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    Originalmente Colocado por EscapeLivre Ver Post
    E agora a questão: fazia sentido fazeres mais horas? Nao tou a criticar e até compreendo porque quem corre por gosto nao cansa.
    Eu faço o que a empresa decidir.
    Se não concordar, é a vida, mas não vou deixar que isso afecte a minha produtividade.
    A empresa não é minha logo se eu quiser, ou mudo ou abro uma minha

    Percebo que seja frustrante esses argumentos de " gostar de ver as pessoas no escritorio " , mas há que aceitar. Eu tambem nao gosto de alguem que vai a 60 km/h na AE mas tenho de aceitar, e ultrapassar hehe.
    Para mim fazia, no sentido de acabar um projecto, finalizar algo para não ficar "pendurado", principalmente tendo em conta a facturação associada.
    E estando em casa era tempo que até ganhava pois já não perdia a hora e meia que perco em deslocações.
    Mas não fazia sentido apenas do ponto produtivo, fazia sentido do ponto de vista mental, havia uma positividade associada ao ambiente.

    No escritório, trabalho em openspace, passo o dia com phones para me poder concentrar. O ter de partilhar um Wc, o ter de preparar refeições ser mais um factor para perder tempo. Os telefonema dos colegas aos berros, as 100 conversas que se passam à volta.

    Cada deposito que faço no carro são entre 18 a 20 horas que perco, eram mais 18 horas que tinha livres quando estava em casa.

    Mas eu não quero obrigar ninguém a ficar em casa, o que gostava era que me deixassem escolher.

    Comentário


      Originalmente Colocado por Bolide Ver Post
      Tinha um na empresa que pediu para vir as 7 e sair mais cedo por causa do transito na ponte, etc e tal... o que fazia entre as 7 e as 9? Via porn, foi apanhado

      Duas horas seguidas? E não se cansava do argumento?

      Comentário


        Originalmente Colocado por Clubman1d Ver Post
        Para mim fazia, no sentido de acabar um projecto, finalizar algo para não ficar "pendurado", principalmente tendo em conta a facturação associada.
        E estando em casa era tempo que até ganhava pois já não perdia a hora e meia que perco em deslocações.
        Mas não fazia sentido apenas do ponto produtivo, fazia sentido do ponto de vista mental, havia uma positividade associada ao ambiente.

        No escritório, trabalho em openspace, passo o dia com phones para me poder concentrar. O ter de partilhar um Wc, o ter de preparar refeições ser mais um factor para perder tempo. Os telefonema dos colegas aos berros, as 100 conversas que se passam à volta.

        Cada deposito que faço no carro são entre 18 a 20 horas que perco, eram mais 18 horas que tinha livres quando estava em casa.

        Mas eu não quero obrigar ninguém a ficar em casa, o que gostava era que me deixassem escolher.
        Sim, cada um terá as suas preferências, só n concordo com obrigar as empresas a ceder a isso. Afinal elas são soberanas.

        Gastas algum tempo por dia em deslocações, se não é 90 min pa cada lado é 60, se n é 60 é 30 mas é sempre qualquer coisa.
        E se ao menos isso implicasse tu estares confortável num escritorio...

        Mas open space + gente que nao se sabe comportar = para esquecer.

        Eu aqui no meu é tranquilo porque o ambiente é tipo biblioteca e a maoria está em casa.

        Já tive em sitios que era sempre telemoveis a tocar, sons irritantes, conversas da treta aos altos berros...enfim, ninguem se concentra desta forma.

        Comentário


          E depois há tambem a questão do " gostar " por parte da empresa.

          A minha, nas funções que tal ( a maioria ) permite a cada equipa gerir se quer TT ou presencial, hibrido etc.

          A maioria das pessoas prefere TT com 1 ou 2 idas por semana mas a empresa nitidamente n gosta disso.
          E é uma empresa toda evoluida.
          Mas gostam muito daquelas palhaçadas de ambiente social e conviver com colegas e essas porcarias todas que pa mim n servem pa nd.

          Comentário


            Originalmente Colocado por EscapeLivre Ver Post
            E depois há tambem a questão do " gostar " por parte da empresa.

            A minha, nas funções que tal ( a maioria ) permite a cada equipa gerir se quer TT ou presencial, hibrido etc.

            A maioria das pessoas prefere TT com 1 ou 2 idas por semana mas a empresa nitidamente n gosta disso.
            E é uma empresa toda evoluida.
            Mas gostam muito daquelas palhaçadas de ambiente social e conviver com colegas e essas porcarias todas que pa mim n servem pa nd.
            Esse argumento da socialização é muito interessante... Esquecem-se que as pessoas têm diferentes necessidades de socialização.

            E quem geralmente sugere esses motivos, passa o dia fechado num escritório e não nos open-spaces...

            Comentário


              Originalmente Colocado por EscapeLivre Ver Post
              Mas gostam muito daquelas palhaçadas de ambiente social e conviver com colegas e essas porcarias todas que pa mim n servem pa nd.
              Por acaso não concordo com isso.

              Por muitas videocalls que tenhamos com as pessoas, nunca as conseguimos conhecer verdadeiramente quando comparando com o contacto presencial, tanto em ambiente de trabalho como "nos copos".
              E não digam que isto é teoria porque não é. E nas empresas onde trabalho isto tem-se reflectido em muita coisa ao longo dos últimos 2,5 anos. São as próprias pessoas a pedir que se realizem (ainda) mais eventos, etc...

              Comentário


                Originalmente Colocado por MGomes Ver Post
                Por acaso não concordo com isso.

                Por muitas videocalls que tenhamos com as pessoas, nunca as conseguimos conhecer verdadeiramente quando comparando com o contacto presencial, tanto em ambiente de trabalho como "nos copos".
                E não digam que isto é teoria porque não é. E nas empresas onde trabalho isto tem-se reflectido em muita coisa ao longo dos últimos 2,5 anos. São as próprias pessoas a pedir que se realizem (ainda) mais eventos, etc...
                A mim se estiver nesse ambiente, irrita-me, logo, se tenho feito de forma exemplar as funções, em equipa, e quando é preciso fazemos call, e tem funcionado bem, porque raio hei-de fazer actividades extra ou deslocações só pa nos olharmos na fronha?
                E curiosamente nunca trabalhei tao bem em equipa como agora.

                E já lhes disse, não participo em nada de team buildings.
                Se quiserem que eu vá a outro office só pa ver a cara deles, tudo bem, se for uma ordem. Eu cumpro-a sem qq problema.
                Mas as outras socializações nao obg.

                Agora, bem diferente é se tiver a aprender ou ensinar com alguém, isso sim, no meu entender é mt melhor presencialmente.

                N tou a dizer que tou certo ou errado, mas sei como me sinto melhor.
                Tas a ver aquele tipo que quando está junto a mta gente se sente menos à vontade ? é um pouco isso.

                Daí que se algum dia o escritório fica com tudo presencial, vou passar a gostar mt menos que agora.

                Comentário


                  O que matamos primeiro: o trabalho remoto ou a cultura organizacional?

                  José Crespo de Carvalho
                  12*Setembro*2022*—*22:01

                  A história é simples e conta-se rápido.

                  O meu filho mais velho esteve desde início de Julho em remoto em Portugal para uma empresa multinacional para que trabalha em Espanha. Nesse período fez as suas férias em Portugal. Voltou já a Espanha.

                  Dizia-me ele: "Pai, esta ideia do remoto é interessante e dá-me uma flexibilidade enorme". Claro que dá. Claro que é interessante. Claro que pode ser um argumento importantíssimo na retenção e na contratação. E não só.

                  Porém, acrescentava depois do período de férias: "Pai, está-me a ser super difícil entrar nos carris porque recomeçar sozinho, por exemplo, não é uma boa coisa". E dizia-me mais: "Pai, há uma motivação que se traduz por uma espécie de pressão social no trabalho que é estarmos juntos num escritório, mesmo que as pessoas que lá estejam nada tenham a ver com o que estou a fazer."

                  Dizia-lhe eu: "Acho que a questão do isolamento, porque isso é também isolamento, é uma questão complexa e longe de estar resolvida com o trabalho remoto." "Desde a faculdade que me lembro que o estudo em biblioteca - para sentir o acompanhamento de outros - ou o fazer exercícios em cafés de rua - era super importante para não ficar fechado em casa sem sentir um contexto social e algum acompanhamento."

                  Há três aspetos que considero importantes e decorrentes desta conversa.

                  Uma, trabalhar em conjunto e acompanharmo-nos uns aos outros, mesmo que não sejamos da mesma equipa, tem um sentido qualquer de propósito coletivo. De sabermos que estamos todos a trabalhar para uma organização que, em casa, não tem elementos tangíveis - nem pessoas - para além de um ecrã de computador. A questão, ou uma boa questão, é saber quanto tempo aguentamos sem nos vermos e se não precisamos mais do que x dias por semana para mantermos uma estabilidade produtiva, um rendimento, uma performance que talvez precise de outros. Digo talvez porque não tenho quaisquer certezas nestas matérias complexas.

                  Outra, trabalhar em lugares com pessoas pode ser mais simples que em lugares sem pessoas. Cada um é como cada qual e terá o seu rendimento em que circunstâncias for. Mas o sentido social estará sempre presente.

                  Finalmente, uma terceira questão importante: a rotina. Uma rotina, um conjunto de, chamemos-lhe "rituais" faz parte da construção da cultura de uma empresa.

                  Pergunta, não ingénua, que fiz a este meu filho: "Ok, se tivesses que trabalhar só autónomo, só remoto ou trabalhar sempre na empresa qual escolherias?". Na resposta não houve qualquer hesitação: "Na empresa, mil vezes. Há pessoas, há movimento, há uma propensão para o objetivo mesmo que estejamos a fazer coisas diferentes, podemos parar para um café conjunto, almoçar com alguém e encontrar um conforto psicológico com e nos outros que estão ao nosso lado".

                  E ainda outra pergunta que fiz para a qual sabia a resposta. Mas não deixei de fazer: "Supondo um híbrido com dias em casa e dias na empresa, que parece ser o modelo mais comum, quantos dias em casa e quantos dias na empresa?".

                  A resposta não veio logo. Foi hesitante. E veio um bocadinho desestruturada: "Talvez não fosse mau ser sempre na empresa. Porque há a inovação e novas formas de fazer e o chat é muito bom e mesmo as*calls*mas não são a mesma coisa que debater ao vivo e com colegas formas de fazer. E depois não há rotina, sem o sentido pejorativo da rotina."

                  Não retiro nenhuma conclusão disto. Não sei sequer o que será melhor, se o trabalho remoto, híbrido ou presencial. Tal como as aulas, onde tendo a preferir um modelo aos demais que é, pessoalmente, o presencial. Preferência esta que me parece mais vivida em todos os aspetos.

                  É no mínimo curioso que mesmo para o que pode ser um nómada digital onde o remoto, se o entender, poderá estruturar a sua vida haja uma necessidade enorme de*peer pressure*para o objetivo, para a motivação, e, ainda, uma necessidade enorme de animal gregário. Troca-se isso por uma vida sozinho? É uma questão que não ajuda a resolver problemas. Nem tão pouco pretende. Mas é um facto que nos deve ajudar a pensar.

                  E aqui entra uma outra dimensão que quase nunca está a ser tomada em consideração nestes debates: cada pessoa é diferente da outra. E tem formas de ver e sentir o remoto de formas diversas. Dito isto, a pergunta que se deve fazer é a seguinte: parte-se a empresa consoante a vontade das pessoas? Não tenho resposta. Mas lanço outra questão não menos importante: e onde fica, ou já não é necessária, a cultura de organização com esta putativa partição? Ou com o remoto? Ou já não é importante a cultura da organização?

                  Presidente do Iscte Executive Education

                  Comentário


                    Originalmente Colocado por EscapeLivre Ver Post
                    A mim se estiver nesse ambiente, irrita-me, logo, se tenho feito de forma exemplar as funções, em equipa, e quando é preciso fazemos call, e tem funcionado bem, porque raio hei-de fazer actividades extra ou deslocações só pa nos olharmos na fronha?
                    E curiosamente nunca trabalhei tao bem em equipa como agora.

                    E já lhes disse, não participo em nada de team buildings.
                    Se quiserem que eu vá a outro office só pa ver a cara deles, tudo bem, se for uma ordem. Eu cumpro-a sem qq problema.
                    Mas as outras socializações nao obg.

                    Agora, bem diferente é se tiver a aprender ou ensinar com alguém, isso sim, no meu entender é mt melhor presencialmente.

                    N tou a dizer que tou certo ou errado, mas sei como me sinto melhor.
                    Tas a ver aquele tipo que quando está junto a mta gente se sente menos à vontade ? é um pouco isso.

                    Daí que se algum dia o escritório fica com tudo presencial, vou passar a gostar mt menos que agora.
                    Pois mas, felizmente, nem toda a gente é assim.

                    E há que ter a noção de que essa atitude perante a empresa faz com que muitas vezes o trabalhador para a empresa seja tratado apenas como um número, nada mais que isso. E depois a malta queixa-se disto e aquilo... mas nunca reflecte na sua atitude perante a empresa. Muitas vezes é o próprio trabalhador que faz tudo para se afastar e consequentemente seja tratado como tal, como apenas um número.

                    É lógico que isto também depende de empresa para empresa, e do ambiente que é vivido em cada uma, mas não nos podemos esquecer que esse ambiente também é feito por nós, que temos que contribuir para tal. Não podemos olhar apenas por um dos lados.

                    (ou então sou eu que tenho sorte e trabalho num grupo de empresas onde tudo isto é importante, onde somos bem tratados e temos importância no ecosistema)

                    Comentário


                      Originalmente Colocado por MGomes Ver Post
                      Por acaso não concordo com isso.

                      Por muitas videocalls que tenhamos com as pessoas, nunca as conseguimos conhecer verdadeiramente quando comparando com o contacto presencial, tanto em ambiente de trabalho como "nos copos".
                      E não digam que isto é teoria porque não é. E nas empresas onde trabalho isto tem-se reflectido em muita coisa ao longo dos últimos 2,5 anos. São as próprias pessoas a pedir que se realizem (ainda) mais eventos, etc...
                      Eu entendo o @EscapeLivre e conheço muitas pessoas a quem a parte social do trabalho diz zero. Não querem interagir porque não vêem nisso qualquer mais-valia para o seu trabalho. Aliás, alguns vêem esse convívio e essa dinâmica como entraves ao seu trabalho. Não é bom nem mau, é o que é. E se puder ser respeitado, tanto melhor. Como eu disse atrás, não há uma verdade para todos.

                      Comentário


                        Originalmente Colocado por MGomes Ver Post
                        Pois mas, felizmente, nem toda a gente é assim.

                        E há que ter a noção de que essa atitude perante a empresa faz com que muitas vezes o trabalhador para a empresa seja tratado apenas como um número, nada mais que isso. E depois a malta queixa-se disto e aquilo... mas nunca reflecte na sua atitude perante a empresa. Muitas vezes é o próprio trabalhador que faz tudo para se afastar e consequentemente seja tratado como tal, como apenas um número.

                        É lógico que isto também depende de empresa para empresa, e do ambiente que é vivido em cada uma, mas não nos podemos esquecer que esse ambiente também é feito por nós, que temos que contribuir para tal. Não podemos olhar apenas por um dos lados.

                        (ou então sou eu que tenho sorte e trabalho num grupo de empresas onde tudo isto é importante, onde somos bem tratados e temos importância no ecosistema)

                        Claramente.

                        É a tal cultura da empresa de que fala o profesor CP, e que qualquer lider ou pessoa que sabe o que é cultura organizacional como se constroi e mantem, entende.

                        Se o "lugar" do trabalho deixar de ser a empresa e na empresa, a prazo o commitment a identidade a cultura deixa de existir. trabalhar em X ou Y será igual, como para a empresa erá igual ter A ou B em funções.

                        É facil perceber onde nos levará este tipo de mindset....

                        Comentário


                          Aos poucos o mercado, pelo menos nas grandes empresas de referencia, está a convergir para modelos hibridos, seja 1 dia 2 ou 3 obrigatorios, pre-defenidos e os outros opcionais.

                          E é para onde se converge, a sexta em home-office, e de segunda a quinta ali uns quantos dias obrigatorios, é um bom equilibrio, desde que as funções o permitam.

                          Com X semanas (normalmente 4) de home office disponiveis por ano. Tendo de ser pedidas de forma semelhante a férias.


                          Tudo no escritório cria muito anti corpos, porque as pessoas já estão habituados àquela flexibilidade do home office para tratar de assuntos pessoais durante o trabalho (compensando depois) e o tudo em casa mata um pouco o espirito da empresa.

                          Quem está em 100% remoto nestes casos, existem uns quantos assim, aproveitam a situação e pediram, e por ser bons funcionários foi autorizado, e acabam por se mudar para longe da sede, esses vão mais tarde ou mais cedo enfrentar um problema de estagnação de carreira porque são os esquecidos, por melhor que sejam.
                          Editado pela última vez por Hecho; 14 September 2022, 15:40.

                          Comentário


                            Originalmente Colocado por Hecho Ver Post
                            Aos poucos o mercado, pelo menos nas grandes empresas de referencia, está a convergir para modelos hibridos, seja 1 dia 2 ou 3 obrigatorios, pre-defenidos e os outros opcionais.

                            E é para onde se converge, a sexta em home-office, e de segunda a quinta ali uns quantos dias obrigatorios, é um bom equilibrio, desde que as funções o permitam.

                            Com X semanas (normalmente 4) de home office disponiveis por ano. Tendo de ser pedidas de forma semelhante a férias.
                            Sim, é o que se tem visto mais. Dependendo do sector de actividade e das funções, claro.

                            Por aqui é o que está vigente, esse modelo híbrido e acho que está bom, até porque há flexibilidade de parte a parte. Temos 3 dias obrigatórios na empresa (2 fixos + 1 à escolha) e 2 dias em home-office, embora tenha a possibilidade de ficar mais dias em home-office, e também já fiquei mais dias na empresa.
                            Para mim está óptimo.

                            Comentário


                              Até eu sou anti-social prefiro o trabalho presencial do que home office . Mas reconheço as vantagens e desvantagens de cada um. Depende da empresa, da cultura e tipo de trabalho.

                              O meu trabalho é obrigatoriamente presencial e como anti-social que sou isso obrigou-me a desenvolver mais capacidades sociais que eram (e ainda são em parte) uma lacuna minha.

                              Comentário


                                Originalmente Colocado por 330i Ver Post
                                O que matamos primeiro: o trabalho remoto ou a cultura organizacional?

                                José Crespo de Carvalho
                                12*Setembro*2022*—*22:01

                                A história é simples e conta-se rápido.

                                O meu filho mais velho esteve desde início de Julho em remoto em Portugal para uma empresa multinacional para que trabalha em Espanha. Nesse período fez as suas férias em Portugal. Voltou já a Espanha.

                                Dizia-me ele: "Pai, esta ideia do remoto é interessante e dá-me uma flexibilidade enorme". Claro que dá. Claro que é interessante. Claro que pode ser um argumento importantíssimo na retenção e na contratação. E não só.

                                Porém, acrescentava depois do período de férias: "Pai, está-me a ser super difícil entrar nos carris porque recomeçar sozinho, por exemplo, não é uma boa coisa". E dizia-me mais: "Pai, há uma motivação que se traduz por uma espécie de pressão social no trabalho que é estarmos juntos num escritório, mesmo que as pessoas que lá estejam nada tenham a ver com o que estou a fazer."

                                Dizia-lhe eu: "Acho que a questão do isolamento, porque isso é também isolamento, é uma questão complexa e longe de estar resolvida com o trabalho remoto." "Desde a faculdade que me lembro que o estudo em biblioteca - para sentir o acompanhamento de outros - ou o fazer exercícios em cafés de rua - era super importante para não ficar fechado em casa sem sentir um contexto social e algum acompanhamento."

                                Há três aspetos que considero importantes e decorrentes desta conversa.

                                Uma, trabalhar em conjunto e acompanharmo-nos uns aos outros, mesmo que não sejamos da mesma equipa, tem um sentido qualquer de propósito coletivo. De sabermos que estamos todos a trabalhar para uma organização que, em casa, não tem elementos tangíveis - nem pessoas - para além de um ecrã de computador. A questão, ou uma boa questão, é saber quanto tempo aguentamos sem nos vermos e se não precisamos mais do que x dias por semana para mantermos uma estabilidade produtiva, um rendimento, uma performance que talvez precise de outros. Digo talvez porque não tenho quaisquer certezas nestas matérias complexas.

                                Outra, trabalhar em lugares com pessoas pode ser mais simples que em lugares sem pessoas. Cada um é como cada qual e terá o seu rendimento em que circunstâncias for. Mas o sentido social estará sempre presente.

                                Finalmente, uma terceira questão importante: a rotina. Uma rotina, um conjunto de, chamemos-lhe "rituais" faz parte da construção da cultura de uma empresa.

                                Pergunta, não ingénua, que fiz a este meu filho: "Ok, se tivesses que trabalhar só autónomo, só remoto ou trabalhar sempre na empresa qual escolherias?". Na resposta não houve qualquer hesitação: "Na empresa, mil vezes. Há pessoas, há movimento, há uma propensão para o objetivo mesmo que estejamos a fazer coisas diferentes, podemos parar para um café conjunto, almoçar com alguém e encontrar um conforto psicológico com e nos outros que estão ao nosso lado".

                                E ainda outra pergunta que fiz para a qual sabia a resposta. Mas não deixei de fazer: "Supondo um híbrido com dias em casa e dias na empresa, que parece ser o modelo mais comum, quantos dias em casa e quantos dias na empresa?".

                                A resposta não veio logo. Foi hesitante. E veio um bocadinho desestruturada: "Talvez não fosse mau ser sempre na empresa. Porque há a inovação e novas formas de fazer e o chat é muito bom e mesmo as*calls*mas não são a mesma coisa que debater ao vivo e com colegas formas de fazer. E depois não há rotina, sem o sentido pejorativo da rotina."

                                Não retiro nenhuma conclusão disto. Não sei sequer o que será melhor, se o trabalho remoto, híbrido ou presencial. Tal como as aulas, onde tendo a preferir um modelo aos demais que é, pessoalmente, o presencial. Preferência esta que me parece mais vivida em todos os aspetos.

                                É no mínimo curioso que mesmo para o que pode ser um nómada digital onde o remoto, se o entender, poderá estruturar a sua vida haja uma necessidade enorme de*peer pressure*para o objetivo, para a motivação, e, ainda, uma necessidade enorme de animal gregário. Troca-se isso por uma vida sozinho? É uma questão que não ajuda a resolver problemas. Nem tão pouco pretende. Mas é um facto que nos deve ajudar a pensar.

                                E aqui entra uma outra dimensão que quase nunca está a ser tomada em consideração nestes debates: cada pessoa é diferente da outra. E tem formas de ver e sentir o remoto de formas diversas. Dito isto, a pergunta que se deve fazer é a seguinte: parte-se a empresa consoante a vontade das pessoas? Não tenho resposta. Mas lanço outra questão não menos importante: e onde fica, ou já não é necessária, a cultura de organização com esta putativa partição? Ou com o remoto? Ou já não é importante a cultura da organização?

                                Presidente do Iscte Executive Education
                                Há gente que acha que, uma vez passada a pandemia, o mundo vai voltar ao que era dantes. Não vai. A pandemia mudou o mundo e agora quem não mudar com ele vai ficar para trás. A pandemia forçou o mundo do trabalho a sair da sua zona de conforto. Nunca mais vai voltar a ser a mesma coisa.
                                Editado pela última vez por Montecristo81; 14 September 2022, 19:26.

                                Comentário


                                  Originalmente Colocado por Montecristo81 Ver Post
                                  Há gente que acha que, uma vez passada a pandemia, o mundo vai voltar ao que era dantes. Não vai. A pandemia mudou o mundo e agora quem não mudar com ele vai ficar para trás. A pandemia forçou o mundo do trabalho a sair da sua zona de conforto. Nunca mais vai voltar a ser a mesma coisa.

                                  Claro que mudou, não mudou é assim tanto que a "empresa" e o "local" deixe de existir. Ficaremos algures por um misto do que tinhamos e do que teremos no futuro.

                                  E há coisas que nunca mudarão como já citei antes.

                                  Comentário


                                    Originalmente Colocado por Montecristo81 Ver Post
                                    Há gente que acha que, uma vez passada a pandemia, o mundo vai voltar ao que era dantes. Não vai. A pandemia mudou o mundo e agora quem não mudar com ele vai ficar para trás. A pandemia forçou o mundo do trabalho a sair da sua zona de conforto. Nunca mais vai voltar a ser a mesma coisa.
                                    Até vir uma mega recessão que vai deixar muita gente de mãos no ar....

                                    Num cenário de layoffs os primeiros a ir à vida são os "desvinculados", isto é, os remotos.

                                    Comentário


                                      Originalmente Colocado por Rasec Ver Post
                                      Até vir uma mega recessão que vai deixar muita gente de mãos no ar....

                                      Num cenário de layoffs os primeiros a ir à vida são os "desvinculados", isto é, os remotos.
                                      Até vir não, que já chegou. Os layoffs já chegaram em força, e não deve abrandar tão cedo. Até a Google quer fazer “ajustes operacionais para melhorar a produtividade”.

                                      remotos, externos e malta no período de experiência estão sempre na linha da frente. Mas o mundo efectivamente mudou, já ninguém espera estar 5 dias no escritório, e empresas que o obrigam sem necessidade vão ter dificuldades em contratar. E quem quer zero dias, se tiver em empresas 100% ou quase remotas ainda pode ser que corra bem, mas 100% remoto em sistemas híbridos é complicado a gestão de carreira e espírito de equipa. Mas não impossível. Vai com cada 1. Eu teria dificuldade em sistema 100% remoto.

                                      edit: no outro dia aconteceu ser apenas eu em modo remoto e a equipa toda no escritório. Não gostei nada de ser o único não presencial. Do ponto de vista técnico correu tudo bem e as salas tão bem equipadas (15k de equipamento por sala..) mas senti um pouco excluido, e isto num ambiente onde fazemos um esforço para estarmos todos presentes e ouvidos.
                                      Editado pela última vez por Hecho; 14 September 2022, 21:06.

                                      Comentário


                                        Este ano já recusei 2 empregos interessantes e mais bem pagos (e com mais regalias) por serem 100% presenciais.
                                        Não tenho pachorra para perder tempo e dinheiro a ir para Lisboa todos os dias.

                                        Comentário


                                          Originalmente Colocado por Bolide Ver Post
                                          Tinha um na empresa que pediu para vir as 7 e sair mais cedo por causa do transito na ponte, etc e tal... o que fazia entre as 7 e as 9? Via porn, foi apanhado

                                          Comentário


                                            Originalmente Colocado por Rasec Ver Post
                                            Até vir uma mega recessão que vai deixar muita gente de mãos no ar....

                                            Num cenário de layoffs os primeiros a ir à vida são os "desvinculados", isto é, os remotos.
                                            Ainda hoje numa conferência da minha empresa, dizia-se que os escritórios de NY estavam a 10% de ocupação!!!

                                            Em portugal a estimativa é que 20% da população esteja remota/ híbrida, mas acredito que este número diminua

                                            Comentário


                                              Curioso ler aqui alguns comentários, e constatar como o CEO da minha empresa, praticamente com 70 anos, consegue lidar de forma despreocupada com a distância . Principalmente quando a generalidade da equipa está do outro lado do Atlântico, em várias cidades/países.

                                              Só duas pessoas partilhamos escritório com ele, eu e a assistente.

                                              Uma questão principalmente de mindset, parece-me cada vez mais.

                                              Comentário


                                                Originalmente Colocado por MGomes Ver Post
                                                Pois mas, felizmente, nem toda a gente é assim.

                                                E há que ter a noção de que essa atitude perante a empresa faz com que muitas vezes o trabalhador para a empresa seja tratado apenas como um número, nada mais que isso. E depois a malta queixa-se disto e aquilo... mas nunca reflecte na sua atitude perante a empresa. Muitas vezes é o próprio trabalhador que faz tudo para se afastar e consequentemente seja tratado como tal, como apenas um número.

                                                É lógico que isto também depende de empresa para empresa, e do ambiente que é vivido em cada uma, mas não nos podemos esquecer que esse ambiente também é feito por nós, que temos que contribuir para tal. Não podemos olhar apenas por um dos lados.

                                                (ou então sou eu que tenho sorte e trabalho num grupo de empresas onde tudo isto é importante, onde somos bem tratados e temos importância no ecosistema)
                                                Basicamente a empresa pensa assim:
                                                Este gajo nao gosta de socializar mas trabalha bem em equipa, o suporte aos utilizadores é dado de forma simpática, e portanto as questões de jantares de natal e team buildings não interessam para a equação.

                                                Bem diferente de se eu fosse 1 bicho ao canto com que ng conseguia lidar.

                                                Tanto é assim, que ao todo já fui aumentado 3x, de forma considerável, que já nem noutro lado consigo facilmente este vencimento.
                                                E porquê ? porque a empresa tambem gosta de quem realmente trabalha e o resto é conversa, desde que seja comunicável com outras pessoas.

                                                É menos bla bla bla e trabalhar mais dentro do que é suposto.

                                                Se há empresas que ligam aos jantarinhos da treta, é lá com elas. Aqui sou mesmo valorizado pela competência.

                                                Comentário


                                                  Originalmente Colocado por Boxer Ver Post
                                                  Eu entendo o @EscapeLivre e conheço muitas pessoas a quem a parte social do trabalho diz zero. Não querem interagir porque não vêem nisso qualquer mais-valia para o seu trabalho. Aliás, alguns vêem esse convívio e essa dinâmica como entraves ao seu trabalho. Não é bom nem mau, é o que é. E se puder ser respeitado, tanto melhor. Como eu disse atrás, não há uma verdade para todos.
                                                  É isto.
                                                  Aliás confesso que por vezes me perguntam " opah, não queres mesmo ir connosco ali ao bar no final do dia? nós faziamos questão " e custa-me dizer que não, mas explico o porquê, e de que não é nada pessoal e as pessoas compreendem e ficamos " amigos " na mesma porque na verdade nao sou o unico assim e cada um é como é.

                                                  Comentário


                                                    Originalmente Colocado por MGomes Ver Post
                                                    Por acaso não concordo com isso.

                                                    Por muitas videocalls que tenhamos com as pessoas, nunca as conseguimos conhecer verdadeiramente quando comparando com o contacto presencial, tanto em ambiente de trabalho como "nos copos".
                                                    E não digam que isto é teoria porque não é. E nas empresas onde trabalho isto tem-se reflectido em muita coisa ao longo dos últimos 2,5 anos. São as próprias pessoas a pedir que se realizem (ainda) mais eventos, etc...
                                                    Sim ao vivo conhece-se melhor sem duvida mas digo que n serve pa nada porque nao ia adiantar nada no trabalho em equipa que tem rolado como rodas dentadas sem qq entrave.

                                                    Comentário


                                                      Originalmente Colocado por 330i Ver Post
                                                      Claramente.

                                                      É a tal cultura da empresa de que fala o profesor CP, e que qualquer lider ou pessoa que sabe o que é cultura organizacional como se constroi e mantem, entende.

                                                      Se o "lugar" do trabalho deixar de ser a empresa e na empresa, a prazo o commitment a identidade a cultura deixa de existir. trabalhar em X ou Y será igual, como para a empresa erá igual ter A ou B em funções.

                                                      É facil perceber onde nos levará este tipo de mindset....
                                                      Sabes o que é que muitos, em especial developers, aqui fazem na empresa quando vêm com essas teorias da cultura e disto e daquilo?
                                                      Mudam.
                                                      E porquê ? porque lhes pagam o mesmo noutros sitios, mas sem os chatear metade.
                                                      Depois muitas empresas se queixam disto e daquilo, olha, quanto mais deixarem cada um ser como é, mais fácil será desde que o trabalho se mantenha igualmente produtivo.

                                                      Comentário


                                                        Originalmente Colocado por Hecho Ver Post
                                                        Aos poucos o mercado, pelo menos nas grandes empresas de referencia, está a convergir para modelos hibridos, seja 1 dia 2 ou 3 obrigatorios, pre-defenidos e os outros opcionais.

                                                        E é para onde se converge, a sexta em home-office, e de segunda a quinta ali uns quantos dias obrigatorios, é um bom equilibrio, desde que as funções o permitam.

                                                        Com X semanas (normalmente 4) de home office disponiveis por ano. Tendo de ser pedidas de forma semelhante a férias.


                                                        Tudo no escritório cria muito anti corpos, porque as pessoas já estão habituados àquela flexibilidade do home office para tratar de assuntos pessoais durante o trabalho (compensando depois) e o tudo em casa mata um pouco o espirito da empresa.

                                                        Quem está em 100% remoto nestes casos, existem uns quantos assim, aproveitam a situação e pediram, e por ser bons funcionários foi autorizado, e acabam por se mudar para longe da sede, esses vão mais tarde ou mais cedo enfrentar um problema de estagnação de carreira porque são os esquecidos, por melhor que sejam.
                                                        O melhor é cada um adaptar-se e fazer conforme o que a empresa ou equipa prefere.
                                                        Ter um colega ao lado com duvida imediata é mt mais facil que estar a escrever no chat ou a fazer videochamada.

                                                        Comentário


                                                          Originalmente Colocado por nemesis91 Ver Post
                                                          Até eu sou anti-social prefiro o trabalho presencial do que home office . Mas reconheço as vantagens e desvantagens de cada um. Depende da empresa, da cultura e tipo de trabalho.

                                                          O meu trabalho é obrigatoriamente presencial e como anti-social que sou isso obrigou-me a desenvolver mais capacidades sociais que eram (e ainda são em parte) uma lacuna minha.
                                                          Mas os teus colega notam que és " bicho " ? Se não notarem, estás como eu e portanto é um não problema nesse ponto.

                                                          Eu tb prefiro presencial, gosto de sair de casa cedo, de quando chego, aproveitar melhor o sofá, do que acabar o trabalho e já estar perto dele

                                                          Só n gosto de transito nem de transportes à pinha, felizmente n apanho nem 1 nem outro.


                                                          Mas há malta que se estraga mt em 100% TT...mas nao notam !

                                                          Comentário


                                                            Originalmente Colocado por Boxer Ver Post
                                                            Este ano já recusei 2 empregos interessantes e mais bem pagos (e com mais regalias) por serem 100% presenciais.
                                                            Não tenho pachorra para perder tempo e dinheiro a ir para Lisboa todos os dias.
                                                            Pois essa é outra tourada.
                                                            Mas se tiveres transportes à porta, ir pa LX nao é mau de todo.
                                                            Se for de levar carro, deus me livre.

                                                            Comentário


                                                              Originalmente Colocado por Rasec Ver Post
                                                              Até vir uma mega recessão que vai deixar muita gente de mãos no ar....

                                                              Num cenário de layoffs os primeiros a ir à vida são os "desvinculados", isto é, os remotos.
                                                              E se os remotos renderem o mesmo ou mais que os presenciais? Qual a lógica disso de serem os primeiros?

                                                              Comentário

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