundo real, é necessário que se obtenha algo em troca, suficientemente apelativo, para manter o "comportamento produtivo". E isto começa precisamente pela gestão ou antes, pela boa gestão.

Mau uso dos lucros ou de verbas públicas, vencimentos baixos, impostos para tudo que causam ineficiências, mais horas de trabalho, reformas em idades absurdamente elevadas, impunidade e um sem numero de outras idiotices com que os nossos governos nos presenteiam, reduzem estes incentivos, um pouco como a "teoria dos vidros partidos", se ninguém faz nada para reparar e punir quem parte vidros, em breve, o problema já não será só o vandalismo contra as janelas.

[Peste]

Compreendo-te perfeitamente.
Quando cerca de 60% da população vive perto do limiar da pobreza (dos quais 25% é mesmo pobre), e quando o salário mínimo pago a 400 mil portugueses está abaixo do valor mínimo estipulado pelas organizações internacionais como limiar da pobreza, é difícil conseguir-se sobreviver, quanto mais pensar em poupar.

E o que dizer dos mais de 800 mil desempregados, dos quais 300 mil não recebem subsídio de desemprego? E dos cerca de 1,2 milhões sem emprego?
Como é possível a estas pessoas poupar?

Há que enquadrar as pessoas na realidade do país que temos. Se uns não poupam porque esbanjam, muitos outros não o fazem porque mal têm rendimentos que cheguem para viver.

E infelizmente vivemos num país assim.

[Joana1984]

Se vai ser proibida a reforma antecipada (nos privados), como é que as grandes empresas (PT/Bancos/Edp, entre outras) vão fazer, já que dispensam muitos colaboradores com mais de 55 anos?

[Hugo1984]

Era interessante ver como a sociedade lidaria com os que gastassem os 48mil antes de morrer.

Certamente melhor que os gregos lidaram com o suicídio do idoso...

Mais interessante seria ver alguém pegar em 30 000€ e meter a render juros...

[Hugo1984]

No geral, essa solução que indicas não é nos moldes que existem hoje. O nosso sistema funciona na base que quem trabalha está a pagar a reforma dos reformados e não que os nossos descontos vão ser usados para a nossa reforma.

Claro que eu apoio que cada pessoa desconte para si, havendo uma parte que seja para ajudar quem realmente necessita. Caso fosse assim não interessaria tectos, nem idade, pois quando uma pessoa decidisse reformar-se iria fazê-lo com o que descontou.

Mas não tenhamos dúvidas, este assunto vai ser muito complicado de resolver, pois é algo que envolve todas as pessoas.

Sim, não é solução nem para hoje, nem amanhã. Sim, o nosso sistema funciona em que quem trabalha sustenta quem está quieto, em vez de trabalhar para o seu futuro sustento.

Continuaria a interessar tectos e idade. Isto para evitar extremos de um e outro lado.

Não vai ser complicado... Vai ser impossível de resolver nos actuais moldes. Temos desemprego e emigração a aumentar sem parar. Ficámos com alguns desempregados, reformados e subsidiários para sustentar. Acrescentem-se apoios e abonos a crianças e jovens e está a tenda armada. O Zé tem que sustentar a sua casa mais a do vizinho, e ainda tem que contribuir com 50% do agregado do primo do vizinho. Isto num país em que o salário médio está bem longe dos 1 000€ e em que fazer 100km de carro fica mais caro que um jantar! Só em combustível!

E afundamos a cada dia que passa... É que cada vez há mais vizinhos e mais primos para ajudar, e menos Zés a trabalhar...

Mas como hoje é dia de festa, digo apenas isto: se isto estourar de vez, que haja pelo menos fogo de artifício! Senão não tem piada nenhuma...

[air]

Se vai ser proibida a reforma antecipada (nos privados), como é que as grandes empresas (PT/Bancos/Edp, entre outras) vão fazer, já que dispensam muitos colaboradores com mais de 55 anos?

Essas empresas têm fundos de pensões próprios (pelo menos as que não os entregaram ao estado), que podem muito bem pagar a pré-reforma da pessoa até à idade em causa.

[dfp]

Como eu já comecei a fazer há 3 anos (grão a grão...) embora muita gente não o possa fazer num país em que os rendimentos são cada vez mais baixos.

Mas quanto à medida do governo, esta suscita-me algumas dúvidas.
Se a principal preocupação fosse a sustentabilidade da SS, não seria mais natural penalizar mais as reformas antecipadas, alterar o método de cálculo ou aumentar a idade da reforma?

Será que o congelamento das reformas antecipadas constitui um bom negócio para o estado?
Não creio, senão repare-se.

Os candidatos a reformas antecipadas podem reformar-se daqui por 2 anos com menos 12% de penalização e, por conseguinte, com reformas mais altas, levando a mais encargos para o estado.

É a velha solução dos governos de empurrar com a barriga o problema para a frente.
Não resolve os problemas da SS nem das contas públicas.

(e não estou a defender a minha reforma, porque faltam-me vinte e tal anos para atingir a idade de receber uma reforma simbólica, como acontecerá com a maioria de nós)

enquanto se impede as reformas antecipadas ganha-se tempo para mexer no sistema... penso que a ideia será mais ou menos esta.

Se vai ser proibida a reforma antecipada (nos privados), como é que as grandes empresas (PT/Bancos/Edp, entre outras) vão fazer, já que dispensam muitos colaboradores com mais de 55 anos?

da mesma forma que sempre fizeram.

[air]

Sim, não é solução nem para hoje, nem amanhã. Sim, o nosso sistema funciona em que quem trabalha sustenta quem está quieto, em vez de trabalhar para o seu futuro sustento.

Continuaria a interessar tectos e idade. Isto para evitar extremos de um e outro lado.

Não vai ser complicado... Vai ser impossível de resolver nos actuais moldes. Temos desemprego e emigração a aumentar sem parar. Ficámos com alguns desempregados, reformados e subsidiários para sustentar. Acrescentem-se apoios e abonos a crianças e jovens e está a tenda armada. O Zé tem que sustentar a sua casa mais a do vizinho, e ainda tem que contribuir com 50% do agregado do primo do vizinho. Isto num país em que o salário médio está bem longe dos 1 000€ e em que fazer 100km de carro fica mais caro que um jantar! Só em combustível!

E afundamos a cada dia que passa... É que cada vez há mais vizinhos e mais primos para ajudar, e menos Zés a trabalhar...

Mas como hoje é dia de festa, digo apenas isto: se isto estourar de vez, que haja pelo menos fogo de artifício! Senão não tem piada nenhuma...

Sim, a SS vai estourar, não há muito por onde fugir!

[Joana1984]

Essas empresas têm fundos de pensões próprios (pelo menos as que não os entregaram ao estado), que podem muito bem pagar a pré-reforma da pessoa até à idade em causa.

Penso que o estado já se apropriou dos fundos de pensões da banca e da PT, pelo menos foi o que foi referido pelas notícias e o que eles fazem aos seus colaboradores poderá ser ilegal
Teixeira dos Santos negociou com PT transferência dos fundos de pensões- Empresas - Jornal de negócios online
Integração dos fundos da banca custará já neste ano mais 500 milhões em pensões- segurança social - Jornal de negócios online

[air]

Penso que o estado já se apropriou dos fundos de pensões da banca e da PT, pelo menos foi o que foi referido pelas notícias e o que eles fazem aos seus colaboradores poderá ser ilegal
Teixeira dos Santos negociou com PT transferência dos fundos de pensões- Empresas - Jornal de negócios online
Integração dos fundos da banca custará já neste ano mais 500 milhões em pensões- segurança social - Jornal de negócios online

Nesses casos, no meu entender, terá de haver regimes de excepção. O estado ficou com os fundos de pensões pois era o necessitado, não pode agora cuspir no prato onde comeu. Mas quando essas excepções aparecerem, já estou a ver a lenga-lenga dos lobbies a vir aqui parar.