Como a legalização do meu Smart está quase no fim, já posso deixar a minha experiência. Não sei escrever posts destes sem sair testamento, por isso é melhor irem buscar uma almofadinha e encostarem-se bem.
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Já há alguns anos, por culpa deste tópico, ficou de fundo na minha cabeça a ideia de um dia ir importar um carro (ou mais). A oportunidade finalmente surgiu.
Uma vez que a importação foi feita mais pela experiência do que para ter um carro para consumo pessoal, fiz uma pesquisa intensiva no mobile e autoscout e no OLX e Standvirtual para perceber se valeria a pena importar X ou Y. Acabei por me focar nos Smarts, quer a gasolina quer a gasóleo, pelo facto de serem carros relativamente recentes e com poucos kms, relativamente populares e de legalização barata graças à baixa cilindrada e emissões.
Depois de mais umas brincadeiras no mobile.de, acabei por definir que compraria o carro num raio de 200 kms de Frankfurt, a um concessionário com um rating de pelo menos 4 estrelas e que tivesse o Inglês como uma das línguas faladas; podia fazer uma má compra na mesma, mas como era a primeira vez que ia importar carro e sem dominar bem o alemão e a burocracia pós-compra sentia-me mais confortável assim.
Não precisei de ligar para ninguém: dos emails que enviei, só metade respondeu, mas era a metade que mais me interessava.
Desses que responderam, um tinha para venda um Smart 0.8 cdi de 2008 para venda. Eu tinha quase a certeza de que a versão de 45 cv nunca tinha saído com filtro de partículas, mas como o mercado lá é diferente estava disposto a dar uma hipótese. Comecei por fazer perguntas mais gerais, as quais foram respondidas rapidamente e de forma cortês, incluindo a posse do COC. Depois disso, enviei um email a pedir para confirmar o valor que aparecia nas "Partikel", no COC. O vendedor mandou-me o código que aparece junto ao campo, em vez do valor de partículas do carro. Enviei-lhe uma imagem de um COC com uma bola à volta do valor que pretendia. Tive de reenviar o email para obter a resposta. Tcharaaam: o carro emitia 0,013 g/km, logo não tinha filtro de partículas como o vendedor tinha dito.
Para quem não sabe, essa situação levaria a um agravamento de 500 euros no ISV do carro, pelo que estava fora de questão.
Pelos contactos feitos, o meu preferido era mesmo um Smart branquinho, MHD, Passion, já com o restyling de 2011. O vendedor foi respondendo a tudo, mostrou-se disponível e o carro parecia honesto. Mesmo assim, levei mais 3 ou 4 hipóteses em carteira para estar prevenido.
Embora os planos sejam feitos para ser alterados , vi em casa os trajectos (viagens entre stands e entre pontos de dormida) e, como é óbvio, o aluguer do carro foi marcado com antecedência, tal como os sítios onde dormimos - eu e a minha namorada.
Dada a antecedência, o vôo não foi ideal - foi de Lisboa, portanto perdemos a manhã a ir para a capital, e foi para Hahn, que fica a mais de 100 kms de Frankfurt. Decidimos pernoitar no hotel em frente e sair logo de manhã no carro reservado na Europcar. A localização do hotel é excelente. Não é luxuoso, mas dorme-se bem. Estava um McDonalds pequenito e humilde (como o aeroporto) aberto às 22h para trincarmos qualquer coisa.
No nosso caso, teria compensado fazer Porto-Frankfurt International, desde que os bilhetes fossem marcados com mais antecedência. Assim perdeu-se um dia de viagem. Também complicou um bocadinho as contas do carro da rent-a-car, porque teve de ser feita a entrega num sítio diferente (na estação principal em Frankfurt).
No dia seguinte, fomos ao balcão para fazer o resto do pagamento da reserva do carro de aluguer. O cartão de débito do Banco CTT, o tal com o código de verificação atrás, foi aceite sem problema. Confirmámos que o valor a bloquear estava disponível e não lhe mexemos.
Fomos direitinhos de Hahn para o sítio onde estava o primeiro carro, a 40 kms de Frankfurt. Estava com os pneus de inverno (e jantes de ferro com tampões originais), mas fora isso pouco devia às fotos. Um ou outro retoque na pintura, mas depois de examinar a carroçaria não encontrei nada de anormal. No interior, um furito no banco do condutor e a gaveta debaixo do rádio sem fechar, mas nada de grave. Tive o tempo que quis para dar uma voltinha.
Não me quis precipitar, por isso seguimos para os arredores de Frankfurt para ver a 2ª opção. Nesse stand, fiquei logo de pé atrás com o aspecto e nem falei com ninguém - nem ninguém veio ter comido. Terreno com gravilha e terra, carros de todos os tipos à bota para lá, e nem sinal do que eu queria ver. Dei meia volta e fui embora.
Próximo destino: Offenbach, onde o stand já parecia melhor, embora fosse daqueles com um contentor e também com os carros enlatados dentro do espaço. O vendedor não estaria por lá, pelo que só vi o carro por fora, mas estava direitinho e seria um bom back up caso o primeiro falhasse.
Por último, vi ao pé do stand da Ferrari em Frankfurt um Smart vermelho, de um sítio aparentemente bem reputado, mas já passavam uns minutos das 18h e estava fechado. Não fez diferença, porque o carro não estava nada como nas fotos, com a pintura toda descascada. Foi logo riscado da lista.
Fomos dar uma volta pela cidade e jantar; e entretanto ficou combinado com o vendedor do Smart branco que ficaríamos com o carro e que o levantaríamos no dia seguinte. Era preciso trocar os pneus pelos de Verão e tratar da papelada. O preço já tinha ficado apalavrado.
//Pausa a meio do post para descansar a vista //
Continuando...
Dia 26: correria de manhã para entregar o Polozito ao pé da estação principal de Frankfurt e ainda passeámos mais um bocado até depois de almoço, altura em que nos metemos num S-Bahn para ir consumar o negócio. Sempre ouvi dizer que a rede de comboios da Alemanha era muito boa, mas até ver o mapa da rede de Frankfurt não tinha noção do quão boa é. Penso que cobre uma extensão de 300 kms, no total.
Foram umas 2h30 para burocracias lá no registo do sitio, que ao lado tinha uma loja para seguros/matrículas provisórias. Estar num sítio onde quase toda a gente está a falar uma língua estranha exige confiança no negócio que se está a fazer e na pessoa com quem se está a negociar. Fui metendo frases e palavras soltas no Google Translate para ir controlando a situação, mas não é fácil. Calculo que nos serviços de uma cidade principal se consiga encontrar alguém que fale melhor inglês.
Tudo tratado, notas do lado de lá, documentos conferidos mais uma vez e vamos embora que se faz tarde. O triciclo foi logo experimentar a autobahn:
A viagem de regresso fez-se em 6 dias, visto que ainda visitámos algumas coisas – cidade do Luxemburgo, Paris (dois dias), Bordéux e Salamanca. Correu sem sobressaltos, tirando ter apanhado um enorme buraco numa nacional francesa que me fez parar o carro e ir ver se tinha dado cabo de alguma coisa – felizmente não.
Destes países, a França é do pior para conduzir. Apanhei kms e kms de gravilha solta numa nacional, má iluminação, os limites de velocidade estão sempre a mudar e o mais cómico...
...a dada altura enganei-me e meti em direcção a uma AE; fui obrigado a retirar o bilhete. Consegui dar a volta numa rotunda logo à frente, mas mesmo assim cobraram-me 1,80 euros. Algumas francesices mereciam uma baguette recessa. Mas consegui só gastar mais 3,70 euros em portagens no resto da viagem!
Na Alemanha conduz-se muito bem. Boas estradas e o pessoal é claramente mais respeitador das distâncias de segurança, não pressiona.
Em relação ao processo de legalização, só fui ao IMT para pedir o nº de homologação nacional a 4 de Outubro (não precisei do COC, embora ele me tenha sido enviado pelo correio). A IPO foi feita dia 8, sem tirar forras nenhumas porque nestes Smarts não é preciso. Dia 9 preenchi a DAV online, enganei-me, tive de enviar uma reclamação graciosa e trocar mais uns emails para confirmar a liquidação (a DAV foi actualizada mas o DUC não). Ontem, dia 17, já tinha matrícula, e hoje já fiz a entrega dos documentos no IMT para emissão do DUA. Pelo que me disseram, daqui a uma semana já posso ir fazer o registo.
Podia ter demorado menos tempo, especialmente por causa da questão do DAV, mas o erro foi meu, ficou resolvido e o processo não parece complicado.
Alguns números para colorir o post:
5 depósitos de gasolina: 183 euros (fez 5.x l/100 kms, mais ou menos)
Portagens: 5,50 euros
IPO B: 77,65 euros
ISV: 101, 17 euros
Matrículas: 13,50 euros
Pedido DUA: 45 euros
Isto não é uma lista completa de despesas, claro.
Se houver alguma coisa que eu possa esclarecer, como também já aprendi muito aqui, é só dizerem.
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Já há alguns anos, por culpa deste tópico, ficou de fundo na minha cabeça a ideia de um dia ir importar um carro (ou mais). A oportunidade finalmente surgiu.
Uma vez que a importação foi feita mais pela experiência do que para ter um carro para consumo pessoal, fiz uma pesquisa intensiva no mobile e autoscout e no OLX e Standvirtual para perceber se valeria a pena importar X ou Y. Acabei por me focar nos Smarts, quer a gasolina quer a gasóleo, pelo facto de serem carros relativamente recentes e com poucos kms, relativamente populares e de legalização barata graças à baixa cilindrada e emissões.
Depois de mais umas brincadeiras no mobile.de, acabei por definir que compraria o carro num raio de 200 kms de Frankfurt, a um concessionário com um rating de pelo menos 4 estrelas e que tivesse o Inglês como uma das línguas faladas; podia fazer uma má compra na mesma, mas como era a primeira vez que ia importar carro e sem dominar bem o alemão e a burocracia pós-compra sentia-me mais confortável assim.
Não precisei de ligar para ninguém: dos emails que enviei, só metade respondeu, mas era a metade que mais me interessava.
Desses que responderam, um tinha para venda um Smart 0.8 cdi de 2008 para venda. Eu tinha quase a certeza de que a versão de 45 cv nunca tinha saído com filtro de partículas, mas como o mercado lá é diferente estava disposto a dar uma hipótese. Comecei por fazer perguntas mais gerais, as quais foram respondidas rapidamente e de forma cortês, incluindo a posse do COC. Depois disso, enviei um email a pedir para confirmar o valor que aparecia nas "Partikel", no COC. O vendedor mandou-me o código que aparece junto ao campo, em vez do valor de partículas do carro. Enviei-lhe uma imagem de um COC com uma bola à volta do valor que pretendia. Tive de reenviar o email para obter a resposta. Tcharaaam: o carro emitia 0,013 g/km, logo não tinha filtro de partículas como o vendedor tinha dito.
Para quem não sabe, essa situação levaria a um agravamento de 500 euros no ISV do carro, pelo que estava fora de questão.
Pelos contactos feitos, o meu preferido era mesmo um Smart branquinho, MHD, Passion, já com o restyling de 2011. O vendedor foi respondendo a tudo, mostrou-se disponível e o carro parecia honesto. Mesmo assim, levei mais 3 ou 4 hipóteses em carteira para estar prevenido.
Embora os planos sejam feitos para ser alterados , vi em casa os trajectos (viagens entre stands e entre pontos de dormida) e, como é óbvio, o aluguer do carro foi marcado com antecedência, tal como os sítios onde dormimos - eu e a minha namorada.
Dada a antecedência, o vôo não foi ideal - foi de Lisboa, portanto perdemos a manhã a ir para a capital, e foi para Hahn, que fica a mais de 100 kms de Frankfurt. Decidimos pernoitar no hotel em frente e sair logo de manhã no carro reservado na Europcar. A localização do hotel é excelente. Não é luxuoso, mas dorme-se bem. Estava um McDonalds pequenito e humilde (como o aeroporto) aberto às 22h para trincarmos qualquer coisa.
No nosso caso, teria compensado fazer Porto-Frankfurt International, desde que os bilhetes fossem marcados com mais antecedência. Assim perdeu-se um dia de viagem. Também complicou um bocadinho as contas do carro da rent-a-car, porque teve de ser feita a entrega num sítio diferente (na estação principal em Frankfurt).
No dia seguinte, fomos ao balcão para fazer o resto do pagamento da reserva do carro de aluguer. O cartão de débito do Banco CTT, o tal com o código de verificação atrás, foi aceite sem problema. Confirmámos que o valor a bloquear estava disponível e não lhe mexemos.
Fomos direitinhos de Hahn para o sítio onde estava o primeiro carro, a 40 kms de Frankfurt. Estava com os pneus de inverno (e jantes de ferro com tampões originais), mas fora isso pouco devia às fotos. Um ou outro retoque na pintura, mas depois de examinar a carroçaria não encontrei nada de anormal. No interior, um furito no banco do condutor e a gaveta debaixo do rádio sem fechar, mas nada de grave. Tive o tempo que quis para dar uma voltinha.
Não me quis precipitar, por isso seguimos para os arredores de Frankfurt para ver a 2ª opção. Nesse stand, fiquei logo de pé atrás com o aspecto e nem falei com ninguém - nem ninguém veio ter comido. Terreno com gravilha e terra, carros de todos os tipos à bota para lá, e nem sinal do que eu queria ver. Dei meia volta e fui embora.
Próximo destino: Offenbach, onde o stand já parecia melhor, embora fosse daqueles com um contentor e também com os carros enlatados dentro do espaço. O vendedor não estaria por lá, pelo que só vi o carro por fora, mas estava direitinho e seria um bom back up caso o primeiro falhasse.
Por último, vi ao pé do stand da Ferrari em Frankfurt um Smart vermelho, de um sítio aparentemente bem reputado, mas já passavam uns minutos das 18h e estava fechado. Não fez diferença, porque o carro não estava nada como nas fotos, com a pintura toda descascada. Foi logo riscado da lista.
Fomos dar uma volta pela cidade e jantar; e entretanto ficou combinado com o vendedor do Smart branco que ficaríamos com o carro e que o levantaríamos no dia seguinte. Era preciso trocar os pneus pelos de Verão e tratar da papelada. O preço já tinha ficado apalavrado.
//Pausa a meio do post para descansar a vista //
Continuando...
Dia 26: correria de manhã para entregar o Polozito ao pé da estação principal de Frankfurt e ainda passeámos mais um bocado até depois de almoço, altura em que nos metemos num S-Bahn para ir consumar o negócio. Sempre ouvi dizer que a rede de comboios da Alemanha era muito boa, mas até ver o mapa da rede de Frankfurt não tinha noção do quão boa é. Penso que cobre uma extensão de 300 kms, no total.
Foram umas 2h30 para burocracias lá no registo do sitio, que ao lado tinha uma loja para seguros/matrículas provisórias. Estar num sítio onde quase toda a gente está a falar uma língua estranha exige confiança no negócio que se está a fazer e na pessoa com quem se está a negociar. Fui metendo frases e palavras soltas no Google Translate para ir controlando a situação, mas não é fácil. Calculo que nos serviços de uma cidade principal se consiga encontrar alguém que fale melhor inglês.
Tudo tratado, notas do lado de lá, documentos conferidos mais uma vez e vamos embora que se faz tarde. O triciclo foi logo experimentar a autobahn:
A viagem de regresso fez-se em 6 dias, visto que ainda visitámos algumas coisas – cidade do Luxemburgo, Paris (dois dias), Bordéux e Salamanca. Correu sem sobressaltos, tirando ter apanhado um enorme buraco numa nacional francesa que me fez parar o carro e ir ver se tinha dado cabo de alguma coisa – felizmente não.
Destes países, a França é do pior para conduzir. Apanhei kms e kms de gravilha solta numa nacional, má iluminação, os limites de velocidade estão sempre a mudar e o mais cómico...
...a dada altura enganei-me e meti em direcção a uma AE; fui obrigado a retirar o bilhete. Consegui dar a volta numa rotunda logo à frente, mas mesmo assim cobraram-me 1,80 euros. Algumas francesices mereciam uma baguette recessa. Mas consegui só gastar mais 3,70 euros em portagens no resto da viagem!
Na Alemanha conduz-se muito bem. Boas estradas e o pessoal é claramente mais respeitador das distâncias de segurança, não pressiona.
Em relação ao processo de legalização, só fui ao IMT para pedir o nº de homologação nacional a 4 de Outubro (não precisei do COC, embora ele me tenha sido enviado pelo correio). A IPO foi feita dia 8, sem tirar forras nenhumas porque nestes Smarts não é preciso. Dia 9 preenchi a DAV online, enganei-me, tive de enviar uma reclamação graciosa e trocar mais uns emails para confirmar a liquidação (a DAV foi actualizada mas o DUC não). Ontem, dia 17, já tinha matrícula, e hoje já fiz a entrega dos documentos no IMT para emissão do DUA. Pelo que me disseram, daqui a uma semana já posso ir fazer o registo.
Podia ter demorado menos tempo, especialmente por causa da questão do DAV, mas o erro foi meu, ficou resolvido e o processo não parece complicado.
Alguns números para colorir o post:
5 depósitos de gasolina: 183 euros (fez 5.x l/100 kms, mais ou menos)
Portagens: 5,50 euros
IPO B: 77,65 euros
ISV: 101, 17 euros
Matrículas: 13,50 euros
Pedido DUA: 45 euros
Isto não é uma lista completa de despesas, claro.
Se houver alguma coisa que eu possa esclarecer, como também já aprendi muito aqui, é só dizerem.
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