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Competitividade, produtividade e salários em Portugal e na UE

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    #61
    Originalmente Colocado por Carlos.L Ver Post
    Dizem que antigamente, nos tempos de censura e essas coisas, o pessoal estimulava-se intelectualmente para poder passar a sua mensagem pelo meio do sistema.

    Sem o sistema dar conta.
    'tamos lá

    ( )

    Comentário


      #62
      Originalmente Colocado por André Ver Post
      'tamos lá

      ( )
      Ah, agora fintam o sistema...

      Comentário


        #63
        Podes crer.

        Nós, no fundo, lá no fundo, estamos para vocês, Estado-dependentes, como a "esquerda democrática" estava prá "direita não democrática" antes do 25 de A

        ihihihi

        Comentário


          #64
          Originalmente Colocado por André Ver Post
          Podes crer.

          Nós, no fundo, lá no fundo, estamos para vocês, Estado-dependentes, como a "esquerda democrática" estava prá "direita não democrática" antes do 25 de A

          ihihihi
          Bem, André, essa comparação só mesmo a reinar, porque é do mais absurdo que se pode dizer, a menos que se não conheça as fintas ao sistema desses tempos, a que eu assisti e que conheço relativamente bem (que nada têm a ver com o que estás a dizer...)!

          Comentário


            #65
            OPINIÃOPublicado 25 Julho 2005
            Avelino de Jesus

            Salários e competitividade – em defesa do aumento dos salários portugueses


            A rigidez à baixa dos salários tem sido glosada – e lamentada – sendo mesmo apontada como responsável pela recente perca de competitividade da economia portuguesa. Não há relatório que não lance sabidos apelos à moderação salarial.

            Esta visaria o amortecimento dos custos de produção e a recuperação da competitividade, na ausência da possibilidade de desvalorização cambial.
            Por sua vez, as organizações sindicais e alguns economistas – cada vez menos numerosos – lamentam a repressão salarial, sugerindo que esta seria a causa do fraco crescimento da economia, devido ao seu efeito de depressão da procura.
            A política de baixos salários, embora por razões diferentes das acima referidas, deve ser firmemente rejeitada.
            Os baixos salários constituem – ao lado das baixas taxas de juro – uma causa fundamental da falta de competitividade da nossa economia, devido ao efeito de distorção na afectação competitiva de recursos e ao travão que coloca às reestruturações sectoriais e às mudanças tecnológicas que o país exige.
            As abordagens da questão salarial ficam quase sempre no âmbito do curto prazo. É nesse contexto que o indicador dos custos unitários do trabalho é sistematicamente avançado como indicador da competitividade e daí vem a preocupação obsessiva com a travagem dos salários. A sobrevalorização deste indicador deve evitar-se, mesmo numa análise de curto prazo. Não podemos omitir os outros factores produtivos para além do trabalho. A competitividade resulta não do baixo custo de um determinado factor, no caso o trabalho, mas da composição adequado de factores e da correspondente produtividade assim conseguida. Ainda que no curto prazo – portanto com uma dada composição de factores – é muito redutor olhar apenas para os custos do trabalho.
            Mas o mais importante é compreender o papel da política salarial numa visão que vá além da miopia do curto prazo em que o debate parece ter sido encerrado.
            A questão salarial deverá ser considerada no longo prazo enquanto variável influente no desenho da estrutura sectorial e do padrão tecnológico da economia. Uma taxa de salários baixa leva a uma composição inadequada dos factores de produção, pela sobreutilização que provoca do trabalho pouco qualificado, em detrimento de trabalho mais qualificado e, sobretudo, do factor capital.
            Considerando a taxa de salários nesta perspectiva, os salários portugueses são extremamente baixos, são causa importante da rigidez da economia e constituem forte obstáculo à sua reestruturação e competitividade.
            Os salários são em Portugal anormalmente baixos. Não é aceitável – e não me coloco aqui no plano da justiça social que requeria abordagem própria – a defesa do congelamento dos salários, nem mesmo de um crescimento moderado. É antes altamente desejável um crescimento forte e rápido, apenas modulado pelo política e socialmente suportável.
            O indicador apropriado, de acordo com os padrões analíticos consagrados, para avaliar o custo do trabalho é o salário médio horário do pessoal operário na indústria transformadora. Apresento no gráfico abaixo os valores deste indicador para o ano de 2002. O salário médio português em Portugal é intoleravelmente baixo: 5 dólares face a 19 dólares em média na União Europeia a 15. Em relação a Portugal, o salário médio na União Europeia vem, assim, multiplicado por 4 enquanto no PIB per capita correspondente é apenas multiplicado por 1,3.
            Perante o nível da taxa de salário em vigor, o país não realizou as reestruturações sectoriais e as mudanças tecnológicas que a maior parte dos países da OCDE realizaram nos últimos 20 anos. Estas adaptações fizeram-se nesses países em resposta ao estado do mercado dos produtos e à estrutura dos custos dos factores. Os salários elevados significaram um poderoso indicador no sentido de orientar os investimentos para opções de elevada componente de capital e de trabalho altamente qualificado. Os reduzidos salários em Portugal levaram as empresas – agindo racionalmente perante os dados sobre os custos dos factores – a resistir àquelas necessárias modificações, continuando a manter ultrapassadas estruturas produtivas.
            Em Portugal o emprego nas indústrias mais sujeitas à concorrência internacional de países com salários baixos cresceu, entre 1980 e 2000, 4% contra um decrescimento na generalidade dos países que procederam neste período às devidas reestruturações industriais, por exemplo: 52% no Reino Unido, 50% na Finlândia, 45% na Dinamarca, 35% na Noruega.
            A conclusão a tirar aponta a necessidade de dois tipos de intervenções públicas. Primeiro, a necessidade de legislar um substancial aumento do salário mínimo e uma intervenção activa na formação dos salários de pessoal qualificado. Segundo o imperativo de flexibilização da legislação laboral.
            As políticas públicas em vigor não se orientam no sentido indicado. Pelo contrário, os salários vão degradar-se, quando o que se impõe é o seu rápido crescimento.
            A intervenção do Estado tem sido feita de forma errónea e em sentido contrário ao necessário. Primeiro, o salário mínimo tem sido fixado a níveis excessivamente baixos; compare-se, a título de exemplo, o actual salário mínimo português de 70 contos com os 100 contos da Grécia. Segundo, o modo como se está a gerir o problema dos excesso de peso da massa salarial na Administração Pública só pode exercer um efeito depressivo sobre os salários em toda a economia incluindo, no sector privado. Terceiro, a política de imigração que tem sido prosseguida reforça esta tendência, ao facilitar a entrada de pessoal que vai pressionar as esferas do mercado de trabalho com salários mais baixos e ao dificultar – em acordo com as corporações profissionais – a vinda de pessoal para o mercado de trabalho mais qualificado. Quarto, a estruturas sindicais, demasiado orientadas por objectivos estritamente políticos, continuam a ter um papel na degradação dos salários ao não conseguirem implementar estratégias eficazes de pressão para a alta dos salários; pelo contrário, seguem sobretudo orientações defensivas que têm trazido mais rigidez ao mercado de trabalho, sem qualquer contributo para o desequilíbrio das estruturas empresariais portador das reestruturações indispensáveis.
            No entanto, parece que já todos entenderam que a situação da economia portuguesa não dispensa enormes sacrifícios. O problema está em saber quais sacrifícios valerão ao pena e quais ao que serão inúteis e mesmo contraproducentes.
            O ambiente em que vivemos parece apontar para uma redução salarial e a manutenção a todo o custo dos níveis de desemprego anormalmente baixos. Os sacrifícios portadores de transformações de que o país precisa não são esses.
            A progressiva degradação económica do país não será travada e invertida sem que, por efeito do necessário aumento dos salários e da imperiosa flexibilização das relações laborais, tenhamos que suportar um longo período de taxas de desemprego a dois dígitos.



            Fonte
            Apesar de haver alguns pontos com que discordo (por hoje sabermos mais do que à data em que foi escrito) concordo no essencial com o que é dito no artigo.

            Não sendo de todo um relatório transcrito do MIT, tem a vantagem de conhecer a realidade nacional e de apontar os pontos chave para o desenvolvimento económico nacional.

            Pena que dois anos depois continuemos na mesma...

            Comentário


              #66
              Originalmente Colocado por warmthboy Ver Post
              Um país para ser competitivo tem de haver poder económico! Como é que um país pode ter poder financeiro se a maioria da população não o tem...
              O principal problema nem é esse, mas este:

              Baixa escolaridade dos patrões é obstáculo à produtividade e compatitividade
              A baixa escolaridade e qualificação dos patrões portugueses "é um dos obstáculos mais importantes ao aumento da produtividade e competitividade das empresas", afirma o economista Eugénio Rosa, ligado à CGTP.

              Um estudo daquele economista afirma que, "por ignorância ou medo de perder o controlo" da empresa, há empresários que impedem a introdução de "qualquer tipo de inovação".
              Eugénio Rosa salienta que os donos das empresas que surgiram na última década do século XX tinham em média apenas 7,7 anos de escolaridade, segundo dados do Ministério do Trabalho.
              O documento de Eugénio Rosa contesta a ligação que é feita entre produtividade e competitividade, dois conceitos que "significam coisas completamente diferentes do ponto de vista técnico" e entre estas e os salários, dizendo-se que para a produtividade e competitividade crescer é necessária "contenção salarial".
              Aquele economista salienta que é possível uma empresa aumentar a competitividade sem que a sua produtividade tenha crescido, bastando apostar em marketing, numa marca de prestígio ou com melhores canais de distribuição, bem como aumentar a produtividade sem melhorar a competitividade.
              Para Eugénio Rosa, "os baixos salários pagos em Portugal incentivam a baixa qualificação e baixa escolaridade e também o abandono escolar, na medida em que o emprego criado pelas empresas é, na sua maioria, de baixa escolaridade, de baixa qualificação, e mal pago".
              Eugénio Rosa cita um relatório do MIT (Massachussets Institute of Technology), uma instituição universitária dos Estados Unidos que assinou um contrato com o governo português em 2006, em que os investigadores concluem que "contrariamente à convicção genérica de muitos gestores", as "soluções que dependem da diminuição dos custos, reduzindo os salários e benefícios sociais, constituem sempre becos sem saída".
              O documento do MIT, que surge na sequência de entrevistas a gestores de 500 empresas internacionais, acrescenta que "as estratégias baseadas na exploração de mão-de-obra barata acabam em selvas competitivas, onde as vitórias são cada vez menores e cada dia surge um novo concorrente". E "mesmo nas indústrias de mão de obra intensiva, como o vestuário, muitos outros custos e riscos, se sobrepõem à vantagem de salários baixos", afirma o MIT, citado pelo economista.
              O documento do MIT, segundo Eugénio Rosa, conclui que "as actividades que acabam por ter êxito são aquelas que assentam na aprendizagem e na inovação continua".
              Aquele economista sublinha que a "análise empírica prova também, contrariamente ao discurso oficial, que os países mais competitivos da União Europeia são precisamente os que têm salários mais elevados".
              Citando o ranking de competitividade do Fórum Económico Mundial, em que Portugal desceu para 34/o lugar na edição 2006/2007, Eugénio Rosa sublinha que os quatro primeiros do ranking são a Suíça, Finlândia, Suécia e Dinamarca, países que têm os salários mais elevados, surgindo a Alemanha em oitavo lugar.
              Eugénio Rosa salienta que os países com melhor distribuição de rendimento na União Europeia (UE) são também os mais competitivos.
              Usando dados do Departamento de Estatísticas das Comunidades Europeias (Eurostat), Eugénio Rosa salienta que em 2005 os 20 por cento mais ricos da população portuguesa tinham um rendimento 8,2 vezes superior ao dos 20 por cento mais pobres (6,4 vezes em 1999) e que Portugal é o país da União Europeia a 15 onde a desigualdade mais está a crescer.
              Aquele economista afirma que a relação entre o rendimento dos 20 por cento mais ricos e dos 20 por cento mais pobres é muito mais baixa nos países da UE mais competitivos (3,6 vezes na Finlândia, 3,3 vezes na Suécia, 3,5 vezes na Dinamarca e 4,1 vezes na Alemanha), sugerindo que uma melhor repartição do rendimento em Portugal estimularia o mercado e o crescimento económico.
              Agência LUSA
              2007-05-13 19:20:01



              Fonte

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