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o politicamente correto e a tentação da censura

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    voltando ao tem do tópico:

    Uma brincadeira entre amigos que correu mal: Bernardo Silva acusado de conduta imprópria por tweet sobre Mendy


    Bernardo Silva defendeu-se, Benjamin Mendy defendeu o amigo, todos os elementos do City (e não só) o defenderam. Mas não chegou: português foi acusado de conduta imprópria pela Federação Inglesa.




    Era apenas uma brincadeira de amigos, começou a ganhar uma proporção quase viral, tornou-se uma bola de neve e nem mesmo as várias tentativas de derreter um caso que para quase todos não existia serviram para atenuar a avalanche: Bernardo Silva foi esta quarta-feira acusado de conduta imprópria pela Federação Inglesa de Futebol, no seguimento de um tweet alegadamente de cariz racista com o companheiro e amigo Benjamin Mendy. O jogador tem agora uma semana para apresentar mais uma vez a sua defesa e tentar fugir a qualquer castigo.

    De acordo com a BBC, o internacional português terá cometido uma “violação agravada” de acordo com as regras da FA (Football Association), incluindo referências “expressas ou implícitas à raça e/ou cor e/ou origem étnica”. O órgão acrescenta ainda que um vídeo mais antigo feito por Bernardo Silva e Benjamin Mendy será também anexado ao atual processo, sem que seja referido o que está em causa no mesmo.


    O tweet em causa, onde o português compara Mendy a um “Conguito” a propósito de uma fotografia do lateral quando era ainda criança, foi publicado a 22 de setembro e apagado cerca de 45 minutos depois, ainda que com uma mensagem do português onde dizia “Nos dias de hoje nem se pode brincar com os amigos…”. Após algumas críticas logo nas redes sociais, também a organização Kick It Out veio a público pedir um castigo para o jogador, alegando que “os estereótipos racistas nunca podem ser aceites como uma brincadeira”.

    A partir daí, várias figuras foram saindo em defesa de Bernardo Silva, a começar pelo treinador, Pep Guardiola. “Bernardo é uma das pessoas mais adoráveis que já conheci na minha vida. Fala cinco línguas e essa é a melhor forma de entender como ele tem mente aberta. Um dos seus melhores amigos é Mendy, é como um irmão para ele”, referiu numa conferência poucos dias depois do sucedido. Vários jogadores foram deixando também mensagens com a mesma ideia e até outras figuras como John Barnes, antigo internacional e figura do Liverpool. Raheem Sterling, avançado internacional inglês do City, foi um dos últimos a comentar a “polémica”.
    “Não vejo a situação como um caso de racismo, de todo! É uma situação entre dois amigos. Consigo perceber que algumas pessoas possam ficar ‘tocadas’ por aquilo mas parece-me que nesta situação foi apenas uma piada para o seu amigo. Ele não se está a referir ao tom de pele, nem aos seus lábios. O mais importante para mim é que ele não se referiu ao tom de pele. É triste ver alguém como o Bernardo desanimado durante toda a semana, especialmente porque ele não é nada assim. Eles são bons amigos e é triste de se ver. Estamos numa época em que qualquer coisa que faças ou digas vai ser rapidamente julgado e é bastante triste ver isto. Ele tentou fazer uma piada e essa piada não foi a melhor, mas temos de seguir em frente e perceber que não foi intencional”, disse.

    Bernardo Silva já tinha pedido desculpas à FA explicando toda a situação, da mesma forma como Mendy quis também defender o companheiro e amigo explicando que não tinha sentido em nada que fosse algo de cariz racista até pela amizade entre ambos, que vem desde os tempos em que eram ainda companheiros no Mónaco. Todavia, tudo isso acabou por não ser suficiente para encerrar o caso, que aguarda agora pela defesa do português antes de ser decidido se haverá algum tipo de sanção desportiva ao jogador – e que pode chegar aos seis jogos.
    Bernardo Silva e a ditadura do politicamente correto


    24 sep 2019

    É perigosa, muito perigosa esta submissão da sociedade a uma máscara de justiça e luta pela igualdade quando tal acontece através do silenciamento do que não nos agrada ou que não é o que nós pensamos

    Um post de Bernardo Silva este fim-de-semana causou grande celeuma por essa internet fora. Sim, leu bem, um post. Não um golo, ou os três que o português marcou no sábado, mas uma publicação numa rede social. Muitas pessoas sentiram-se ofendidas com o post do jogador português por alegadamente ter uma conotação racista. Na sua página no Twitter, Bernardo Silva colocou uma fotografia do colega de equipa Benjamin Mendy e uma fotografia de um boneco de uma marca de doces, sugerindo que as suas caras eram muito parecidas. Mendy levou a publicação como brincadeira e assim o demonstrou no comentário que fez à fotografia, mas a indignação demonstrada pelos utilizadores na caixa de comentários levou o português a apagar a fotografia, tendo depois comentado no Twitter “Nem posso fazer uma piada com um amigo nos dias de hoje… Estas pessoas…”.

    É do conhecimento geral que os dois jogadores são muito amigos e é frequente ambos brincarem um com o outro nas redes sociais. Porque é mesmo isso que eles fazem, brincam, gozam um com o outro, “picam-se”. Porque são amigos. Registemos este facto porque não deve ser menosprezado para se entender esta situação. No post de Bernardo Silva não há maldade nem uma tentativa de inferiorização quer do seu companheiro de equipa, quer da sua etnia. Sou contra todo o tipo de discriminação e inferiorização de qualquer raça, etnia ou religião. Mas, perdoem-me os ofendidos, não é (foi) este o caso. Tratou-se de uma brincadeira inofensiva entre dois amigos.

    Infelizmente este é só mais um caso da ditadura do politicamente correto. Porque as pessoas, cada vez mais, se ofendem. Não sei se têm demasiado tempo livre ou se simplesmente querem dar uso ao “microfone” de opiniões que são as redes sociais. Mas esta censura é, acima de tudo, um atentado à liberdade de expressão. O Ricardo Araújo Pereira, pessoa pela qual tenho uma admiração tremenda, diz algo que subscrevo inteiramente. O humorista diz que as pessoas têm o direito de se sentir ofendidas. O problema, diz ele, é que as pessoas acham que têm o direito a não ser ofendidas. E por isso, quando se deparam com algo com que não concordam ou que não gostam, fazem uso do seu “direito” de se sentir ofendidas para crucificar a pessoa em questão e, não poucas vezes, exigir que esta retire o que disse ou apague o seu post, tudo em nome do politicamente correto.
    É perigosa, muito perigosa esta submissão da sociedade a uma máscara de justiça e luta pela igualdade quando isso acontece através do silenciamento daquilo que não nos agrada ou que não é o que nós pensamos. Pior ainda quando isto acontece devido a interpretações erradas e, estas sim, verdadeiramente racistas, de uma simples brincadeira entre amigos.
    Um exemplo prático. O meu avô paterno era judeu. Por esse motivo, nunca gostei de piadas ou sátiras que fizessem pouco dos judeus, apesar de até saber várias. Isto dá-me o direito de exigir que ninguém faça este tipo de piadas? Não. Porquê? Porque as pessoas têm o direito de satirizar este assunto, tal como qualquer outro, e eu tenho o direito de não gostar. Agora, a minha liberdade não me dá o direito de calar quem pensa ou sente de maneira diferente da minha.



    A liberdade de expressão foi algo muito difícil de conquistar, todos sabemos. Não o estraguemos pela simples mesquinhez de não saber lidar com a diferença, ou pior, pela soberba de achar que temos o direito de impor aquilo que se deve ou não dizer. Uma sociedade verdadeiramente democrática e livre jamais se pode submeter a esta ditadura do politicamente correto.
    Dito isto, também acho que pessoas com a exposição mediática como a que Bernardo Silva tem, devem medir bem aquilo que dizem publicamente, seja através de que meios for. Uma vez que tudo o que fazem é alvo de escrutínio por parte de quem os segue, a polémica, a insurgência e as pessoas ofendidas estão mesmo ali ao virar da esquina. E, com isto, quase se esqueceram que Bernardo fez um hattrick neste fim-de-semana. Trivialidades…




    Comentário


      É sempre preciso olhar para os detalhes específicos do caso. É mais do óbvio que ele não merece que lhe sejam atiradas acusações de racismo. Há sempre idiotas (em todo lado, mas no Twitter...) que se ofendem excessivamente. E para cada um deles, há depois outro que faz um artigo de opinião em como o politicamente correcto é o diabo blá blá blá. É um extremar de posições dos dois lados que é no mínimo inútil, mas possivelmente perigoso. 99% das pessoas não vive nesse extremo.
      O organismo que dá andamento ao processo deverá tb chegar a conclusão que não se passou nada. Espero

      Comentário


        Originalmente Colocado por lll Ver Post
        há aqui perto de mim um ginasio que só para mulheres, uma discriminação para com os homens, nunca me passou pela cabeça que fosse também uma censura

        descriminar não é censurar e as instituições privadas devem ter a liberdade de escolher os seus membros e quem nelas participa

        no caso relembro uma pequena minoria, 8%, provocou 80% das vitimas
        claro que não foram todos os elementos dessa minoria, fazendo as contas rapidamente concluimos que no maximo apenas 1/4 dos membros dessa minoria eram abusadores, provavelmente nem terão passado de 10% deles, por razões que não vou apresentar aqui para não alimentar o off topic
        de qualquer forma creio que essa proibição não foi avante

        quanto às supostas estorias infantis em versão para adultos
        em primeiro lugar muitas das estorias hoje conhecidas como estorias infantis nao era inicialmente estorias infantis, as pessoas é que apenas conhecem a versão infantil da disney

        depois uma coisa é fazer uma versão porno com adultos de uma estoria infantil outra é a representação grafica de cenas sexuais com crianças, coisa que está proibida em muitos paises do mundo, mesmo apenas em banda desenhada, não sei se é o caso do livro, não o vi
        Estávamos a falar de um caso específico. Se uma característica é discriminada, essa característica vai ter menos expressão ao longo do tempo. É escondida por quem a tem. É censurada. Não concordas?

        Comentário


          Este caso, para mim, é muito estúpido. Se ambas as partes afirmam que não houve segundas intenções, que era tudo uma brincadeira inocente, não há nada para admoestar.
          Muito mal comparado, parece aquela vez em que o Jorge Andrade dá um toque com a bota nas costas do Deco, estando este sentado no chão. O árbitro mostrou amarelo mesmo com o Deco a dizer que não tinha sido nada e a afirmar com todas as letras que eles eram amigos.
          É só parvo.

          Comentário


            Originalmente Colocado por lll Ver Post
            A grande maioria dos casos não foram de pedofilia mas sim com rapazes adolescentes
            E nesse caso são casos de homossexualidade

            A pedofilia é com crianças pre purberes

            Com adolescentes já é classificado homossexualidade

            Mas não vou alimentar mas o of tpoic
            Que grande confusão de conceitos.
            Homossexualidade não tem nada que ver com crime nem com abusos. É uma orientação sexual.
            Pedofilia não é um conceito jurídico. É um conceito científico, uma parafilia.

            Em Portugal a idade a partir da qual o direito aceita que possa haver sexo consentido são os 14 anos. Abaixo disso é sempre abuso sexual de menores. Acima disso, não é automático que não seja. Depende das circunstâncias. Uma situação de sexo acima dos 14 anos, mesmo que consentida pelo menor de 14 anos, pode na mesma ser crime de abuso sexual de menores, se as circunstâncias da mesma forem limitadoras das capacidade de livre arbítrio do menor. Os casos de abuso sexual perpetrados por tutores, pais, padastros, padres, etc, entram quase todos nesta categoria, porque surgem num contexto de poder de condicionamento do lado do abusador.

            Comentário


              Comentário




                é este o ambiente nalgumas universidades quando alguém que não pensa de acordo com o politicamente correto dominante vai dar alguma palestra

                em Portugal ocorreu isto:

                Palestra de Jaime Nogueira Pinto cancelada devido a ameaças


                O politólogo Jaime Nogueira Pinto era o único orador convidado para a palestra-debate "Populismo ou democracia? O Brexit, Trump e Le Pen em debate", marcado para esta terça-feira, dia 7, na Universidade Nova de Lisboa, mas a conferência foi esta segunda-feira cancelada por alegadas ameaças à integridade física do também professor, escritor e empresário.
                "A Direção da FCSH da Universidade Nova de Lisboa, perante as ameaças da direção da Associação de Estudantes, de orientação maoísta, decidiu suspender a Conferência que se ia realizar. Peço desculpa, e prometo que avisarei em tempo e horas da próxima", revelou Jaime Nogueira Pinto aos convidados. Ao DN, o escritor e historiador explicou que foi o próprio diretor da Faculdade, Francisco Caramelo, quem o avisou do cancelamento, depois de a contestação da Associação de Estudantes ter subido de tom.

                "Não é a primeira vez que isto acontece. Já há uns tempos houve problemas quando entraram aos berros durante a intervenção da embaixadora israelita", afirmou Nogueira Pinto, lamentando o que considera "um ato de intolerância esquerdista".
                O que aconteceu? Resumidamente, um grupo de estudantes daquela casa organizou uma palestra, a Associação de Estudantes quis censurá-la e a direção da Universidade, depois de recusar fazê-lo num primeiro momento, acabou por ceder esta tarde, no seguimento de uma moção aprovada pela Associação de Estudantes em que se alegava que o evento estava "associado a argumentos colonialistas, racistas, xenófobos que entram em colisão com o programa para o qual a AEFCSH foi eleita, além de entrar em colisão com a mais básica democraticidade e inclusividade".
                A moção apresentada por seis alunos da FCSH/UNL, a que o DN teve acesso, exigia que a AEFCSH cancelasse "a reserva de sala feita para o evento do grupo Nova Portugalidade, a realizar-se no dia 07/03/2017, terça-feira, às 18h". A Associação fazia acompanhar a moção de uma nota de repúdio "ao evento e ao cariz ideológico nacionalista e colonialista do núcleo que o promove e que se refere de forma indireta à descolonização no seu manifesto como 'trágico equívoco'".
                A palestra "possui um caráter exclusivamente académico e trará à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas um intelectual de renome, autor de vasta obra e merecedor de apreço geral", respondia o grupo Nova Portugalidade à Associação dos Estudantes e aos colegas, depois de o diretor da Faculdade, na sexta-feira, se ter recusado a cancelar o debate.
                "Não podemos reconhecer mérito à acusação de que o evento está associado a argumentos racistas, colonialistas e xenófobos ou de que periga a democraticidade e inclusividade da Faculdade. A equipa da NP, que se integra de indivíduos de todos os géneros humanos, é prova viva do ridículo do texto e rejeita-o com dose igual de seriedade e bom humor." O grupo Nova Portugalidade congratulava-se ainda por "Portugal ser um Estado de direito democrático em que a nenhuma instituição, pública ou privada, é permitida a censura, a repressão ou a discriminação por razão de pensamento".
                Os alunos acabaram, porém, por ver mesmo cancelado o evento, esta tarde. Ao Observador, o diretor da faculdade garantiu que o cancelamento não estava relacionado com ideologias ou cores políticas mas com a escalada do incómodo entre a AEFCSH e o grupo Nova Portugalidade, que "levantou preocupações relativamente à segurança do evento".
                Entre os argumentos para que o debate não acontecesse, a AEFCSH defendia ser parte de "uma universidade onde a liberdade de pensamento e o pensamento crítico são promovidos". Para, imediatamente a seguir, acrescentar: "Não compactuamos com eventos apresentados como debates sob a égide de propaganda ideológica dissimulada de cariz inconstitucional". "Não existindo espaço para este tipo de grupos na nossa faculdade, pede-se que a AEFCSH tudo faça para tal debate não acontecer", pedia a AEFCSH.
                Editado pela última vez por lll; 15 October 2019, 14:33.

                Comentário


                  Discordo dessas manifestações.

                  A melhor maneira de discordar de alguém é deixa-los falar e refutar as suas ideias, ou deixa-los ser vencidos pelo ridículo.
                  A ideia que o povo é burro e precisa de ser protegido de ideias parolas, é medonha em si. (ideias perigosas, como o ódio é outra coisa)

                  Assim ainda se armam em vítimas do politicamente correcto

                  Comentário


                    O Jaime Nogueira Pinto tem um programa na rádio pública há anos. Aqueles caramelos sabiam lá quem ele é, a ordem veio de cima ou precisavam de ganhar projeccao dentro do partido e pronto, está a barraca armada.

                    Comentário


                      Originalmente Colocado por 33Stradale Ver Post
                      Este caso, para mim, é muito estúpido. Se ambas as partes afirmam que não houve segundas intenções, que era tudo uma brincadeira inocente, não há nada para admoestar.
                      Muito mal comparado, parece aquela vez em que o Jorge Andrade dá um toque com a bota nas costas do Deco, estando este sentado no chão. O árbitro mostrou amarelo mesmo com o Deco a dizer que não tinha sido nada e a afirmar com todas as letras que eles eram amigos.
                      É só parvo.
                      pois é, o politicamente correto é muito parvo
                      o pior é que tem cada vez mais poder e tende a querer censurar quem desafina do coro

                      Comentário


                        Originalmente Colocado por lll Ver Post
                        pois é, o politicamente correto é muito parvo
                        o pior é que tem cada vez mais poder e tende a querer censurar quem desafina do coro
                        Aqui discordo, se isso fosse verdade não terias o Chega no parlamento

                        Comentário


                          por acaso muitos dizem que o chega sofreu um autentico bloqueio de silencio nos mídia

                          até temos o RAP e outros tontos a subscrever uma petição qualquer por causa do andre ventura ser benfiquista

                          Comentário


                            Originalmente Colocado por lll Ver Post
                            por acaso muitos dizem que o chega sofreu um autentico bloqueio de silencio nos mídia

                            até temos o RAP e outros tontos a subscrever uma petição qualquer por causa do andre ventura ser benfiquista
                            Tens a certeza disso? Duvido muito, geram muitos cliques.

                            Cheira-me mais a discurso populista do género "querem-nos calar"

                            Comentário


                              Originalmente Colocado por lll Ver Post
                              por acaso muitos dizem que o chega sofreu um autentico bloqueio de silencio nos mídia

                              até temos o RAP e outros tontos a subscrever uma petição qualquer por causa do andre ventura ser benfiquista
                              Não tem uma petição, já não é mau

                              Não sou apologista de nenhum deles, longe disso, e até acho o Livre uns bons furos mais extremo que o Chega. Contudo, sendo os partidos mais extremos com assento parlamentar, logo isto era o espectável, posições parvas e... Extremas.

                              Tentativa de calar... Bem, não se pode bem tirar num para meter noutro.

                              Comentário


                                temos de distinguir entre as redes sociais, tão atacadas pelos midia tradicionais, dos mídia tradicionais

                                os midia tradicionais gostavam de ter o monopolio da manipulação e da distorção, mas agora têm de partilhar essas qualidades com as redes sociais que fogem do controle dos politburos

                                Comentário


                                  Alemanha: Assustador Alcance da Autocensura




                                  por Judith Bergman
                                  21 de Julho de 2019

                                  Original em inglês: Germany: A Shocking Degree of Self-Censorship
                                  Tradução: Joseph Skilnik


                                  • Parece que há uma diferença significativa entre o que os alemães dizem em público e o que eles pensam de verdade... Também foi constatado que 57% dos alemães dizem que está dando nos nervos terem que ouvir "gradativa e incessantemente o que dizer e como se comportar".


                                  • "Faz uma diferença enorme...se os cidadãos sentem que estão sendo cada vez mais vigiados e avaliados... Muitos cidadãos sentem que estão sendo desrespeitados porque querem que suas apreensões e posições sejam levadas a sério, que fatos importantes sejam debatidos abertamente..." — Trecho extraído de uma enquete sobre a autocensura na Alemanha conduzida pelo Institut für Demoskopie Allensbach.

                                  • Esse retrocesso (quanto ao respeito pela liberdade de expressão) pelo menos até o momento, desembocou em 2018 na lei de censura da Alemanha, que exige das plataformas de redes sociais que excluam ou bloqueiem quaisquer pretensas "ofensas criminais" na Internet como difamação ou incitamento, no prazo de 24 horas após o recebimento da reclamação do usuário. Caso as plataformas não cumpram a lei, o governo alemão poderá multá-las em até 50 milhões de euros. Tem gente sendo processada na Alemanha por criticar as políticas de migração do governo...


                                  Uma nova pesquisa de opinião sobre a autocensura na Alemanha mostrou que os alemães censuram suas próprias conversas num nível impressionante. Perguntados se é "possível se expressar livremente em público", somente 18% responderam que sim. Em contrapartida, 59% dos alemães disseram que entre amigos e conhecidos eles se expressam livremente.
                                  "Quase dois terços dos cidadãos alemães estão convencidos de que 'hoje em dia é preciso ser extremamente cauteloso em relação a determinados assuntos', porque há inúmeras convenções sociais tácitas com respeito a opiniões aceitáveis e admissíveis" de acordo com um levantamento conduzido pelo Institut für Demoskopie Allensbach para o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).
                                  "O levantamento constatou que a questão dos refugiados é um dos temas mais sensitivos para a esmagadora maioria dos entrevistados, seguido pelas opiniões sobre muçulmanos e Islã". Por outro lado, "a situação é bem diferente quando se trata de temas como proteção climática, igualdade de direitos, desemprego e criação dos filhos, sobre estes temas podemos ser francos, segundo a maioria quase absoluta". A título de exemplo, 71% dos alemães dizem, conforme a pesquisa, que só se pode tecer comentários sobre a questão dos refugiados "com cautela".
                                  Uma evolução significativa ocorreu ao longo das últimas duas décadas com respeito a assuntos considerados tabus. Em 1996, apenas 16% dos alemães julgavam o patriotismo uma questão delicada. Hoje a porcentagem saltou para 41%.
                                  "Patriotismo, cosmopolitismo e apoio à Europa" (ou seja: apoio à UE) não costumavam ser mutuamente exclusivos, segundo o levantamento. Hoje, no entanto, "a população já não tem tanta certeza de que as elites, com o seu forte apoio à integração europeia, numa economia globalizada, ainda têm a nação em alta estima e consideração... os cidadãos temem cada vez mais serem vistos como partidários da direita quando manifestam patriotismo. Um terço da população acredita que os políticos deveriam ter cuidado ao tornar público o orgulho nacional se não quiserem se expor a ofensas ríspidas".
                                  Há uma enorme discrepância em relação ao que os alemães consideram tabu na esfera pública e ao que eles consideram tabu na esfera privada, em bate-papos com amigos e conhecidos. Senão vejamos: 62% dos alemães estão convencidos de que se um político disser que o Islã tem demasiada influência na Alemanha ele se exporá a duras críticas, ao passo que somente 22% acreditam que expressar esse mesmo sentimento em conversas privadas poderia ofender alguém. Na mesma linha, expressar o sentimento de que "a Alemanha está fazendo além da conta para os refugiados" é visto como arriscado para ser verbalizado em público, no entanto apenas 31% considera um problema dizer isso em particular. Parece, em outras palavras, haver uma diferença significativa entre o que os alemães dizem em público e o que eles realmente pensam.
                                  "Vale observar que o levantamento ressalta que muitos alemães têm a impressão de que o controle social está sendo ampliado quando se trata de opinar na esfera pública e que as verbalizações das pessoas e seu comportamento estão cada vez mais vigiados". "A cada dois cidadãos, um está convencido de que hoje é dada muito mais atenção à maneira dele se comportar em público e ao que ele diz. O levantamento também mostra que 41% dos alemães afirmam que há um exagero quanto à correção política e 35% até chegaram à conclusão que a liberdade de expressão só é possível em círculos privados".
                                  O fato do público alemão acreditar que há um certo exagero no tocante à correção política pode ser exemplificado pela constatação da pesquisa de que dois terços do público alemão discorda de que devam ser usados termos especiais, politicamente corretos em relação aos migrantes, como por exemplo "pessoas com background migratório", no discurso público, em vez de termos mais do dia a dia como "estrangeiros". Também foi constatado que 57% dos alemães dizem que está dando nos nervos terem que ouvir "gradativa e incessantemente o que dizer e como se comportar". Os alemães da antiga RDA comunista reclamam mais a esse respeito do que a média dos alemães, uma vez que "ainda está na memória deles as regulamentações e restrições" de acordo com a pesquisa, que termina com a seguinte nota:
                                  "Faz uma diferença enorme se uma sociedade aceita e concorda com normas que tenham valor ou se os cidadãos sentem que estão sendo cada vez mais vigiados e avaliados... Muitos cidadãos sentem que estão sendo desrespeitados porque querem que suas apreensões e posições sejam levadas a sério, que fatos importantes sejam debatidos abertamente..."
                                  Os resultados da pesquisa dificilmente pegaram algum observador de calça curta quanto ao retrocesso ao respeito à liberdade de expressão nos últimos anos na Alemanha. Esse retrocesso, pelo menos até o momento, desembocou em 2018 na lei de censura da Alemanha, que exige das plataformas de redes sociais que excluam ou bloqueiem quaisquer pretensas "ofensas criminais" na Internet como difamação ou incitamento, no prazo de 24 horas após o recebimento da reclamação do usuário. Caso as plataformas não cumpram a lei, o governo alemão poderá multá-las em até 50 milhões de euros.
                                  Tem gente sendo processada na Alemanha por criticar as políticas de migração do governo: em 2016, o casal, Peter e Melanie M., foi acionado em um processo criminal por ter criado um grupo no Facebook que criticava a política de migração do governo. Segundo os boletins de notícias, a página afirmava: "os refugiados de guerra e econômicos estão inundando o nosso país. Eles trazem consigo terrorismo, medo e tristeza. Eles estupram nossas mulheres e colocam nossos filhos em perigo. Ponham um ponto final nisso!"
                                  No julgamento, Peter M. defendeu seus comentários postados na Internet e adiantou: "não se pode sequer expressar uma opinião crítica sobre os refugiados sem ser tachado de nazista. A minha intenção era a de criar um fórum de discussão onde se poderia falar livremente sobre os refugiados..." Em seu veredito, o juiz ressaltou: "a descrição do grupo é uma série de generalizações com um claro viés de direita." Peter M. foi condenado a nove meses de prisão, mas teve a pena suspensa e sua esposa foi condenada a pagar uma multa de €1.200, o juiz acrescentou: "espero que você tenha entendido a gravidade da situação. Se você aparecer novamente na minha frente acabará na cadeia".
                                  Em setembro de 2015, o jornal Die Welt relatou que as pessoas que expressam pontos de vista "xenófobos" nas redes sociais, correm o risco de perderem o direito de ver seus próprios filhos. Não há sequer a necessidade de ter havido um delito penal para que um tribunal possa considerar que o bem-estar da criança está sendo posto em perigo e restringir o direito dos pais de verem seu filho ou proferir que "um educador" esteja presente durante um encontro entre pai e filho e que ele (educador) possa "intervir, se necessário." Também é possível proibir certas atitudes, expressões ou encontros na presença da criança. Como último recurso, o tribunal pode tirar de vez o filho da guarda do pai.
                                  Em agosto de 2017 o tribunal distrital de Munique condenou o jornalista alemão Michael Stürzenberger a seis meses de prisão, por ele ter publicado em sua página do Facebook uma foto histórica do Grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin al-Husseini, apertando a mão de um alto funcionário nazista em Berlim em 1941, mas teve a pena suspensa. A promotoria acusou Stürzenberger de "incitar o ódio ao Islã" e "denegrir o Islã" ao publicar a fotografia. O tribunal considerou Stürzenberger culpado por "divulgar propaganda de organizações anticonstitucionais". Depois que ele apelou da sentença em dezembro de 2017, um tribunal de apelações em Munique o absolveu de todas as acusações. O tribunal de apelações julgou que seus comentários estavam protegidos pela liberdade de expressão. No entanto, a impressão que ficou na sociedade alemã é que até fatos históricos se tornaram tabu.
                                  De modo que, embora o medo dos alemães de expressarem suas opiniões em público não seja motivado por nenhum receio legítimo de serem colocados em algum tipo de gulag soviético ou chinês, há apreensões extremamente concretas e preocupações extremamente reais, como as exemplificadas pelos processos mostrados acima.
                                  Muito embora o levantamento tenha se limitado à Alemanha, é plausível supor que se ele fosse conduzido em países da Europa Ocidental com características não muito diferentes das da Alemanha, como o Reino Unido por exemplo, os resultados não seriam muito discrepantes. O espaço para a liberdade de expressão tem encolhido lá também, para acessar artigos sobre esse tema, clique nos links a seguir: aqui e aqui. Em um caso recente, o candidato do Partido Liberal Democrata, Dániel Tóth-Nagy, foi suspenso do partido por comentários proferidos, tais como: "não existe essa coisa de islamofobia" e ao responder a um tuíte sobre a islamofobia: "e quanto à mutilação genital feminina (FGM)? Assassinatos em Nome da Honra? Casamentos forçados? O que vocês acham dos protestos das mulheres no Irã, Arábia Saudita e outros países islâmicos contra o uso compulsório da hijab (véu islâmico)? E quanto à Sharia na Grã-Bretanha? Direitos dos movimentos LGBT e a educação negada pelos muçulmanos em Birmingham?"
                                  É legítimo que um político faça esse tipo de pergunta, mas vejam o que o porta-voz do partido local disse:
                                  "Essas postagens não têm absolutamente nada a ver com os valores e convicções do nosso partido e não serão toleradas. Se soubéssemos disso antes, não haveria a menor possibilidade dele ser escolhido como candidato. Nós o suspendemos imediatamente e pedimos desculpas a qualquer um que tenha se sentido constrangido ou ofendido por esses comentários".
                                  De uns tempos para cá, cartazes que anunciavam o novo álbum do cantor britânico Morrissey, California Son, foram retirados de trens e estações de Liverpool e das áreas circunvizinhas porque um passageiro entrou em contato com a empresa de transporte ferroviário e perguntou se ela concordava com as opiniões de Morrissey, questionando se os cartazes eram "apropriados". O caso se deu depois que Morrissey apareceu no Tonight Show nos EUA usando um emblema apoiando o partido político For Britain, de direita liderado por Anne Marie Waters.
                                  "É muito Terceiro Reich, não? E isso prova somente que as suscetibilidades dos mais tacanhos podem ser levadas em conta nos círculos das Artes Britânicas", salientou Morrissey em relação à remoção dos cartazes. "Não somos livres para debater e isso por si só é a suprema rejeição da diversidade... Receio que estamos vivendo a Era da Idiotice, temos que orar para que isso passe logo."
                                  Dado o quão avançado se encontra o retrocesso da liberdade de expressão na Europa, há pouca chance desse retrocesso passar logo. A julgar pelo resultado da enquete alemã, os europeus não precisarão nem ser censurados pelos governos: eles foram habilmente condicionados a se autocensurarem com maestria.
                                  Judith Bergman é colunista, advogada e analista política, também é Ilustre Colaboradora Sênior do Gatestone Institute.


                                  Editado pela última vez por lll; 24 October 2019, 21:43.

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                                    O Chega chegou para ficar

                                    "1Foi esta terça-feira de manhã em Valença do Minho. De um lado um cordão de professores e funcionários da Escola Básica 2/3 da cidade em manifestação de repúdio contra a violência no meio escolar e as agressões a profissionais da educação. Do outro lado da rua um grupo de pais de etnia cigana exibia cartazes contra o racismo. A GNR zelava para que os ânimos não fervessem.

                                    Devo dizer que levei algum tempo até perceber que era este o retrato da situação. Já sabia que o pretexto próximo do cordão humano eram agressões ocorridas na quinta-feira da semana passada, já sabia que uma auxiliar de educação negra fora insultada por uma aluna que fora ao ponto de lhe chamar “preta de m…”, mas primeiro só na imprensa regional do Minho (Alto Minho e Diário do Minho) se descrevia o conflito com clareza. Só lá se informava que os contramanifestantes eram de etnia cigana. E só lá se podia ler a defesa dos representantes da comunidade escolar: “esta é uma manifestação contra a violência e não uma manifestação contra a comunidade de etnia cigana”.

                                    Procurei mais um pouco e encontrei a notícia da RTP. Vendo-a percebe-se o que ali se passou. Ouvindo o depoimento da professora também. Quer quando ela diz que “é difícil a integração quando as pessoas não se querem integrar”, quer quando explica que tem medo que pois todas as manhãs, “quando aqui chegamos, nunca sabemos o que nos vai acontecer”.

                                    Repito: tudo isto se passou esta terça-feira em Valença do Minho. Façam as leituras que quiserem, eu neste momento interessa-me uma: a que olha para a omissão dos jornalistas. Para o seu quase unânime silêncio sobre o envolvimento da comunidade cigana naquelas agressões e naquelas manifestações.

                                    2Porquê este silêncio? Será porque o o Código Deontológico dos Jornalistas estabelece, no seu ponto 9, que o jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da sua etnia? Essa seria uma boa razão, mas não pega. E não pega porque aquele grupo de manifestantes de etnia cigana estava ali a manifestar-se “contra o racismo”. Sendo assim, porque silenciaram os repórteres o protesto anti-racista? Acho que é fácil perceber porquê.

                                    Aquilo a que assistimos foi a mais uma manifestação daquilo a que os teóricos da formação da opinião pública chamam uma “espiral de silêncio”. São temas que se tornam tabus mesmo em democracias liberais, assuntos que por serem classificados como contrários ao interesse comum acabam banidos do debate público. Não há censura, há autocensura. É um mecanismo onde os órgãos de informação desempenham um papel central, mas o que verificamos em casos como o de Valença é que estes optam pela abordagem consensualmente aceite pelas elites em vez de reflectirem as preocupações e as ansiedades dos cidadãos comuns. Omitindo-a mesmo se necessário.

                                    3É precisamente o vazio criado por esta omissão que o Chega ocupa, sem complexos. Ele sabe que as pessoas sabem porque as pessoas vivem realidades que, pura e simplesmente, são silenciadas pela comunicação social. Que não sabe como lidar com ela a não ser com base em chavões.

                                    Valha a verdade que não é a primeira vez que se fala da etnia cigana em campanhas eleitorais, pois é bom recordar os “ciganos do rendimento mínimo” glosados por Paulo Portas na campanha de 2002 (a campanha do “Paulinho das feiras”), mas basta olhar para a forma como se distribuiu a votação do partido de André Ventura para perceber que não convém tentar tapar o sol com uma peneira.

                                    Onde teve mais votos o Chega? Nos subúrbios de Lisboa e em alguns concelhos do Alentejo. Ou seja, em zonas de classe média baixa, algumas com forte presença da etnia cigana, muitas que no passado votavam solidamente no PCP. Nada de especialmente novo neste padrão, pois já vimos como a nova direita populista nasceu e cresceu noutros países.

                                    É por isso que o Chega tem todas as condições para não ser um epifenómeno. Até porque sendo programaticamente um partido da direita radical – está e vai ser chamado de extrema-direita, mas tal definição não é bem aceite pelos cientistas políticos, pois o Chega não encaixa na definição de partido subversivo – apresenta-se perante o eleitorado mais como um partido populista. É muito interessante analisar a natureza programática desta nova direita, e em alguns aspectos surpreendente, mas julgo que aquilo que marcará a evolução do Chega, mais do que os seus aspectos mais doutrinários, será a capacidade de o seu líder para ir agarrando os temas escondidos pela “espiral de silêncio”, fazendo-se porta-voz de quem sente que não tem voz.

                                    4Houve um tempo em que os eleitores tinham uma ideia do quadro ideológico em que se moviam, mas esse tempo é cada vez mais passado. Isso ajuda a explicar que tenhamos hoje nove partidos numa Assembleia da República onde no passado chegou a haver apenas quatro forças políticas (considerando a CDU apenas uma e não as duas em que artificialmente se divide). É provavelmente apenas o começo de um caminho que só não ganhou ainda maiores proporções pela inércia de voto nos dois maiores partidos (e o efeito do voto útil em eleições legislativas). A fragmentação apenas começou e não se veem muitos sinais de quem tenha políticas para a contrariar.

                                    Estes são também tempos confusos, com muita informação, muitas causas e muitas micro-causas, tempos que julgo que foram bem descritos pelo desabafo do filósofo basco Daniel Innerarity numa entrevista que deu este fim-de-semana ao Observador, na qual notava que quando começara a dar aulas na universidade, as pessoas que tinha à sua frente era um conjunto de pessoas pouco informadas, enquanto agora tem um conjunto de gente desorientada. Para um académico o seu trabalho é tentar reduzir a complexidade do mundo a um ponto em que ele seja inteligível, mas para um partido, sobretudo para um partido com as características do Chega – e quem diz o Chega diz outros partidos simétricos que existem na metade esquerda do parlamento português –, o momento de desorientação e de irritação é o momento da oportunidade.

                                    Nestes tempos não faz sentido esconder os problemas como quem esconde o lixo debaixo da carpete – e é isso que fazemos quando fingimos que em Valença tudo o que se passou foi apenas um desaguisado entre um encarregado de educação e alguns funcionários da escola. Não pode ter sido só isso. Isso não mobiliza um cordão humano como aquele. Isso não é apenas resultado da falta de mais alguns auxiliares para assegurarem o controle das entradas na escola. Ali o problema tem nome, mas esse nome está proibido.

                                    5Um deputado do Chega não chega por isso a ser surpresa. Surpresa será se continuarmos a fingir que não se passa nada em locais como Valença, se continuarmos indiferentes a histórias mal explicadas como a da lítio em Portalegre, se pensarmos que é normal destratar os emigrantes como foram desprezados num processo eleitoral que gerou quase um quatro de votos nulos, surpresa será se tudo continuar a ser olhado de alto e de longe por quem se sente senhor do país e este povo manso continuar a optar pachorrentamente pela abstenção."


                                    Comentário


                                      O III é impagável

                                      Vai desencantar cada artigo de uma fonte mais credível que a anterior. Há tempos trouxe-nos citações do site de um pastor de uma seita evangélica americana, hoje foi desencantar um pomposo Gatestone Institute, que até parece uma coisa séria e que por acaso se preocupa com Self-censorship e o Chega! está preocupado com a auto-censura.

                                      Pelo menos já ficamos a saber em que Instituto o Chega! tirou o Curso …

                                      Comentário


                                        https://en.wikipedia.org/wiki/Gatestone_Institute

                                        para quem se importa mais com o mensageiro que com a mensagem
                                        Editado pela última vez por lll; 24 October 2019, 22:29.

                                        Comentário


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                                            "Dizer que os meninos têm **** e as meninas vagina é discurso de ódio"

                                            29/10/2019 TVI24 - Debate sobre a lei de identidade de gênero



                                            P.s - Pelos vistos aqui o forum também acha o mesmo já que colocou o nome do orgão masculimo com "*" e a do feminino não

                                            Comentário


                                              Originalmente Colocado por DMEM Ver Post
                                              "Dizer que os meninos têm **** e as meninas vagina é discurso de ódio"

                                              29/10/2019 TVI24 - Debate sobre a lei de identidade de gênero



                                              P.s - Pelos vistos aqui o forum também acha o mesmo já que colocou o nome do orgão masculimo com "*" e a do feminino não
                                              Pelos vistos alguém não sabe como se escreve pénis

                                              Comentário


                                                Originalmente Colocado por PePa Ver Post
                                                Pelos vistos alguém não sabe como se escreve pénis

                                                Não consigo, plra aqui ****, mas que raio
                                                Querem ver que isto só deixa escrever o nome das coisas que se gosta!

                                                Comentário


                                                  Originalmente Colocado por DMEM Ver Post
                                                  Não consigo, plra aqui ****, mas que raio
                                                  Querem ver que isto só deixa escrever o nome das coisas que se gosta!
                                                  Tenho um e gosto muito dele é verdade, fui apanhado !

                                                  Comentário


                                                    Originalmente Colocado por PePa Ver Post
                                                    Tenho um e gosto muito dele é verdade, fui apanhado !
                                                    Não duvido, mas por favor poupa-me aos detalhes

                                                    Comentário


                                                      Comentário


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                                                          Originalmente Colocado por lll Ver Post
                                                          https://en.wikipedia.org/wiki/Gatestone_Institute

                                                          para quem se importa mais com o mensageiro que com a mensagem


                                                          Obrigadíssimo por confirmares e reconheceres a verdade do que eu tinha dito.

                                                          Como o meu inglês é fraquito, deixo aqui alguns excertos do link que tu sugeriste para confirmar a qualidade do "teu" Gatestone Institute, que alguém fará o favor de traduzir …

                                                          The organization has attracted attention for publishing false or inaccurate articles, some of which went viral

                                                          Gatestone authors have appeared on Russian media, including Sputnik News and RT [13] On at least four occasions, Gatestone articles were promoted on Twitter by Russian trolls working for the Kremlin-linked Internet Research Agency [13]


                                                          regularly publishes false reports to stoke anti-Muslim fears, [20][28] and has published false stories pertaining to Muslims and Islam
                                                          .



                                                          Com "adversários" destes, não fazem falta aliados


                                                          Editado pela última vez por velhinh0; 31 October 2019, 17:19.

                                                          Comentário


                                                            esta ideia de adversários impede um debate construtivo, em vez de uma procura da verdade criam-se 2 equipas na qual uma tenta vencer a outra

                                                            pelos visto o site não é grande coisa, embora nos tempos que correm a maior parte dos jornais ocorrem também nas mesmas falhas, noticias imprecisas, meias verdades para enganar o leitor

                                                            mas será aquele artigo em concreto uma meia verdade ou relata algo de verdadeiro?

                                                            verificando alguns links, rapidamente que tenho mais que fazer.

                                                            https://www.faz.net/aktuell/politik/...-16200724.html

                                                            está em alemão, não sei ler, mas usando a tradução (incompleta) do google


                                                            PESQUISA ALLENSBACH:Mais e mais tópicos tabus

                                                            O espaço para a liberdade de expressão está ficando menor, a maioria dos cidadãos vê. Em uma pesquisa de Allensbach, quase dois terços dos entrevistados expressam a sensação de que é preciso ter "muito cuidado" no espaço público, como eles dizem.

                                                            ...


                                                            einungsfreiheit pertence à população das garantias mais importantes da Constituição alemã. A maioria também atesta que a Alemanha tem um direito mais amplo à liberdade de expressão, embora com restrições. Por um lado, a população distingue claramente as expressões de opinião no espaço público e na esfera privada; por outro , de acordo com a impressão da grande maioria, a liberdade de opinião garantida em si é altamente dependente do sujeito. Quase dois terços dos cidadãos estão convencidos de que "hoje é preciso ter muito cuidado com os tópicos em que se expressa", porque existem muitas leis não escritas, cujas opiniões são aceitáveis ​​e admissíveis.
                                                            Em primeiro lugar, a questão dos refugiados é um dos tópicos mais sensíveis para a grande maioria dos entrevistados, seguido de declarações de opinião sobre muçulmanos e islã. A era nazista e os judeus também estão entre os tópicos mais sensíveis da maioria, e pouco menos da metade também inclui extremismo de direita e discussões sobre o AfD. Além disso, grandes seções da população têm a impressão de que só se pode comentar com cautela sobre tópicos como patriotismo, homossexualidade ou a discussão sobre o terceiro gênero. A situação é diferente quando se trata de temas como proteção do clima, igualdade de direitos, desemprego ou educação dos filhos, que podem ser expressados ​​com franqueza, de acordo com a esmagadora maioria.

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                                                            é um jornal alemão que pelos vistos refere uma sondagem

                                                            não tenho acesso a todo o artigo do jornal (é pago), a parte a que temos acesso corresponde ao artigo do gatestone

                                                            pelo que me posso aperceber o essencial do artigo foca-se na alemanha e deriva numa lei alemã para regular abusos nas redes sociais que preve multas até 50 milhões de euros se as redes não eliminarem conteúdos com discurso de ódio e notícias falsas em até 24 horas depois de notificadas :

                                                            https://pplware.sapo.pt/informacao/a...a-na-internet/

                                                            https://www.anj.org.br/site/cartilha...confianca.html

                                                            Na Alemanha, lei contra ódio nas redes estreia com críticas de censura e desconfiança


                                                            A lei alemã que obriga as empresas de mídias sociais a removerem conteúdos com discurso de ódio e notícias falsas em até 24 horas depois de notificadas resultou em uma primeira polêmica apenas um dia depois de entrar em vigor, nesta segunda-feira (1). O partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), terceira força no Bundestag (câmara Baixa), afirmou nesta terça-feira (2) ser alvo de "censura" na internet depois que Twitter e Facebook apagaram mensagens e bloquearam temporariamente duas de suas parlamentares.Independente do conteúdo das postagens, o caso esquenta ainda mais o debate sobre o controle a conteúdos veiculados nas plataformas de empresas de tecnologia que atuam como mídia. Há críticas e preocupações nos mais diferentes segmentos. Entre os temores está a possibilidade de esse tipo de legislação dar mais poder às empresas como Facebook e Google, que formam um duopólio digital, ou ainda venha a se configurar em poderosa ferramenta para governos interessados em restringir a liberdade de expressão.
                                                            Na Alemanha, relatou a Deutsche Welle, organizações de jornalistas, como a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), e ativistas da internet levantaram objeções à chamada NetzDG (Netzwerkdurchsetzungsgesetz, Lei de Aplicação na Rede). Uma das críticas é o fato de o governo ter deixado às empresas a tarefa de excluir conteúdo e bloquear usuários, em vez de tramitações judiciais. Isso significa, conforme os críticos, que será difícil apontar por quais motivos postagens foram excluídas. Existe ainda a possibilidade de as empresas excluírem conteúdo sem comunicar às autoridades – com exceção de ameaças de crime violento ou pornografia infantil –, o que fomenta a impunidade.
                                                            Além disso, advogados que compareceram às audiências parlamentares expressaram a preocupação de que a NetzDG violaria os códigos de neutralidade do governo, conforme estipulado na Constituição alemã. "É certamente possível que o Chefe de Estado possa influenciar diretamente", disse o advogado Simon Assion ao diário Süddeutsche Zeitung. "O Ministério da Justiça tem acesso à forma como as redes sociais implementam seus mecanismos de exclusão."
                                                            Há também, informou a Deutsche Welle, espaço para erros. Recentemente, Mike Samuel Delberg, um representante da organização da comunidade judaica na Alemanha, teve sua conta no Facebook bloqueada após publicar um vídeo viral do proprietário de um restaurante que enfrentou uma manifestação antissemita nas ruas de Berlim. O Facebook somente reinstaurou a conta dele após uma série de queixas.
                                                            Polêmica em Colônia
                                                            No caso envolvendo as integrantes do AfD, a primeira postagem, da deputada Beatrix von Storch, criticava uma mensagem da polícia de Colônia em inglês, francês e árabe na qual desejava uma "feliz, pacífica e respeitosa" virada de ano. Há dois anos, a cidade registrou uma série de abusos sexuais, em parte por imigrantes e refugiados, durante o Réveillon.
                                                            "Que diabos está ocorrendo no nosso país? Porque uma página oficial da polícia posta em árabe? Os senhores acham que vão conseguir moderar muçulmanos que estupram em grupo?", escreveu Beatrix. Um porta-voz da polícia de Colônia, que apresentou denúncia, afirmou que a parlamentar é potencialmente culpada do delito de "incitação ao ódio".
                                                            Outra legisladora do AfD, Alice Weidel, saiu em defesa da colega de legenda. "2018 começa com a lei de censura nas redes. Nossos funcionários se rendem à ralé de imigrantes importados que saqueiam, bolinam e cravam facas", disse Alice em comentário também bloqueado. "Estes métodos da Stasi me lembram a RDA (República Democrática a Alemanha)", reclamou o vice-presidente do AfD, Alexander Gauland
                                                            Ajustes
                                                            A legislação que passou a vigorar agora foi aprovada em junho de 2017 e passou a valer a partir de outubro. No entanto, as redes sociais tiveram até o começo deste ano para se prepararem para a chegada das novas regras.
                                                            Além de excluírem o conteúdo dentro de 24 horas após o recebimento de queixa, ou no prazo de sete dias se os casos forem mais complexos, as redes sociais também são obrigadas a produzir um relatório anual detalhando quantas postagens foram excluídas e por quais motivos. As companhias que de forma sistemática não cumprirem as novas normas poderão ser multadas em até € 50 milhões.
                                                            A lei, conforme relatou O Estado de S.Paulo, aplica-se aos sites de mídia e redes sociais com mais de 2 milhões de membros. Facebook, Twitter e YouTube serão os principais afetados, mas a regra poderá ser aplicada ao Reddit, Tumblr e a rede social russa VK. Outros sites populares, como Vimeo e Flickr também poderão ser punidos caso descumpram a norma.
                                                            Cidadãos podem denunciar violações ao Departamento Federal de Justiça da Alemanha (BfJ), que disponibilizou um formulário online. Google também criou um formulário digital para denúncias, enquanto Twitter adicionou uma opção à sua função de denúncia já existente.
                                                            O Facebook configurou um sistema mais complexo, que exige que os usuários encontrem uma página específica, tire um screenshot da alegada postagem ofensiva e escolha uma entre 20 possibilidades de ofensa supostamente cometida. As pessoas não precisam ser usuários registrados na rede para delatar conteúdo.
                                                            Leia mais em:
                                                            http://www.dw.com/pt-br/lei-contra-d...nha/a-41996447
                                                            http://link.estadao.com.br/noticias/...io,70002136202
                                                            https://noticias.uol.com.br/ultimas-...de-censura.htm
                                                            https://g1.globo.com/mundo/noticia/p...fugiados.ghtml
                                                            http://www.businessinsider.com/germa...ech-law-2018-1
                                                            https://www.theguardian.com/technolo...ean-commission
                                                            pelo que li sobre esta lei grande parte dos erros/censura decorrem das redes sociais contratarem pessoas mal preparadas para analisar as mensagens reportadas
                                                            isso juntando a que há multas pesadas se não apagarem mensagens reportadas e as consquencias são menos gravosas se as apagarem é normal que exista censura, fica mais barato que ser sujeito a um processo e pagar uma multa de milhões, assim é normal que na duvida se faça censura

                                                            em relação aos casos de sentenças de tribunais relatados pelo gatestone parece-me que há realmente ali um relato deste um bocado aldrabado

                                                            em relação à sondagem que indica que as pessoas se autocensuram em espaços publicos... isso ocorre na alemanha e em todo o lado e ocorre tanto mais quando maior é o clima de intimidação existente

                                                            Comentário


                                                              A Guerra dos Géneros e as falsificações científicas


                                                              O pénis é uma construção social? Há uma perspectiva machista dos icebergs? Um ensaio de Mário Amorim Lopes discute a "ciência" que pretende sustentar a guerra dos géneros e o politicamente correcto.

                                                              26 aug 2017

                                                              Em 1996, o físico e professor universitário (New York University e University College of London) Alan Sokal submeteu um artigo científico para uma reputada revista de estudos culturais pós-modernos, a Social Text. Obstante a prosaica área científica, até aqui nada de surpreendente. No artigo, Sokal postula que a gravidade quântica (ramo da física teórica que procura explicar a gravidade à luz da mecânica quântica) é uma construção social e linguística, teoria que pelos vistos não surpreendeu os editores da revista, que a publicaram.
                                                              Em Maio do corrente ano, dois outros académicos, Peter Boghossian e James Lindsay, decidiram renovar a partida académica e submeteram um trabalho para a Cogent Social Sciences, revista indexada nos principais meios de divulgação científica. Defendem os autores que o órgão genital masculino, o pénis, é, em boa verdade, uma construção social. Fazem-no «através de um criticismo discursivo pós-estruturalista detalhado e do exemplo das alterações climáticas».

                                                              O artigo, referem ainda no resumo, «questiona a prevalente e prejudicial mistificação social de que os pénis são melhor entendidos como órgãos sexuais masculinos, e atribuir-lhe-á um papel mais adequado enquanto tipo de desempenho masculino». Dadaísta? Era esse um dos objectivos — testar a filtragem do nonsense na arbitragem por pares nas revistas do género. O artigo foi aceite e publicado, tendo sido removido apenas após os próprios autores fazerem a denúncia do caso.
                                                              A calçada portuguesa e o machismo…

                                                              Também eu próprio não resisti à tentação de fazer uma partida académica, que mais do que uma partida visava denunciar a epistemologia muito questionável desta área de estudos. Imaginei uma absurda teoria social que não podia ser falsificada, preparei um abstract e submeti para uma reputada conferência feminista sobre estudos de género.
                                                              A minha teoria era a de que a tradicional calçada portuguesa está impregnada de preceitos machistas e misóginos. Para dar consistência à teoria apresentei duas evidências: (i) as mulheres têm mais dificuldade em andar neste tipo de pavimento, especialmente as que usam saltos-altos; (ii) a calcetagem é uma profissão maioritariamente de homens, logo dominada pelo sexo masculino — a escolha da palavra dominada não foi inocente.



                                                              O engraçado desta teoria é que é um catch-22: não pode ser provada (em bom rigor epistemológico, nenhuma teoria pode ser provada), pois não tenho um registo histórico onde o inventor da calçada deixou por escrito que era esse o seu propósito; mas também não é possível falsificá-la, porque também não há evidência em sentido contrário — naturalmente que o inventor da calçada não deixou um papel escrito a dizer que a calçada não é misógina e discriminatória.


                                                              Ademais, eu poderia argumentar, à imagem do que é feito por tantos outros académicos desta área, que isso era a vontade latente, ainda que não expressa ou assumida, que resulta de o calceteiro que se lembrou de usar pedra cal branca e preta ter vivido numa sociedade patriarcal. Uma epistemologia séria e rigorosa descartaria imediatamente a minha teoria precisamente por não resultar das premissas e não ser falsificável. O abstract foi aceite para apresentação na conferência, que teve lugar em Junho deste ano em Montreal, Canadá.
                                                              …e uma perspectiva machista para o iceberg

                                                              Se estes artigos procuram denunciar situações caricatas a que estes estudos dão origem, outros há que são efectivamente sérios, ou pretendem ser, embora frequentemente não pareçam. Por exemplo, Valerie De Craene, num artigo publicado também este ano no Journal of Gender, Place & Culture, argumenta que os geógrafos ignoram os seus corpos, a sua sexualidade e o seu erotismo, escondendo até, imagine-se, os seus desejos sexuais do resto da comunidade científica, e como tudo isto influencia a carreira de investigação. A investigadora partilha até, num exercício de reflexividade, a sua experiência como mulher-investigadora desejada, e como isso influenciou a sua carreira científica. Finalmente, o artigo tem uma secção dedicada a clubes de swing.
                                                              E se no caso da geografia se pode argumentar que a componente humana é parte integrante da área científica, pelo que não é despiciente o papel do observador no objecto ou fenómeno observado, confesso que tenho mais dificuldade em perceber de que forma é que um iceberg pode ser interpretado numa perspectiva feminista (o que implica que também existe uma perspectiva machista para o iceberg

                                                              Mark Carey e colegas, num artigo publicado na revista Progress in Human Geography (Impact Factor 2016: 5.776), convidam-nos a estudar os icebergs usando uma framework glaciológica feminista, desta forma promovendo uma «ciência equitativa» e uma interacção «humano-gelo» mais «justa». Ou então o artigo de Teresa Lloro-Bidart, publicado na revista Gender, Place & Culture — A Journal of Feminist Geography, onde a autora argumenta que uma determinada estirpe de esquilos originária da zona de Los Angeles é vítima de racismo e discriminação generalizada por parte dos media, pois estes alimentam-se do lixo doméstico e de outros detritos humanos. A autora postula esta conjectura recorrendo, palavras da própria, a «teorias feministas pós-humanistas» e a «estudos feministas de alimentação».
                                                              As teorias sobre o sexo como “construção social”

                                                              O que tem isto tudo a ver com o recente episódio que envolveu a Porto Editora, dois malfadados livros que «perpetuam o papel e a discriminação de género», a intervenção de uma entidade chamada «Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género» e este longo prelúdio? Infelizmente, muito. Toda a teoria que sustenta a tese da igualdade de género está assente em teorias sociológicas que radicam precisamente do mesmo corpo científico, neste caso a do construcionismo social, e para as quais é completamente alheia, e até dispensável, o contributo da biologia. Tudo é um artefacto social, e não é menos artefacto o sexo das pessoas.
                                                              O conceito de «género», que procura substituir o antiquado «sexo» que a biologia havia determinado, é então uma construção social, que subleva a importância da genitália e de outros determinantes fisiológicos e neurológicos, e os condiciona àquilo que é o devir social do indivíduo na sociedade.
                                                              Se isto parece um mero apetrecho discursivo para promover a inclusão daqueles que nascem fora da concepção binária de sexo, na verdade esta ideia de que o género é um papel que se escolhe e atribui pode ter nefastas consequências. Na Noruega, nos anos 70, as crianças hermafroditas e transsexuais, as quais fruto de uma disfunção genética não era possível determinar, à nascença, o sexo preponderante, viam o seu género ser escolhido pelos pais. Afinal, se o género é uma construção social, sendo a genitália uma pequena diferença anatómica sem relevo neurobiológico, então era indiferente se seriam homens ou mulheres.
                                                              Em alguns casos a cirurgia de mudança de sexo era efectuada antes mesmo de atingirem a puberdade, quando alterações hormonais posteriores acabavam por tornar preponderante um dos sexos. A natureza discorda, e foram demasiados os casos de crianças cujo género escolhido pelos pais afinal não era aquele no qual elas se identificavam mais tarde.


                                                              Assim, e à luz das teorias vigentes dos estudos de género, a única coisa que separa homens e mulheres é o papel que alguém, geralmente os pais e a família, no limite a sociedade, lhes atribuiu. Tradicionalmente, a sociedade ocidental era patriarcal e misógina, tendo atribuído um papel secundário à mulher. Esta «heteronormatividade patriarcal», como os estudiosos desta área lhe chamam, condicionou todas as escolhas subsequentes, pelo que as diferenças entre géneros resultam de um devir sociológico que as criou. Desta forma, se o rapaz escolhe uma bola ou uma espada e a rapariga uma princesa é porque sempre foi esse o papel social que foi atribuído a cada um dos géneros, mas poderia ser o exacto oposto. Ou assim pensam alguns cientistas sociais.
                                                              O problema é… a Biologia

                                                              A história terminaria aqui não fosse a biologia, a psicologia evolutiva e as neurociências, que teimam em encontrar diferenças fisiológicas e neurológicas entre os sexos. Em estudos efectuados com recém-nascidos, que ainda estão num estágio de desenvolvimento cognitivo pré-social e como tal ainda não são influenciadas pelo meio, verifica-se que existem preferências inatas e inerentes ao sexo pelo tipo de brinquedo que escolhem (Jadva, Hines, & Golombok, 2010; Alexander, Wilcox, & Woods, 2009). Isto é, a esmagadora maioria dos rapazes tende a escolher brinquedos tipicamente masculinos (heróis e vilões, carros e bolas) e as raparigas brinquedos tipicamente femininos (princesas, casas de bonecas).
                                                              Esta evidência mantém-se para diferentes países e culturas, assim como para diferentes períodos temporais (são analisadas várias coortes). A excepção? As meninas que nascem com uma anomalia endócrina que as faz produzir testosterona a níveis típicos dos rapazes. Nesse caso as meninas escolhem brinquedos tipicamente masculinos (Berenbaum & Hines, 1992).
                                                              Mais fascinante ainda, há estudos que mostram que os nossos primos biológicos mais próximos, os primatas, exibem exactamente as mesmas preferências «estereotipicamente sexistas», na terminologia dos defensores da teoria de género, que nós, humanos — ou isso, ou há mesmo determinantes biológicos que condicionam as escolhas (Hassett, Siebert, &Wallen, 2008; Alexander & Hines, 2002).


                                                              A ideia de que pode existir um livro que traduz melhor as preferências femininas e outro que traduz melhor as preferências masculinas não é, portanto, descabida. Não é absoluto que homens e mulheres sejam iguais, queiram ser iguais, tenham as mesmas preferências ou queiram ter as mesmas preferências. Arrumado este ponto, há quem argumente que, vis-à-vis, o livro para meninas tem 3 exercícios mais complexos do que o dos rapazes, enquanto que o dos rapazes tem 6. Ou seja, os autores estariam a assumir que as raparigas são menos inteligentes.
                                                              Esta conclusão não está longe da teoria estapafúrdia das pedras da calçada portuguesa serem machistas. Cada livro tem mais de 80 exercícios, 160 se considerarmos os dois. Falamos, portanto, de uma diferença no grau de dificuldade em 1.875% dos exercícios, o que só por má-fé se pode achar que foi deliberado, e não um acaso estatístico. Novamente, a tese não pode ser falsificada. É a palavra dos autores contra a dos que lançaram o auto-de-fé.
                                                              O papel da escola da Frankfurt

                                                              Mas a maior crítica é a de que os livros promoviam a «discriminação de género». Dado que os sexos são efectivamente diferentes, podemos assumir que se tratam dos partidários da teoria da igualdade de género (se por esta altura acha que isto do igualitarismo de género lembra teorias económicas e sociais marxistas, não é por acaso — quase todo o trabalho sobre estudos de género tem origem intelectual na escola de Frankfurt, onde se sediavam conhecidos filósofos alemães que procuravam complementar o marxismo clássico com uma teoria crítica, antipositivista, e de onde é originário o politicamente correcto discursivo). A discordância é de salutar, especialmente no meio académico.
                                                              A universidade reúne várias escolas, e até nas ciências naturais existem teorias que são mutuamente exclusivas. É desta dialética de correntes de pensamento que o conhecimento progride. Nem todo o novo conhecimento é cumulativo, no sentido em que resulta de um pequeno acrescento face ao postulado anteriormente — bem pelo contrário, arriscaria dizer que os grandes saltos resultam sempre de mudanças de paradigma radicais (Copérnico, Newton, Darwin, Einstein, etc.).


                                                              O fenómeno seria inconsequente, ou até um bom pretexto para promover a discussão, não tivesse a Porto Editora, após «recomendação» da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, tutelada pelo Governo, retirado os livros de mercado. Recomendação de jure, obrigação de facto, porque a Porto Editora disputa o mercado dos livros escolares, e certamente não quer comprar uma guerra. A dimensão do país, ou a falta dela, por vezes obriga à subserviência ao poder político.
                                                              Dos livros da Porto Editora à Google

                                                              Este incidente com a Porto Editora não é caso isolado. Ainda recentemente, James Damore, engenheiro informático da Google com um mestrado em sistemas de biologia de Harvard, escreveu um ensaio de 10 páginas onde fundamenta, de uma forma racional e amparada de evidência científica (mas não da correcta), que existem diferenças significativas entre os sexos, e isso, argumenta, poderá explicar o porquê de as mulheres estarem sub-representadas em empresas tecnológicas.
                                                              Não o fez num estilo panfletário, fundamentou a sua posição, deu referências científicas (posteriormente confirmadas por psicólogos evolucionistas, neurocientistas e pedopsiquiatras), discutíveis certamente, mas isso era de somenos — a sua opinião era conflituante com a igualdade de género, pelo que havia que acender as fogueiras. Foi despedido.
                                                              Também recentemente, Chico Buarque, cantor brasileiro assumidamente de esquerda, foi acusado de machismo por dedicar dois versos de uma música do seu mais recente álbum a um homem que larga mulher e filhos para ir ter com a amante, e houve mesmo quem o tentasse banir no Brasil. No Reino Unido, a música Blurred Lines, do Robert Thicke e Pharell, está banida em mais de 20 universidades, pois é, dizem os alunos que intercederam, misógina. As mesmas universidades e os mesmos alunos que querem retirar dos currículos filósofos brancos, pois estes compactuaram (?) com o colonialismo.


                                                              Em Portugal, o cantor C4 Pedro foi obrigado a retirar um videoclip do YouTube pois era, garantem as feministas portuguesas, misógino e discriminatório. Não se trata, portanto, de discórdia, de pluralismo ou de discutir ideias conflituantes, de não comprar aquilo de que não se gosta (quem desgosta dos livros tem bom remédio — não compra). Trata-se, sim, da imposição de uma determinada visão, e de cercear tudo aquilo que vá contra a corrente dominante, o que, em última análise, implica censura. É a ditadura do politicamente correcto.
                                                              A ditadura do politicamente correcto

                                                              A possibilidade de ideias ou livros terem de ter o selo de aprovação de uma entidade é análogo àquela que era a função do Secretariado Nacional para a Informação no tempo do Estado Novo. Todos os regimes despóticos, aliás, sabiam que controlar a informação, seja sob a forma de ideias, crónicas ou livros, era fundamental para regular o pensamento e as acções.
                                                              Aqueles que hoje advogam e forçam a ditadura do politicamente correcto também o sabem. Sabem que o discurso é uma forma eficaz de condicionamento e imposição social e ideológica. Mas é também censura, é também uma clara violação dos mais elementares direitos e liberdades de uma democracia liberal.


                                                              Não é admissível que numa sociedade aberta e livre haja quem se ache no direito de coartar a opinião dos outros, e, mais grave ainda, de impor aquela que é a sua visão, para tal silenciando ou perseguindo politicamente. O caso da censura por parte da CIG, já de si condenável, já levou a sugestões inenarráveis como acabar com a secção de brinquedos para meninos e para meninas, como se uma menina estivesse proibida de comprar uma bola ou um Action Man, e o dia chegará em que exigirão o fim das secções de roupa para homem e para mulher.
                                                              Se é grave que aconteça no meio académico, é gravíssimo que chegue ao ponto de determinados livros serem retirados do mercado. Nunca George Orwell fez tanto sentido: «Se liberdade significar alguma coisa, significa o direito de dizer aquilo que outros não querem ouvir».

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