Eis a notícia:
Chrysler pode se unir a Fiat e Chery para sobreviver
31/05/2007 - Giancarlo Perini, de Turim
O semanário italiano Panorama publicou em sua última edição reportagem informando que a Chrysler pode estar na mira da Fiat e da chinesa Chery em uma associação trilateral de contornos ainda difusos. A reportagem é especulativa, mas as fontes são seguras, garante a publicação.
De fato, se as leis da economia e a história têm algo a nos ensinar, é difícil enxergar como a Chrysler irá sobreviver sozinha depois de ter criado ampla dependência tecnológica e de fornecimento da DaimlerChrysler, em um cenário de árdua competição, lucros em queda e desafios dramáticos nos campos do meio ambiente e redução de tamanho de seus carros.
Se levarmos em consideração apenas a necessidade de motores diesel “limpos”, estará a Chrysler apta a pagar à Mercedes-Benz pela tecnologia Bluetooth e ser competitiva em sua própria casa e principal mercado? Se não, com que rapidez esses motores poderão ser substituídos por soluções alternativas fornecidas pela Fiat, por exemplo, através de uma nova joint-venture na China ou Índia? Irá a Chrysler sobreviver até lá?
Qual é o plano da Cerberus Capital Management LP para o futuro da Chrysler? Por que eles investiram em um empreendimento tão maduro e arriscado e ao mesmo tempo de capital intensivo, quando existem inúmeras e mais lucrativas oportunidades de negócio no mundo e em áreas diferentes e mais fáceis?
Uma boa explicação é o baixo preço que irá pagar pelo controle da Chrysler. Aqui nos lembramos do valor irrisório que um grupo de investidores pagou à BMW pelo grupo Rover. Os compradores tocaram o negócio enquanto os produtos que a empresa entregava conseguiam ser vendidos, sem a necessidade de investimento.
Quando a situação mudou, eles passaram a vender seus imobilizados, ferramental e marcas, tudo para a China.
Mas a Chrysler não é a Rover. A marca norte-americana é muito grande e sólida para vagarosa e silenciosamente abandonar o setor automotivo. Ela tem muitos bons produtos e marcas. Além disse suas marcas têm uma vasta e sólida presença no mercado norte-americano.
Do outro lado, a Alfa Romeo, que pertence à Fiat, está próxima de um retorno aos Estados Unidos. Com esse objetivo manteve inúmeras negociações nas décadas de 80 e 90, desenhando inúmeras formas de associações com a Chrysler.
Alfa Romeo e Fiat poderiam tirar grande benefícios da estrutura de vendas da Chrysler nos Estados Unidos e no mundo. Por outro lado, a Fiat poderia muito bem fornecer modernos motores a diesel e gasolina para o fabricante norte-americano por meio de sua divisão “Powertrain” e/ou por meio de novos parceiros em outras regiões do mundo como Brasil, China, Índia ou Polônia.
Também a Chery tem grande interesse na Chrysler: de um lado ela já tem o compromisso de suprir o fabricante norte americano com seu minicarro A1 para venda nos EUA e outros mercados. Por outro lado a Chery está atenta e ansiosa para exportar seus próprios veículos para os Estados Unidos.
Ainda é prematuro para afirmar que tudo isso irá acontecer, mas dois fatos são reais. De um lado Sergio Marchionne, o guru sem terno e gravata, que fez a Fiat dar a volta por cima, já disse que o grupo quer montar carros Alfa Romeo na China. Ele disse também que não está satisfeito com o desempenho da atual joint-venture na China e a Fiat assinou um contrato de fornecimento de motores de quatro cilindros para a Chery. Isso sem mencionar que ele não desmentiu reportagens recentes, mencionando que o parceiro do projeto Alfa Romeo na China é realmente a Chery.
Por ultimo, mas não menos importante, em recente encontro com jornalistas, Marchionne declarou que “três anos atrás tudo que podíamos enxergar era um buraco negro. Hoje a Fiat é uma empresa quatro vezes mais capitalizada e que na bolsa de valores vale mais do que a GM e Ford juntas.”
Marchionne disse que a Fiat faz benchmark da Toyota, a nova número um do mundo, e está pronta para uma grande aquisição até 2010. Para respaldar seus argumentos Marchionne mencionou fatos e números. Em três anos o grupo virou de grandes prejuízos para lucros crescentes e registra lucro operacional 100 vezes maior em relação ao registrado em 2004, devendo atingir € 5 bilhões até 2010.
Cinco bilhões de euros é apenas meio milhão menos do que o valor nominal que a Cerberus irá pagar para obter participação de 80,9% no grupo Chrysler.
retirado de:
http://icarros.uol.com.br/icarros/noticias/ultnoticiasdetalhe.jsp?id=4897
Aqui está notícia do semanário italiano:
http://blog.panorama.it/economia/200...iasse-la-fiat/
O fim da da aliança com Daimler foi mais uma tentiva malograda de expansão por parte da Chrysler, outras foram a aquisições do Grupo Rootes e da Simca na década de 1970. A marca apenas tem força no mercado domestico, e como afirma a notícia acima, teve a sua capacidade de desenvolvimento de produtos prejudicada após a separação da Daimler:
-Seu maior sucesso, o 300C, divide arquitetura com o anterior MB Classe E, e na europa é quipado com motores diesel da marca alemã
-O Dodge Caliber, seu produto destinado ao mercado europeu, é feito em colaboração com a Mitsubishi e é equipado com motores diesel VW
-A empresa comercializará sob sua marca um modelo pequeno (segmento B ou C) projetado e fabricado pela Chery, em lugar de desenvolver o produto próprio
Ao ler este caso membrei-me da época em que a Renault comprou a antiga AMC com o mesmo intúito de entrar no mercado dos EUA, mas não conseguiu salvá-la da falência e viu-se obrigada a bandonar suas operações naquele país.
É preciso ver se a Fiat e a Chery terão recursos para sanear a Chrysler -diminuir seus custos de produção e desenvolver produtos apelativos e apliar seu mercado dentro e fora dos USA- e se saberão contornar os fatores culturais desta parceria, já que para muitos um dos principais motivos do fim da aliança com a Daimler foi o fato de esta ter transformado a chamada "união entre iguais" numa absorvição da Chrysler e de os executivos alemães terem sempre a palavra final diante dos colegas americanos, há também a insatisfação popular dos americanos ao verem um símbolo de sua indústria tornar-se uma mercadoria que é vendida e revendida por grupos estrangeiros.
Chrysler pode se unir a Fiat e Chery para sobreviver
31/05/2007 - Giancarlo Perini, de Turim
O semanário italiano Panorama publicou em sua última edição reportagem informando que a Chrysler pode estar na mira da Fiat e da chinesa Chery em uma associação trilateral de contornos ainda difusos. A reportagem é especulativa, mas as fontes são seguras, garante a publicação.
De fato, se as leis da economia e a história têm algo a nos ensinar, é difícil enxergar como a Chrysler irá sobreviver sozinha depois de ter criado ampla dependência tecnológica e de fornecimento da DaimlerChrysler, em um cenário de árdua competição, lucros em queda e desafios dramáticos nos campos do meio ambiente e redução de tamanho de seus carros.
Se levarmos em consideração apenas a necessidade de motores diesel “limpos”, estará a Chrysler apta a pagar à Mercedes-Benz pela tecnologia Bluetooth e ser competitiva em sua própria casa e principal mercado? Se não, com que rapidez esses motores poderão ser substituídos por soluções alternativas fornecidas pela Fiat, por exemplo, através de uma nova joint-venture na China ou Índia? Irá a Chrysler sobreviver até lá?
Qual é o plano da Cerberus Capital Management LP para o futuro da Chrysler? Por que eles investiram em um empreendimento tão maduro e arriscado e ao mesmo tempo de capital intensivo, quando existem inúmeras e mais lucrativas oportunidades de negócio no mundo e em áreas diferentes e mais fáceis?
Uma boa explicação é o baixo preço que irá pagar pelo controle da Chrysler. Aqui nos lembramos do valor irrisório que um grupo de investidores pagou à BMW pelo grupo Rover. Os compradores tocaram o negócio enquanto os produtos que a empresa entregava conseguiam ser vendidos, sem a necessidade de investimento.
Quando a situação mudou, eles passaram a vender seus imobilizados, ferramental e marcas, tudo para a China.
Mas a Chrysler não é a Rover. A marca norte-americana é muito grande e sólida para vagarosa e silenciosamente abandonar o setor automotivo. Ela tem muitos bons produtos e marcas. Além disse suas marcas têm uma vasta e sólida presença no mercado norte-americano.
Do outro lado, a Alfa Romeo, que pertence à Fiat, está próxima de um retorno aos Estados Unidos. Com esse objetivo manteve inúmeras negociações nas décadas de 80 e 90, desenhando inúmeras formas de associações com a Chrysler.
Alfa Romeo e Fiat poderiam tirar grande benefícios da estrutura de vendas da Chrysler nos Estados Unidos e no mundo. Por outro lado, a Fiat poderia muito bem fornecer modernos motores a diesel e gasolina para o fabricante norte-americano por meio de sua divisão “Powertrain” e/ou por meio de novos parceiros em outras regiões do mundo como Brasil, China, Índia ou Polônia.
Também a Chery tem grande interesse na Chrysler: de um lado ela já tem o compromisso de suprir o fabricante norte americano com seu minicarro A1 para venda nos EUA e outros mercados. Por outro lado a Chery está atenta e ansiosa para exportar seus próprios veículos para os Estados Unidos.
Ainda é prematuro para afirmar que tudo isso irá acontecer, mas dois fatos são reais. De um lado Sergio Marchionne, o guru sem terno e gravata, que fez a Fiat dar a volta por cima, já disse que o grupo quer montar carros Alfa Romeo na China. Ele disse também que não está satisfeito com o desempenho da atual joint-venture na China e a Fiat assinou um contrato de fornecimento de motores de quatro cilindros para a Chery. Isso sem mencionar que ele não desmentiu reportagens recentes, mencionando que o parceiro do projeto Alfa Romeo na China é realmente a Chery.
Por ultimo, mas não menos importante, em recente encontro com jornalistas, Marchionne declarou que “três anos atrás tudo que podíamos enxergar era um buraco negro. Hoje a Fiat é uma empresa quatro vezes mais capitalizada e que na bolsa de valores vale mais do que a GM e Ford juntas.”
Marchionne disse que a Fiat faz benchmark da Toyota, a nova número um do mundo, e está pronta para uma grande aquisição até 2010. Para respaldar seus argumentos Marchionne mencionou fatos e números. Em três anos o grupo virou de grandes prejuízos para lucros crescentes e registra lucro operacional 100 vezes maior em relação ao registrado em 2004, devendo atingir € 5 bilhões até 2010.
Cinco bilhões de euros é apenas meio milhão menos do que o valor nominal que a Cerberus irá pagar para obter participação de 80,9% no grupo Chrysler.
retirado de:
http://icarros.uol.com.br/icarros/noticias/ultnoticiasdetalhe.jsp?id=4897
Aqui está notícia do semanário italiano:
http://blog.panorama.it/economia/200...iasse-la-fiat/
O fim da da aliança com Daimler foi mais uma tentiva malograda de expansão por parte da Chrysler, outras foram a aquisições do Grupo Rootes e da Simca na década de 1970. A marca apenas tem força no mercado domestico, e como afirma a notícia acima, teve a sua capacidade de desenvolvimento de produtos prejudicada após a separação da Daimler:
-Seu maior sucesso, o 300C, divide arquitetura com o anterior MB Classe E, e na europa é quipado com motores diesel da marca alemã
-O Dodge Caliber, seu produto destinado ao mercado europeu, é feito em colaboração com a Mitsubishi e é equipado com motores diesel VW
-A empresa comercializará sob sua marca um modelo pequeno (segmento B ou C) projetado e fabricado pela Chery, em lugar de desenvolver o produto próprio
Ao ler este caso membrei-me da época em que a Renault comprou a antiga AMC com o mesmo intúito de entrar no mercado dos EUA, mas não conseguiu salvá-la da falência e viu-se obrigada a bandonar suas operações naquele país.
É preciso ver se a Fiat e a Chery terão recursos para sanear a Chrysler -diminuir seus custos de produção e desenvolver produtos apelativos e apliar seu mercado dentro e fora dos USA- e se saberão contornar os fatores culturais desta parceria, já que para muitos um dos principais motivos do fim da aliança com a Daimler foi o fato de esta ter transformado a chamada "união entre iguais" numa absorvição da Chrysler e de os executivos alemães terem sempre a palavra final diante dos colegas americanos, há também a insatisfação popular dos americanos ao verem um símbolo de sua indústria tornar-se uma mercadoria que é vendida e revendida por grupos estrangeiros.
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