Originalmente Colocado por PSL
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O facto deste ano estar abaixo comparado com outros anos anteriores (esquecendo mesmo o do ano passado) não significa que não tenha havido também um consumo e vendas excessivas de carros nesse período.
Se em qualquer negócio ou empresa tu fores sempre crescendo em vendas, crescem também os custos com instalações, funcionários, etc.
Quando o mercado entra num ciclo inverso, "encolher" não é tão fácil como crescer, porque para contratares um funcionário novo assumes uma despesa por períodos inicialmente curtos.
Quando começas a entrar em recessão, o peso das indemnizações junta-se ao peso de instalações que se quiseres vender podem facilmente não valer o que deste por elas (se as tiveres comprado no pico económico do país).
Convém não esquecer que em Portugal as famílias costumam ter dois encargos grandes - casa e carro - que nem sempre têm algum tipo de proporção.
É óbvio que na situação económica actual do país, a troca do carro é em muitos casos (não todos, como é lógico) um luxo com pouco sentido, e talvez tenha havido alguns excessos num passado recente a esse nível.
A situação de "prefiro comer do que por gasolina no carro" é uma questão lógica e de escolha inevitável, mas verdade seja dita que houve muitas pessoas que se sobre-endividaram com o automóvel a ter uma fatia de leão.
Se uma pessoa numa altura boa está a pagar casa, depois fica a pagar um carro, para passados meia-dúzia de anos ficar a pagar outro carro só porque quis o modelo novo, talvez não tenha gerido as coisas da melhor forma na altura do salário congelado (ou pior), já que possivelmente poderia ter o tal carro perfeitamente funcional, não ter o crédito adicional, e ainda ter o dinheiro que já foi pagando (ou devendo) deste.
Claro que estou a falar por alto, pois há situações complicadas de quem procurou ter muito cuidado a gerir o seu dinheiro.
Mas quem não teve cuidado dificilmente está melhor, e acho que todos teremos alguma dificuldade em negar que o automóvel foi parte fulcral da ruína de muita gente.
Há muitos anos que a realidade de vendas de automóveis no nosso país andava desfasada daquilo que era a nossa capacidade real mediante a riqueza do que produzimos.
Eu diria mesmo que o mercado dos automóveis e o dos imóveis andaram de mãos dadas nessa desproporção (com as consequências visíveis).
Mas é só a minha opinião...
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