voltando ao tem do tópico:
Uma brincadeira entre amigos que correu mal: Bernardo Silva acusado de conduta imprópria por tweet sobre Mendy
Bernardo Silva defendeu-se, Benjamin Mendy defendeu o amigo, todos os elementos do City (e não só) o defenderam. Mas não chegou: português foi acusado de conduta imprópria pela Federação Inglesa.
Era apenas uma brincadeira de amigos, começou a ganhar uma proporção quase viral, tornou-se uma bola de neve e nem mesmo as várias tentativas de derreter um caso que para quase todos não existia serviram para atenuar a avalanche: Bernardo Silva foi esta quarta-feira acusado de conduta imprópria pela Federação Inglesa de Futebol, no seguimento de um tweet alegadamente de cariz racista com o companheiro e amigo Benjamin Mendy. O jogador tem agora uma semana para apresentar mais uma vez a sua defesa e tentar fugir a qualquer castigo.
De acordo com a BBC, o internacional português terá cometido uma “violação agravada” de acordo com as regras da FA (Football Association), incluindo referências “expressas ou implícitas à raça e/ou cor e/ou origem étnica”. O órgão acrescenta ainda que um vídeo mais antigo feito por Bernardo Silva e Benjamin Mendy será também anexado ao atual processo, sem que seja referido o que está em causa no mesmo.
O tweet em causa, onde o português compara Mendy a um “Conguito” a propósito de uma fotografia do lateral quando era ainda criança, foi publicado a 22 de setembro e apagado cerca de 45 minutos depois, ainda que com uma mensagem do português onde dizia “Nos dias de hoje nem se pode brincar com os amigos…”. Após algumas críticas logo nas redes sociais, também a organização Kick It Out veio a público pedir um castigo para o jogador, alegando que “os estereótipos racistas nunca podem ser aceites como uma brincadeira”.
A partir daí, várias figuras foram saindo em defesa de Bernardo Silva, a começar pelo treinador, Pep Guardiola. “Bernardo é uma das pessoas mais adoráveis que já conheci na minha vida. Fala cinco línguas e essa é a melhor forma de entender como ele tem mente aberta. Um dos seus melhores amigos é Mendy, é como um irmão para ele”, referiu numa conferência poucos dias depois do sucedido. Vários jogadores foram deixando também mensagens com a mesma ideia e até outras figuras como John Barnes, antigo internacional e figura do Liverpool. Raheem Sterling, avançado internacional inglês do City, foi um dos últimos a comentar a “polémica”.
“Não vejo a situação como um caso de racismo, de todo! É uma situação entre dois amigos. Consigo perceber que algumas pessoas possam ficar ‘tocadas’ por aquilo mas parece-me que nesta situação foi apenas uma piada para o seu amigo. Ele não se está a referir ao tom de pele, nem aos seus lábios. O mais importante para mim é que ele não se referiu ao tom de pele. É triste ver alguém como o Bernardo desanimado durante toda a semana, especialmente porque ele não é nada assim. Eles são bons amigos e é triste de se ver. Estamos numa época em que qualquer coisa que faças ou digas vai ser rapidamente julgado e é bastante triste ver isto. Ele tentou fazer uma piada e essa piada não foi a melhor, mas temos de seguir em frente e perceber que não foi intencional”, disse.
Bernardo Silva já tinha pedido desculpas à FA explicando toda a situação, da mesma forma como Mendy quis também defender o companheiro e amigo explicando que não tinha sentido em nada que fosse algo de cariz racista até pela amizade entre ambos, que vem desde os tempos em que eram ainda companheiros no Mónaco. Todavia, tudo isso acabou por não ser suficiente para encerrar o caso, que aguarda agora pela defesa do português antes de ser decidido se haverá algum tipo de sanção desportiva ao jogador – e que pode chegar aos seis jogos.
Bernardo Silva e a ditadura do politicamente correto
24 sep 2019
É do conhecimento geral que os dois jogadores são muito amigos e é frequente ambos brincarem um com o outro nas redes sociais. Porque é mesmo isso que eles fazem, brincam, gozam um com o outro, “picam-se”. Porque são amigos. Registemos este facto porque não deve ser menosprezado para se entender esta situação. No post de Bernardo Silva não há maldade nem uma tentativa de inferiorização quer do seu companheiro de equipa, quer da sua etnia. Sou contra todo o tipo de discriminação e inferiorização de qualquer raça, etnia ou religião. Mas, perdoem-me os ofendidos, não é (foi) este o caso. Tratou-se de uma brincadeira inofensiva entre dois amigos.
Infelizmente este é só mais um caso da ditadura do politicamente correto. Porque as pessoas, cada vez mais, se ofendem. Não sei se têm demasiado tempo livre ou se simplesmente querem dar uso ao “microfone” de opiniões que são as redes sociais. Mas esta censura é, acima de tudo, um atentado à liberdade de expressão. O Ricardo Araújo Pereira, pessoa pela qual tenho uma admiração tremenda, diz algo que subscrevo inteiramente. O humorista diz que as pessoas têm o direito de se sentir ofendidas. O problema, diz ele, é que as pessoas acham que têm o direito a não ser ofendidas. E por isso, quando se deparam com algo com que não concordam ou que não gostam, fazem uso do seu “direito” de se sentir ofendidas para crucificar a pessoa em questão e, não poucas vezes, exigir que esta retire o que disse ou apague o seu post, tudo em nome do politicamente correto.
É perigosa, muito perigosa esta submissão da sociedade a uma máscara de justiça e luta pela igualdade quando isso acontece através do silenciamento daquilo que não nos agrada ou que não é o que nós pensamos. Pior ainda quando isto acontece devido a interpretações erradas e, estas sim, verdadeiramente racistas, de uma simples brincadeira entre amigos.
Um exemplo prático. O meu avô paterno era judeu. Por esse motivo, nunca gostei de piadas ou sátiras que fizessem pouco dos judeus, apesar de até saber várias. Isto dá-me o direito de exigir que ninguém faça este tipo de piadas? Não. Porquê? Porque as pessoas têm o direito de satirizar este assunto, tal como qualquer outro, e eu tenho o direito de não gostar. Agora, a minha liberdade não me dá o direito de calar quem pensa ou sente de maneira diferente da minha.
A liberdade de expressão foi algo muito difícil de conquistar, todos sabemos. Não o estraguemos pela simples mesquinhez de não saber lidar com a diferença, ou pior, pela soberba de achar que temos o direito de impor aquilo que se deve ou não dizer. Uma sociedade verdadeiramente democrática e livre jamais se pode submeter a esta ditadura do politicamente correto.
Dito isto, também acho que pessoas com a exposição mediática como a que Bernardo Silva tem, devem medir bem aquilo que dizem publicamente, seja através de que meios for. Uma vez que tudo o que fazem é alvo de escrutínio por parte de quem os segue, a polémica, a insurgência e as pessoas ofendidas estão mesmo ali ao virar da esquina. E, com isto, quase se esqueceram que Bernardo fez um hattrick neste fim-de-semana. Trivialidades…
Uma brincadeira entre amigos que correu mal: Bernardo Silva acusado de conduta imprópria por tweet sobre Mendy
Bernardo Silva defendeu-se, Benjamin Mendy defendeu o amigo, todos os elementos do City (e não só) o defenderam. Mas não chegou: português foi acusado de conduta imprópria pela Federação Inglesa.
Era apenas uma brincadeira de amigos, começou a ganhar uma proporção quase viral, tornou-se uma bola de neve e nem mesmo as várias tentativas de derreter um caso que para quase todos não existia serviram para atenuar a avalanche: Bernardo Silva foi esta quarta-feira acusado de conduta imprópria pela Federação Inglesa de Futebol, no seguimento de um tweet alegadamente de cariz racista com o companheiro e amigo Benjamin Mendy. O jogador tem agora uma semana para apresentar mais uma vez a sua defesa e tentar fugir a qualquer castigo.
De acordo com a BBC, o internacional português terá cometido uma “violação agravada” de acordo com as regras da FA (Football Association), incluindo referências “expressas ou implícitas à raça e/ou cor e/ou origem étnica”. O órgão acrescenta ainda que um vídeo mais antigo feito por Bernardo Silva e Benjamin Mendy será também anexado ao atual processo, sem que seja referido o que está em causa no mesmo.
O tweet em causa, onde o português compara Mendy a um “Conguito” a propósito de uma fotografia do lateral quando era ainda criança, foi publicado a 22 de setembro e apagado cerca de 45 minutos depois, ainda que com uma mensagem do português onde dizia “Nos dias de hoje nem se pode brincar com os amigos…”. Após algumas críticas logo nas redes sociais, também a organização Kick It Out veio a público pedir um castigo para o jogador, alegando que “os estereótipos racistas nunca podem ser aceites como uma brincadeira”.
A partir daí, várias figuras foram saindo em defesa de Bernardo Silva, a começar pelo treinador, Pep Guardiola. “Bernardo é uma das pessoas mais adoráveis que já conheci na minha vida. Fala cinco línguas e essa é a melhor forma de entender como ele tem mente aberta. Um dos seus melhores amigos é Mendy, é como um irmão para ele”, referiu numa conferência poucos dias depois do sucedido. Vários jogadores foram deixando também mensagens com a mesma ideia e até outras figuras como John Barnes, antigo internacional e figura do Liverpool. Raheem Sterling, avançado internacional inglês do City, foi um dos últimos a comentar a “polémica”.
“Não vejo a situação como um caso de racismo, de todo! É uma situação entre dois amigos. Consigo perceber que algumas pessoas possam ficar ‘tocadas’ por aquilo mas parece-me que nesta situação foi apenas uma piada para o seu amigo. Ele não se está a referir ao tom de pele, nem aos seus lábios. O mais importante para mim é que ele não se referiu ao tom de pele. É triste ver alguém como o Bernardo desanimado durante toda a semana, especialmente porque ele não é nada assim. Eles são bons amigos e é triste de se ver. Estamos numa época em que qualquer coisa que faças ou digas vai ser rapidamente julgado e é bastante triste ver isto. Ele tentou fazer uma piada e essa piada não foi a melhor, mas temos de seguir em frente e perceber que não foi intencional”, disse.
Bernardo Silva já tinha pedido desculpas à FA explicando toda a situação, da mesma forma como Mendy quis também defender o companheiro e amigo explicando que não tinha sentido em nada que fosse algo de cariz racista até pela amizade entre ambos, que vem desde os tempos em que eram ainda companheiros no Mónaco. Todavia, tudo isso acabou por não ser suficiente para encerrar o caso, que aguarda agora pela defesa do português antes de ser decidido se haverá algum tipo de sanção desportiva ao jogador – e que pode chegar aos seis jogos.
24 sep 2019
É perigosa, muito perigosa esta submissão da sociedade a uma máscara de justiça e luta pela igualdade quando tal acontece através do silenciamento do que não nos agrada ou que não é o que nós pensamos
Um post de Bernardo Silva este fim-de-semana causou grande celeuma por essa internet fora. Sim, leu bem, um post. Não um golo, ou os três que o português marcou no sábado, mas uma publicação numa rede social. Muitas pessoas sentiram-se ofendidas com o post do jogador português por alegadamente ter uma conotação racista. Na sua página no Twitter, Bernardo Silva colocou uma fotografia do colega de equipa Benjamin Mendy e uma fotografia de um boneco de uma marca de doces, sugerindo que as suas caras eram muito parecidas. Mendy levou a publicação como brincadeira e assim o demonstrou no comentário que fez à fotografia, mas a indignação demonstrada pelos utilizadores na caixa de comentários levou o português a apagar a fotografia, tendo depois comentado no Twitter “Nem posso fazer uma piada com um amigo nos dias de hoje… Estas pessoas…”.É do conhecimento geral que os dois jogadores são muito amigos e é frequente ambos brincarem um com o outro nas redes sociais. Porque é mesmo isso que eles fazem, brincam, gozam um com o outro, “picam-se”. Porque são amigos. Registemos este facto porque não deve ser menosprezado para se entender esta situação. No post de Bernardo Silva não há maldade nem uma tentativa de inferiorização quer do seu companheiro de equipa, quer da sua etnia. Sou contra todo o tipo de discriminação e inferiorização de qualquer raça, etnia ou religião. Mas, perdoem-me os ofendidos, não é (foi) este o caso. Tratou-se de uma brincadeira inofensiva entre dois amigos.
Infelizmente este é só mais um caso da ditadura do politicamente correto. Porque as pessoas, cada vez mais, se ofendem. Não sei se têm demasiado tempo livre ou se simplesmente querem dar uso ao “microfone” de opiniões que são as redes sociais. Mas esta censura é, acima de tudo, um atentado à liberdade de expressão. O Ricardo Araújo Pereira, pessoa pela qual tenho uma admiração tremenda, diz algo que subscrevo inteiramente. O humorista diz que as pessoas têm o direito de se sentir ofendidas. O problema, diz ele, é que as pessoas acham que têm o direito a não ser ofendidas. E por isso, quando se deparam com algo com que não concordam ou que não gostam, fazem uso do seu “direito” de se sentir ofendidas para crucificar a pessoa em questão e, não poucas vezes, exigir que esta retire o que disse ou apague o seu post, tudo em nome do politicamente correto.
É perigosa, muito perigosa esta submissão da sociedade a uma máscara de justiça e luta pela igualdade quando isso acontece através do silenciamento daquilo que não nos agrada ou que não é o que nós pensamos. Pior ainda quando isto acontece devido a interpretações erradas e, estas sim, verdadeiramente racistas, de uma simples brincadeira entre amigos.
Um exemplo prático. O meu avô paterno era judeu. Por esse motivo, nunca gostei de piadas ou sátiras que fizessem pouco dos judeus, apesar de até saber várias. Isto dá-me o direito de exigir que ninguém faça este tipo de piadas? Não. Porquê? Porque as pessoas têm o direito de satirizar este assunto, tal como qualquer outro, e eu tenho o direito de não gostar. Agora, a minha liberdade não me dá o direito de calar quem pensa ou sente de maneira diferente da minha.
A liberdade de expressão foi algo muito difícil de conquistar, todos sabemos. Não o estraguemos pela simples mesquinhez de não saber lidar com a diferença, ou pior, pela soberba de achar que temos o direito de impor aquilo que se deve ou não dizer. Uma sociedade verdadeiramente democrática e livre jamais se pode submeter a esta ditadura do politicamente correto.
Dito isto, também acho que pessoas com a exposição mediática como a que Bernardo Silva tem, devem medir bem aquilo que dizem publicamente, seja através de que meios for. Uma vez que tudo o que fazem é alvo de escrutínio por parte de quem os segue, a polémica, a insurgência e as pessoas ofendidas estão mesmo ali ao virar da esquina. E, com isto, quase se esqueceram que Bernardo fez um hattrick neste fim-de-semana. Trivialidades…
Comentário