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    #61
    Acho curioso uma coisa, porque razão aqueles que estão contra o milho transgénico (eu não estou contra nem a favor, desconheço os prós e contras), não contestaram o que o Foliv disse na página 1?

    Eu não estou a provocar ninguém, mas era bom que a discussão fosse esclarecedora...

    Comentário


      #62
      Originalmente Colocado por pcnunes7 Ver Post
      Acho curioso uma coisa, porque razão aqueles que estão contra o milho transgénico (eu não estou contra nem a favor, desconheço os prós e contras), não contestaram o que o Foliv disse na página 1?

      Eu não estou a provocar ninguém, mas era bom que a discussão fosse esclarecedora...
      Isso de certa forma já foi respondido. O Foliv compara as técnicas de alteração genética a técnicas de agricultura comum. Acho que não tem cabimento nenhum. Uma coisa é usar, aproveitar o que a natureza oferece para ter melhores produtos, através de métodos de cultivo, de rega, controlo de pragas através de predadores naturais, etc... Outra coisa é "operar" um alimento e "configurá-lo" para isso, fechando os olhos a todas as variáveis e desconhecendo as consequências. Há muita coisa que a natureza faz e não sabemos que o faz nem como, portanto essa ideia de podermos ser um deus e fazer o trabalho da natureza é absolutamente louca, utópica e triste.

      Mas vou deixar uns testamentos para lerem. Atentem que tem referências no final, antes de dizerem que foi mais um ganzado que não tem mais nada que fazer que os escreveu.

      Comentário


        #63
        OGM e Alergias - Parte 1: a soja GM

        INSTITUTE FOR RESPONSIBLE TECHNOLOGY
        Boletim de Maio de 2007


        OS ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS PODEM AUMENTAR AS ALERGIAS ALIMENTARES


        Parte 1 – SOJA GENETICAMENTE MODIFICADA


        O enorme aumento das alergias alimentares infantis nos Estados Unidos é frequentemente noticiado(1), mas a maior parte dos relatórios é omissa quanto a uma mudança radical recente da dieta americana. Desde 1996, genes de vírus, bactérias e outras células têm vindo a ser introduzidos artificialmente no DNA da soja, milho, algodão e colza. Estes alimentos geneticamente modificados (GM), muitas vezes não rotulados, apresentam o risco de desencadear reacções alérgicas mortais e as provas recolhidas na última década sugerem que alguns deles estão a contribuir para o aumento das alergias.


        OS TESTES PARA A SEGURANÇA DOS ALIMENTOS NÃO SÃO ADEQUADOS PARA A PROTECÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA


        Os cientistas sabem há muito tempo que as culturas GM poderiam causar alergias. Mas não há testes que provem antecipadamente que determinada cultura GM é inócua.(2) Isto acontece porque as pessoas normalmente não são alérgicas a um alimento antes de o terem ingerido várias vezes. “O único teste definitivo para as alergias” segundo Louis Prybil, antigo microbiólogo da FDA, “é haver consumo por pessoas afectadas, o que pode ter implicações éticas”(3) E são as considerações éticas de alimentar consumidores não informados com produtos GM de alto risco e sem rotulagem adequada que colocam tantas pessoas em pé de guerra.


        O Reino Unido é um dos poucos países que realiza uma avaliação anual das alergias alimentares. Em Março de 1999 investigadores no York Laboratory ficaram alarmados ao descobrir que as reacções à soja tinham disparado em 50% relativamente ao ano anterior. Acontece que a soja geneticamente modificada tinha entrado recentemente no país devido às importações dos Estados Unidos e a soja usada no estudo era maioritariamente GM. John Graham, porta voz do York Laboratory, declarou : “Acreditamos que isto levanta questões novas e muito sérias acerca da segurança dos alimentos GM.”(4)


        Os críticos dos alimentos GM dizem muitas vezes que a população está a ser utilizada como cobaia numa experiência. No entanto nas experiências há o cuidado de fazer controlos e medir as diferenças, enquanto que neste caso real não há nem uma coisa nem outra. Os especialistas em segurança alimentar dos produtos GM salientam que, mesmo que alguém tentasse coligir dados acerca das reacções alérgicas que eventualmente causem, dificilmente conseguiriam. Os alergenes potenciais raramente são identificados. O número de consultas médicas devidas a alergias também não é contabilizado. Mesmo quando acontecem casos múltiplos devidas a determinados alergenes bem conhecidos ninguém tem responsabilidades de protecção da saúde pública.(5) Na verdade, depois do governo canadiano ter anunciado em 2002 que iria “vigiar cuidadosamente a saúde dos canadianos“(6) para observar se os alimentos GM traziam quaisquer reacções adversas, acabou por abandonar os planos ao fim de um ano com a explicação de que tal estudo seria demasiado difícil.


        A ENGENHARIA GENÉTICA PODE PROVOCAR O AUMENTO DAS ALERGIAS À SOJA


        A explicação clássica da possibilidade de um alimento GM poder causar novas alergias é de que o gene importado produz uma proteína nova, que nunca esteve presente anteriormente. Essa proteína nova pode desencadear reacção. Isto foi demonstrado em meados dos anos 90 quando às sementes de soja foi adicionado um gene da castanha do Pará. Embora os cientistas tenham tentado produzir uma semente de soja mais saudável, obtiveram uma potencialmente mortal. Testes sanguíneos às pessoas que eram alérgicas às castanhas do Pará mostraram reacções alérgicas a essa soja GM.(7) Felizmente nunca foi colocada no mercado.


        A variedade transgénica que é usada em todo o mundo tem um gene sintético produzido a partir de material genético bacteriano (com partes adicionais de vírus e de plantas). À partida não podemos saber se a proteína produzida pela bactéria, uma vez que nunca fez parte da alimentação humana, provocará qualquer reacção. Como precaução, os cientistas comparam a nova proteína com uma base de dados de proteínas que se sabe serem alérgicas. Se a nova proteína inserida na planta transgénica contiver sequências presentes na base de dados então, pelos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e outros, não deve ser comercializada ou, pelo menos, devem realizar-se testes adicionais. No caso desta soja GM, o transgénico mais vendido no mundo, há de facto secções na nova proteína que são idênticas a determinados alergenes conhecidos. Só que a soja foi introduzida antes dos critérios da OMS serem estabelecidos e nunca foi retirada do mercado nem se realizaram os testes adicionais recomendados.


        Se esta proteína na soja GM está a causar alergias, então a situação pode tornar-se muito pior devido à Transferência Horizontal de Genes (THG). A THG refere-se à passagem espontânea de DNA entre células de espécies diferentes. Este fenómeno verifica-se frequentemente em bactérias, mas é raro em mamíferos e plantas. O problema é que o método utilizado para construir e inserir transgenes elimina muitas das barreiras naturais que impedem a ocorrência de THG. No único estudo publicado até agora sobre consumo humano de alimentos GM verificou-se que algumas partes do transgene presente na soja GM acabaram por se transferir para o DNA das bactérias do intestino humano. Além disso esse transgene estava incorporado estavelmente e parecia estar a produzir a sua proteína potencialmente alergénica. Isto significa que, anos depois de terem deixado de ingerir soja GM, as pessoas podem continuar expostas à sua proteína perigosa que continuará a ser produzida continuamente nos seus intestinos.


        A ENGENHARIA GENÉTICA ALTEROU O DNA DA SOJA, CRIANDO NOVOS (OU MAIS) ALERGENES


        Embora os defensores da engenharia genética descrevam o processo de transgénese como sendo exacto, em que os genes – tal como Legos – se encaixam perfeitamente no lugar, nada poderia estar mais longe da verdade. O processo de criação de uma planta GM pode produzir mudanças profundas no funcionamento natural do DNA da planta. Os genes podem sofrer mutações, ser eliminados, tornar-se constitutivamente activos ou silenciosos, e numa só planta transgénica pode haver centenas de genes cujo nível de actividade foi alterado. Estes efeitos secundários e inevitáveis da transgénese podem significar uma maior concentração de um alergene já existente ou o aparecimento de um alergene até aí desconhecido para essa planta. Aparentemente aconteceram ambas as coisas na soja GM.


        Os níveis de um alergene conhecido da soja, o inibidor da tripsina, apresentam níveis aumentados até 27% na soja crua GM quando comparada com soja convencional (não GM). Além disso, embora cozinhar a soja normalmente reduza os níveis desta proteína, na variedade GM ela parece ser mais resistente ao calor: os níveis do inibidor da tripsina são quase tão altos na soja GM cozida como na soja GM crua. A soja convencional cozinhada apresenta sete vezes menos inibidor do que a soja GM cozinhada.(8) Tais dados sugerem que este alergene provoca mais reacções quando se consome soja GM do que em variedades naturais.


        Outro estudo verificou que a soja GM contém uma proteína nova e completamente inesperada, que não aparece na soja convencional com que foi comparada. Esta proteína reage com o IgE, um anticorpo que tem um papel central numa grande parte das reacções alérgicas, incluindo as que conduzem ao choque anafiláctico (que pode ser mortal). O facto de esta proteína criada pela soja GM interagir com o IgE sugere que pode também desencadear alergias.


        Os mesmos investigadores que fizeram as experiências anteriores mediram igualmente a resposta imunitária à soja através de um tipo de teste cutâneo muitas vezes utilizado em alergologia. Sete voluntários humanos apresentaram reacção tanto à soja GM como à soja convencional, e um outro reagiu à soja GM mas não reagiu à soja convencional. Embora o tamanho da amostra seja pequeno, é enorme a implicação de que pessoas, até aqui sem problemas a consumir soja, poderão sofrer uma reacção alergénica quando na presença de soja GM. Este facto por si só pode ser suficiente para explicar o aumento de alergias à soja já observado no Reino Unido.


        O AUMENTO DOS HERBICIDAS NOS PRODUTOS GM PODE CAUSAR REACÇÕES


        Os agricultores utilizam uma quantidade de herbicida para os campos de soja GM cerca de 86% superior à empregue em campos de soja não GM (dados de 2004).(9) Isso traduz-se num aumento dos resíduos de herbicida no grão de soja GM, o que pode causar problemas de saúde. De facto, muitos dos sintomas identificados no estudo das alergias à soja no Reino Unido são típicos da exposição ao glifosato. (O estudo detectou problemas de digestão, fadiga crónica, síndrome do intestino irritável, dores de cabeça, letargia e problemas de pele, incluindo acne e eczema, todos eles relacionados com o consumo da soja. Os sintomas da exposição ao glifosato incluem náusea, dores de cabeça, letargia e pruridos, erupções e comichão na pele. É também possível que o AMPA, uma substância proveniente da decomposição do glifosato que se acumula na soja GM após cada pulverização, possa contribuir para as alergias).


        A SOJA GM PODERÁ IMPEDIR A DIGESTÃO E CONDUZIR A ALERGIAS


        Quanto mais tempo as proteínas sobrevivem no tracto intestinal, mais oportunidade têm de provocar reacções alérgicas. Ratos alimentados com soja GM evidenciaram níveis drasticamente reduzidos de enzimas pancreáticas. Se as enzimas que digerem as proteínas estiverem em menor quantidade, as proteínas dos alimentos sobrevivem durante mais tempo no intestino e isso pode conduzir a uma reacção alérgica que de outro modo não teria lugar. Ou seja, uma redução na taxa geral de digestão proteica devida ao consumo da soja GM pode conduzir a reacções alérgicas a um vasto leque de proteínas, e não apenas às da soja. Não existem estudos sobre a variação da digestão humana de proteínas em função da soja GM.


        A SOJA LIGADA A ALERGIAS AO AMENDOIM


        Há pelo menos uma proteína na soja natural que reage com anticorpos induzidos por alergias ao amendoim.(10) Isto significa que, para algumas pessoas que são alérgicas ao amendoim, consumir soja pode desencadear uma reacção alérgica. Sendo certamente possível que efeitos secundários inesperados da soja GM possam aumentar a incidência desta reactividade cruzada, aparentemente não foram levados a cabo quaisquer estudos para investigar tal hipótese. Nos Estados Unidos a soja GM foi introduzida nos finais de 1996. Entre 1997 e 2002 as alergias ao amendoim duplicaram. Haverá aqui uma relação causa-efeito?


        COMER ALIMENTOS GM É JOGAR COM A NOSSA SAÚDE


        A introdução dos alimentos GM na nossa dieta foi realizada discretamente, sem a divulgação e informação de que o público precisa para exercer uma escolha consciente.
        Sem saber que os alimentos GM poderão aumentar o risco de alergias e, muitas vezes, sem saber quais alimentos contêm ingredientes GM (como por exemplo nas refeições servidas em cantinas e restaurantes) a indústria da engenharia genética está a arriscar a saúde de todos para seu benefício financeiro privado. No entanto este risco não é desconhecido de toda a gente. De facto, milhões de pessoas procuram agora alimentos que estejam livres de quaisquer ingredientes GM. John Boyles, um médico do Ohio especialista em alergias, diz: “eu costumava fazer muitos testes para despistar alergias à soja mas agora que ela é GM, é tão perigosa que digo às pessoas que não a comam a não ser que diga que é de produção biológica.(11)


        Não é permitido que os alimentos biológicos contenham ingredientes GM. [NOTA DE TRADUÇÃO: em Junho de 2007 os ministros da agricultura da União Europeia aprovaram a legalização da contaminação GM em produtos biológicos.] Comprar produtos biológicos certificados ou outros que estejam rotulados como isentos de transgénicos são as melhores maneiras de reduzir os riscos dos alimentos GM. Outra é evitar quaisquer produtos que contenham os vegetais que foram geneticamente modificados: soja, milho, algodão e colza. [NOTA DE TRADUÇÃO: Lista actualizada para a União Europeia.] Isto significa evitar a lecitina de soja no chocolate, xarope de milho nos rebuçados e óleo de algodão ou de colza nos petiscos e outros alimentos prontos a comer.


        Ficam os desejos de uma alimentação segura para todos.






        Este artigo limita-se a discutir as reacções alérgicas à soja GM. As indicações de que o milho GM está a desencadear alergias é muito mais extensa e será coberta na parte 2 desta série.


        Jeffrey M. Smith é autor do recente livro ROLETA GENÉTICA: Os Riscos Documentados para a Saúde dos Alimentos Geneticamente Modificados, que apresenta 65 riscos em desdobráveis de duas páginas muito fáceis de ler. O seu primeiro livro, AS SEMENTES DA ENGANAÇÃO, é número 1 nas vendas mundiais de livros sobre alimentos GM. Jeffrey M. Smith é Director Executivo do INSTITUTE FOR RESPONSIBLE TECHNOLOGY. Visite http://www.seedsofdeception.com para saber mais acerca do trabalho do Instituto.


        Referências


        [1] Ver por exemplo Charles Sheehan, "Scientists see spike in kids' food allergies," Chicago Tribune, 9 June 2006, http://www.montereyherald.com/mld/mo...living/health/


        [2] Ver por exemplo Carl B. Johnson, Memo on the "draft statement of policy 12/12/91," January 8, 1992. Johnson escreveu: "Estamos a pedir que a indústria prove que os alimentos que desenvolveu são não alergénicos? Isso parece uma tarefa impossível."


        [3] Louis J. Pribyl, "Biotechnology Draft Document, 2/27/92," March 6, 1992, www.biointegrity.org


        [4] Ibid.


        [5] Traavik and Heinemann, "Genetic Engineering and Omitted Health Research", 2007


        [6] "Genetically modified foods, who knows how safe they are?" CBC News and Current Affairs, September 25, 2006.


        [7] J. Ordlee, et al, "Identification of a Brazil-Nut Allergen in Transgenic Soybeans," The New England Journal of Medicine, March 14, 1996.


        [8] Stephen R. Padgette et al. “The Composition of Glyphosate-Tolerant Soybean Seeds Is Equivalent to That of Conventional Soybeans,” The Journal of Nutrition 126, no. 4, (April 1996); incluindo dados nos arquivos desta revista relativos ao mesmo estudo.


        [9] Charles Benbrook, “Genetically Engineered Crops and Pesticide Use in the United States: The First Nine Years”; BioTech InfoNet, Technical Paper Number 7, October 2004.


        [10] Ver por exemplo Scott H. Sicherer et al. “Prevalence of peanut and tree nut allergy in the United States determined by means of a random digit dial telephone survey: A 5-year follow-up study,” Journal of allergy and clinical immunology, March 2003, vol. 112, n 6, 1203-1207); e Ricki Helm et al. “Hypoallergenic Foods - Soybeans and Peanuts” Information Systems for Biotechnology News Report, October 1, 2002.


        [11] John Boyles, MD, comunicação pessoal, 2007.

        Comentário


          #64
          OGM e Alergias - Parte 2: o milho GM

          INSTITUTE FOR RESPONSIBLE TECHNOLOGY
          Boletim de Junho de 2007


          OS ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS PODEM AUMENTAR AS ALERGIAS ALIMENTARES


          Parte 2 - MILHO GENETICAMENTE MODIFICADO


          A indústria da engenharia genética gosta de dizer que vende culturas geneticamente modificadas (GM) que resistem às pragas. Isto poderia induzir a imagem de insectos a afastar-se dos campos com culturas GM. Mas “resistir às pragas” é apenas um eufemismo que na verdade significa “contém um pesticida letal”. Quando os insectos ingerem a planta GM o pesticida perfura-lhes o estômago e morrem.


          A ideia de que comemos esse mesmo pesticida tóxico a cada dentada não poderia ser menos tentadora. Mas as multinacionais e a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar – que decide sobre a autorização destes alimentos – dizem para não nos preocuparmos. Elas argumentam que o pesticida chamado Bt (Bacillus thurigiensis) é produzido naturalmente por uma bactéria do solo e tem sido usado sem problemas há décadas. A agricultura biológica, por exemplo, costuma pulverizar o Bt como método natural de controlo de insectos. Por engenharia genética o gene que produz o Bt nas bactérias é inserido no DNA das plantas de milho (ou outras espécies) e assim a planta já pode fazer o serviço e o agricultor não tem com que se preocupar. Além disso também nos é dito que a toxina Bt é destruída rapidamente no nosso estômago e, ainda que sobrevivesse, como os humanos e os outros mamíferos não têm receptores para a toxina, de qualquer forma não haveria interacção nem impacto na saúde.


          Estes argumentos, contudo, são apenas isso – suposições sem confirmação. A investigação científica conta uma história bem diferente.


          O BT PULVERIZADO PODE SER PERIGOSO PARA HUMANOS


          Quando o Bt natural foi pulverizado por via aérea sobre regiões dos estados norte-americanos de Vancouver e Washington para combater a lagarta do sobreiro, cerca de 500 pessoas queixaram-se de reacções – a maior parte de tipo alérgico ou gripal. Seis pessoas foram tratadas nas urgências devido a alergias ou asma.(1),(2) Os trabalhadores que fizeram a pulverização do Bt queixaram-se de irritação ocular, nasal, da garganta e pulmonar, (3) e alguns desenvolveram anticorpos contra o Bt.(4) Estão registados casos em que agricultores expostos ao Bt natural em forma líquida tiveram reacções, incluindo infecções, úlceras da córnea,(5) irritações cutâneas, ardência, inchaços e vermelhidão. (6) Uma mulher que foi atingida acidentalmente pela vaporização do Bt ficou febril, com delírios e ataques.(7) De facto, as autoridades há muito reconheceram que “Pessoas com sistemas imunitários deficientes ou com um histórico de alergias podem ser particularmente sensíveis aos efeitos do Bt.”(8). O departamento de saúde do estado americano do Oregon avisou que “pessoas com [...] desordens imunitárias graves devem ponderar o abandono da região durante períodos de pulverização.”(9) Um fabricante de Bt para pulverização avisa: “A exposição repetida por inalação pode resultar em sensitização e resposta alérgica em indivíduos hipersensíveis.”(10) Estes factos deitam por terra as alegações de que o Bt não interage com seres humanos.


          Quanto às afirmações de que o Bt é completamente destruído no sistema digestivo, estudos com ratos também as desmentem completamente. Ratos alimentados com toxina Bt apresentaram respostas imunitárias significativas – tão fortes como com a toxina da cólera. Além disso, o Bt induziu reacções imunitárias a substâncias até aí inócuas. Isto sugere que a exposição ao Bt pode tornar as pessoas alérgicas a uma vasta gama de substâncias.(11), (12) Os próprios especialistas da EPA (Agência Americana de Protecção Ambiental) declararam que estes estudos com ratos e agricultores “sugerem que as proteínas Bt podem actuar como fontes alergénicas e antigénicas.”(13)


          A TOXINA NAS PLANTAS GM É MAIS PERIGOSA DO QUE A VERSÃO NATURAL


          A toxina Bt produzida pelas culturas GM é “profundamente diferente das [toxinas Bt] usadas na agricultura convencional e biológica e na silvicultura.”(14) Antes de mais as plantas GM produzem 3 000 a 5 000 vezes a quantidade de toxina empregue em pulverizações. O Bt pulverizado é destruído ao fim de poucos dias, duas semanas no máximo, pela luz solar,(15) altas temperaturas ou por substâncias nas folhas das plantas, e pode ser “lavado pela chuva das folhas para o solo,”(16) ou ainda lavado pelos consumidores. Por outro lado, numa planta GM o Bt é produzido continuamente em cada uma das células, não podendo ser lavado ou dissipado pelo tempo.


          A versão natural do Bt, produzida pelas bactérias, está inactiva até chegar ao estômago alcalino de um insecto. Uma vez em meio alcalino um “fecho de segurança” é removido e só então o Bt se torna tóxico. Mas a sequência natural do gene do Bt foi modificada por engenharia genética antes da inserção nas plantas. A toxina Bt produzida em plantas vem geralmente sem esse fecho de segurança, o que faz com que esteja permanentemente activa. Esta diferença crucial pode levar a que o Bt de origem transgénica possa desencadear uma resposta imunitária mais intensa e mais alargada do que a variedade natural.(17)


          A TOXINA BT NÃO PASSA NOS ESTUDOS DE SEGURANÇA MAS MESMO ASSIM É UTILIZADA


          Não é possível verificar com testes se uma proteína GM introduzida pela primeira vez num alimento não vai causar alergias em pessoas. A Organização Mundial da Saúde (WHO) e a Organização da Agricultura e Alimentação (FAO), ambas das Nações Unidas, identificaram critérios para reduzir a probabilidade de culturas GM alergénicas serem aprovadas.(18) É sugerido analisar uma proteína GM de acordo com os seguintes aspectos: 1) semelhança entre a sua sequência de aminoácidos e a de alergéneos conhecidos; 2) estabilidade na digestão; e 3) estabilidade à temperatura. Estas propriedades não permitem prever alergenicidade mas a sua presença, segundo os especialistas, deve ser suficiente para rejeitar a planta GM ou, no mínimo, exigir mais estudos. A toxina Bt produzida no milho GM falha estes três critérios.


          Por exemplo a variedade de toxina Bt encontrada nas variedades de milho Yield Guard da Monsanto e Bt 11 da Syngenta é conhecida como Cry1AB. Em 1998 um cientista da FDA [Autoridade dos Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos] descobriu que a Cry1AB apresentava uma sequência de 9 a 12 aminoácidos igual à encontrada na vitelogenina, um alergéneo da gema de ovo. O estudo concluía “que a semelhança [...] pode ser suficiente para obrigar a uma avaliação adicional.”(19) Mas nada do género foi feito.(20)


          A Cry1Ab é também muito resistente à digestão e ao calor.(21) É quase tão estável como a toxina Bt produzida pelo milho StarLink. O StarLink é uma variedade GM que não aprovada para consumo humano pelo governo americano pois se receou que, por ser tão estável, pudesse desencadear alergias.(22) Embora fosse cultivada apenas para alimentação animal, em 2000 acabou por contaminar a cadeia alimentar americana. Milhares de consumidores queixaram-se acerca de efeitos na saúde e mais de 300 artigos foram retirados do mercado. Depois do incidente com o StarLink os conselheiros científicos da EPA pediram “vigilância e acompanhamento clínico dos indivíduos expostos” para “confirmar a alerginicidade dos produtos Bt.”(23) Novamente, tal não aconteceu.


          O ALGODÃO BT DESENCADEIA REACÇÕES ALÉRGICAS


          Em 2005 um relatório de investigadores médicos descreve uma descoberta escandalosa na Índia. Centenas de trabalhadores agrícolas estão a desenvolver reacções alérgicas moderadas ou severas quando expostos ao algodão Bt. Isto inclui os que fazem a apanha, o transporte, a limpeza ou simplesmente os que se encostam a este algodão GM. Alguns numa fiação têm de tomar anti-histamínicos diariamente para poder trabalhar. As reacções apenas são desencadeadas pelas variedades Bt.(24) Além disso os sintomas são praticamente idênticos aos descritos pelas 500 pessoas em Vancouver e Washington que foram apanhadas pela pulverização com Bt. A única diferença é que, além de todos os sintomas abaixo, a exposição por pulverização na América do Norte também induziu o sintoma “exacerbar de asma”:
          - Espirros
          - Corrimento nasal
          - Olhos vermelhos, lacrimejantes
          - Pele com comichão, ardência, inflamação, inchaço, vermelhidão, erupções
          - Febre, algumas pessoas internadas no hospital


          Não existem relatórios sobre efeitos similares nos Estados Unidos, onde 83% do algodão é Bt, mas nas culturas americanas a apanha é mecânica e não manual.


          A experiência dos trabalhadores indianos impõe uma questão óbvia: durante quanto tempo é que a toxina Bt se mantém activa no algodão? Há algum risco em usar fraldas, tampões, ou ligaduras? Neste último caso, se a toxina Bt interferir com a cicatrização ou cura pode ser um grande desastre. Com os diabéticos, por exemplo, feridas não curadas podem levar à amputação. A semente do algodão é também aproveitada para óleo alimentar. Os métodos normalmente empregues para a extracção provavelmente destroem a toxina, embora o óleo de pressão a frio possa conter ainda alguma. Além das sementes, outras partes da planta do algodão são geralmente usadas como alimento animal. O próximo boletim desta série sobre toxicidade apresenta evidências de doença e mortes de animais alimentados com algodão Bt.


          O PÓLEN DO MILHO BT PODE CAUSAR ALERGIAS


          A toxina Bt produzida pelo milho GM ainda pode estar intacta quando é comida. Também está presente no pólen, o qual pode ser respirado. Em 2003, quando um campo de milho Bt estava a produzir pólen, uma aldeia filipina adjacente com cerca da 100 pessoas foi praticamente toda acometida por uma doença. Os sintomas incluíam dores de cabeça, tonturas, fortes dores de estômago, vómitos, dores no peito, febre e alergias, assim como reacções respiratórias, intestinais e de pele. Os sintomas apareceram primeiro naqueles que viviam mais próximo do campo de milho GM e foram alastrando. Amostras de sangue de 39 indivíduos permitiram detectar a presença de anticorpos contra a toxina Bt o que dá força, embora não prove, uma ligação directa entre o Bt e os sintomas. Quando o mesmo milho foi plantado no ano seguinte em quatro outras aldeias, os sintomas reapareceram em todas elas e apenas durante a altura da polinização.


          Os perigos potenciais de respirar pólen GM tinham sido identificados numa carta para a FDA americana enviada em 1998 pelo Ministério da Agricultura britânico. Este avisava inclusivamente que o transgene presente no pólen poderia passar para o DNA das bactérias do sistema respiratório, quando inalado.(25) Embora não tivessem sido feitos estudos para verificar este risco, anos mais tarde cientistas ingleses vieram a confirmar que, após o consumo de soja GM, o transgene pode de facto passar para o DNA das bactérias intestinais. Se isto também acontecer com o gene Bt, anos após ter deixado de comer tortillas de milho GM as nossa bactérias intestinais ainda estarão a produzir toxina Bt nos nossos intestinos.


          (continua)

          Comentário


            #65
            (continuação)

            ESTUDOS MOSTRAM RESPOSTAS IMUNITÁRIAS ÀS CULTURAS GM


            Há estudos que confirmam que as culturas GM manipuladas por forma a produzir pesticidas podem provocar respostas imunitárias em animais de laboratório. Um estudo da Monsanto sobre o milho Bt Mon 863 em ratos, que só foi tornado público após intervenção judicial, detectou um aumento significativo de três tipos de células sanguíneas relacionadas com o sistema imunitário: basófilos, linfócitos e glóbulos brancos totais.(26)


            Cientistas australianos pegaram num gene insecticida (não Bt) de um feijão e introduziram-no numa ervilha com a esperança de matar o gorgulho da mesma. Estas ervilhas GM tinham passado os testes normalmente utilizados para aprovar culturas GM e estavam a caminho de ser comercializadas. Os autores do projecto decidiram realizar um estudo adicional com ratos, de um tipo que nunca tinha sido aplicado a variedades GM. Quando analisaram o pesticida no seu estado natural, isto é, a versão produzida pelos feijões de origem, a proteína não era prejudicial para os ratos. Mas a “mesma” proteína, quando produzida pela ervilha GM, causou respostas inflamatórias nos ratos o que levou a concluir que poderia causar alergias em humanos. De alguma forma a proteína passou de inofensiva para potencialmente mortal apenas por ter mudado de planta. Os investigadores acreditam que isso se ficou a dever a mudanças subtis e imprevisíveis no padrão de açúcares ligados à proteína. A ervilha GM acabou por não ser comercializada, mas a questão central é esta: a lei europeia e americana não obriga a que esse tipo de mudanças subtis mas de efeito letal sejam analisados antes de os transgénicos irem para o mercado.


            Batatas GM modificadas com um terceiro tipo de insecticida também causaram efeitos imunitários em ratos.(27) Análises ao sangue mostraram que as respostas imunitárias eram mais lentas e que os órgãos associados à função imunitária também pareciam estar afectados. Tal como nas ervilhas, o insecticida no seu estado natural era inofensivo para os ratos. A causa dos problemas de saúde residia portanto nalguma mudança imprevista desencadeada pelo processo da engenharia genética. E, tal como nas ervilhas, se as batatas GM apenas tivessem sido submetidas aos testes normalmente empregues por lei, elas teriam sido aprovadas.


            As reações alérgicas são uma resposta defensiva do sistema imunitário a um irritante externo que por vezes acabam por se tornar prejudiciais para o próprio organismo. O corpo interpreta algo como estranho, diferente e ofensivo e reage em conformidade. Todos os alimentos GM têm, por definição, alguma coisa estranha e diferente. Segundo Arpad Pusztai, um dos maiores especialistas britânicos de segurança alimentar, “uma característica consistente em todos os estudos, publicados ou não publicados, [...] é aparecerem graves problemas imunitários nos animais alimentados com plantas GM.”(28)


            Para além das respostas imunitárias, vários estudos e relatórios apontam para a toxicidade dos alimentos GM. No próximo boletim desta série serão analisados os dados sobre milhares de animais doentes, estéreis ou mortos devido ao consumo de culturas GM.


            Jeffrey M. Smith é autor do recente livro ROLETA GENÉTICA: Os Riscos Documentados para a Saúde dos Alimentos Geneticamente Modificados, que apresenta 65 riscos em desdobráveis de duas páginas muito fáceis de ler. O seu primeiro livro, AS SEMENTES DA ENGANAÇÃO, é número 1 nas vendas mundiais de livros sobre alimentos GM. Jeffrey M. Smith é Director Executivo do INSTITUTE FOR RESPONSIBLE TECHNOLOGY. Visite http://www.seedsofdeception.com para saber mais acerca do trabalho do Instituto.


            Referências


            [1] Washington State Department of Health, "Report of health surveillance activities: Asian gypsy moth control program," (Olympia, WA: Washington State Dept. of Health, 1993).


            [2] M. Green, et al., "Public health implications of the microbial pesticide Bacillus thuringiensis: An epidemiological study, Oregon, 1985-86," Amer. J. Public Health 80, no. 7(1990): 848-852.


            [3] M.A. Noble, P.D. Riben, and G. J. Cook, "Microbiological and epidemiological surveillance program to monitor the health effects of Foray 48B BTK spray" (Vancouver, B.C.: Ministry of Forests, Province of British Columbi, Sep. 30, 1992).


            [4] A. Edamura, MD, "Affidavit of the Federal Court of Canada, Trial Division. Dale Edwards and Citizens Against Aerial Spraying vs. Her Majesty the Queen, Represented by the Minister of Agriculture," (May 6, 1993); as reported in Carrie Swadener, "Bacillus thuringiensis (B.t.)," Journal of Pesticide Reform, 14, no, 3 (Fall 1994).


            [5] J. R. Samples, and H. Buettner, "Ocular infection caused by a biological insecticide," J. Infectious Dis. 148, no. 3 (1983): 614; as reported in Carrie Swadener, "Bacillus thuringiensis (B.t.)", Journal of Pesticide Reform 14, no. 3 (Fall 1994)


            [6] M. Green, et al., "Public health implications of the microbial pesticide Bacillus thuringiensis: An epidemiological study, Oregon, 1985-86," Amer. J. Public Health, 80, no. 7 (1990): 848-852.


            [7] A. Edamura, MD, "Affidavit of the Federal Court of Canada, Trial Division. Dale Edwards and Citizens Against Aerial Spraying vs. Her Majesty the Queen, Represented by the Minister of Agriculture," (May 6, 1993); as reported in Carrie Swadener, "Bacillus thuringiensis (B.t.)," Journal of Pesticide Reform, 14, no, 3 (Fall 1994).


            [8] Carrie Swadener, "Bacillus thuringiensis (B.t.)," Journal of Pesticide Reform 14, no. 3 (Fall 1994).


            [9] Health effects of B.t.: Report of surveillance in Oregon, 1985-87. Precautions to minimize your exposure (Salem, OR: Oregon Departmentof Human Resources, Health Division, April 18, 1991).


            [10] Material Safety Data Sheet for Foray 48B Flowable Concentrate (Danbury, CT: Novo Nordisk, February, 1991).


            [11] Vazquez et al, "Intragastric and intraperitoneal administration of Cry1Ac protoxin from Bacillus thuringiensis induces systemic and mucosal antibody responses in mice," Life Sciences, 64, no. 21 (1999): 1897-1912; Vazquez et al, "Characterization of the mucosal and systemic immune response induced by Cry1Ac protein from Bacillus thuringiensis HD 73 in mice," Brazilian Journal of Medical and Biological Research 33 (2000): 147-155.


            [12] Vazquez et al, "Bacillus thuringiensis Cry1Ac protoxin is a potent systemic and mucosal adjuvant," Scandanavian Journal of Immunology 49 (1999): 578-584. See also Vazquez-Padron et al., 147 (2000b).


            [13] EPA Scientific Advisory Panel, "Bt Plant-Pesticides Risk and Benefits Assessments," March 12, 2001: 76. Available at:http://www.epa.gov/scipoly/sap/2000/...toberfinal.pdf


            [14] Terje Traavik and Jack Heinemann, "Genetic Engineering and Omitted Health Research: Still No Answers to Ageing Questions, 2006. Cited in their quote was: G. Stotzky, "Release, persistence, and biological activity in soil of insecticidal proteins from Bacillus thuringiensis," found in Deborah K. Letourneau and Beth E. Burrows, Genetically Engineered Organisms. Assessing Environmental and Human Health Effects (cBoca Raton, FL: CRC Press LLC, 2002), 187-222.


            [15] C. M. Ignoffo, and C. Garcial, "UV-photoinactivation of cells and spores of Bacillus thuringiensis and effects of peroxidase on inactivation," Environmental Entomology 7 (1978): 270-272.


            [16] BT: An Alternative to Chemical Pesticides, Environmental Protection Division, Ministry of Environment, Government of British Columbia, Canada, http://www.env.gov.bc.ca/epd/epdpa/i...ts/BTfacts.htm


            [17] Ver, por exemplo, A. Dutton, H. Klein, J. Romeis, and F. Bigler, "Uptake of Bt-toxin by herbivores feeding on transgenic maize and consequences for the predator Chrysoperia carnea," Ecological Entomology 27 (2002): 441-7; and J. Romeis, A. Dutton, and F. Bigler, "Bacillus thuringiensis toxin (Cry1Ab) has no direct effect on larvae of the green lacewing Chrysoperla carnea (Stephens) (Neuroptera: Chrysopidae)," Journal of Insect Physiology 50, no. 2-3 (2004): 175-183.


            [18] FAO-WHO, "Evaluation of Allergenicity of Genetically Modified Foods. Report of a Joint FAO/WHO Expert Consultation on Allergenicity of Foods Derived from Biotechnology," Jan. 22-25, 2001; http://www.fao.org/es/ESN/food/pdf/allergygm.pdf


            [19] Gendel, "The use of amino acid sequence alignments to assess potential allergenicity of proteins used in genetically modified foods," Advances in Food and Nutrition Research 42 (1998), 45-62.


            [20] US EPA, "Biopesticides Registration Action Document (BRAD)-Bacillus thuringiensis Plant-Incorporated Protectants: Product Characterization & Human Health Assessment," EPA BRAD (2001b) (October 15, 2001): IIB4, http://www.epa.gov/pesticides/biopes...-id_health.pdf


            [21] US EPA, "Biopesticides Registration Action Document (BRAD)-Bacillus thuringiensis Plant-Incorporated Protectants: Product Characterization & Human Health Assessment," EPA BRAD (2001b) (October 15, 2001): IIB4, http://www.epa.gov/pesticides/biopes...-id_health.pdf


            [22] "Assessment of Additional Scientific Information Concerning StarLink Corn," FIFRA Scientific Advisory Panel Report No. 2001-09, July 2001.


            [23] EPA Scientific Advisory Panel, "Bt Plant-Pesticides Risk and Benefits Assessments," March 12, 2001: 76. Available at: http://www.epa.gov/scipoly/sap/2000/...toberfinal.pdf


            [24] Ashish Gupta et. al., "Impact of Bt Cotton on Farmers' Health (in Barwani and Dhar District of Madhya Pradesh)," Investigation Report, Oct-Dec 2005.


            [25] N. Tomlinson of UK MAFF's Joint Food Safety and Standards Group 4, December 1998 letter to the U.S. FDA, commenting on its draft document, "Guidance for Industry: Use of Antibiotic Resistance Marker Genes in Transgenic Plants," http://www.food.gov.uk/multimedia/pdfs/acnfp1998.pdf; (see pages 64-68).


            [26] John M. Burns, "13-Week Dietary Subchronic Comparison Study with MON 863 Corn in Rats Preceded by a 1-Week Baseline Food Consumption Determination with PMI Certified Rodent Diet #5002," December 17, 2002 http://www.monsanto.com/monsanto/con...llratstudy.pdf, see also Stéphane Foucart, "Controversy Surrounds a GMO," Le Monde, 14 December 2004; and Jeffrey M. Smith, "Genetically Modified Corn Study Reveals Health Damage and Cover-up," Spilling the Beans, June 2005, http://www.seedsofdeception.com/Publ...osed/index.cfm


            [27] A. Pusztai, et al, "Genetically Modified Foods: Potential Human Health Effects," in: Food Safety: Contaminants and Toxins (ed. JPF D'Mello) (Wallingford Oxon, UK: CAB International), 347-372, also additional communication with Arpad Pusztai.


            [28] October 24, 2005 correspondência entre Arpad Pusztai e Brian John

            Comentário


              #66
              Entrevista com o Prof. Séralini

              La Revue Durable nº 24 (Março/Abril 2007)


              A AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DOS OGM SOBRE A SAÚDE E O AMBIENTE É FEITA À PRESSA

              Entrevista com Gilles-Éric Séralini, professor de biologia molecular na Universidade de Caen, em França

              Desde o começo do seu percurso científico que Gilles-Éric Séralini se apaixona pelo funcionamento do ser vivo e pelo impacto dos poluentes – os pesticidas em particular – sobre a saúde. Com a Comissão de investigação e informação independentes sobre a engenharia genética (Crii-gen) (1) , cujo Conselho científico preside, este biólogo molecular procura fazer progredir a legislação internacional sobre a avaliação dos organismos geneticamente modificados (OGM). Os OGM, considera, permanecerão inaceitáveis enquanto não sairmos de uma situação caracterizada pela ausência de controlos credíveis. A sua meta principal é assim a de melhorar a avaliação dos OGM. Por um lado testando muito melhor os efeitos sobre a saúde dos OGM destinados à alimentação que produzam e/ou absorvam pesticidas, por outro, analisando nos campos as contaminações das culturas não OGM. Além disso Gilles-Éric Séralini luta pela rastreabilidade da etiquetagem.


              — Para si as manipulações genéticas são uma ferramenta de trabalho quotidiano. Poderá relembrar-nos as razões que o levaram, quando em Maio de 1996 os primeiros OGM comerciais chegaram à Europa, a assinar o Apelo dos cientistas e dos médicos para uma moratória sobre os OGM, que continua actual (2)?
              — Assinei esse apelo porque os efeitos sobre a saúde dos primeiros OGM comerciais – plantas inteiramente concebidas para absorver ou produzir um pesticida – foram mal avaliados. Informei-me lendo os relatórios da Comissão de Engenharia Molecular (CGB) que na França avalia todos os pedidos de comercialização de OGM. Com mais de 3 000 ensaios de 1986 a 1996, a França era na época líder na Europa das experiências no campo dos OGM. Esses relatórios fizeram-me compreender que esta primeira geração de OGM comerciais fazia regredir a avaliação sanitária dos pesticidas, que aliás já não era satisfatória. Os pesticidas aumentam as doenças de reprodução nos animais e no homem. Favorecem as doenças crónicas da sociedade: cancros, doenças imunitárias ou nervosas, etc.


              — Por que razão a passagem dos OGM do laboratório para o campo representa uma ruptura?
              — O laboratório é um meio confinado. Como outros OGM (vírus, micro-organismos, animais), as plantas geneticamente modificadas possibilitam que nelas sejam estudadas, num plano fundamental, a função e a regulação dos genes. Isso não tem nada a ver com os objectivos da primeira geração de OGM comerciais cultivados em meio aberto, todos eles plantas-pesticidas.



              EVOLUÇÃO DOS OGM NO MUNDO


              — Em 2000, 99% dos OGM eram plantas-pesticidas, que toleram um herbicida total (71%) ou que produzem um insecticida (28%). Como estamos em 2007?
              — Pior! A proporção é de 100%: 68% absorvem um herbicida sem morrer (são bombas de herbicida), 19% produzem um insecticida e 13% fazem as duas coisas simultaneamente (3). A verdadeira segunda geração de OGM, testada nos campos desde 1998, apresenta estas duas características. É evidente que em meio aberto os produtores de OGM se interessam sobretudo pelos pesticidas. E isso manter-se-á de aqui a cinco ou dez anos: os OGM objecto de quase todos os pedidos actuais de autorização toleram dois herbicidas, produzem dois insecticidas ou combinam estas quatro características.


              — Estas plantas de um ou mais pesticidas são em grande maioria a soja e o milho?
              — Sim. Os últimos números são: 57% de soja, 25% de milho, 13% de algodão, e 5% de colza. E o trigo e o arroz estão a chegar. (4) Estes números provam que os OGM agravam os problemas da agricultura intensiva no mundo. Entre as 30 000 plantas comestíveis cultivadas, uma trintena fornece 95% da energia alimentar mundial e quatro – a soja, o milho, o arroz e o trigo – mais de 60%. Tendo cada planta pelo menos uma centena de variedades, é muito complicado e custoso assegurar uma patente sobre uma delas. Basta no entanto aos produtores de OGM escolherem as poucas que alimentam a humanidade para se apropriarem do essencial da alimentação mundial.


              — Dizer que a patente é sobre a planta é uma simplificação.
              — Com efeito as patentes não são sobre as plantas mas sobre os genes artificiais que nela estão inseridos e que representam cerca de uma milionésima parte do seu património hereditário. Contudo elas permitem que as empresas digam: «pertence-nos o direito de reprodução desta planta». É devido ao poder de limitação jurídica da reprodução das plantas que esperam receber pagamentos (royalties) sempre que alguém coma no planeta. Isto explica as pressões formidáveis que exercem sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) no sentido de favorecer o comércio internacional dos OGM: não há nenhuma urgência objectiva mas os interesses comerciais em jogo são fabulosos.


              — Justamente, em Maio de 2003 os EUA, coligados com o Canadá e a Argentina (5), apresentaram à OMC uma queixa contra a moratória de 1994 a 2004 estabelecida pela União Europeia sobre os OGM. Em Setembro de 2006 a OMC decidiu contra a União Europeia, que não recorreu desta decisão. Em 2003 a Comissão Europeia incumbiu-o, como especialista, de ajudar neste assunto os advogados europeus. Com o conhecimento dessa experiência, que pensa do braço de ferro entre os EUA e a UE?
              — A posição da OMC é de que não se deve entravar o comércio e que a segurança sanitária e ambiental não são da sua competência assim como a rastreabilidade e a etiquetagem. A UE levantou a moratória em 2004 e adoptou novos processos de autorização dos OGM mas a administração estado-unidense ainda os acha excessivos. Segundo o princípio de que os OGM não seriam diferentes das outras plantas, os EUA continuam a achar inútil testar seriamente os seus efeitos sobre a saúde e etiquetá-los. A UE defende a posição inversa. As duas partes estão assim acantonadas nas suas posições. De facto, mais do que dizer «EUA» deveria dizer-se «uma minoria administrativa nos EUA»: mais de 90% dos americanos deseja a rotulagem para poder escolher.


              — E como está a relação de forças a nível internacional?
              — Os EUA, a Argentina e o Canadá não assinaram o protocolo de bio-segurança, dito de Cartagena, que impõe a identificação dos OGM nas fronteiras (6). Opõem-se aos mais de 150 países que o ratificaram e se inspiraram na directiva europeia 2001/18, no papel a melhor do mundo (7) – juntamente com a lei suíça – para avaliar os efeitos dos OGM sobre a saúde. Isso contudo não passa de intenções piedosas nos países membros da UE porque os decretos nacionais de aplicação não foram estabelecidos e portanto não há um anexo preciso à directiva que permita saber como avaliar estes efeitos a médio e longo prazo (à lei suíça falta também a definição dos testes de toxicidade a efectuar). Assim a avaliação é deixada à livre apreciação de comissões nacionais permissivas. Além disso, estas lacunas legislativas tornam ilegais na Europa a maior parte dos ensaios em campo aberto.


              — Como vê a evolução da situação?
              — Eu penso que é um crime começar a cultivar plantas que produzem e/ou
              absorvem pesticidas sem avaliar correctamente os seus impactos ambientais e
              sanitários. E que, em termos da indústria agroalimentar, e ao fim de mais de
              quarenta anos de progressos, é uma desculpa ridícula pretender que não é
              possível detectar no prato produtos provenientes de OGM. Por isso bato-me –
              com muitos outros – para que regras de avaliação sérias dos riscos
              sanitários e ambientais, de rastreabilidade e de etiquetagem acabem por
              prevalecer à escala internacional.


              — Após dez anos de comercialização dos OGM, como se distribuem no mundo as respectivas culturas?
              — Se excluirmos o algodão chinês e indiano que não são feitos para a alimentação (há muito poucos óleos e rações derivados do algodão), 98% dos OGM alimentares são produzidos no continente americano, sobretudo nos EUA, Argentina, Brasil e Canadá.


              — E na China?
              — Em 2000 anunciava-se: «já está: o arroz geneticamente modificado arranca na China.» Era propaganda. As autoridades chinesas pensam que caminhamos para a rastreabilidade. O país assinou o protocolo de Cartagena e neste momento está reticente quanto aos OGM alimentares. Cultivam essencialmente algodão geneticamente modificado, algodão Bt (8), como na Índia.


              — Como explicar esta penetração do algodão Bt?
              — Em teoria, como todas as plantas-pesticidas, o algodão Bt deve ajudar a intensificar a agricultura diminuindo, evitando mesmo, o recurso a insecticidas químicos. Contudo isso não se verifica porque a toxina Bt não mata todos os insectos.


              — Sim, porque não é um insecticida total como os herbicidas totais que há.
              — A diversidade dos insectos é tão grande que isso é impossível. Nos EUA, quando os primeiros milhos Bt afastaram a praga principal do milho, a lagarta da pirálide, a segunda praga do campo, um coleóptero insensível ao Bt, proliferou. Aproveitou, para se multiplicar, o nicho ecológico deixado livre pela pirálide. Na Índia, nos campos de algodão Bt, também a primeira praga, o verme do algodão, foi substituída por um coleóptero. Sendo a bactéria Bt um reservatório de mais de 150 insecticidas, os fabricantes de OGM inseriram no algodão outros genes produtores de insecticidas activos contra outros insectos. A nova geração de milho transgénico nos EUA é por isso activa contra a pirálide e o coleóptero que tomou o seu lugar. Mas entenda-se bem que outros insectos os virão substituir. Portanto, é uma fuga para a frente.



              O FALHANÇO DOS CONTROLOS


              — Como estamos de contaminações? Julga possível impedi-las na cultura não OGM e principalmente na agricultura bio?
              — Todos os especialistas admitem ser impossível a estanqueidade em meio aberto.


              — Aconteça o que acontecer, os agricultores bio correm perigo?
              — Sim, aconteça o que acontecer. Podem estabelecer-se níveis de contaminação «admissíveis», o que é sempre melhor do que utilizar OGM. Mas o problema é o mesmo que com os pesticidas clássicos: os agricultores que não os utilizam não podem escapar totalmente às contaminações. Além disso nunca se sublinha suficientemente que os fluxos de genes são apenas uma pequena parte das contaminações. Nos EUA, em 2002, milho estéril produtor de uma vacina porcina que ficou num silo contaminou 500 000 toneladas de soja. Os silos nunca são utilizados para uma só cultura, uma produção, um campo. As sementes podem misturar-se no armazenamento, no transporte, na trituração e na sua transformação.


              — Não poderíamos organizar-nos melhor?
              — Sim, certamente. Mas sem nunca garantir a estanqueidade: a agricultura é uma actividade de granel, em meio aberto. E fazer melhor, dizem os produtores de OGM, é condenar a sua rentabilidade. O caso do milho waxy é esclarecedor. Este milho serve para fabricar produtos não alimentares, essencialmente para a indústria química. Numerosos países têm a preocupação de o separar do milho alimentar. As sementes são fabricadas a quilómetros de distância de qualquer outra produção, estão-lhe reservadas fábricas, etc. Mas os custos inerentes são tais que pedir a mesma coisa para todos os OGM é condená-los economicamente. Da mesma maneira, pedir à agricultura biológica que se organize para se proteger dos OGM é garantir o fim desta forma de agricultura.


              — Em 1998 integrava a CGB, cujos relatórios lia até então. Agora que conhece esta comissão por dentro que balanço faz do seu trabalho?
              — Mau. Em vinte anos ela nunca foi capaz de exigir o menor teste em campo relativamente às culturas vizinhas das culturas dos OGM experimentais no sentido de verificar a ausência de contaminação. Os decretos para obrigar à colheita de amostras nos campos vizinhos nunca foram publicados. E se tivessem sido, faltaria ainda desenvolver os métodos. Seis meses seriam necessários para cada OGM experimental em colaboração com a firma produtora. Nunca se impôs a obrigação de saber dosear os OGM experimentais, agora que se cultivam em campo aberto os OGM produtores de medicamentos. Por isso disseminam-se talvez na natureza medicamentos não homologados que não sabemos reconhecer. Nota zero portanto para a avaliação dos riscos sobre o ambiente.


              — Imagino que diga isso no âmbito da CGB.
              — Respondem-se com o bom senso económico.


              — Mas a economia não é a missão da CGB. A sua missão é saber se os OGM que são objecto de um pedido de autorização para cultivo e comercialização colocam ou não problemas à saúde e ao ambiente!
              — É o que eu digo e escrevo em todo o lado. Em 1998 era o meu doce sonho...e assim ficou. A primeira coisa que me disseram quando tomei assento na CGB pela primeira vez, foi: «não vamos sobretudo exigir testes aprofundados de segurança animal, são caros de mais». Há quinze anos que todos os governos pedem aos cientistas e industriais que colaborem para estimular a criação de riqueza e emprego nas biotecnologias. Aí estão investidas somas incríveis. Não há retrocesso possível sem perda louca de energia. Os cientistas implicados nas biotecnologias não querem dar um tiro no próprio pé. Eles sabem muito bem que o custo da regulamentação sobre os OGM determina os benefícios das empresas e a sua expansão. Este custo deve portanto ser mínimo. No fundo, a maior parte dos cientistas da CGB partilha a minha análise dos riscos mas coloca a barra de avaliação em níveis diferentes dos meus.


              — Ou seja?
              — Idealmente, seria por exemplo necessário sequenciar os genes artificiais após a sua inserção (9) nas plantas, o que eu sempre pedi. Mas os meus colegas contentam-se com a sequenciação antes da inserção. Eles sabem que fazê-lo depois aumentaria de forma excepcional o custo do processo pois seria quase necessário verificar cada variedade da planta. Também sabem que o facto de testarem correctamente ou não os efeitos dos OGM sobre a saúde determinará a sua rentabilidade.


              — Como explica que a maior parte dos seus pares na CGB prefira abrir mão de controlos tão importantes?
              — Para formar estas comissões, tende-se a seleccionar investigadores favoráveis às empresas para que eles sejam maioritários nelas. Sob pressão dos cidadãos, integram nelas alguns investigadores que se preocupam com o bem público. Foi o que aconteceu a seguir à conferência de cidadãos sobre os OGM, em 1998, quando fui nomeado. Mas desde então o presidente da CGB filtra os novos membros segundo a sua conformidade com as ideias dele. Em Setembro, por ocasião do seu vigésimo aniversário, a CGB organizou uma sessão comemorativa. Dela se conclui que esta estrutura foi concebida para facilitar a comercialização dos OGM. Foi esse o verdadeiro papel que lhe confiaram.


              — Visto do exterior, o senhor não parece representar o estado de espírito que reina nos laboratórios de biologia molecular. Dito de outra maneira, a tarefa que incumbe ao presidente da CGB de «seleccionar» os seus novos membros não parece nada difícil.
              — Todo o investigador formado em biotecnologia defenderá por princípio a engenharia genética que ele considera essencial para compreender o funcionamento da vida e manter a indústria. O problema é que os cientistas acreditam que as pessoas têm medo das próprias manipulações genéticas. Assim, procuram tranquilizá-las explicando que as biotecnologias não têm nada de diabólico.

              (continua)

              Comentário


                #67
                (continuação)


                — Na sua opinião porque há tão poucos investigadores que partilham a sua vontade de fazer progredir a avaliação dos OGM, nomeadamente os seus efeitos sobre a saúde?
                — A comunidade dos investigadores em biotecnologias não é um meio apropriado para avaliar os riscos. Ela não se destina a isso mas a produzir novos OGM em colaboração com as empresas. Dito isto, quando me pediram em 2003 que passasse em revista os trabalhos das comissões científicas que aconselharam os ministros europeus sobre os OGM relativamente aos pedidos de autorização, verifiquei que nesses trabalhos o meu ponto de vista era maioritário: numerosos cientistas têm críticas a formular em relação aos OGM de pesticidas. Simplesmente estão obrigados ao segredo.


                — Quer dizer que em França os biotecnólogos não intervenientes nas comissões de avaliação são preguiçosos: eles não acompanham de muito perto os processos dos industriais?
                — Esses processos são confidenciais. Os membros da CGB que a eles têm acesso não podem revelá-los. Para ter esse direito é necessário recorrer aos tribunais. O que é muito difícil. Na verdade entre os cientistas que conhecem os processos, os pró-OGM são menos numerosos do que aqueles que os criticam. Contudo é verdade que, no seu conjunto, os cientistas que querem desenvolver as biotecnologias não procuram ter acesso aos processos dos OGM de pesticidas.


                — Que processo pôde, por exemplo, tornar público?
                — Um do milho Bt da Monsanto, o MON 863. Ao ganhar no tribunal de recurso em Muenster, na Alemanha, em Junho de 2005, após três anos de processo judicial e um importante trabalho da Crii-gen efectuado por Corinne Lepage, a Greenpeace Alemanha conseguiu que fossem divulgados os resultados dos testes toxicológicos. Trata-se de uma alimentação de OGM dada a ratos durante três meses. De uma maneira desonesta, a Monsanto não queria revelar as análises do sangue destes ratos, que mostravam nomeadamente um maior número de glóbulos brancos e menor número de glóbulos vermelhos em referência aos dos ratos alimentados com dieta não OGM, comparável não obstante, em todos os pontos.



                REINA A ILEGALIDADE


                — A oposição aos OGM passa igualmente por acções dos ceifeiros voluntários. Que pensa deste movimento?
                — É um movimento social que, como acontece muitas vezes, se constituiu por causa de uma injustiça. Pessoas que se arriscam a perder o seu trabalho e/ou cujos campos estão sujeitos a ser contaminados são empurradas para acções ilegais para se fazerem ouvir.


                — Apoia este movimento?
                — Directamente, não, pois entendo que hoje se pode fazer melhor. A maior parte das experiências de OGM em campo aberto na Europa é ilegal porque não há meios de detectar as contaminações e a documentação não descreve correctamente os locais utilizados. Portanto não se podem estimar cientificamente os riscos ambientais que se correm.


                — Daí as acções da Crii-gen.
                — Sim, o Conselho de Estado, a mais alta instância jurídica da França, anulou ensaios da Monsanto porque os seus documentos descreviam os locais experimentais de forma incompleta. Tribunais administrativos anularam ensaios porque o público não estava informado. Podem ser anulados ensaios desde que a directiva 2001/18 não esteja transposta, como se passa na França e num ou dois outros países da UE, ou porque ela não é aplicável por falta do anexo que determina como avaliar os riscos para a saúde a médio e longo prazo. Os documentos para pedidos de ensaios na Europa são portanto ilegais e também os pedidos de comercialização desde que os testes efectuados pelas empresas revelem efeitos significativos sobre os animais de laboratório. De preferência a cometer outros actos ilegais, há meios legais para bloquear as autorizações. Dito isto, contrista-me que se prendam pessoas por actos de ceifa, o que já não se fazia desde o tempo da monarquia, enquanto graves delitos financeiros ficam impunes.


                — As sondagens indicam que uma enorme maioria dos europeus não quer comer OGM e deseja uma moratória. Pode portanto falar-se de um divórcio entre uma muito grande maioria da população e o que querem certos investigadores e industriais aliados à estrutura administrativas do Estado. Que meio poderá haver para reduzir esse divórcio?
                — Levando essas estruturas administrativas a aplicar a lei.


                — Onde vê as instâncias capazes de as ajudar a fazer cumprir a lei?
                — Umas cinquenta associações, entre as quais a Crii-gen, juntaram forças no seio da Aliança para o Planeta (10). E as acções que com a Greenpeace temos em curso nos tribunais para obter a transparência sobre os documentos vão deixar os seus traços.


                — Tem a impressão de que progredimos?
                — Progredimos bastante. Mas iremos com rapidez que baste?

                ----

                AS VIRTUDES DA PERITAGEM CONTRADITÓRIA

                A experiência de Gilles-Éric Séralini em diversas comissões europeias, entre elas a da engenharia biomolecular (CGB), convenceu-o a mandar às favas o mito da peritagem científica independente como se supõe que a CGB realiza na França. Em vez disso ele acredita numa peritagem contraditória como nos tribunais.
                «O ponto principal quando se avalia um OGM, um pesticida ou um produto químico a nível regulamentar, explica Gilles-Éric Séralini, é saber onde colocar o cursor dos controlos. Existindo um risco para o ambiente, possuímos os meios de dosear as contaminações? Se sim, com que frequência? Existem os meios para saber se é perigoso para a saúde? Com testes realizados durante quanto tempo?»
                Uma instância de avaliação não pode estimar sozinha onde colocar esse cursor, nota Gilles-Éric Séralini, «pela mesma razão porque um juiz não pode pronunciar o seu veredicto sem ter ouvido as versões contraditórias, da acusação e da defesa. Ora hoje, face aos produtores de OGM, não há acusação. Aqueles que vão sofrer com os OGM não têm voz activa neste assunto».

                ----

                A BOA UTILIZAÇÃO DA MORATÓRIA

                A moratória de cinco anos sobre os OGM comerciais que os suíços votaram em Novembro de 2005 é «um símbolo forte», comenta Gilles-Éric Séralini. Mas, nota ele «que há de facto uma moratória em quase toda a Europa, onde apenas são cultivadas 0,05% das áreas mundiais de OGM. Esta moratória deveria servir para estabelecer uma avaliação que não se desenha contudo com muita precisão».
                Mais de oito anos de compromisso militante e de trabalho, permitiram identificar duas áreas que deveriam tornar-se condições da saída da moratória, considera o investigador. «A primeira seria avaliar os OGM de pesticidas como se avaliam os pesticidas e os medicamentos, quer dizer, com um regime à base de OGM dado a três espécies de mamíferos, durante pelo menos dois anos para uma delas. A segunda seria dotar-se de meios para detectar as contaminações pelos OGM, os experimentais incluídos.
                «Parece-me que isso é a base da segurança sanitária e de uma atitude científica rigorosa», salienta Gilles-Éric Séralini. «Hoje os controlos sobre os OGM não são cientificamente credíveis porque não se sabe controlar os seus efeitos sobre a saúde nem dosear os OGM experimentais no ambiente. Seria um erro histórico não melhorar esta situação.»

                ---
                REFERÊNCIAS

                1 - O Crii-gen é uma associação independente relativamente aos produtores de OGM e ao Estado, empenhada em avaliações críticas fundamentadas.

                2 - Appel des scientifiques, des médecins et des professionnels de la santé pour un contrôle des applications du génie génétique. In Génie Génétique, des chercheurs citoyens s’expriment. Sang de la Terre, Paris, 1997.

                3 - A associação pró-OGM International Service for the Acquisition of Agri-Biotech Applications (ISAAA) publica todos os anos um relatório sobre o cultivo de OGM no mundo. O mais recente indica que em 2006 foram cultivados cerca de 102 milhões de hectares de culturas transgénicas, o que representa cerca de 7% das terras cultiváveis e um aumento de 13% em relação ao ano anterior. Ver mais em www.isaaa.org

                4 - Idem

                5 - Estes três países figuram na lista dos seis países que, em conjunto, representam 90% de todos os OGM cultivados no mundo: Estados Unidos (53%), Argentina (18%), Canadá (6%), Brasil (6%), Índia (4%) e China (3%).

                6 - O Protocolo de Cartagena tem como objectivo proteger a biodiversidade dos eventuais riscos causados por OGM e como tal permite que os países proibam ou limitem a sua importação no caso de prova insuficiente de segurança ou falta de consenso sobre a sua inocuidade.

                7 - Ver igualmente os regulamentos europeus 1829/2003 e 1830/2003.

                8 - Bt é o nome de código da bactéria Bacillus thuringiensis, que produz naturalmente vários insecticidas.

                9 - Sequenciar significa determinar a ordem com que os blocos constituintes dos genes estão alinhados. Este encadeamento é que determina o tipo de proteína que vai ser produzida por cada gene.

                10 - www.lalliance.fr

                Comentário


                  #68
                  Vale a pena ver:

                  http://www.youtube.com/watch?v=q9Syw...my%2Fterm%2F45


                  http://www.youtube.com/watch?v=MA76t...elated&search=


                  http://www.youtube.com/watch?v=PIEIe...elated&search=

                  Existem muitos mais videos.
                  Editado pela última vez por Zell; 20 August 2007, 12:58.

                  Comentário


                    #69
                    Tambem acho que se existe tanta gente contra esses produtos é pk nao devem ser lá grande coisa 100 pessoas irem destruir um campo de milho é pk o milho nao presta para nada.

                    Comentário


                      #70
                      Nao tenho conhecimentos suficientes na área da biologia ou da biotecnologia para debater as vantagens e as desvantagens dos organismos geneticamente modificados.

                      Contudo, o acto que foi feito contra a plantação de milho foi atroz. Quem esteve à frente desta "rebelião" deveria ser severamente punido !

                      Comentário


                        #71
                        Originalmente Colocado por hpventura Ver Post
                        Nao tenho conhecimentos suficientes na área da biologia ou da biotecnologia para debater as vantagens e as desvantagens dos organismos geneticamente modificados.

                        Contudo, o acto que foi feito contra a plantação de milho foi atroz. Quem esteve à frente desta "rebelião" deveria ser severamente punido !
                        somos 2


                        Já agora, Zell, obrigado por teres postado os vários textos.

                        Espero agora, que o Foliv e/ou outros com conhecimentos na matéria refutem essas afirmações, de modo a procurar o total esclarecimento

                        Comentário


                          #72
                          Originalmente Colocado por pcnunes7 Ver Post
                          somos 2


                          Já agora, Zell, obrigado por teres postado os vários textos.

                          Espero agora, que o Foliv e/ou outros com conhecimentos na matéria refutem essas afirmações, de modo a procurar o total esclarecimento
                          Sem ofensa, mas creio que os malefícios do milho transgénico não deveriam em hipótese alguma servir para desresponsabilziar os vandalos. Isso só serve para desviar as atenções e de algum modo desculpabiliza-los.

                          E entretanto deu na TV mais uma reportagem, e esse grupo teve apoio do IPJ, pelo menos para a divulgação do evento.

                          Comentário


                            #73
                            Originalmente Colocado por K2000 Ver Post
                            Sem ofensa, mas creio que os malefícios do milho transgénico não deveriam em hipótese alguma servir para desresponsabilziar os vandalos. Isso só serve para desviar as atenções e de algum modo desculpabiliza-los.

                            E entretanto deu na TV mais uma reportagem, e esse grupo teve apoio do IPJ, pelo menos para a divulgação do evento.
                            claro, eu concordei com isso. Se estamos a falar de uma actividade legalizada (cultivo de milho transgénico) é inconcebível estas manifestação de meia dúzia de energúmenos.

                            Se estão descontentes, façam queixa às instâncias judiciais, às instâncias europeias, pois só assim podem ver reconhecido o que acham correcto

                            Comentário


                              #74
                              Originalmente Colocado por pcnunes7 Ver Post
                              claro, eu concordei com isso. Se estamos a falar de uma actividade legalizada (cultivo de milho transgénico) é inconcebível estas manifestação de meia dúzia de energúmenos.

                              Se estão descontentes, façam queixa às instâncias judiciais, às instâncias europeias, pois só assim podem ver reconhecido o que acham correcto
                              Nem mais.

                              Há alguns anos que conheço os malefícios do milho transgénico, e não consigo encontrar a mínima atenuante áquilo que aqueles criminosos fizeram. Há dias acusaste-me de nãos aber viver em sociedade, aqui tens o exemplo máximo daquilo que é não saber viver em sociedade.

                              Comentário


                                #75
                                Simples vandalismo. No DN em vez da expressão "ecoterroristas" usam apropriadamente a expressão "ecovândalos".

                                Comentário


                                  #76
                                  Originalmente Colocado por K2000 Ver Post
                                  Nem mais.

                                  Há alguns anos que conheço os malefícios do milho transgénico, e não consigo encontrar a mínima atenuante áquilo que aqueles criminosos fizeram. Há dias acusaste-me de nãos aber viver em sociedade, aqui tens o exemplo máximo daquilo que é não saber viver em sociedade.

                                  eu confesso, não conheço os maleficios que o milho transgénico pode provoicar, e por isso, tentar fomentar a discussão de modo a ficar mais esclarecido.


                                  é verdade, há dias acusei-te de não saberes viver em sociedade, mas foi num outro contexto, e como resposta a algo que disseste, que sinceramente, já não sei bem o que foi

                                  estes meninos, fazem o que fazem, pois são anarcas...infelizmente não devem ter tido ninguém que os ensinasse a respeitar os outros e a respeitar os direitos dos outros, como também, o que é estar num Estado de Direito Democrático

                                  Comentário


                                    #77
                                    Originalmente Colocado por Jbranco Ver Post
                                    Simples vandalismo. No DN em vez da expressão "ecoterroristas" usam apropriadamente a expressão "ecovândalos".
                                    apropriadissimo

                                    Comentário


                                      #78
                                      Originalmente Colocado por pcnunes7 Ver Post
                                      eu confesso, não conheço os maleficios que o milho transgénico pode provoicar, e por isso, tentar fomentar a discussão de modo a ficar mais esclarecido.


                                      é verdade, há dias acusei-te de não saberes viver em sociedade, mas foi num outro contexto, e como resposta a algo que disseste, que sinceramente, já não sei bem o que foi

                                      estes meninos, fazem o que fazem, pois são anarcas...infelizmente não devem ter tido ninguém que os ensinasse a respeitar os outros e a respeitar os direitos dos outros, como também, o que é estar num Estado de Direito Democrático
                                      O problema é que há certamente correntes políticas que fomentam esse género de comportamento. Se estes actos fossem _SEMPRE_ repudiados, ficavam com menos liberdade.

                                      Comentário


                                        #79
                                        Originalmente Colocado por K2000 Ver Post
                                        O problema é que há certamente correntes políticas que fomentam esse género de comportamento. Se estes actos fossem _SEMPRE_ repudiados, ficavam com menos liberdade.
                                        isso que referiste é algo, que sinceramente, me tira do sério...partidos politicos a dar cobertura a estes tipos...

                                        já parece que estamos em Espanha...

                                        Comentário


                                          #80
                                          Originalmente Colocado por pcnunes7 Ver Post
                                          ...
                                          é verdade, há dias acusei-te de não saberes viver em sociedade, mas foi num outro contexto, e como resposta a algo que disseste, que sinceramente, já não sei bem o que foi

                                          ...
                                          Onde é que foi?

                                          Caramba, onde é que posso assinar?

                                          Comentário


                                            #81
                                            Originalmente Colocado por Carlos.L Ver Post
                                            Onde é que foi?

                                            Caramba, onde é que posso assinar?
                                            tal e qual como já tinha dito, só sabes inflamar os tópicos com ataques pessoais.

                                            Comentário


                                              #82
                                              Esta gente fala, fala, fala e no fim..., nada.

                                              Porque acima de tudo, a alimentação derivada de produtos geneticamente manipulados (os tais trangénicos) estão a resolver o problema alimentar do globo e vão continuar a ser a solução nos próximos tempos.

                                              Estes gajos, que andam em manifestações e coisa e tal, mas que caem no erro de invadir e destruir propriedade privada, são uns palermas. Nunca fizeram nada pela fome nem pela pobreza extrema.
                                              São daqueles que vêm aqui ao fórum defender as 35 horas semanais, apenas porque sim.

                                              Eu se fosse dono daquele terreno, teria contratado os serviços de uma empresa de segurança. Uma do estilo da Sharom do da 2045.

                                              Remédio santo. Iriam todos de ambulância para casa.

                                              Comentário


                                                #83
                                                Originalmente Colocado por K2000 Ver Post
                                                tal e qual como já tinha dito, só sabes inflamar os tópicos com ataques pessoais.
                                                Para quem começou com um ataque pessoal grave, bem que podias deixar de ser tão imbecil.

                                                Pensei que irias defender a tua posição. Mas não. Colocaste o rabinho nas pernas e ladras à distância.

                                                Comentário


                                                  #84
                                                  Originalmente Colocado por Carlos.L Ver Post
                                                  Para quem começou com um ataque pessoal grave, bem que podias deixar de ser tão imbecil.

                                                  Pensei que irias defender a tua posição. Mas não. Colocaste o rabinho nas pernas e ladras à distância.
                                                  Que ataque pessoal grave foi esse?

                                                  Comentário


                                                    #85
                                                    Vão levar um "enxerto de ecoporrada", vão!

                                                    Não queria estar na pele deles a partir de hoje...

                                                    O Presidente da República apelou hoje às autoridades competentes para que investiguem a invasão de uma exploração de milho transgénico em Silves, sublinhando ser necessário que «não reste qualquer dúvida de que a lei é para ser cumprida».

                                                    Comentário


                                                      #86
                                                      é para o lado que dormem melhor....

                                                      Comentário


                                                        #87
                                                        Acho muito bem!
                                                        Os alimentos transgénicos serão o futuro da agricultura mundial!! É muito bonito andar a arruinar campos agrícolas que servem de sustento às famílias que os exploram!
                                                        Esses tipos na minha opinião são os mais inúteis da nossa sociedade.

                                                        Comentário


                                                          #88
                                                          Originalmente Colocado por panpipe Ver Post
                                                          é para o lado que dormem melhor....
                                                          Claro, em qualquer prisão existem camas!

                                                          Comentário


                                                            #89
                                                            Originalmente Colocado por jcc Ver Post
                                                            Claro, em qualquer prisão existem camas!
                                                            Parece-me que também vão ficar com uma determinada parte do corpo alterada geneticamente...

                                                            Comentário


                                                              #90
                                                              Originalmente Colocado por OneLife Ver Post
                                                              Parece-me que também vão ficar com uma determinada parte do corpo alterada geneticamente...
                                                              É caso para dizer que levam umas maçarocadas valentes !!!

                                                              Comentário

                                                              AD fim dos posts Desktop

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