Tomando como base estes dois artigos o que pensam disto ?
O 1º é uma análise do diário económico. O 2º o relato de uma manifestação que ocorreu ontem, dia 14 em Leiria.
O grande educador | Económico
O Governo britânico anunciou há dias uma ambiciosa reforma na educação. Não falo do aumento das propinas, na origem dos tumultos nas ruas de Londres, mas da publicação do livro branco “The importance of teaching”, que pretende abrir o debate sobre o ensino pré-universitário.
O livro que avança com duas ideias chave: apostar na formação dos professores e aumentar a autonomia/responsabilidade das escolas. Esta opção política é abundantemente fundamentada ao longo do texto, em especial nos resultados (OCDE/PISA) dos países que fizeram essa aposta, desde o Oriente à Escandinávia. No prólogo, assinado pela nova dupla Cameron-Clegg, reafirma-se a aposta na variedade das escolas e na liberdade de escolha das famílias.
Não deixa de ser curioso (ou trágico?) que entre nós se caminhe no sentido oposto. Para além de desmotivar os professores, ao longo dos últimos anos, o Governo pretende agora alterar o regime dos contratos celebrados com as escolas não estatais. Convém dizer que existem em Portugal, há mais de trinta anos, vários mecanismos de apoio às escolas privadas, de origem religiosa ou laica, direccionados para as famílias com baixos rendimentos.
As escolas particulares com contrato de associação estão abertas ao público em condições idênticas às de qualquer outra escola. Sujeitam-se às regras contratualizadas com o Estado, não podendo por exemplo seleccionar os seus alunos. Por isso, apesar de não serem detidas pelo Estado, estas escolas prestam um serviço público. Existem 93 escolas, por esse país fora, com um "contrato de associação" com o Estado, onde estudam cerca de 53 mil alunos. Estão geralmente localizadas em zonas onde a oferta pública é insuficiente.
A experiência tem mostrado que estas escolas saem mais baratas ao Estado e alcançam melhores resultados do que as escolas do Ministério da Educação. Basta analisar os ‘rankings' e os resultados dos exames nacionais, como fez há dias José Manuel Fernandes, para perceber isso mesmo.
Estes dois factos deveriam levar o Governo, se estivesse realmente preocupado com a qualidade educativa, em acarinhar quem presta um bom serviço social. Em vez disso, José Sócrates e a sua sempre sorridente ministra da educação querem controlar tudo. Com a desculpa da crise, aprovam um decreto que torna limitados e precários os contratos com as escolas não estaduais. Se o diploma não for vetado (como se espera do Presidente da República), o efeito prático é limitar a autonomia dessas escolas, tornando a liberdade de escolha um exclusivo dos mais ricos.
Exactamente o contrário do se faz nos países com melhores resultados educativos.
Sócrates está usar a crise para impor a sua agenda ideológica. Ao invés de emagrecer o Estado estende a sua mão controladora. Em vez de garantir a qualidade e variedade do ensino, os burocratas do ministério querem educar directamente todas as criancinhas. Eis o sonho do estado totalitário: ser o grande educador do povo, formatar as nossas cabeças e dos nossos filhos. Se nós deixarmos.
Protesto contra cortes junta escolas - Ensino - Correio da Manhã
Ensino: Alunos do privado manifestam-se pelos contratos de associação
Protesto contra cortes junta escolas
Uma caminhada pela manutenção dos contratos de associação entre o Estado e as escolas privadas juntou ontem, em Leiria, os colégios de Nossa Senhora de Fátima e Conciliar de Maria Imaculada e a Escola de Formação Social, que representam mais de 1300 estudantes. Com frases-chave inscritas em cartazes, como "liberdade", "escolha" e "ensino", os manifestantes defenderam que o modelo actual "é melhor e tem menos custos para o País".
Os alunos, acompanhados por pais e professores, manifestaram-se entre as 14h30 e as 17h00, fazendo a pé o percurso entre as respectivas escolas, o centro da cidade e a Câmara. Na manifestação, organizada pelas associações de pais e direcções das escolas, foram entoadas palavras como "respeito" e "igualdade". "Temos qualidade" e "queremos existir" foram algumas das frases exibidas em cartazes, ao som de vuvuzelas.
O presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Colégio de Nossa Senhora de Fátima considera que acções como esta podem fazer recuar o Governo. "Eu acredito que sim. Por isso é que estamos aqui a trabalhar e, sobretudo, a informar, porque creio que há uma falta de informação muito grande da população sobre esta questão", disse Carlos Carvalho.
A Câmara de Leiria vai reunir o Conselho Municipal da Educação para analisar o "impacto" da decisão governamental, que "a autarquia vê com muita preocupação", pela influência que terá na sustentabilidade do ensino no concelho.
"EM VEZ DE TESTES, FAZEMOS MANIFESTAÇÕES"
"A instabilidade que foi criada faz com que, em vez de andarmos preocupados com os testes e as notas, tenhamos de fazer manifestações", disse ao CM João Muñoz, vice-presidente da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo. O diploma do Governo aguarda promulgação presidencial e o dirigente tem esperança de que Cavaco Silva trave as medidas previstas.
Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap), critica a intenção do Governo de que os contratos de associação tenham a duração de um ano. "Não é uma medida razoável nos locais onde não há alternativa na rede pública. As famílias não matricularão os filhos sem saber o que se passará no ano seguinte", disse.
ENCERRAMENTO PREOCUPA BISPOS
A manifestação de ontem em Leiria aconteceu um dia após os bispos do Centro, reunidos em Coimbra, terem demonstrado a sua "apreensão" pela alteração do regime de contrato entre o Estado e as instituições particulares de ensino e a revisão do modelo de financiamento das escolas. "Este problema causa-nos apreensão. Se há escolas particulares que vão manter-se, embora com dificuldades, outras terão mesmo de encerrar", disse o bispo de Coimbra, D. Albino Cleto. Lembrou ainda que em causa estão 93 escolas particulares com contratos de associação com o Estado, algumas das quais, caso encerrem, "terão de pagar indemnizações a professores". Os bispos da região Centro analisaram ainda o "direito" das famílias a escolherem "a escola que acharem melhor para os seus filhos". O diploma que altera o regime de contrato entre o Estado e as instituições particulares de ensino foi aprovado em Novembro em Conselho de Ministros.
O 1º é uma análise do diário económico. O 2º o relato de uma manifestação que ocorreu ontem, dia 14 em Leiria.
O grande educador | Económico
O Governo britânico anunciou há dias uma ambiciosa reforma na educação. Não falo do aumento das propinas, na origem dos tumultos nas ruas de Londres, mas da publicação do livro branco “The importance of teaching”, que pretende abrir o debate sobre o ensino pré-universitário.
O livro que avança com duas ideias chave: apostar na formação dos professores e aumentar a autonomia/responsabilidade das escolas. Esta opção política é abundantemente fundamentada ao longo do texto, em especial nos resultados (OCDE/PISA) dos países que fizeram essa aposta, desde o Oriente à Escandinávia. No prólogo, assinado pela nova dupla Cameron-Clegg, reafirma-se a aposta na variedade das escolas e na liberdade de escolha das famílias.
Não deixa de ser curioso (ou trágico?) que entre nós se caminhe no sentido oposto. Para além de desmotivar os professores, ao longo dos últimos anos, o Governo pretende agora alterar o regime dos contratos celebrados com as escolas não estatais. Convém dizer que existem em Portugal, há mais de trinta anos, vários mecanismos de apoio às escolas privadas, de origem religiosa ou laica, direccionados para as famílias com baixos rendimentos.
As escolas particulares com contrato de associação estão abertas ao público em condições idênticas às de qualquer outra escola. Sujeitam-se às regras contratualizadas com o Estado, não podendo por exemplo seleccionar os seus alunos. Por isso, apesar de não serem detidas pelo Estado, estas escolas prestam um serviço público. Existem 93 escolas, por esse país fora, com um "contrato de associação" com o Estado, onde estudam cerca de 53 mil alunos. Estão geralmente localizadas em zonas onde a oferta pública é insuficiente.
A experiência tem mostrado que estas escolas saem mais baratas ao Estado e alcançam melhores resultados do que as escolas do Ministério da Educação. Basta analisar os ‘rankings' e os resultados dos exames nacionais, como fez há dias José Manuel Fernandes, para perceber isso mesmo.
Estes dois factos deveriam levar o Governo, se estivesse realmente preocupado com a qualidade educativa, em acarinhar quem presta um bom serviço social. Em vez disso, José Sócrates e a sua sempre sorridente ministra da educação querem controlar tudo. Com a desculpa da crise, aprovam um decreto que torna limitados e precários os contratos com as escolas não estaduais. Se o diploma não for vetado (como se espera do Presidente da República), o efeito prático é limitar a autonomia dessas escolas, tornando a liberdade de escolha um exclusivo dos mais ricos.
Exactamente o contrário do se faz nos países com melhores resultados educativos.
Sócrates está usar a crise para impor a sua agenda ideológica. Ao invés de emagrecer o Estado estende a sua mão controladora. Em vez de garantir a qualidade e variedade do ensino, os burocratas do ministério querem educar directamente todas as criancinhas. Eis o sonho do estado totalitário: ser o grande educador do povo, formatar as nossas cabeças e dos nossos filhos. Se nós deixarmos.
Protesto contra cortes junta escolas - Ensino - Correio da Manhã
Ensino: Alunos do privado manifestam-se pelos contratos de associação
Protesto contra cortes junta escolas
Uma caminhada pela manutenção dos contratos de associação entre o Estado e as escolas privadas juntou ontem, em Leiria, os colégios de Nossa Senhora de Fátima e Conciliar de Maria Imaculada e a Escola de Formação Social, que representam mais de 1300 estudantes. Com frases-chave inscritas em cartazes, como "liberdade", "escolha" e "ensino", os manifestantes defenderam que o modelo actual "é melhor e tem menos custos para o País".
Os alunos, acompanhados por pais e professores, manifestaram-se entre as 14h30 e as 17h00, fazendo a pé o percurso entre as respectivas escolas, o centro da cidade e a Câmara. Na manifestação, organizada pelas associações de pais e direcções das escolas, foram entoadas palavras como "respeito" e "igualdade". "Temos qualidade" e "queremos existir" foram algumas das frases exibidas em cartazes, ao som de vuvuzelas.
O presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Colégio de Nossa Senhora de Fátima considera que acções como esta podem fazer recuar o Governo. "Eu acredito que sim. Por isso é que estamos aqui a trabalhar e, sobretudo, a informar, porque creio que há uma falta de informação muito grande da população sobre esta questão", disse Carlos Carvalho.
A Câmara de Leiria vai reunir o Conselho Municipal da Educação para analisar o "impacto" da decisão governamental, que "a autarquia vê com muita preocupação", pela influência que terá na sustentabilidade do ensino no concelho.
"EM VEZ DE TESTES, FAZEMOS MANIFESTAÇÕES"
"A instabilidade que foi criada faz com que, em vez de andarmos preocupados com os testes e as notas, tenhamos de fazer manifestações", disse ao CM João Muñoz, vice-presidente da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo. O diploma do Governo aguarda promulgação presidencial e o dirigente tem esperança de que Cavaco Silva trave as medidas previstas.
Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap), critica a intenção do Governo de que os contratos de associação tenham a duração de um ano. "Não é uma medida razoável nos locais onde não há alternativa na rede pública. As famílias não matricularão os filhos sem saber o que se passará no ano seguinte", disse.
ENCERRAMENTO PREOCUPA BISPOS
A manifestação de ontem em Leiria aconteceu um dia após os bispos do Centro, reunidos em Coimbra, terem demonstrado a sua "apreensão" pela alteração do regime de contrato entre o Estado e as instituições particulares de ensino e a revisão do modelo de financiamento das escolas. "Este problema causa-nos apreensão. Se há escolas particulares que vão manter-se, embora com dificuldades, outras terão mesmo de encerrar", disse o bispo de Coimbra, D. Albino Cleto. Lembrou ainda que em causa estão 93 escolas particulares com contratos de associação com o Estado, algumas das quais, caso encerrem, "terão de pagar indemnizações a professores". Os bispos da região Centro analisaram ainda o "direito" das famílias a escolherem "a escola que acharem melhor para os seus filhos". O diploma que altera o regime de contrato entre o Estado e as instituições particulares de ensino foi aprovado em Novembro em Conselho de Ministros.
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